Manchetes dos jornais de domingo – 04/05/2025

Resumo de domingo – 04/05/2025
Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais de domingo – 04/05/2025
CORREIO BRAZILIENSE – Auditoria do INSS de 2024 já relatava descontos indevidos
O ESTADO DE S. PAULO – Aposentados rurais foram o alvo preferido da fraude do INSS
FOLHA DE S. PAULO – Metade dos que bebem afirmam ter reduzido o consumo, diz Datafolha
O GLOBO – Tarifaço turbina vendas de calçados e soja do Brasil para EUA e China
Valor Econômico – Não circula hoje
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes do dia
Fraude antiga - As irregularidades que derrubaram o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, eram conhecidas da cúpula do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelo menos desde setembro de 2024. Relatório produzido pela Auditoria-Geral da autarquia já identificava problemas com descontos associativos indevidos e mais de um milhão de pedidos de cancelamento apresentados por aposentados e pensionistas. O documento interno do INSS recomendava a exclusão dos débitos não autorizados. Os apontamentos da Auditoria-Geral constam em outro documento, chamado Relatório de Gestão 2024, elaborado pela Ouvidoria do INSS. “Outro assunto que ganhou destaque em 2024 foram as manifestações envolvendo descontos associativos indevidos nos pagamentos dos segurados”, observa o texto oficial. “Os segurados relataram diversas dificuldades relacionadas aos descontos”, prossegue o documento. Segundo estimativas, mais de 4 milhões de pessoas podem ter sido vítimas da quadrilha no INSS. Operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União identificou desvios de R$ 6,3 bilhões.
Maiores vítimas - Os aposentados do setor rural foram as principais vítimas do golpe dos descontos dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), os aposentados rurais sofreram 67% dos descontos, contra 33% dos aposentados do setor urbano. O escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS levou à queda do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que pediu demissão do cargo na sexta-feira, 2, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi substituído pelo secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz. O novo ministro participou da reunião, em 2023, em que Lupi foi alertado sobre um aumento de denúncias de descontos sem autorização em aposentadorias. O forte crescimento dos débitos destinados a associações e sindicatos culminou na Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada. As investigações levaram à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Em seu lugar, Lula nomeou como novo presidente do INSS o procurador federal Gilberto Waller Júnior, corregedor da Procuradoria-Geral Federal, órgão da Advocacia-Geral da União (AGU).
Bebo, sim - Quando se trata do consumo de álcool, a população brasileira se divide meio a meio entre os que dizem consumir a substância (51%) e os que não o fazem (49%). Os dados são de uma pesquisa Datafolha feita entre os dias 8 e 11 de abril, com 1.912 entrevistados em 113 municípios de todas as regiões do Brasil. As respostas dizem respeito aos maiores de 18 anos, marco da maioridade no país e momento a partir do qual a venda de álcool é permitida. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. Num balanço do consumo do último ano, mais da metade (53%) dos que ingeriram bebidas alcoólicas dizem que o consumo diminuiu, enquanto 12% observaram aumento do consumo e 35% avaliam que não houve mudança. Os brasileiros, que têm uma média de consumo anual de álcool estimada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 7,7 litros, beberam em média 4,5 doses da substância na semana anterior à pesquisa Datafolha. Para o levantamento, uma dose é entendida como um copo, lata, taça ou drinque de bebida alcoólica. A grande maioria (81%) avalia que consome bebidas alcoólicas na medida adequada e apenas 18% dizem consumir em excesso. Dentro desse percentual, 11% dizem beber mais do que deveriam e 7% acham que bebem muito mais do que deveriam.
Mais exportação - Um mês após o anúncio do tarifaço pelo presidente americano Donald Trump, importadores de calçados dos EUA ampliam as compras e sondam empresários brasileiros para substituir produtos chineses de máquinas a roupas. Já a China importa mais soja brasileira, só no primeiro trimestre a alta foi de 34% nos embarques. Apesar dos ganhos, teme-se que uma enxurrada de produtos chineses no Brasil, barrados no mercado americano.
Governo já tem plano para ressarcimento - A proposta de ressarcimento aos aposentados e pensionistas vítimas da fraude do INSS deve ser encaminhada ao Palácio do Planalto nos próximos dias. Foi o que garantiu a Advocacia-Geral da União (AGU), que coordena os estudos para responsabilizar as entidades envolvidas no esquema fraudulento revela do pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que identificou um rombo de mais de R$ 6 bilhões.
Oposição quer CPMI - Enquanto o governo prepara respostas administrativas, a oposição busca uma reação parlamentar. Deputados e senadores trabalham para obter o número de assinaturas necessárias para protocolar o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar as irregularidades no INSS. Para a CPMI, são necessárias assinaturas de 171 deputados e 27 senadores. Segundo o partido Novo, só falta a assinatura de seis deputados para o pedido ser protocolado — ou seja, 165 parlamentares já assinaram o documento.
A ordem é baixar a poeira I - Alcolumbre não instalará uma CPMI do INSS, ou do “roubo dos aposentados”, do dia para a noite. Vai, primeiro, avaliar tudo. Na Câmara, Motta fará o mesmo. É mais uma espada sobre a cabeça do governo nas mãos dos presidentes das duas Casas. Até aqui, ambos estão no modo paz e institucionalidade, sem querer botar fogo no parquinho.
A ordem é baixar a poeira II - A aposta no PDT é de que o novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, tira de cena o viés sindicalista personificado pelo ex-ministro Carlos Lupi. De quebra, ainda conseguirá manter o partido na órbita do governo Lula. Wolney já liderou a bancada do PDT na Câmara e era ligado ao grupo pernambucano do ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em 2014.
Pode isso?! - Dia desses, um aposentado rural do interior da Paraíba foi a um posto do INSS e perguntou por que havia um desconto no contracheque. O atendente explicou tratar-se de uma associação de Ribeirão Preto. Para se livrar do desconto, o idoso teria que pedir, via internet, o cancelamento. É preciso treinamento dos atendentes para auxiliar os aposentados na hora e não mandar “se virar” no mundo digital, que muitos beneficiários sequer sabem como funciona.
Alcolumbre na cobrança... - Não é apenas do projeto de anistia que é feita a agenda do presidente do Senado. Na viagem a Roma para o funeral do papa Francisco, conversa foi, conversa veio, e ele mais uma vez cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a autorização para pesquisa de petróleo na Margem Equatorial. Foi num tom mais ameno que o da primeira vez, mas sem deixar de frisar que o país está perdendo tempo.
...e com apoio - Os demais líderes concordaram com as ponderações do senador. Lula ficou de resolver “em breve”. Porém, tem um probleminha: daqui a seis meses, tem COP30 em Belém. Se demorar mais, a autorização abrirá brecha para protestos em plena conferência do clima. Lula terá que navegar com muito jeito entre ambientalistas radicais e aqueles que defendem o uso racional dos recursos naturais.
Sem pressa - A turma do União Brasil e do PP que está no governo não pretende antecipar a saída. A avaliação é de que o casamento está bom, mas, até abril, dá para continuar casado levando vida de solteiro. Ou seja, uma perna no governo e outra na oposição.
Se demorar, atrapalha - A federação União Progressista trata de resolver os problemas neste ano, para evitar confusão no ano eleitoral. Muita gente se recorda, por exemplo, o caso do Distrito Federal, entre PSDB e Cidadania, em que o senador Izalci Lucas (PL-DF), à época tucano, e a deputada distrital Paula Belmonte, do Cidadania, levaram oito meses numa queda de braço em torno de quem seria o candidato. Izalci teve precedência, mas perdeu a eleição.
Lula, Janja e a Rússia - A agenda oficial da primeira-dama Janja na Rússia, antes da chegada de Lula e comitiva, inclui um evento sobre a aliança global contra a fome, dois encontros com brasileiros, uma apresentação teatral em São Petersburgo e cinco visitas a locais históricos de Moscou, conforme divulgado pelo Planalto.
Enquanto isso, no Congresso... - A semana é de muito trabalho. A próxima, de 11 a 17 de maio, é que será com votações do Infoleg, dada a bateria de eventos internacionais — com Lula na China e debates em Nova York, como o tradicional Lide Brazil Investment Forum, do grupo Líderes Empresariais, do ex-governador de São Paulo João Doria. Será a 14ª edição e reunirá a nata da política, do Judiciário e da economia brasileira.
A preocupação do PL- Idealizada especialmente para eleger deputados federais, a federação União Progressista é, hoje, motivo de preocupação para todos os demais partidos, em especial o PL. É que sem que seja permitida a coligação para eleições proporcionais, cada partido tem que ter de ir às urnas sozinho ou federado num casamento de quatro anos. Assim, o PL, que não tem federação com ninguém, terá que se virar com a popularidade de Jair Bolsonaro para se manter como um grande partido. Enquanto isso, União Brasil e PP, federados, com um pé no governo e outro na oposição, têm tudo para ampliar o poder de fogo no Congresso e manter esse status na próxima legislatura. Essa disputa ficará mais clara nos próximos meses, com a proposta da anistia capitaneada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), um projeto bem mais “light” do que aquele defendido pelo PL. O que se comenta nos bastidores é que o projeto que vem sendo estudado por Alcolumbre, em acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tomou por base uma proposta alternativa à anistia, do deputado Fausto Pinato (PP-SP). O texto de Pinato prevê anistia proporcional aos condenados pelo 8 de Janeiro, com perdão àqueles que participaram da manifestação sem depredar nada e punição a quem planejou a tentativa de golpe. O PL resiste a essa concertação promovida por Alcolumbre. Porém, se os parlamentares conseguirem tirar daí uma solução para os mais humildes que terminaram enroscados na trama do 8 de Janeiro, a federação União Progressista conquistará pontos junto ao eleitorado mais oposicionista, pegando — quem sabe — um naco daqueles eleitores que, em 2022, ficaram com o PL de Bolsonaro. Esse é um jogo que começou e está nos seus primeiros lances rumo a 2026.
Ministério pode ter nova baixa - O primeiro escalão do governo pode ter nova baixa nas próximas horas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar a saída de Cida Gonçalves do comando do Ministério das Mulheres. Em seu lugar, a mais cotada para assumir é Márcia Lopes, ex-ministra do Desenvolvi mento Social durante o segundo mandato de Lula, em 2010. A substituição tem tudo para ocorrer antes de o presidente viajar para a Rússia, onde participará dos festejos da vitória da antiga União Soviética sobre o nazismo, na “Grande Guerra Patriótica” — como os russos ainda chamam a Segunda Guerra Mundial.
Mais uma vez Janja viaja antes do presidente - A primeira-dama Janja chegou ontem à Rússia, seis dias antes de a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcar em Moscou, na quinta-feira. Ela vem sendo criticada porque sua agenda não era previamente divulgada, mas, agora, passou a ser atacada por causa dos vários eventos sociais de que participará. A convite do governo russo, Janja visitará “diversos locais de importância histórica e cultural para o país, como o Teatro Bolshoi, visto que o Brasil é o único país fora da Rússia que possui uma filial do Teatro Bolshoi e da Escola do Teatro Bolshoi; o Kremlin de Moscou; o Museu Hermitage, a Catedral do Sangue Derramado e a Fábrica de Porcelana Imperial, uma das mais antigas da Europa, fundada em 1744, a primeira e única em presa na Rússia produzindo produtos de porcelana artísticos” — diz a nota que informa a agenda da primeira-dama. Até a chegada do presidente à Rússia, ela cumprirá uma série de agendas entre os dias 3 e 8 de maio, segundo informou hoje o Palácio do Planalto. “Tendo em vista a relação entre Rússia e Brasil, com importantes acordos de cooperação na área de educação e cultura, Janja focará as agendas nesses temas, além da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que a primeira-dama tem promovido desde quando a Aliança foi proposta pelo presidente Lula durante a presidência brasileira do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo)”, observa a agenda da primeira-dama.
Era decorativo - O ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi esvaziou funções de seu secretário-executivo, Wolney Queiroz, desde o começo da gestão e as delegou ao chefe de gabinete Marcelo Panella, incluindo nomeações, exonerações e transferência de servidores, segundo técnicos da pasta. Portaria de fevereiro de 2023 determinou que o chefe de gabinete, que é tesoureiro do PDT e homem de confiança de Lupi, seria responsável por nomeação e exoneração de cargos em comissão de direção e assessoramento superiores e cargos comissionados executivos. A nomeação, exoneração, designação e dispensa de cargos e funções de nível mais alto —secretários e diretores— ficaria a cargo do próprio ministro. Também não passava por Wolney a autorização para concessões de diárias e passagens referentes a deslocamentos de servidores no país, conforme a portaria. Segundo interlocutores no Ministério da Previdência, Lupi tinha receio de que o secretário-executivo, primeira opção do presidente Lula para comandar a pasta, conspirasse para tomar seu lugar. Por isso, ele foi esvaziado nos últimos dois anos. Não participava das principais decisões executivas do ministério e nem era chamado para reuniões importantes, dizem técnicos.
América do Sul já teve ao menos 20 ex-presidentes presos - A prisão do ex-presidente Fernando Collor por corrupção no último dia 25 fez engrossar para ao menos 20 os casos de ex-mandatários detidos desde o início deste século na América do Sul. No Brasil, Collor, que conseguiu autorização para prisão domiciliar na última quinta-feira (1º), é o terceiro preso nos últimos anos, antecedido por Michel Temer (MDB) e Lula (PT), todos detidos sob acusação de corrupção. Essa é a causa mais comum a gerar as ao menos 20 prisões registradas na região nos últimos anos, de acordo com levantamento feito pela Folha. Em seguida, a maior parte das detenções está ligada a crimes contra a humanidade relacionados a períodos ditatoriais ou ainda tentativas de golpe e violação da Constituição. Nessa seara, destacam-se países como Argentina e Uruguai, ambos com ditadores responsabilizados por seus crimes, e a Bolívia, com Jeanine Áñez (2019-2020) presa em 2021 acusada de dar um golpe de Estado. Ela diz ser presa política.
Lava-Jato ainda soma pelo menos 17 políticos na mira - A recente prisão do ex-presidente Fernando Collor, decorrente de condenação no âmbito da Lava-Jato, reacendeu o debate sobre os desdobramentos e a herança da força-tarefa que marcou a política nacional. Embora a operação tenha perdido força nos últimos anos, com arquivamentos e anulações, levantamento do GLOBO a partir de consultas nos tribunais mostra que pelo menos 17 políticos — além de Collor — ainda enfrentam ações penais derivadas das investigações.
Candidatura de Dirceu gera tensão no PT - José Dirceu, ex-ministro condenado no Mensalão, planeja retorno à Câmara dos Deputados em 2027, contando com o apoio de Lula. No entanto, sua candidatura gera apreensão no PT de São Paulo, visto como risco para outros políticos do partido, como Rui Falcão. Dirceu busca reorganizar as bases do PT no estado, mas enfrenta críticas sobre a eficácia eleitoral de sua candidatura, que pode atrair apenas nichos ideológicos.
PSB aposta em Alckmin - O PSB de São Paulo planeja que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) atue como fiador para atrair integrantes do PSDB insatisfeitos com a união com o Podemos. Os pessebistas querem engrossar as fileiras partidárias visando a pré-candidatura de Márcio França (PSB) ao Palácio dos Bandeirantes, sem perder de vista o projeto nacional de lançar o prefeito de Recife, João Campos (PSB), como candidato a presidente em 2030. Alckmin, quatro vezes governador de São Paulo pelo PSDB, se filiou ao PSB em 2022 para ser vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na troca partidária, levou consigo poucos nomes de seu antigo grupo. Agora, tucanos relatam nos bastidores que o vice-presidente tem os procurado para discutir o cenário político no Estado. A assessoria de Alckmin informou em nota que “o vice-presidente da República mantém diálogo democrático, sem distinção partidária, com todos os representantes do povo brasileiro”. “Essa fusão só vai beneficiar o Podemos, e o PSDB vai praticamente ficar de coadjuvante aqui no processo de São Paulo. Eu diria que tem total interesse da nossa parte em poder conversar, apresentar nossas ideias e, quem sabe, atraí-los tendo o vice-presidente Geraldo, que é uma figura forte, como fiador”, disse Caio França (PSB), recém-eleito presidente do diretório estadual da sigla.