“A economia chinesa vai resistir à guerra comercial”, diz o embaixador Zhu Qingqiao

“A economia chinesa vai resistir à guerra comercial”, diz o embaixador Zhu Qingqiao
Em encontro com jornalistas e acadêmicos, ele afirmou que a China irá ampliar o consumo interno e abrir novos mercados
247 - O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, afirmou nesta quarta-feira (23) que a guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos contra o país asiático está destinada ao fracasso, destacando que a economia chinesa tem plenas condições de adotar medidas capazes de impulsionar a demanda interna e, ao mesmo tempo, expandir sua presença em novos mercados internacionais.
As declarações a jornalistas e acadêmicos em Brasília surgem no contexto da guerra tarifária iniciada pelos Estados Unidos contra diversos países do mundo, tendo a China como um de seus principais alvos.
Zhu Qingqiao defendeu a ordem comercial internacional "baseada nas regras --e não na lei da selva" e classificou as tarifas dos EUA como medidas elaboradas "para chantagear e explorar outros países": "um instrumento de coerção".
O embaixador afirmou que "a economia chinesa vai resistir a esta prova" e ressaltou que "esta não é a primeira vez" que o país é alvo de pressão comercial dos EUA.
Nesse sentido, apontou que a China irá "aumentar o consumo e a demanda interna", bem como fortalecer parcerias comerciais ao redor do planeta, e em especial com o Brasil.
"A cooperação entre países deve se basear em ganhos mútuos. Um país grande não significa um país hegemônico", afirmou, citando possibilidades de fortalecimento de parcerias entre Brasil e China na construção de "um mundo mais justo e sustentável".
O embaixador também apontou a "sinergia" entre a Iniciativa Cinturão e Rota e projetos brasileiros como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e a Nova Indústria Brasil (NIB).
Zhu Qingqiao fez um pedido aos empresários brasileiros por maior aproximação. "As empresas brasileiras poderão cooperar cada vez mais com as empresas chinesas. Elas precisam fazer este movimento".
"A guerra tarifária não é o fim do mundo", afirmou, frisando que as contramedidas adotadas pela China em relação aos EUA são justificadas e apoiadas pelo povo do país.
Em relação às contramedidas, Zhu Qingqiao detalhou: "A China pode adotar várias medidas para responder à crise, inclusive aumentar o déficit fiscal para estimular o consumo interno".
E finalizou ressaltando que "o mundo não precisa se preocupar com uma possível inundação de mercadorias chinesas" diante das medidas de abertura econômica.
Em 2 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva introduzindo "tarifas de reciprocidade" sobre importações de diversos países, incluindo a China. A alíquota para exportadores chineses aos EUA chegou a 145%, enquanto a taxa para fornecedores norte-americanos à China atingiu 125%. Alguns especialistas disseram que esse nível tarifário representa, na prática, uma paralisação do comércio entre as duas maiores economias do mundo.