Víktor Útkin: O doce sabor da “Fábrica-Museu de Pastilá” voltou!

Aposentado faz alguns anos, Víktor Útkin, querido amigo dos tempos do meu exílio político

Víktor Útkin: O doce sabor da “Fábrica-Museu de Pastilá” voltou!

Aposentado faz alguns anos, Víktor Útkin, querido amigo dos tempos do meu exílio político, na década 1970, gostou do projeto idealizado por Elena Dmitrieva. Aceitou o convite para trabalhar na “Fabrica-Museu de Pastilá”, por ela criada em 2011. Difícil aqui é traduzir para o leitor brasileiro a palavra pastilá. Denominação de um doce que tem a consistência parecida com a da nossa tradicional goiabada. Mas pastilá é feita de maçãs assadas e laceradas, depois misturadas com outras frutas, nozes e ervas: “Minha cidade de Kolomna foi fundada no século XII. A principal atração sempre foi o nosso Kremlin, que tem alguma semelhança com o de Moscou, suas muralhas tem 24 metros de altura e 8 metros de espessura, ficam junto ao rio compondo uma bela paisagem. Com a criação da fábrica-museu demos a nossa localidade um novo diferencial. Para mim foi um desafio, imagine que após os meus 50 anos entrei na escola de música e aprendi a tocar acordeon!”.

Como todas as salas de teatro, cinema, galerias de arte do mundo, a fábrica-museu teve que fechar suas portas. Respeitando as normas estabelecidas pelo governo da República Russa: “Foi difícil desacostumar a receber os visitantes, que aqui, de acordo com as tradições russas, recebemos bem na porta de entrada. Em seguida, convidamos todos para a apresentação detalhada do nosso estabelecimento. Com a Covid 19 os turistas desapareceram. Mas nossa fabrica continuou funcionando. Através das mídias digitas veiculamos episódios dos espetáculos teatrais que realizamos nos últimos anos; organizamos visitas virtuais on-line; aulas de gastronomia, ensinando com se faz pastilá, balas, suspiros russos e as mais diferentes iguarias. Com apoio da internet trabalhamos bastante. Recebemos visitas de alguns jornalistas que gravaram reportagens para televisão e para a imprensa escrita.”.

A fábrica-museu teve que se adaptar a realidade da pandemia. Hoje todos os seus ambientes são higienizados constantemente e nos pontos de visitação o turista pode encontrar sprays, lenços e sabonetes antibactericidas. As tolhas tradicionais foram trocadas por descartáveis: “Estamos melhor. Conseguimos estabilizar a situação. O museu voltou a operar, tanto que no último sábado, dia 27 de junho, realizamos o primeiro espetáculo da temporada – “Correndo Atrás de Dois Coelhos”. Eu faço o papel do pai Procop Sveridovich, a barba grande que uso completa a personagem. Neste momento estamos ensaiando outros dois espetáculos, “Pigmaleão” e “Tio Vania”.

O artista lamenta que teve que adiar a viagem para a Itália, que planejava realizar com a esposa, para visitar a filha, Katerina, os netos Júlia, Georgue, Matvéi, Anstasia e o genro, Federico: “O mundo todo parou Luiz Carlos. Vamos torcer para que tudo isso passe e eu consiga conhecer o Brasil. Gostaria muito de levar para você pastilá. Os moradores do Rio de Janeiro tem que provar! Quem sabe a nossa diretora, Elena Dmitrieva, se anima com essa ideia? Ela é um motor que não desliga, nos contagia com sua paixão. Na verdade juntos formamos uma família que sonha transpor as fronteiras de Kolomna com amor, bondade e doçura”.

Mais informações: https://kolomnapastila.com

LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).