*O OBSCURANTISMO FATAL DO BOLSONAZISMO*

*O OBSCURANTISMO FATAL DO BOLSONAZISMO*
*O OBSCURANTISMO FATAL DO BOLSONAZISMO*

*O OBSCURANTISMO FATAL DO BOLSONAZISMO*

Pedro César Batista

Aproxima-se o fim do primeiro ano da segunda década do século vinte e um. Portanto, considerando a história da humanidade, desde seus primeiros registros, passamos de milhões de anos, possuindo um período de dezenas, se não centenas, de séculos desde o momento que o fogo foi descoberto, as sementes e alguns animais domesticados. Chegamos ao espaço, produzindo um salto tecnológico nas últimas décadas que confirma a frase de Marx: para a humanidade um século é como um piscar de olhos.

 

Nestes dois últimos anos, da primeira década do século XXI, surgiram muitas incertezas, dúvidas e retrocessos que colocaram em cheque diversas conquistas civilizatórias, sociais, jurídicas e culturais, que pareciam estar consolidadas. Presenciamos o mundo ter cerca de cinco milhões de vidas perdidas devido um vírus, que surgiu de maneira inesperada e que segue causando estragos e mortes no planeta. Isso em tempo de paz mundial, sem existir a deflagração de um conflito de proporções internacional.

 

De forma rápida e inteligente, os cientistas produziram várias vacinas, as quais fizeram com que o morticínio decrescesse, a partir da imunização em massa, mostrando a capacidade de autopreservação e desenvolvimento da espécie humana. Assim foi com a peste bubônica, a febre amarela e diante de outras epidemias no passado.

 

Entretanto, mesmo assim, verifica-se um movimento de retorno e negação das descobertas científicas feitas na história. O próprio Estado, criado como uma superestrutura capaz de dar um certo equilíbrio nas relações sociais, a partir das normas jurídicas existentes, independente de quem o controla a serviço de seus interesses, garantiu uma certa paz entre a maioria das nações e nas sociedades, passou a ser questionado e negado. Não em uma perspectiva revolucionária, na busca de um Estado de novo tipo, moderno e avançado, mas o oposto, setores da sociedade, no caso brasileira, passaram a defender a autocracia e a ditadura e a destruição das normas existentes que tem possibilitado a estabilidade, profundamente injusta, entre as muitas contradições que permeiam o Brasil.

 

Com mais de 607 mil mortos devido a covid-19, com cerca de 52% da população vacinada com as duas doses, uma redução dos números de contágios e uma vasta e consistente documentação, reunida pela Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI da Pandemia, que mostra que mais da metade dos óbitos poderiam ter sido evitados, comprovando que ocorreu uma política de governo para que o vírus fosse disseminado e as mortes acontecessem, o que se vê?

 

Considerando que a história brasileira, em seus 521 anos, tem sido a preservação dos privilégios e riquezas dos herdeiros de escravos, latifundiários e exploradores da fé e do trabalho, o presidente do país, uma figura conhecida há décadas por seus conceitos fascistas, criminosos, neoliberais e, como um verdadeiro agente do grande capital, foi colocado no governo para garantir que os ricos mais ricos ficassem.

 

Considerando que os governos do passado que não deram a devida atenção a formação intelectual e histórica da população, foi possível que Bolsonaro fosse eleito, depois de uma ação pensada e organizada a partir de fora do Brasil, para que o saque de riquezas, a retirada de direitos das massas trabalhadoras e a destruição do Estado fosse executada.

 

São tantos os crimes praticados por Bolsonaro, anteriores à Presidência da República e durante o seu mandato que cabe não apenas a sua cassação, mas um julgamento em um Tribunal internacional pelo crime contra a humanidade e por genocídio, sem falar nos crimes de responsabilidade e comuns. Nada disso, entretanto, ocorre. Ele segue fazendo chacota com as centenas de milhares de mortes, desacreditando a vacina e provocando o caos na economia, que tem feito alguns milionários mais ricos ficarem, enquanto o povo come osso, restos de lixos e se desespera.

 

Apesar de tudo isso, o Estado não funciona. O STF nada faz, o TSE, condena-o pelo abuso de poder econômico diante das fartas provas que exigem a cassação da chapa Bolsonaro – Mourão. A Câmara dos Deputados, com Arthur Lira, garante a impunidade e os crimes. O Senado, apesar do importante trabalho da CPI da Pandemia, cala-se. A Procuradoria Geral da República segue cega, silenciosa e omissa. O povo sem direção. Parcela minoritária, repete que a vacina não serve, que a carestia não responsabilidade do governo federal e defende que se instaure um governo autocrático de nazifascista que assumiu o papel de serviçal da morte para garantir os lucros da burguesia e do latifúndio.

 

Não parece que estamos no século XXI, mas tudo isso nos remete a um confuso período que mistura o início do século passado, com novas revoltas da vacina, com o século XVI, quando a inquisição bate à porta. Um quadro muito parecido a Alemanha de um século atrás. Por isso, não forjar uma unidade das forças populares e progressistas, capaz de elaborar um programa mínimo que defenda a retirada imediata do criminoso da Presidência da República e tenha a força de colocar milhões nas ruas, organizados e conscientes dos retrocessos e perigos em curso acaba sendo um ato de cumplicidade diante dos riscos que o momento histórico nos mostram. Não faltam fatos, o que falta é capacidade para forjar unidade e organização para dar um basta a tantos crimes.