Barros armou golpe da Covaxin e Bolsonaro retribuiu nomeando sua mulher para Itaipu

Jair Bolsonaro nomeou a mulher de Ricardo Barros para Itaipu depois de saber do esquema de corrupção na compra da Covaxin

Barros armou golpe da Covaxin e Bolsonaro retribuiu nomeando sua mulher para Itaipu

Barros armou golpe da Covaxin e Bolsonaro retribuiu nomeando sua mulher para Itaipu

 Por   

 

Jair Bolsonaro nomeou a mulher de Ricardo Barros para Itaipu depois de saber do esquema de corrupção na compra da Covaxin (Foto: reprodução)

Nomeação se deu dois meses depois de Luis Miranda e seu irmão terem informado ao presidente que o líder do governo estava dando um golpe de US$ 45 milhões no Ministério da Saúde com a compra da Covaxin

No dia 20 de março deste ano, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor de carreira do Ministério da Saúde, foram até o Palácio da Alvorada e denunciaram para Jair Bolsonaro a existência de um esquema de corrupção na pasta da Saúde envolvendo o contrato milionário de compra da vacina Covaxin.

Em seu relato à CPI da Pandemia, nesta sexta-feira (25), Luis Miranda disse que Bolsonaro já sabia que seu líder na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR) era o chefe do esquema montado no Ministério da Saúde. Nenhuma providência foi tomada por parte de Bolsonaro, apesar dele ter prometido aos dois denunciantes que levaria o caso à direção geral da Policia Federal.

A PF informou à CPI que não há nenhum inquérito aberto a pedido do presidente sobre esse assunto. A única “providência” tomada por Bolsonaro foi nomear a mulher de Ricardo Barros, Cida Borghetti, para o cargo de Conselheira de Itaipu, com mandato até maio de 2024. Ele fez a nomeação no dia 6 de maio, ou seja, dois meses depois de tomar conhecimento, e de apontar para Miranda, que sabia que Ricardo Barros estava armando um golpe de US$ 45 milhões aos cofres públicos na compra da Covaxin.

O servidor da saúde que detectou as irregularidades no contrato informou ao presidente que estava sendo pressionado por seus superiores para liberar a importação irregular da vacina indiana. Segundo relato do deputado Luis Miranda à CPI, Bolsonaro disse que a coisa era séria, citou citou o nome do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do seu governo na Câmara, como responsável pelo esquema, e disse que levaria o caso à Polícia Federal. Não só não levou como presenteou o deputado dando um polpudo cargo de R$ 27 mil a sua mulher.

O cargo de conselheiro da Itaipu é um dos mais cobiçados entre os políticos que transitam nos bastidores do poder em Brasília e paga cerca de R$ 27 mil mensais pela participação em reuniões pontuais do Conselho. A mulher de Barros terá de “comparecer a reuniões que acontecem de dois em dois meses. São 324 mil reais por ano, para 6 meses de trabalho.

A fala de Bolsonaro aos denunciantes revelando que ele sabia da atuação criminosa de Barros e a nomeação, mesmo assim, da mulher dele para o cargo de Itaipu, mostra que Bolsonaro não só já sabia do esquema de corrupção de seu líder, como, ao que tudo indica, era seu cúmplice.

Isto está de acordo também com a informação de que o próprio Bolsonaro se comunicou pessoalmente com o primeiro ministro da Índia para interceder a favar da importação da Covaxin pela empresa Precisa, uma empresa ligada a Barros e que já havia dado um golpe de R$ 20 milhões ao Ministério da Saúde na gestão do próprio Ricardo Barros.

A pressão de diretores do MS sobre o funcionário para que assinasse uma nota de importação que autorizaria o pagamento antecipado, ao contrário do que dizia o contrato, de US$ 45 milhões a uma terceira empresa, que não estava no contrato, localizada num paraíso fiscal, e a nomeação da mulher de Barros para Itaipu, revelam, portanto, que a atuação do líder do governo na negociata da Covaxin não era uma atuação isolada.

Ou seja, Barros não é um ‘outsider’ da corrupção no governo Bolsonaro. A intermediação de Flávio Bolsonaro junto ao BNDES, em outubro de 2020, para que o presidente da instituição recebesse a empresa Precisa, uma empresa envolvida na falcatrua da Covaxin, também é outro fator que aponta que os vínculos da Precisa, se inicialmente eram apenas com Ricardo Barros, parece que esses vínculos se estenderam também à gananciosa família Bolsonaro, que deixou para trás os pequenos esquemas das ‘rachadinhas’.