Capitão Cloroquina diz que não coordenou combate à Covid-19 porque “não deixaram”
O que ele fez o tempo todo, e voltou a fazer, foi atacar as vacinas. Disse que se dependesse dele a vacina não seria obrigatória
Capitão Cloroquina diz que não coordenou combate à Covid-19 porque “não deixaram”
Por Hora do Povo Publicado em 26 de julho de 2021
Bolsonaro fazendo propaganda da cloroquina na Covid-19 (Foto: reprodução)
O que ele fez o tempo todo, e voltou a fazer, foi atacar as vacinas. Disse que se dependesse dele a vacina não seria obrigatória
A pandemia de Covid-19 trouxe muitos sofrimentos em todo o mundo. Hoje já passam de 4 milhões os mortos pela doença no planeta. Mas, o Brasil foi um dos países mais atingidos pela tragédia. Aqui ela ceifou a vida de mais de 550 mil pessoas.
O país só perdeu para os EUA de Trump em número absoluto de mortes. Com 2,7% da população mundial, o Brasil tem hoje 11,2% dos mortos. O nome do responsável por isso é conhecido de todos, chama-se Jair Messias Bolsonaro.
Bolsonaro não coordenou o combate à pandemia no Brasil. Ao contrário, trabalhou intensamente a favor da expansão da doença. Sua frenética campanha antivacina, sua briga para promover aglomerações, seu desdém ao uso de máscaras e os ataques constantes aos governadores e prefeitos foi a principal causa do caos.
Agora, que todos sabem que o desastre que se abateu violentamente sobre o país é culpa sua, de sua sabotagem às vacinas, ele inventa a desculpa esfarrapada de que foi impedido de atuar.
Neste domingo (25) ele disse que se “tivesse coordenado a pandemia, não teria morrido tanta gente”. Mas, a verdade é outra, bem diferente. Cientistas afirmam que, se Bolsonaro não tivesse atrapalhado tanto, se o país tivesse se unido no combate à pandemia, se o mandatário não tivesse sabotado a compra de vacinas, o Brasil teria muito menos mortes do que teve.
Chegaram a calcular que, não fosse a criminosa sabotagem de Bolsonaro às vacinas e às medidas sanitárias, cerca de 400 mil pessoas poderiam ter sido salvas.
Logo após dizer esse absurdo de que com ele teriam havido menos mortes, Bolsonaro mostrou claramente porque essa afirmação é uma falácia. Atacou novamente as vacinas e, particularmente, a CoronaVac. Defendeu que vacinação não deve ser obrigatória. Insinuou que todos os imunizantes que estão sendo usados fazem mal.
“Tem gente que está sofrendo efeito colateral das vacinas e o que está ocorrendo?”, indagou Bolsonaro. “No que depender de mim a vacina é facultativa”, acrescentou. Ou seja, o que ele disse é o que todos já sabiam: se dependesse exclusivamente dele não haveria vacinação em massa. E quem agradeceria muito por isso era o próprio coronavírus.
Nos últimos dias nos EUA, as mortes causadas pela Covid-19 estão aumentando novamente exatamente entre os antivacinas, ou seja, entre aqueles que seguiram as ideias de jerico de Donald Trump e Jair Bolsonaro e se recusam a tomar os imunizantes. Não é à toa que Brasil e EUA lideram o número absoluto de mortes no mundo.
O capitão cloroquina disse que foi impedido de agir, mas é mentira. Ele foi obrigado pela Justiça exatamente ao contrário: a agir contra a pandemia.
O Supremo Tribunal Federal (STF) interveio para garantir que as medidas sanitárias preconizadas por autoridades do Brasil e do mundo todo fossem aplicadas no país. Bolsonaro tentava o tempo todo impedir a sua implantação dizendo que elas eram ineficazes e que quem mandava era ele.
O STF decidiu, por mais de uma vez, que os três níveis de governo, União, Estados e Municípios, tinham a obrigação de defender a saúde de sua população. A União não estava tomando nenhuma medida concreta. Apenas era contra tudo o que vinha sendo feito nos estados e municípios para combater o vírus.
Enquanto os estados e municípios agiam, Bolsonaro passeava de moto e fazia aglomerações.
O que realmente Bolsonaro foi impedido de fazer pelo STF foi impor o seu negacionismo genocida à força a estados e municípios. Se tivesse conseguido fazê-lo, o desastre certamente seria muito maior.
Durante todo o ano de 2020 Bolsonaro atrapalhou os esforços contra o vírus, impediu que fosse implantado um plano nacional de combate à pandemia. Sua obrigação era exercer a coordenação nacional, abastecer o país de testes para Covid-19, implantar o controle sanitário nas fronteiras, garantir a compra das vacinas e tomar medidas de abrangência nacional. Nada disso foi feito.
O capitão cloroquina deixou as entradas aéreas e marítimas do país escancaradas, atacou o uso de máscaras e estimulou a população a se aglomerar. Governadores e prefeitos queriam instalar barreiras, mas Bolsonaro impedia. Queriam restringir a circulação de pessoas mas Bolsonaro pregava as aglomerações. Queriam obrigar o uso de máscaras e Bolsonaro afrontava.
Todos queriam a vacina, mas o negacionista as atacava. Passou o tempo todo – até hoje – defendendo a charlatanice do uso de cloroquina, ivermectina e outras drogas ineficazes para o tratamento da Covid-19. Mesmo com toda a ciência condenando o uso dessas drogas, Bolsonaro insistiu em sua pregação, gastando enormes quantias públicas na sua aquisição.
A “tese” defendida por Bolsonaro para não comprar as vacinas e não aderir às medidas sanitárias de proteção era a de que a população deveria ser infectada o mais rapidamente possível para adquirir a chamada “imunidade de rebanho”.
Ele foi avisado por seus ministros da Saúde que esta “tese” causaria a morte de centenas de milhares de pessoas. Ele não só não atendeu aos alertas como demitiu os ministros da Saúde que se opunham ao seu negacionismo. O resultado confirmou as previsões dos ministros demitidos. Meio milhão de brasileiros perderam a vida por culpa da teimosia de Bolsonaro.
Quando foi obrigado, pela força da opinião pública, a assinar – com grande atraso – contratos de compra de vacinas, começaram a surgir os escândalos de corrupção no governo.
A CPI foi instalada no Senado para investigar a culpa de Bolsonaro nas mortes. Mas agora, ela se depara também com a roubalheira dentro do governo. Vacinas superfaturadas da Índia, atravessadores prometendo pagar propinas para empresas ligadas a lideres do governo em paraísos fiscais, reuniões em shopping de Brasília para os “acertos”, ‘invoices’ fraudadas, servidores avisando do roubo e sendo perseguidos pelo governo, e por aí vai. Tudo isso mostrou que ao negacionismo assassino de Bolsonaro se juntaram também altos esquemas de propinas.