Banco dos BRICS em vez do FMI. A visita do presidente brasileiro à China conseguirá alcançar uma nova realidade?

Banco dos BRICS em vez do FMI. A visita do presidente brasileiro à China conseguirá alcançar uma nova realidade?

Banco dos BRICS em vez do FMI. A visita do presidente brasileiro à China conseguirá alcançar uma nova realidade?

 

Brasília – entrevista ao Al-Jazzera.net  (traduzido do árabe)

Com um total de 15 acordos assinados nas áreas de tecnologia, inteligência artificial, cooperação na área de satélites, agricultura e exportação de carnes; A visita do presidente brasileiro Lula da Silva à China, que termina no sábado. 

O presidente brasileiro chegou a Pequim depois de passar por Xangai para assistir à cerimônia de posse da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff como chefe do Banco de Desenvolvimento dos BRICS (NBD), durante a qual fez um discurso confirmando que seu país busca uma alternativa ao dólar. No campo do comércio internacional, ele se reuniu em Pequim com o presidente chinês Xi Jinping para discutir muitos arquivos entre os dois lados. 

O economista brasileiro Flauzino Antunes Neto acredita  muito na importância econômica da visita de Lula da Silva à China. Devendo principalmente ao estreitamento das relações comerciais entre os dois países. A China é o principal parceiro das exportações brasileiras, respondendo por cerca de 30% do volume exportado. 

Antunes acrescenta que: 

 

A importância da visita também está no fortalecimento do bloco BRICS (que inclui como membros Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), negligenciado nos últimos quatro anos, bem como na utilização do real e do yuan chinês para reduzir custos contando com o dólar e buscando atrair investimentos chineses em infraestrutura brasileira, além de intercâmbio de expertise em áreas técnicas. 

 Resultados da visita 

O pesquisador econômico Almir Cesar Filho disse em entrevista à Al-Jazeera Net que:

o mais importante acordado foi a transição para uma economia limpa que reduza as emissões de carbono, além de desenvolver planos para combater a insegurança alimentar e expandir a agricultura exportações e fortalecer iniciativas para reduzir a dependência do dólar nas transações bilaterais e financiar projetos de infraestrutura. Iniciativa Rota da Seda. 

Enquanto Antunes afirma que foram assinados 15 acordos de cooperação entre os dois países no valor de R$ 50 bilhões (US$ 10,2 bilhões) nas áreas tecnológica, científica, comercial, empresarial e agrícola, além do estreitamento das relações diplomáticas com o maior parceiro econômico do Brasil, além de à harmonização em questões geopolíticas globais, com a expectativa de aumentar o comércio sino-brasileiro, sem contar que o principal acordo firmado foi sobre iniciativas de ciência, tecnologia e inovação. 

 

 

Gols mais notáveis 

Almir Filho acredita que a China precisa, em sua ascensão, ser uma figura de destaque no capitalismo global, e precisa de aliados que tenham grande peso global, especialmente em algumas regiões-chave como a América Latina, e alcançar a integração econômica com essas regiões é uma grande meta para a China, principalmente nas áreas de abastecimento de alimentos e matérias-primas. Já o Brasil precisa aumentar o volume de seu comércio e investimentos externos para recuperar sua economia estagnada. 

Almir Filho diz:

“Os investimentos chineses nas indústrias brasileiras são benéficos para 

 

Pequim porque permitem a transferência de fábricas poluidoras e de baixo salário para o Brasil e garantem o fluxo de matérias-primas”. comércio e investimento fora do eixo dos Estados Unidos e da Europa. 

Já Antunes Neto acredita que a questão vai além dos objetivos econômicos da China e do Brasil e vai além do comércio bilateral entre os dois países. O que está acontecendo é semelhante à unificação de um bloco econômico que não depende de potências econômicas já existentes do século XX. 

Destaca que há um trabalho vigoroso para fortalecer as economias dos países do BRICS, pois, possuem grandes recursos de matérias-primas, mão de obra e tecnologia, além de ter enormes mercados consumidores, mas falta apenas encontrar uma nova alternativa monetária que atenda as economias desse bloco. Sendo exatamente isso que o presidente Lula da Silva busca alcançar. Além de implementar as políticas de investimento e desenvolvimento dos países do BRICS por meio de seu banco e nas moedas locais. 

 

Dificuldades enfrentadas pelos dois países 

Almir Filho, descartou, que a China substituiria o papel de Brasil, Estados Unidos e Europa, no todo ou

 

 em parte, indicando que o Brasil não se afastaria da Europa e da América do Norte. No entanto, se essa aliança entre Brasil e China traz benefícios por um lado, por outro aumenta as contradições entre esses dois países. 

“Para o Brasil, os BRICS não substituirão o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial, e empresas chinesas – como Huawei ou BYD – não substituirão empresas como Bosch ou General Motors”, diz Filho. 

Ele acrescentou que quem tem poder econômico no Brasil perde com a ampliação do papel estratégico e central da China em nossa economia, bem como com a crença de que “o distanciamento do Brasil dos Estados Unidos e da Europa não contribui muito para nada. Por outro lado, a China ser um parceiro comercial e diplomático não significa de forma alguma que sua prioridade seja desenvolver o Brasil e melhorar sua situação econômica.” 

Já Flauzino Antunes Neto diz que a principal dificuldade está em superar o embargo, a sabotagem e as sanções promovidas pela antiga potência econômica, ou seja, os Estados Unidos, junto com imprensas ligadas ao capital e instituições ligadas ao interesse do centro do capitalismos trabalharão para frustrar o sucesso da relação sino-brasileira, em sua opinião. 

Ele acrescenta que vários meios de comunicação corporativos associados aos americanos viram as atividades de Lula da Silva na China como uma provocação aos Estados Unidos e “na verdade, Lula da Silva não fez nada além de defender os interesses brasileiros”.  Ele explicou:

“Se os Estados Unidos estão em conflito com a China por causa de seu progresso tecnológico, então o Brasil não deve ficar do lado dos Estados Unidos nesta guerra”.