CNI: construção segue em trajetória de queda

CNI: construção segue em trajetória de queda

CNI: construção segue em trajetória de queda

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Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Níveis de atividade e emprego caíram em novembro, aponta pesquisa da entidade

O nível de atividade e o número de trabalhadores na indústria da construção registraram queda em novembro deste ano, segundo a pesquisa Sondagem Indústria da Construção, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Na passagem de outubro para novembro, o índice de evolução do nível de atividade da indústria da construção recuou 3,5 pontos e, assim, ficou nos 46,2 pontos. Com o resultado, o índice segue abaixo da linha de corte de 50 pontos. Quando mais afastado da linha divisória de 50 pontos, maior e  mais disseminada é a queda.

Assim, o indicador também está abaixo da média dos meses de novembro, de 46,5 pontos, e abaixo da média histórica do indicador, de 46,3 pontos. “Ou seja, o resultado esperado para esse indicador em novembro não se concretizou”, disse a analista de Políticas e Indústria da CNI, Paula Verlangeiro.

Já o índice de evolução do número de empregados da construção ficou em  47,8 pontos em novembro, o que corresponde a uma queda de 0,6 ponto na comparação com o mês anterior. “O emprego na indústria da construção permanece em patamar negativo e distante da linha divisória de 50 pontos, que separa o crescimento da queda do emprego”, observou a analista da CNI, em nota.

Por outro lado, o indicador de Utilização da Capacidade Operacional (UCO) para a indústria da construção, que mede o uso de recursos como mão de obra e equipamentos em relação à disponibilidade da empresa, declinou em 1 ponto percentual na comparação mensal e encerrou novembro em 67% – o mesmo patamar  registrado de 2022.

No terceiro trimestre deste ano, o PIB da Construção fechou com uma queda de -3,8% frente ao segundo trimestre. O resultado é considerado o pior registrado pelo setor desde 2020. Segundo levantamento da CBIC, no acumulado de quatro trimestres, a construção desacelerou suas atividades em relação aos últimos dois anos. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo – FBCF), recuaram 2,5% no período.

 

“Quando a economia de um país apresenta taxas de juros elevadas, é inevitável que isso tenha um custo, manifestando-se na desaceleração de diversos setores produtivos. A conta dos juros altos na economia chegou para a construção civil”, declarou a economista da CBIC Ieda Vasconcelos, após a divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A CNI prevê que a indústria da construção deverá recuar 0,6% em 2023 e que encerre o ano com queda de 0,6%, Já a Indústria de transformação deve encerrar o ano com queda de 0,7%, segundo a Edição Especial do Informe Conjuntural da entidade divulgado neste mês. O PIB da Indústria como um todo deve crescer 1,5%, na comparação com 2022.

Assim como a CBIC, a CNI aponta a “política monetária contracionista” com “as elevadas taxas de juros”, inibindo a produção e os investimentos.

“A política monetária, mesmo com o alívio parcial a partir de agosto, limitou a atividade econômica durante todo o ano”, criticou a CNI. A entidade estima que o Produto Interno Bruto (PIB)  deva apresentar um crescimento de 3,0% em 2023, uma “taxa de crescimento idêntica à de 2022”.

Para a entidade, mesmo com o início de cortes na taxa básica de juros  Selic do Banco Central (BC), que vai encerrar o ano em 11,75%, “esse percentual leva a uma taxa de juros real de 7,6% ao ano”.

“Assim, temos a política monetária, de um lado, que segue restritiva, tentando conter o consumo e a atividade econômica. De outro, a política fiscal expansionista e o bom desempenho do mercado de trabalho estimulando o consumo. Além disso, o setor externo possibilitou o forte desempenho dos setores agropecuário e da Indústria extrativa. A combinação desses fatores fez com que o desempenho dos diferentes setores da economia brasileira fosse bastante heterogêneo, uma característica marcante do crescimento do PIB em 2023”, avalia a CNI.

Entre 1º e 11 de dezembro, a CNI e CBIC consultaram 347 empresas, sendo 134 pequenas, 138 médias e 75 grandes.