Não há frente ampla sem o PT e descartar Lula é insanidade, diz Flávio Dino
Em entrevista a CartaCapital, governador do Maranhão defendeu 'frente progressista, do campo popular, mas dialogando com os outros'
Não há frente ampla sem o PT e descartar Lula é insanidade, diz Flávio Dino
Em entrevista a CartaCapital, governador do Maranhão defendeu 'frente progressista, do campo popular, mas dialogando com os outros'
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), analisou nesta terça-feira 1º, em entrevista ao canal de CartaCapital no YouTube, as consequências dos resultados eleitorais de 2020. Mesmo diante do fato de que o PT, pela primeira vez desde a redemocratização, não comandará nenhuma capital brasileira, Dino diz que não é possível decretar o fim da influência do partido sobre as perspectivas para 2022.
“Há um pouco de exagero. O PT, de fato, colheu um resultado modesto na eleição, não venceu em nenhuma capital. Mas está muito longe de se caracterizar como terra arrasada”, disse o governador. “Vamos combinar que o PT continua a ser o partido mais nacional. Olhando nacionalmente, o PT continua a ser a coluna vertebral do campo progressista”.
O governador também foi questionado sobre a possibilidade de haver a construção de uma frente ampla no campo progressista para as próximas eleições presidenciais sem a presença do PT.
“É claro que você não pode achar que vai construir uma aliança vitoriosa em 2022 sem o PT. Isso é um erro gigantesco. Ou contra o PT, o que é pior ainda. Você precisa ter o PT junto, pela importância que ele tem como partido mais nacional, partido com maior aprovação popular e por ter o maior líder político do nosso campo: o presidente Lula“, afirmou.
Segundo ele, “ninguém cometeria, em outro país, a insanidade de descartar um líder da importância do Lula”.
“Muito se fala na vitória da Argentina, mas a Cristina Kirchner estava na chapa como candidata a vice. Não quero dizer que o Lula tem que ser candidato a vice, mas que ela não foi jogada fora. Porque não se joga fora uma liderança que tem 20%, 30% da sociedade”, completou.
Dino também comentou, no contexto da formação de uma frente ampla, a necessidade de promover diálogos com setores que vão além da esquerda.
“A gente faz política levando em conta objetivos, metas, princípios e, obviamente, as contingências da vida. [Fernando] Haddad, quando se elegeu em 2012, teve apoio do [Paulo] Maluf. Lula, quando se elegeu em 2002, teve como vice José Alencar, indicado pelo PL. Getúlio [Vargas] era sustentado por uma aliança. Fazer alianças ao centro não está errado como conceito. Neste momento, contudo, acho que é meio ilusório, falando no primeiro turno de 2022”, avaliou Dino.
Ele pregou a necessidade de uma “frente progressista, do campo popular, mas dialogando com os outros.”.
“Porque a eleição é em dois turnos. Senão, quando você chega ao segundo turno, você bloca do lado de lá. Eleição em segundo turno é o seguinte: se você faz frente ampla, você ganha; se a frente ampla se forma contra você, você perde”, afirmou.
Na entrevista, o governador também comentou a notícia de que o ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro assumirá um cargo na consultoria norte-americana Alvarez and Marsal, administradora judicial da Odebrecht, empresa brasileira que foi alvo da Operação Lava Jato nos tempos em que Moro ocupava a magistratura.
“Se Sergio Moro juiz fosse julgar o Sergio Moro político, ele não escaparia de uma pena de 20 anos de cadeia, por corrupção, lavagem de dinheiro, etc. Sergio Moro juiz diria provavelmente que este ato revelaria uma espécie de pagamento disfarçado de propina. Não estou dizendo que foi isso, não acho que foi isso. Mas assim seria lido”, disse Dino.
Para o governador, a notícia tem impacto direto na projeção de Moro como figura relevante nas eleições presidenciais de 2022.
“Eu imagino que, com isso, ele se exclui da condição de candidato. As incoerências são tantas que ficaria difícil para ele ser o paladino da luta contra a corrupção. E creio que ninguém se animaria a vestir a camisa da CBF dizendo que é em defesa do Brasil para alguém que vai ser sócio de uma empresa norte-americana beneficiária da quebra de uma empresa brasileira”, comentou Dino.