Barroso ironiza criação de comitê de combate à pandemia por Bolsonaro: “Um ano de atraso e 300 mil mortos”; VÍDEO

“Um ano de atraso e 300.000 mortos”, complementou o ministro, que foi endossado pelo presidente da Corte, Luiz Fux: “Exatamente”.

Barroso ironiza criação de comitê de combate à pandemia por Bolsonaro: “Um ano de atraso e 300 mil mortos”; VÍDEO

Barroso ironiza criação de comitê de combate à pandemia por Bolsonaro: “Um ano de atraso e 300 mil mortos”; VÍDEO

O ministro ainda foi endossado, em sua ironia, pelo presidente da Corte, Luiz Fux: "Exatamente"; assista

Por Ivan Longo

Reprodução
 

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, ironizou o atraso do presidente Jair Bolsonaro em, somente agora, resolver criar um comitê de combate à pandemia a nível nacional.

“Fico feliz de saber que com um ano de atraso resolveram montar uma comissão de especialistas e médicos”, disse Barroso no início da sessão desta quarta-feira (24) do Supremo.

“Um ano de atraso e 300.000 mortos”, complementou o ministro, que foi endossado pelo presidente da Corte, Luiz Fux: “Exatamente”.


 

 

Mudança de tom

Em busca de sinalizar uma mudança de comportamento na gestão da pandemia, Bolsonaro iniciou uma breve entrevista coletiva nesta quarta-feira (24) após reunião com cinco governadores, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em que anunciou a criação de um “comitê”, que se reunirá semanalmente, e pregou a harmonia entre os poderes, vacinação em massa e insistiu no tratamento precoce, com medicamentos sem comprovação científica.

“Uma reunião bastante proveitosa, mais do que harmonia, imperou a solidariedade, e a intenção de minimizarmos os efeitos da pandemia. A vida em primeiro lugar”, afirmou, logo no início, um Bolsonaro paciente e de máscara, figurino que passou a ser comum após o discurso do ex-presidente Lula.

Depois de um ano da pandemia e quase 300 mil mortos, Bolsonaro anunciou a criação de um comitê com integrantes dos três poderes, que se reunirá semanalmente.

“Em primeiro lugar, resolvemos entre outras coisas que será criada uma coordenação junto aos governadores com o senhor presidente do Senado Federal. Da nossa parte, um comitê que se reunirá toda semana com autoridades para decidirmos ou redirecionarmos os rumos e o combate ao coronavírus, a unimidade, a intenção de nós cada vez mais nos dedicarmos à vacinação em massa no Brasil”, anunciou Bolsonaro, insistindo que “tratamos também de possibilidades de tratamento precoce e isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito dos médicos ‘off label’ [sem recomenção] de tratar os infectados”.

Efeito Lula

O comitê de crise anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro foi um dos pontos defendidos pelo ex-presidente Lula em seu discurso histórico dado em São Bernardo do Campo há duas semanas. Assim como pregou o ex-mandatário, o comitê será semanal.

“Você sabe que a arte de governar não é fácil; é a arte de saber tomar decisão. Então, o presidente da República que se respeitasse e que respeitasse o povo brasileiro, a primeira coisa que ele teria feito em março do ano passado, era criar um comitê de crise. Envolvendo o seu ministro da Saúde, envolvendo secretários da Saúde dos estados, envolvendo cientistas da Fiocruz, cientistas do Butantan e outros cientistas. E toda semana orientar a sociedade brasileira sobre o que fazer”, disse Lula no dia 10.

“Nós tínhamos um presidente que inventou uma tal de cloroquina, que falava que quem tem medo do covid é maricas, que o covid era uma gripezinha, que o covid era coisa de covarde, que ele era ex-atleta, e que portanto ele não ia pegar. Esse não é o papel, no mundo civilizado, de um presidente da República. Um presidente da República deveria ter esse comitê de crise, e toda semana ter uma voz oficial do comitê de crise orientando a sociedade, visitando os estados, visitando as cidades, vendo as condições dos hospitais, trabalhando pra fazer hospital de campanha onde não tivesse hospital. Tentando evitar que faltasse oxigênio como faltou em Manaus. Esse era o papel do presidente da República”, completou.

Desde o discurso do ex-presidente, Jair Bolsonaro tem mudado sua postura pública. O mandatário agora aparece de máscaras, defende a vacinação como “arma” contra a Covid-19 e tenta passar uma imagem de alguém que se preocupou com a pandemia desde o início – o que não é verdade.