Em Nova Iorque direção da Petrobrás recebe a ordem para pagar US$ 35 bilhões em dividendos

“A venda de ativos da Petrobrás não é determinada por critérios técnicos”  

Em Nova Iorque direção da Petrobrás recebe a ordem para pagar US$ 35 bilhões em dividendos

Em Nova Iorque direção da Petrobrás recebe a ordem para pagar US$ 35 bilhões em dividendos

AEPET

Escrito por  Cláudio da Costa OliveiraLido 4230 vezes

claudio“A venda de ativos da Petrobrás não é determinada por critérios técnicos”  

 

Em nota publicada no último dia 25 a direção da Petrobrás informou que seu Conselho de Administração havia aprovado o Plano Estratégico para o quinquênio 2021-2025 (PE 2021-25), como copio a seguir :

https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/25fdf098-34f5-4608-b7fa-17d60b2de47d/a846016a-2387-4883-0a2a-9b705725f1b5?origin=1  

Entretanto a nota fornecia números incompletos deixando de informar dados fundamentais como quais os valores previstos para venda de ativos ( dizendo apenas que o portfólio contém mais de 50 ativos) e principalmente para distribuição de dividendos aos acionistas.

Somente hoje (30/11) no Petrobras Day em Nova Iorque (como ocorreu em 2019) foi informado que o PE 2021-25 planeja pagamento de dividendos de US$ 35  bilhões praticamente mantendo o mesmo valor do plano anterior (PE 2020-24).

Ocorre que com a queda do preço do brent, a estimativa do Geração de Caixa caiu de US$ 168 bilhões (PE 2020-24) para US$ 125 bilhões (PE 2021-25)

Com isto, para manter o mesmo nível de distribuição de dividendos e fechar a conta do Quadro de Usos e Fontes, foi necessário reduzir os investimentos de US$ 76 bilhões (PE 2020-24) para US$ 50 bilhões (PE 2021-25) e aumentar a venda de ativos de US$ 30 bilhões (PE 2020-24) para US$ 35 bilhões (PE 2021-25).

Ou seja, tudo pode ser mudado menos o pagamento de dividendos.

dividendo

Fica claro portanto que a venda de ativos e os investimentos da Petrobrás não são determinados por critérios técnicos e de oportunidade de mercado mas é função do montante estabelecido para pagamento de dividendos.

Um absurdo para qualquer tipo de empresa e principalmente em se tratando de uma estatal.  

Já havia previsto tudo isto em diversos artigos como “Na Petrobras as diretorias mudam mas a crença de que somos idiotas fica

http://www.sindipetrolp.org.br/imprensa/artigos/66/na-petrobras-as-diretorias-mudam-mas-a-crenca-de-que-somos-idiotas-fica 

e “Mesmo registrando prejuízo Petrobrás pagará dividendos”

  https://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/5411-mesmo-registrando-prejuizo-petrobras-pagara-dividendos  

Para a atual administração da empresa esta é uma ótima notícia pois, como já demonstrei em artigo, indiretamente a venda de ativos gera bônus para a diretoria :

https://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/4463-venda-de-ativos-da-petrobras-gera-bonus-para-seus-diretores  

E assim segue a destruição da companhia puxada por contínuos crimes de lesa-pátria.

Mais recentemente surge a figura do deputado federal Paulo Ganime (Novo-RJ), numa atitude de traição à pátria, propondo através de projeto, o fim do direito  de preferência da Petrobrás no pré-sal.

https://www.camara.leg.br/noticias/709892-projeto-acaba-com-direito-de-preferencia-da-petrobras-na-camada-do-pre-sal/  

Assim volto à frase (ainda verdadeira) do General Horta Barbosa no Clube Militar em 1947 :   

“Pesquisa, lavra e refinação (de petróleo), constituem as partes de um todo, cuja posse assegura poder econômico e poder político. Petróleo é bem de uso coletivo, criador de riqueza. Não é admissível conferir a terceiros o exercício de uma atividade que se confunde com a própria soberania nacional. Só o Estado tem qualidades para explora-lo, em nome e nos interesses dos mais altos ideais de um Povo”   

E à carta testamento de Vargas :

“Quis criar a liberdade nacional na potencialização de nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma”.......”Não querem que o trabalhador seja livre, não querem que o povo seja independente."   

Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobrás aposentado