Manchetes dos jornais de domingo – 20/04/2025

Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais de domingo – 20/04/2025
CORREIO BRAZILIENSE – Plano diretor do DF prevê regularizar 26 regiões
O GLOBO – Com dez ministros, partidos de centro reduzem apoio ao governo na Câmara
O ESTADO DE S. PAULO – Informalidade atrai brasileiro e agrava falta de mão de obra qualificada
FOLHA DE S. PAULO – Governo Lula acomoda assessores sem formação e petistas em estatais
Valor Econômico – Não circula hoje
Corrigindo falha - capa da Crusoé: Todo poder ao MST
Governo Lula premia invasores de terras com fins eleitorais. Obcecado com a eleição de 2026, o presidente Lula fez diversos agrados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, sua mais fiel e combativa base de eleitores.
Destaques de primeiras páginas e fatos mais importantes do dia
Regularização - O projeto de lei que atualiza o Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) está em fase final de elaboração pelo Governo do Distrito Federal. O Correio teve acesso, com exclusividade, à lista de 26 regiões no DF que poderão ser regularizadas, beneficiando uma população de 73 mil pessoas. As áreas passíveis de regularização serão incluídas na proposta a ser enviada à Câmara Legislativa. O PDOT define ainda 14 zonas de expansão, voltadas para a população de baixa renda. Brasilienses podem encaminhar sugestões ao plano até o dia 30.
Redução - Das cinco siglas de centro que mantém dez ministros no governo Lula, quatro entregaram em 2024 menos votos na Câmara do que no ano inaugural da gestão petista, mostra levantamento do GLOBO. A taxa de fidelidade de PSD, União Brasil, PP e MDB recuou e não passa de 77% das bancadas. Apenas o Republicanos não seguiu a tendência. A base ainda não foi testada em 2025, mas o requerimento de urgência ao projeto que anistia os envolvidos no 8 de Janeiro escancarou a fragilidade do suporte.
Informalidade demais - Se em épocas de crise e de desemprego elevado o trabalho sem carteira assinada era uma espécie de tábua de salvação para o brasileiro garantir alguma renda no final do mês, hoje essa lógica mudou. Com o desemprego baixo e a economia crescendo, a informalidade está “roubando” trabalhadores do mercado formal e agravando o quadro de escassez de mão de obra qualificada para ocupar vagas com carteira assinada. “No passado, a informalidade do trabalho estava associada à necessidade”, afirma, Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, porém, a informalidade tem se tornado uma escolha do trabalhador. Essa alternativa ganhou força com o avanço da tecnologia, especialmente por meio de aplicativos de transporte de passageiros e entrega de mercadorias. A maior flexibilidade na jornada e nos horários proporcionada pela informalidade, aliada à redução da diferença de renda entre o trabalho sem carteira e o emprego formal, tem sido decisiva para muitos brasileiros que escolhem trabalhar por conta própria.
Governo de afilhados - O governo Lula tem acomodado em conselhos de administração de estatais pessoas vinculadas ao PT e membros da gestão que não têm formação relacionada à área de atuação das empresas. A lei exige educação acadêmica compatível, além de experiência e reputação ilibada. Os conselhos têm como função direcionar os rumos das companhias e fiscalizá-las. O governo ocupa cadeiras nos colegiados, e cabe ao ministro responsável pela área nomear seus representantes, que são remunerados com os chamados jetons. A Folha coletou diferentes exemplos de integrantes de conselhos com formação distante da prevista nas normas. Em alguns casos, eles ocupam cadeiras por aparente influência política, entre eles um cientista político em subsidiária de banco e um curador de arte em um hospital. Também chamam atenção assessores de ministérios indicados para conselhos sem relação com suas pastas ou históricos de formação. Procurados, os ministérios afirmam que a lei foi cumprida nas indicações.
A estratégia de Glauber - O acordo firmado entre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o deputado Glauber Braga (PSol-RJ) para encerrar a greve de fome trouxe um alívio para o parlamentar, mas a luta para tentar salvar o seu mandato está longe do fim. Ele e seus aliados buscam o máximo de apoio no Congresso e tentam convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a interceder pela situação. Até agora, o chefe do Planalto mantém silêncio sobre o caso. Pessoas próximas acreditam que a greve de fome teve saldo positivo no processo. Os advogados do político devem insistir na tese de perseguição e querem afastar o relator da ação no Conselho de Ética.
Apoio - Por enquanto, a ala governista na Câmara tem mostrado apoio incondicional a Glauber. Um ato está marcado para a próxima quinta-feira, no Rio de Janeiro, em prol do parlamentar. O PSol também reagiu diante da notícia de uma greve de fome que os parentes dos presos no 8 de janeiro querem fazer no Congresso. “Não vamos colocar comparação jamais. Glauber desmontou um esquema irregular de emendas, chamado Orçamento Secreto. A batalha dele é pela transparência”, defendeu uma fonte do partido.
Oposição contra asilo - O PL prometeu reagir a respeito do asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia Alarcón, resgatada de Lima em uma operação que envolveu o uso de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que confiará a missão ao presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Credn), deputado Filipe Barros (PL-PR). “Além de mobilizar a opinião pública, já teremos o tema como pauta da reunião da Credn nesta semana. Vamos votar um requerimento de minha autoria que cobra do Tribunal de Contas da União (TCU) uma auditoria quanto ao uso de um veículo da FAB para dar guarida para uma condenada por corrupção”, disse Barros à coluna.
Cortina de fumaça - Ministros do STF — e os que são contra a proposta que visa anistiar os executores dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — acreditam que o objetivo em perdoar os condenados pelos ataques violentos faz parte de uma estratégia bem maior: o projeto seria, na verdade, um modo para beneficiar os verdadeiros mentores do golpe de Estado. A teoria foi dita pelo próprio decano Gilmar Mendes à imprensa, mas já circula no Judiciário desde o início da investigação.
Isenção do IR - O Ranking dos Políticos, instituto que promove pesquisas na Câmara dos Deputados e Senado, manifestou apoio à isenção do Imposto de Renda. Segundo um projeto de lei em análise no Congresso, brasileiros que ganham na faixa de até R$ 5 mil serão isentos. “Finalmente, estamos empurrando o pêndulo na direção da justiça. Porém, não podemos trocar a injustiça individual por uma catástrofe fiscal federativa”, afirmou Juan Carlos, diretor-geral do Ranking. Ele alerta que o texto precisa de ajustes para ser aprovado sem causar nenhum tipo de dano fiscal ao país.
Tecnologia - O líder do Solidariedade, deputado Aureo Ribeiro (RJ), aproveitou a discussão para debater sobre pesquisa e inovação. O congressista quer aprovar um projeto de lei de sua autoria que concederia isenção do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) às startups que reinvestem seus lucros em atividades de pesquisa e desenvolvimento. “Elas desempenham um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social do país. Isso impulsiona a geração de empregos, a criação de soluções inovadoras e o aumento da competitividade nacional em um cenário global cada vez mais desafiador”, argumenta.
Mas há quem discorde - O deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) criticou a proposta do governo que pode beneficiar cerca de 15 milhões com a mudança na lei. “Ampliar a faixa de isenção do IR, como se fosse um presente, não reduz a carga tributária total. Só muda quem paga a conta. Sem uma reforma que simplifique e descentralize o sistema, seguimos trocando alívio pontual por mais confusão fiscal”, disse o parlamentar.
Briga - A situação não está muito boa na definição do Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). A Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) e a Confederação Nacional de Municípios (CNM) disputam judicialmente a eleição dos 27 representantes municipais. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) acabou suspendendo a eleição. A Associação Brasileira de Municípios (ABM) está preocupada com a “politização excessiva” dos entes. “A polarização e a judicialização do processo, marcada por acusações públicas, ameaçam a legitimidade e a transparência do Comitê, responsável por gerenciar mais de R$ 1 trilhão por ano em recursos”, aponta a entidade.
Parabéns, Brasília - O espaço de arte da Fundação Getulio Vargas (FGV), em parceria com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), lança, na terça-feira, o livro Brasília, a arte da democracia — em homenagem aos 65 anos da capital. O renomado crítico Paulo Herkenhoff organizou a obra com textos de especialistas em artes, arquitetura, história e política. Também haverá uma leitura inédita a partir de dois focos femininos: a própria cidade e a escritora Vera Brant. O evento está previsto para começar às 19h, na sede do IDP.
Regulação movimenta Congresso - A morte da menina Sarah Raíssa de Castro, no úl timo dia 13, reacendeu a discussão sobre a regulação das redes sociais no Congresso. Moradora de Ceilândia, a criança de oito anos não resistiu à intoxicação por ter inalado desodorante, em provável competição estimulada por vídeo divulgado nas redes sociais. Por considerar a regulação das redes uma pauta de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne, quinta-feira, com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e as lideranças na Casa. Lula não se pronunciou publicamente sobre o caso, mas a primeira-dama Janja cobrou nas redes sociais a urgência de se discutir no Congresso alguma restrição às plataformas. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, encaminhou, quinta feira, um ofício solicitando ao Tik Tok e ao Kwai que fossem tomadas providências que assegurem a integridade física e psicológica das crianças e adolescentes.
Gleisi rebate críticas de Bolsonaro - A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Insti tucionais (SRI), rebateu, ontem, Jair Bolsonaro nas redes sociais ao afirmar que ele está “acuado pelas gravíssimas acusações que terá que responder em ação penal”. Isso porque o ex-presidente criticou decisões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificando-as de “episódios que mancham a imagem do Brasil”. Além disso, acusou o magistrado de “fazer retaliação diplomática”. Bolsonaro se referia ao asilo concedido pelo Brasil a Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, e à decisão de Moraes de negar a extradição do búlgaro Vasil Georgiev Vasilev, de 49 anos — preso em fevereiro, em Mato Grosso do Sul, e que responde a um processo na Espanha por tráfico de drogas. Segundo Gleisi, com as publicações, Bolsonaro “tenta manipular os estatutos diplomáticos do asilo e da reciprocidade que o Itamaraty e o STF aplicam em casos concretos”. “Quem rebaixou o Brasil ao isolamento e ao descrédito nas relações internacionais não tem sequer um traço de autoridade para ofender o governo do presidente Lula e o Judiciário, como vem fazendo”, reagiu.
A meta é o Senado - A maior parte dos 27 governadores tem como plano A para o ano que vem buscar candidaturas ao Senado. A opção é citada por 13 chefes de Executivos estaduais. Entre eles, estão Claudio Castro (PL-RJ), Renato Casagrande (PSB-ES), Helder Barbalho (MDB-PA) e Ibaneis Rocha (MDB-DF). O contingente poderá aumentar se outros três governadores que alimentam projetos presidenciais desistirem e optarem pelo Senado como um plano B: Eduardo Leite (PSDB-RS), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União-GO). Em compensação, Helder Barbalho poderá desfalcar o time dos candidatos ao Senado caso o MDB consiga emplacá-lo como vice na chapa de Lula à reeleição. Outro caso singular é o de Romeu Zema (Novo-MG), que tem dito que não tem interesse por um mandato de senador e cogita apenas disputar a Presidência ou ser vice de alguém. Outros 9 governadores colocam a candidatura à reeleição como plano eleitoral prioritário. A lista inclui Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem dito preferir um novo mandato em São Paulo, mas poderá ser levado a uma candidatura presidencial no lugar de Jair Bolsonaro (PL). O único governador que já declarou que não pretende disputar eleição em 2026 é o alagoano Paulo Dantas (MDB), que cumpre o segundo mandato e deve ficar no cargo até o fim.
Emendas parlamentares além-fronteira - Emendas parlamentares têm sido usadas até para pagar taxas obrigatórias do Brasil à ONU (Organização das Nações Unidas) e financiar colaboradores de consulados do país no exterior, incluindo psicólogos e advogados que atendem principalmente imigrantes brasileiras em cidades como Miami, Nova York e Boston. Com uma parcela do Orçamento cada vez maior na mão do Congresso, o Itamaraty e o Ministério do Planejamento e Orçamento —responsável pelos pagamentos a organizações internacionais— também têm buscado verbas do Legislativo para ações fora do país. Desde 2020, deputados e senadores destinaram R$ 19 milhões a essas ações, considerando os valores já pagos e corrigidos pela inflação, segundo dados da plataforma Central das Emendas. Elas foram executadas tanto na gestão de Jair Bolsonaro (PL) quanto na de Lula (PT).
Troca de ministros não ganha votos, mas reduz chantagem - Professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de "Limites da democracia: de junho de 2013 ao governo Bolsonaro", vencedor do Prêmio Jabuti em 2023, o filósofo e cientista social Marcos Nobre avalia que o apoio de partidos da base do governo Lula (PT) ao PL da Anistia expõe uma nova realidade do que se convencionou chamar "presidencialismo de coalizão". Em vez de a distribuição de ministérios entre partidos aliados, fórmula adotada em todos os governos do pós-redemocratização, assegurar uma base parlamentar fidelizada, agora o Executivo tem apenas uma "base mínima para evitar um impeachment", segundo Nobre. Na avaliação do pesquisador, partidos como PP, União Brasil e Republicanos formaram uma espécie de "holding de apoio parlamentar", o que ajuda a explicar por que o Legislativo "deixou de ser vagão para virar locomotiva". Nobre, que cunhou o termo "peemedebismo" para definir a "cultura adesista" de parlamentares ao governo da vez, afirma que o próprio conceito foi vivido pelas gestões petistas "primeiro como tragédia, e agora como farsa".
Bolsonaro teve alteração na pressão e segue sem previsão de alta - O ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou um "episódio de alteração de pressão arterial" durante a sua internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, segundo o último boletim médico divulgado neste sábado. De acordo com a equipe médica, o quadro de saúde dele "já foi normalizado", mas ele deve permanecer internado sem previsão de alta. "Devido à ainda não apresentar movimentos intestinais efetivos, segue em jejum oral e com a nutrição parental exclusiva. Hoje, a programação é de intensificar fisioterapia motora e medidas de reabilitação", acrescentou o boletim, que é assinado pelo médico chefe da equipe de cirurgia Cláudio Birolini e outros cinco médicos.
Miram em 2026 - Influenciadores digitais e artistas, como Gusttavo Lima e Renato Cariani, buscam converter seguidores em votos para 2026, aproveitando a rejeição à política tradicional. Personalidades midiáticas, sem amarras partidárias, exploram a força das redes sociais e a imagem de renovação que projetam para atrair eleitores. Contudo, êxito nas urnas não é garantido, como mostram casos de insucesso em eleições passadas.
Fatura alta demais - Enquanto a negociação pela anistia dos envolvidos no 8 de Janeiro ganha terreno na Câmara, o governo Lula aposta numa promessa feita por Davi Alcolumbre de barrar o projeto no Senado caso ele seja aprovado na outra Casa. O senador pelo União Brasil do Amapá, no entanto, vem cobrando a fatura. Alcolumbre não só aumentou a pressão para que Lula substitua o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, como tem tentado emplacar uma nova diretoria no Banco do Brasil. As diretorias de agências reguladoras são outro motivo de divergência entre Alcolumbre e Silveira. O presidente do Senado não desiste de indicar diretores da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e ANM (Agência Nacional de Mineração), mas o ministro vem resistindo à ofensiva. A briga se agravou em meados do ano passado porque, para se eleger ao comando do Senado, Alcolumbre prometeu a alguns colegas, como Eduardo Braga (MDB-TO) e Otto Alencar (PSD-BA), indicações em algumas agências. Com isso, os dois desistiram de se candidatar ao cargo, mas agora Silveira se coloca como obstáculo às promessas.