Manchetes dos jornais de domingo 07-01-2024

Manchetes dos jornais de domingo 07-01-2024

: Resumo de domingo - 

 

Edição de Chico Bruno

 

Manchetes dos jornais de domingo 07-01-2024

Valor Econômico – Não circula hoje

 

O ESTADO DE S.PAULO – Com quebra à vista no agro, setor de serviços deve sustentar PIB

 

O GLOBO – Passado a limpo 8/1

 

FOLHA DE S.PAULO – Quem quiser o poder terá de ser eleito, diz Lula sobre 8/1

 

CORREIO BRAZILIENSE – Zagallo, uma lenda mundial

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia 

 

Quebra da safra - Projeções de economistas coletadas pelo Banco Central apontam que o setor de serviços, maior empregador do país, será fundamental para sustentar a economia brasileira em 2024. Para os especialistas dois terços do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 virão de atividades como comércio, setor bancário e transporte.Sem o impulso da super safra agrícola e dos estímulos fiscais, principais responsáveis pelas surpresas do PIB em 2023, o crescimento da economia, se os prognósticos atuais se confirmarem, cairá praticamente pela metade: de 2,9%, ano passado, para para 1,5% neste ano. A expectativa de uma menor safra de grãos e a conjuntura de preços menos atrativos das commodities, além de juros ainda elevados, devem levar à desaceleração nos investimentos do agronegócio. 

 

Poder é do eleito - O presidente Lula (PT) assistia às cenas de vandalismo nos prédios dos Três Poderes e debatia com ministros a solução para dar fim aos ataques golpistas em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, quando reagiu com veemência à hipótese de decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) —que consistiria em chamar as Forças Armadas para conter os atos. Segundo relatos, o presidente bateu na mesa e afirmou indignado que, se os militares quisessem o poder, que disputassem as eleições. Lula estava em Araraquara, no interior de São Paulo, para onde tinha viajado para ver estragos causados por chuvas no final de 2022. "Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino [da Justiça], e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO. E eu disse que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições", contou Lula, em declaração enviada à Folha sobre os acontecimentos daquele dia. "Por que eu, com oito dias de governo, iria dar para outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que tinha que resolver na política? E foi resolvida na política", continuou o presidente.

 

Eterno - Mário Jorge Lobo Zagallo é o único futebolista do planeta a ganhar quatro títulos de Copa do Mundo. Foi campeão como jogador, em 1958 e 1962, como técnico em 1970, e como coordenador-técnico em 1994. Só isso garantiria ao alagoano criado no Rio um lugar na primeira fila do esporte. Mas Zagallo foi bem mais. Esteve à frente de seu tempo quando modernizou o futebol ao montar um esquema tático que abrigou, no mesmo time, Pelé, Tostão, Gérson, Rivelino, Clodoaldo... A genialidade resultou no tri do Brasil, no México, e na maior equipe de todos os tempos. O Velho Lobo marcou época com frases de efeito, a marcante superstição com o número 13 e o amor incondicional pela camisa brasileira, a Amarelinha. O mito nos deixou, aos 92 anos, com uma certeza: nunca haverá alguém igual a ele. Obrigado, Zagallo.

 

“Oito de janeiro não colou em Bolsonaro” - Numa conversa com a coluna, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, afirma que já está se preparando para as eleições deste ano e que o mundo caminha para o radicalismo de direita e de esquerda, o que “é muito ruim”. Ele avalia que “é preciso respeitar a posição dos outros, sem ofender ninguém”, mas não abrirá mão do “fenômeno” Jair Bolsonaro, “o dono dos votos”: “Ele tem o jeitão dele, que precisamos compreender, é diferente do nosso e fez um governo que obteve resultados. No governo, os ministros tinham autonomia para as nomeações, o Paulo Guedes escolheu todo o seu pessoal sem interferência de ninguém”, afirmou. Detentor de um faro político excepcional, Valdemar considera que o quebra-quebra de 8 de janeiro “não colou” na imagem do ex-presidente. “Basta ver como ele é recebido aonde vai. É um crime falar em golpe. Tanta gente presa. Como é possível dar 17 anos de prisão para um sujeito que estava com um pedaço de pau na mão. Tem que ser punido, mas 17 anos? Merecia punição, dois, três anos. 17 anos é muito”, avaliou, ao anunciar que, amanhã, estará recolhido tratando dos temas relativos à campanha eleitoral.

 

Consulta em São Paulo - Convicto de que o PL precisa apoiar a reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, Valdemar pretende reunir os 17 deputados federais e os 19 estaduais para definir o que fazer com as pretensões do ex-ministro Ricardo Salles de ser candidato e ter uma espécie de salvo-conduto para se desfiliar a fim de concorrer por outra legenda. “Todos têm interesse na capital e vamos discutir isso. Temos que ganhar com o Nunes”, diz Valdemar, ciente de que a cidade de São Paulo é de centro-esquerda.

 

Faltarão - Líderes de partidos que integram a base aliada do presidente Lula (PT) no Congresso Nacional não estarão em Brasília na segunda-feira (8), desfalcando o ato que marca um ano dos ataques golpistas contra as sedes dos Três Poderes.

 

Intitulado Democracia Inabalada, o evento irá ocorrer no Salão Negro do Congresso e deverá reunir cerca de 500 convidados, entre autoridades e representantes da sociedade civil.

 

Pessoalmente engajado no evento, Lula convidou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e, durante uma reunião ministerial no mês passado, convocou todos os seus 38 ministros para ir ao ato. Apesar do esforço do presidente, líderes de peso das duas Casas já avisaram que não vão participar do ato. Segundo um deles justificou à reportagem, por se tratar de ano eleitoral, muitos deles resolveram passar tempo com a família, já que serão meses de "muito trabalho pela frente". No Senado, um dos desfalques será o líder do PDT, Cid Gomes (CE), que está de férias no exterior.Já Efraim Filho (PB), líder da União Brasil —partido do também senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)—, disse que estará "em compromissos externos na base", sem dar detalhes da agenda no estado. O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), também não vai. Segundo sua assessoria, o senador "já tinha viagem programada com familiares no mesmo período das férias escolares e no mesmo período do evento/ato". Já o ex-presidente do Congresso e líder da maioria, Renan Calheiros (MDB-AL), citou motivos de saúde. A assessoria de imprensa do parlamentar disse que ele está com restrição de viagem aérea por causa da cirurgia para descolamento de retina realizada no final do ano passado. A participação do líder do PT, senador Fabiano Contarato (ES), ainda é dúvida. Segundo sua assessoria, o petista "ainda não confirmou" presença. A maioria dos líderes da Câmara da base do presidente também não deverá comparecer ao evento na segunda. De férias, a maior parte deles está viajando —alguns fora do país. Até esta sexta-feira (5), estavam confirmadas as lideranças do PSB, Gervásio Maia (PB), do PT, Zeca Dirceu (PR), do PSD, Antonio Brito (BA), e do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL).

 

Rejeição braseleira é maior - O Brasil teve em 8 de janeiro de 2023 um episódio comparável ao ocorrido dois anos antes, em 6 de janeiro de 2021, nos Estados Unidos, quando apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio, sede do Congresso americano. Um ano após os atos antidemocráticos em Brasília, a rejeição dos brasileiros aos ataques é maior do que a dos americanos após o mesmo período. Segundo nova pesquisa da série Genial/Quest, a parcela de brasileiros que aprovam a invasão das sedes dos três poderes oscilou de 4% para 6% em um ano, dentro da margem de erro de 2,2 pontos percentuais. Pesquisas realizadas pelo YouGov nos Estados Unidos mostram que a aprovação aos ataques ao Capitólio aumentou de 9% para 14% após um ano. Em uma pesquisa no mês passado, esse índice chegou a 19%. Na avaliação de Felipe Nunes, CEO do Quest, a escalada de apoio aos atos nos Estados Unidos, que deixou cinco mortos, é resultado da abordagem feita pelo presidente, o democrata Joe Biden, à violência "partidária", que motivou a revolta dos republicanos. Hoje não é uma questão de democracia, mas de polarização partidária entre democratas e republicanos. No Brasil, para que o apoio às invasões continue baixo, Lula não deve partidarizar a questão. É imprescindível que esse debate não seja contaminado por cores partidárias, porque é um problema do Estado brasileiro. É a defesa das regras, da Constituição e da própria democracia que está em jogo neste caso. De acordo com a nova pesquisa, 89% dos brasileiros desaprovam os ataques de 8/1, índice que era de 94% em fevereiro do ano passado. A queda supera a margem de erro. Na região, a Região Sul teve a maior desaceleração nas avaliações: de 96% para 87%. A taxa de sulistas que aprovam os ataques aumentou de 3% para 9% no período.

 

Influência de Bolsonaro divide opinião pública - Os brasileiros hoje estão divididos sobre a influência que o ex-presidente Jair Bolsonaro exerceu sobre os golpistas que invadiram a sede dos três poderes. Na CPI do Congresso, o relatório final aprovado pela comissão pedia o indiciamento do ex-presidente por quatro crimes e o considerava o "autor, intelectual ou moral" dos ataques. Segundo dados da Genial/Quaest, 47% dos brasileiros acham que Bolsonaro teve influência no episódio, contra 43% que o eximem de culpa. Trata-se de um empate técnico, considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais da pesquisa. Em fevereiro do ano passado, 51% acreditavam que o ex-presidente tinha algum envolvimento com os atos, enquanto 38% rejeitavam a hipótese. A mudança permeou todos os estratos sociais, mas foi mais aguda entre os mais escolarizados e ricos. Nesses dois grupos, a maioria hoje entende que o ex-presidente não teve influência na invasão. Para Felipe Nunes, diretor-presidente do Quest, os números mostram que, embora o peso da politização na análise dos próprios ataques pelos brasileiros seja baixo, o mesmo não ocorre em relação à percepção do envolvimento de Bolsonaro nos atos: - A opinião sobre a influência do ex-presidente na organização de eventos é totalmente politizada: 76% dos eleitores de Lula acreditam que Bolsonaro teve algum tipo de influência, enquanto 81% dos que votaram no ex-presidente acham que não. A maioria dos brasileiros (51%) acredita que a depredação foi praticada por "radicais que não representam os eleitores de Bolsonaro", contra 37% que pensam o contrário. Há um ano, 49% atribuíam os atos aos radicais e 42% diziam que os autores dos atos representam fielmente os eleitores do ex-presidente. A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 14 e 18 de dezembro com 2.012 entrevistas presenciais com brasileiros com 16 anos ou mais em 120 municípios. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos para um nível de confiança de 95%. 

 

"Tenho mais homens armados, coronel" - Uma das principais contraofensivas feitas pelas autoridades no dia 8 de janeiro, já após a contenção da Horda na praça dos três poderes, também levou a um clima de tensão entre os representantes do Planalto e o então comandante do Exército, Júlio César de Arruda. O oficial se recusou a autorizar a prisão dos golpistas acampados na sede da Força, em Brasília, de onde começou a marcha para atacar os prédios dos três poderes. A prisão dos manifestantes havia sido negociada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e Ricardo Cappelli, na época já apontado por Lula como uma intervenção na segurança do Distrito Federal. - O general Arruda me recebeu (naquela noite) e perguntou: "Você vai entrar aqui com homens armados sem a minha autorização?" — diz Cappelli. — Aí, ele vira para o coronel Fábio Augusto (ex-comandante da PM do DF) e diz: "Eu tenho um pouco mais de homens armados do que você, né, coronel?" Comecei a discutir sobre desmantelar o acampamento e prender todo mundo, e perguntei se o general concordava. Ele apenas disse: "Não". A cena é um dos momentos revelados no documentário "8/1-democracia resiste", da GloboNews, que estreia hoje, às 23h30. Roteirizada e dirigida pelos jornalistas Julia Duailibi e Rafael Norton, a produção foi feita a partir de pesquisa de matéria-prima com mais de 500 horas de gravação e conta com imagens inéditas da esplanada dos Ministérios, do Ministério da Justiça e de Araraquara (SP), onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordenou a reação do governo aos golpes. Foi do gabinete de Edinho Silva, prefeito da cidade do interior de São Paulo — para onde o presidente havia ido verificar os estragos causados pelas fortes chuvas — que a primeira-dama Rosângela da Silva, Janja, se opôs radicalmente a um decreto de lei e ordem (GLO) que daria aos militares o controle da situação.

 

Atos golpistas completam um ano, mas sem punição a mentores - Os atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 completam um ano nesta segunda-feira, 8, após terem mexido com a estrutura dos Três Poderes e deixado um rastro de destruição nos principais prédios públicos de Brasília. Com executores presos e outros aguardando julgamento, as investigações ainda não levaram à punição dos mandantes nem de nenhuma cúpula que tenha planejado a ação. Em um ano, 2.170 pessoas foram presas, a maioria por ter invadido e atacado diretamente os prédios públicos, de acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes é o relator do inquérito responsável por julgar os extremistas envolvidos nos ataques. Do total, 66 extremistas permanecem presos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 1.413 pessoas pelos atos antidemocráticos, das quais 30 foram condenadas por crimes como golpe de Estado e outras 29 serão julgadas até fevereiro. A lista de presos e condenados pelo 8 de janeiro, no entanto, não inclui mentores nem políticos. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro na lista de indiciados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso. Na Justiça, ele é um dos investigados, mas não enfrentou uma denúncia. Conforme o Estadão revelou, golpistas reproduziram frases literais de Bolsonaro ao invadirem a sede dos Três Poderes, seguindo um roteiro de ideias disseminadas por ele e que cresceram entre os apoiadores após a eleição de outubro de 2022, quando bolsonaristas começaram a montar acampamentos em frente a quartéis do Exército.