Manchetes de domingo 22-05-2022 

Melhores e maiores notícias para você, que circularam hoje domingo 22

Manchetes de domingo 22-05-2022 

Resumo de domingo, 22 de maio de 2022 

Edição de Chico Bruno  

Manchetes de domingo 22-05-2022  

Valor Econômico – Não circula hoje

O GLOBO – Traficantes de armas são beneficiados por mudanças em lei

CORREIO BRAZILIENSE – Mortes por acidentes de trabalho crescem no DF

FOLHA DE S.PAULO – Governo teme lei eleitoral e trava agenda econômica

O ESTADO DE S.PAULO – Dispara compra de caminhões de lixo com preços inflados

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

Era previsto - A série de decretos publicados pelo presidente Jair Bolsonaro desde 2019 para flexibilizar a compra e o uso de armas no Brasil beneficiou condenados por tráfico de equipamentos antes ilegais. Acessórios como carregadores, miras e lunetas - que aumentam a precisão e a capacidade de uma arma - deixaram de fazer parte da lista de produtos controlados pelo Exército e agora não são mais considerados restritos ou proibidos. Sete condenados por entrar no país ilegalmente com algum desses componentes já conseguiram penas menores ou foram até absolvidos graças aos decretos.

Sem prevenção - O Distrito Federal registrou em 2021 o segundo maior número de mortes m acidentes laborais em 20 anos, foram 44 óbitos. Especialistas pedem mais investimentos e fiscalização. Total de gastos previdenciários gerados pelas pensões, auxílios e aposentadorias chega a R$ 200 milhões. “Muitas empresas sequer executam programas (de prevenção)”, destaca a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) Carolina Mercante. 

Eles tem medinho - A preocupação do governo com a lei eleitoral tem travado medidas na área econômica no momento em que elas poderiam ajudar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida pelo Palácio do Planalto. A principal iniciativa suspensa é a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, promessa feita por Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. O então candidato havia anunciado que ampliaria a isenção para todos que ganham até R$ 5.000 por mês, depois disse que a medida seria mais restrita e, agora, nada deve sair do papel. A ampliação da faixa de isenção neste ano criaria uma gratuidade a parte da população –o que poderia ferir a legislação das eleições que proíbe a "distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios" pelo poder público em ano de pleito. O Executivo, assim,   passou a contar com o Congresso para tentar destravar ao menos parte das propostas, como no caso da renegociação de dívidas de micro e pequenas empresas. Aprovado pelo Congresso, foi barrado por Bolsonaro com a justificativa oficial de que o texto tinha inconstitucionalidade, mas integrantes do governo dizem que o temor era com a lei eleitoral. O Legislativo derrubou o veto, e o benefício entrou em vigor. Na equipe econômica, a avaliação é que a equipe tentou barrar diferentes iniciativas da classe política ao longo do mandato de Bolsonaro e que, em 2022, os papeis se inverteram –a pasta tenta dar prosseguimento às medidas e o Palácio do Planalto as segura.

Lixo corrupto - O investimento público federal com coleta de lixo, um serviço essencial para o bem-estar da população, virou foco de despesas milionárias crescentes e fora do padrão nos últimos anos. Nas mãos do Congresso e do governo, a compra e a distribuição de caminhões de lixo para pequenas cidades saltaram de 85 para 488 veículos de 2019 para 2021. Avaliados com cuidado, esses gastos revelam transações difíceis de entender, como a da cidade do interior de Alagoas que tem menos lixo do que caminhões para recolhê-lo ou a diferença de R$ 114 mil no preço de veículos iguais, comprados no espaço de apenas um mês – sem falar da presença de empresas fantasmas no meio das operações. Durante dois meses, a equipe do Estadão analisou cerca de 1,2 mil documentos referentes à aquisição desses veículos com verbas do orçamento federal, incluindo relatórios, planilhas e vídeos, num total de 7,7 gigabytes. A distribuição de caminhões compactadores de lixo é usada por senadores, deputados e prefeitos para ganhar a simpatia e o voto dos eleitores de cidadezinhas pobres, onde a chegada desse tipo de auxílio é visível e faz enorme diferença. Até agora, o governo já destinou R$ 381 milhões para essa finalidade. A reportagem identificou indícios de pagamentos inflados de R$ 109 milhões. A diferença dos preços de compra de modelos idênticos, em alguns casos, chegou a 30%. Em outubro passado, por exemplo, o governo adquiriu um modelo de caminhão por R$ 391 mil. Menos de um mês depois, aceitou pagar R$ 505 mil pelo mesmo veículo. Há casos também em que o governo recebeu veículos menores do que o comprado sem reaver a diferença de preço. Um município de 8 mil habitantes ganhou três caminhões compactadores num período de um ano e três meses, enquanto cidades próximas não têm nenhum. Até um beneficiário do auxílio emergencial ganhou licitações para fornecer caminhões de lixo para o governo.

Bancada evangélica já alcança 80% dos partidos - Com 181 deputados e 8 senadores, a Frente Parlamentar Evangélica é composta por filiados de 80% dos partidos representados na Câmara – do PL ao PT – e vota mais alinhada às propostas do governo Bolsonaro (PL) do que o conjunto de deputados. Ainda assim, a pauta de costumes não avançou na Câmara ao longo da atual legislatura, considerando o total absoluto de projetos. Os dados são do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ. O estudo aponta que apenas 62 dos 4.879 projetos propostos na pauta de costumes na Casa foram efetivamente aprovados, dos quais só quatro deles são de autoria da Frente Parlamentar Evangélica. Segundo a pesquisa, a adesão dos deputados da frente às pautas governamentais é de 77% contra 66% do total da Câmara. Criada em 2003 e oficializada em 2015, a frente representa quase 30% da população e 24% do eleitorado. Sua composição é dividida entre parlamentares evangélicos (46%) e católicos (43%). A adesão maior dos deputados da frente às pautas governamentais pode ser explicada nos três maiores partidos que a integram. PL, Republicanos e Progressistas somam 45% dos seus membros e representam o núcleo mais estruturado e coeso do Centrão, grupo que apoia o presidente no Congresso.

Após hibernação, Bivar retoma negociações para mostrar que é candidato - Após dias em hibernação, o presidenciável do União Brasil, Luciano Bivar, deu sinais de que sua campanha está de pé, apesar do ceticismo no meio político. Contratou marqueteiro e anunciou lançamento oficial para o dia 31. Nos dias em que esteve ausente - ele viajou aos EUA em abril e faltou a nove votações da Câmara nos últimos 30 dias -, Bivar costurava apoios em palanques estaduais, segundo aliados. Em São Paulo, destacou Antonio Rueda para afiançar a aliança com Rodrigo Garcia (PSDB). Caso não consiga fazer aparições com o tucano, avisou que pode lançar nome próprio, como fez no Rio, onde Anthony Garotinho representará a sigla, que também flerta com Cláudio Castro (PL). No mesmo dia em que MDB, PSDB e Cidadania debatiam entre Simone Tebet e João Doria, Bivar anunciou a deputados do União Brasil um time de potenciais ministros caso seja eleito. Luiz Henrique Mandetta prepara uma espécie de Fundeb (fundo que amplia os repasses da educação) para a saúde. Bivar também quer reaproveitar o plano de governo feito para Sergio Moro quando ele pretendia concorrer à presidência pelo Podemos. De acordo com aliados, a estratégia da campanha é buscar um tom pragmático, sem entrar em questões ideológicas. “O Bivar fala que já teve muitos mandatos, ele tem uma visão empresarial, é um homem que construiu uma história, que pode arriscar. Eu estou no meio do mandato (de senadora), então eu também estou para servir”, disse Soraya Thronicke, cotada a vice.

Linha de frente se prepara para as eleições - O Judiciário está no centro das atenções das eleições de 2022. Escolhido como principal alvo do presidente Jair Bolsonaro (PL) para desferir sucessivos ataques e críticas, os personagens que estarão à frente da Justiça durante o pleito traçam estratégias para proteger a lisura do processo eleitoral. Até lá, os principais tribunais superiores terão novos comandos para lidar com a pressão. No Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Rosa Weber assume a gestão a partir de setembro. Vista pelos seus pares como extremamente discreta e técnica, ela tem assumido uma postura mais contundente nos autos dos últimos processos que relatou e se tornou um dos nomes mais temidos pelos bolsonaristas. O principal desafio de Weber é manter uma relação institucionalmente equilibrada entre o Judiciário e o Palácio do Planalto, sem ceder aos rompantes de Bolsonaro. Já o ministro Alexandre de Moraes vai comandar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — um dos principais alvos de Bolsonaro. O magistrado é visto como inimigo pelos aliados do presidente e declarou que não baixará a guarda durante o pleito. “O que a Justiça Eleitoral vai garantir é que o voto colocado na urna eletrônica seja o voto computado e que esse voto colocado não sofra coação das milícias digitais. É isso que nós vamos garantir”, disse o ministro, em um evento organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na sexta-feira. Moraes também é relator do inquérito das fake news no Supremo. Em outubro do ano passado, ele chegou a afirmar que, “se houver repetição do que houve em 2018, terá cassação e prisão”. O TSE tem firmado grandes parcerias com as principais redes sociais para combater a desinformação e evitar a propagação de notícias falsas durante o período eleitoral, assim como aconteceu na última eleição que deu vitória a Jair Bolsonaro. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também tem um nome que ficará à frente da Corte durante as eleições. Maria Thereza de Assis Moura foi escolhida para o cargo para o biênio 2022/2024. A posse da magistrada está prevista para o mês de agosto. Ela é a segunda mulher a ocupar a presidência do STJ. Responsável por uniformizar o entendimento sobre a legislação federal brasileira, o STJ é composto por 33 ministros. É também a instância que analisa recursos de processos de tribunais de Justiça e tribunais regionais federais. Na mesma sessão que definiu o nome da nova presidente, o ministro Luis Felipe Salomão foi designado para atuar como corregedor Nacional de Justiça (no lugar de Maria Thereza de Assis), e o ministro Og Fernandes como vice-presidente.

Vai sobrar para as emendas - O bloqueio de R$ 8,2 bilhões no Orçamento deste ano anunciado pelo governo — e sem ter separado os valores necessários ao reajuste de 5% para o todo o funcionalismo — vai terminar por abocanhar parte dos recursos que deveriam ser destinados às emendas parlamentares. Deputados que já estavam insatisfeitos com o ritmo das liberações, agora estão indóceis. Há quem diga inclusive que, se as emendas forem cortadas, as excelências vão cuidar da própria campanha e Bolsonaro que toque a própria reeleição. Os parlamentares nordestinos ligados ao presidente da República — e ao presidente da Câmara, Arthur Lira — são os mais preocupados. Eles acreditam que só terão condições de vencer o favoritismo de Lula e aliados na região se conseguirem patrocinar obras e serviços nos municípios. E sem as emendas será difícil.

"Só Deus me tira do cargo" - O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a dizer que “só Deus o tiraria do cargo” durante um discurso repleto de citações religiosas, ontem, na Marcha para Jesus. O evento de evangélicos que voltou a ser realizado após dois anos suspenso devido à pandemia, em Curitiba. Em cima de um carro de som, Bolsonaro falou ao público da 27ª edição da Marcha para Jesus. Durante o discurso, enumerou algumas das principais bandeiras políticas, exaltando o evento e disparou em referência às eleições presidenciais de 2022. “O Brasil é uma referência para o globo todo. É um país que tem vocação para o futuro sem se descuidar do presente. Nós, juntos, com fé, atingiremos os nossos objetivos. É uma missão que eu tenho e só Deus me tira daquela cadeira (da Presidência da República)”, disse.

Tebet é cobrada a se posicionar - Ungida por partidos de centro como a melhor alternativa para a candidatura presidencial, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) terá agora o desafio de criar uma marca, segundo aliados. De acordo com essa avaliação, a ausência de posicionamentos firmes em relação a temas controversos é algo que precisará ser trabalhado. Ela costuma ficar em cima do muro em algumas pautas, tentando agradar os dois lados da polarização, o que precisará mudar daqui em diante. Sobre a Operação Lava Jato, por exemplo, na sabatina organizada pela Folha e pelo o UOL, Tebet fez elogios e críticas.

"Não fico nem a favor nem contra a questão da Lava Jato. Ela cumpriu um papel importante, escancarou verdadeiros escândalos de corrupção, não adianta o PT dizer que não houve", afirmou.

Por outro lado, diz que houve "excessos do rito processual". "Não tenho dúvida nenhuma disso. Tenho um bom relacionamento com o [ex-juiz Sergio] Moro e quero acreditar que houve boa-fé. Mas aí tem que perguntar para ele, para os membros do Ministério Público, do Judiciário, para ver se houve má-fé ou boa-fé", esquivou-se. Em entrevista ao UOL, a senadora se posicionou contra o aborto, mas tentou fazer um aceno às feministas ao declarar que o tema não deveria ser tabu. "O feminismo que eu acredito é aquele que luta pelos seus direitos, compreendendo quem pensa diferente, e vice-versa. Aliás, essa é a grande beleza da democracia", pontuou. Na sequência, afirmou se tratar de um assunto sério que precisa ser debatido com seriedade, e não a cada quatro anos, em campanha eleitoral. Sobre privatizações, sua posição também é dúbia. Em um esboço de plano de governo divulgado pela CNN, Tebet se diz a favor das privatizações. Mas quando questionada sobre a venda da Petrobras, afirma se contra.

Alckmin busca com Lula reeditar modelo de quando foi vice de Covas - Geraldo Alckmin (PSB) tem dito a colegas de partido que pretende adotar na campanha presidencial o mesmo modelo de quando foi vice de Mário Covas (PSDB) para o governo de São Paulo, em 1994 e 1998. Ou seja: pretende ser discreto, deixando que o titular da chapa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteja na linha de frente nos eventos mais importantes, e atuar sobretudo nos bastidores e em contatos com setores específicos. Nas campanhas ao lado de Covas, Alckmin praticamente não esteve nos holofotes e se dedicou a costuras políticas, especialmente no segundo turno, negociando o apoio de candidatos derrotados. Curiosamente, era uma espécie de embaixador de Covas junto ao PT.

'Não há espaço para jogo duplo', diz líder do PT  - O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), diz que não há espaço para jogo duplo na eleição deste ano em Minas Gerais, em referência à postura do senador Alexandre Silveira (PSD-MG). Lopes abriu mão de ser o candidato ao Senado da coligação para favorecer um entendimento com o PSD, do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil. Pré-candidato ao Governo de Minas Gerais, Kalil anunciou nesta quinta-feira (19) a aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado. Kalil se reuniu com Lopes, escolhido coordenador da campanha de Lula em Minas, e com o deputado estadual Agostinho Patrus (PSD-MG), que desistiu de ser o vice na chapa. O acordo foi desenhado para abrigar Silveira como candidato ao Senado e abriu espaço para o deputado estadual André Quintão (PT) ser o vice. Segundo Lopes, no entanto, a atitude do senador será importante para consolidar o acordo. "Nas eleições de 2022, não há espaço para neutralidade, ou para jogo duplo", disse. Alexandre Silveira foi cotado para ser líder do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Senado. O posto segue vago desde que Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) renunciou a esta função.

Proprietária da mansão alugada pelo PL já foi alvo de operação policial - A casa alugada pelo PL em Brasília para ampliar sua estrutura e atender a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro pertence a uma pessoa que já foi investigada por corrupção. A empresária Vera Lúcia Ávila Nunes foi alvo em 2014 da Operação São Cristóvão, que apurou desvios no Sest (Serviço Social do Transporte) e no Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem em Transporte). De acordo com a escritura do imóvel, ele foi tornado indisponível pelo Ministério Público entre novembro de 2014 até março de 2018, em decorrência da apuração. Pela investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, os desvios ultrapassaram R$ 20 milhões, em valores da época. Diretores foram acusados de receber gratificações indevidas e celebrar contratos sem prestação de serviço. A empresária teria recebido R$ 1.368.290,00 por serviços não prestados. Em uma ação cível na qual o SEST/Senat solicita o reembolso, ela alega que, se houve irregularidade nos pagamentos, quem deveria ser responsabilizado era a instituição que os autorizou, não ela. Argumenta ainda ter havido mera "irregularidade formal" no procedimento da sua contratação, o que o juiz nega. Para ele, o problema é a ausência de contrapartida para os valores pagos.

Maior evento da direita brasileira terá edição às vésperas da campanha - Maior evento da direita brasileira, o Cpac realizará sua terceira edição às vésperas do início da campanha eleitoral. O evento ocorrerá em 11 e 12 de junho em Campinas (SP). Nas edições anteriores, ocorridas em 2019 e 2021, participaram integrantes do governo de Jair Bolsonaro (PL), parlamentares, ativistas e influenciadores digitais, incluindo presenças estrangeiras. A organização é feita pelo Instituto Conservador-Liberal (ICL), capitaneado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Na edição do ano passado, em Brasília, o próprio presidente compareceu. Desta vez, a organização optou por Campinas dentro da proposta de levar o debate ideológico do conservadorismo para o interior do país. O ICL vem promovendo eventos menores, chamados de Brasil Profundo, em localidades como Cuiabá (MT), Londrina (PR) e Camaquã (RS). A lista de participantes ainda não foi divulgada, mas deve incluir apoiadores de Bolsonaro e convidados internacionais.

Doria chega em baixa para semana de decisão do PSDB - A candidatura presidenciável de João Doria (PSDB) chegou ao fim da linha para a maior parte dos dirigentes e parlamentares do partido. O melhor cenário, dizem, seria encontrar uma solução com a sua anuência e participação. Mas poucos acreditam que ele vá desistir. O embate, que pode se arrastar até a convenção entre julho e agosto, tem de um lado uma pré-campanha isolada e sem legenda na prática e, de outro, um partido decidido a apoiar Simone Tebet (MDB) e cuja cúpula já encaminha os acordos regionais para costurar a coligação entre MDB, PSDB e Cidadania. Em alto grau e de forma perene, Doria é visto como tóxico para os demais candidatos tucanos, de acordo com um membro da executiva —o que justifica seu abandono apesar da vitória em prévias que custaram R$ 12 milhões de verba pública. Até rivais do tucano veem frieza na forma como a cúpula do PSDB e aliados paulistas do ex-governador executaram um plano para enterrar a pré-candidatura. Doria tem a seu favor as prévias e o fato de pontuar numericamente à frente da emedebista. A via da judicialização, que chegou a ser ameaçada, foi desaconselhada por apenas agravar a resistência do partido, mas não está descartada. O ex-governador não teria uma saída honrosa possível, já que não lhe interessa disputar outro cargo. Na condição de vítima de um golpe, tende a resistir, segundo seu entorno. Mas, como a decisão por Tebet é política, não há, na visão de tucanos, argumentos que Doria possa apresentar que mudem o rumo do partido.

Parlamentares são majoritariamente contra a legalização do aborto - Tema que movimenta o debate político a cada eleição, como já ocorreu neste ano após uma declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a descriminalização do aborto também mobiliza o Congresso e provoca um racha na bancada feminina. Levantamento do GLOBO mostra que as deputadas e senadores são majoritariamente contra a legalização do procedimento. Das 89 mulheres atualmente com cadeira no Congresso, 63 responderam ao questionamento — 44, o equivalente a 70% das ouvidas, se posicionaram de maneira contrária, enquanto 15 (24%) se disseram favoráveis, e quatro retornaram afirmando que preferiam não se manifestar. O componente político naturalmente carregado pelo assunto — que, por vezes, inibe a conversa sob a perspectiva da saúde pública — e os reflexos eleitorais em potencial exercem influência nas manifestações públicas, segundo especialistas. A cientista política Mayra Goulart, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca que o “peso” das discussões em torno do aborto faz com que não haja unanimidade mesmo entre as congressistas mais alinhadas às pautas progressistas. — É uma questão que cobra um preço muito grande eleitoralmente. Mesmo entre as mulheres que não são conservadoras há opiniões contrárias ao aborto. Não é consensual. É uma pauta bomba, que tira e mobiliza votos, além de gerar sentimentos conflituosos — analisa.

Presidenciáveis não aprofundam debate sobre aborto - Historicamente considerado no mundo político um tema controverso e capaz de fazer desidratar a intenção de votos de candidatos em eleições majoritárias, a descriminalização do aborto segue sendo uma espécie de tabu no debate eleitoral. A predominância do aspecto religioso e moral quando o assunto é tratado continua inabalada, e os políticos tendem a se dividir, a grosso modo, em dois grupos. Os que defendem a atual legislação aproveitam o tema para capitalizar votos conservadores, enquanto quem é a favor de uma abordagem mais progressista nas regras costuma evitar a discussão. A disputa de 2022 segue essa toada. Pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva demonstra aderência à pauta, enquanto Ciro Gomes (PDT) diz que a legalização não é tarefa do presidente. João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB) já afirmaram que são contrários ao aborto, preservando-se os casos previstos na atual legislação, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem declarado que não concorda com a descriminalização. No início de abril, Lula provocou polêmica ao defender que toda mulher deveria ter direito ao aborto, por ser “uma questão de saúde pública”. A afirmação gerou reação de evangélicos e bolsonaristas. Lula também desagradou a companheiros de partidos, preocupados com um possível estrago que as afirmações poderiam ter na campanha. 

Educação, saúde e economia mobilizam busca pelo primeiro voto - Contrariando o pensamento de que estariam desinteressados da política, os jovens se mobilizaram e, na reta final do prazo hábil para a votação de outubro, chegaram ao recorde de novos títulos de eleitor. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais de dois milhões de brasileiros com 16, 17 e 18 anos se habilitaram para o primeiro pleito — número 47% superior ao de 2018, por exemplo. Ouvidos pelo GLOBO, dez representantes desta faixa etária, de todas as regiões do país, explicaram o que impulsionou a busca pelo primeiro voto: a percepção de que educação e saúde pioraram, a preocupação com a alta de preços e a sensação de que é necessário se engajar na tentativa de ver as agendas prioritárias seguirem adiante — a massificação do uso de tecnologia, por exemplo — são alguns dos motores desse movimento. Vivendo a quase dois mil quilômetros de distância um do outro, os estudantes Cassiano Aires, de Santa Cruz do Sul (RS), e Luan Silva, morador de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, traçam diagnósticos semelhantes, a partir das experiências de vida distintas. Os dois jovens de 17 anos identificam que a pandemia agravou o quadro dentro de sala de aula. Para Luan, aluno da rede estadual, a falta de professores é uma realidade — “gostaria que os próximos estudantes não passassem por isso”, pontua —, enquanto Cassiano defende uma atuação mais firme contra a evasão escolar. — É preciso haver maior incentivo, inclusive financeiro, principalmente para quem deixou de ir à escola. Também é necessário levar o estudo para mais perto de quem não tem acesso à internet. Houve um retrocesso muito grande nessa área, assim como na saúde — avalia.

'O mercado olha o Brasil e olha a Eletrobras' - CEO da Vibra (ex-BR Distribuidora), Wilson Ferreira Júnior vê com otimismo a economia brasileira este ano, apesar da inflação e das turbulências eleitorais, e diz que o país tem grande potencial em energia renovável. Nessa área, a Vibra firmou parcerias em várias frentes, do biodiesel à recarga de carros elétricos. A empresa aumentou sua fatia na distribuição de diesel, e o executivo alerta que a volatilidade dos preços mantém o risco de desabastecimento. Para ele, amenizar a alta dos combustíveis passa pelo ICMS, como defende o presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL). Ex-presidente da Eletrobras, que comandou entre julho de 2016 e março de 2021, Ferreira Jr. é um entusiasta da privatização, que obteve sinal verde do TCU na semana passada. Avalia que a capitalização vai atrair investidores, mesmo no cenário global adverso de um ano com eleições no Brasil.