Manchetes de domingo.

Manchetes de domingo.

Edição: Chico Bruno

 

Manchetes de domingo.

Resumo do panorama espelhado pelos maiores veículos de comunicação do Brasil.

 

 

O GLOBO – Sem cumprir suas promessas, Bolsonaro radicaliza discurso

 

Sem entregar a maior parte de suas promessas de campanha e diante de uma queda de popularidade, o presidente Jair Bolsonaro radicalizou seu discurso, movimento simbolizado pela convocação para as manifestações da próxima terça-feira. O GLOBO mapeou 30 promessas de campanha, direcionada tanto a setores mais amplos da base de apoio como a grupos fiéis, das 18 não saíram do papel, nove se concretizaram, e três foram entregues apenas parcialmente. No terceiro ano de mandato e na ausência de um legado para marcar seu governo, a estratégia tem sido apostar na belicosidade, analisam especialistas.  

 

FOLHA DE S. PAULO – À frente de estatais, militares chegam a ganhar R$ 260 mil

 

Militares colocados pelo governo Jair Bolsonaro no comando de 1 em cada 3 empresas sob o controle da União acumulam remunerações mensais que vão de R$ 43 mil a R$ 260 mil entre vencimentos advindos das Forças Armadas e salários ou benefícios pagos pelas companhias. Hoje, 16 das 46 estatais com controle direto da União, são presididas por oficiais de Exército, Marinha e Aeronáutica. Em 15 desses casos há acúmulos de remunerações. O oficial recebe tanto o valor equivalente ao exercício militar quanto a remuneração paga pela estatal, excedendo o teto de R$ 39,3 mil imposto ao funcionalismo público federal. Uma única estatal informou ter aplicado um abate teto, para limitar os ganhos a R$ 39,3 mil: a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), responsável por 40 hospitais universitários federais e vinculada ao Ministério da Educação. Até abril, havia a aplicação de um abate teto de R$ 25 mil, mas isto deixou de ocorrer em razão da edição de uma portaria pelo Ministério da Economia, naquele mês, que permitiu o acúmulo de remunerações por militares da reserva que ocupam cargos no governo. Assim, o teto passou a ser aplicado individualmente, em cada remuneração, o que levou ao acúmulo de ganhos. A canetada beneficia diretamente Bolsonaro, o vice Hamilton Mourão e ministros que são militares, como Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Defesa) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência). No caso do presidente da EBSERH, o acúmulo também passou a ocorrer. Das estatais que responderam aos questionamentos da reportagem, seis apontaram a medida como um dos instrumentos legais usados para os pagamentos duplicados. Outros instrumentos legais que garantem os salários acima do teto, conforme as empresas, são a própria Constituição Federal e decisões do STF e do TCU, além de um decreto de 2019 e um parecer da AGU (Advocacia-Geral da União) de 2020. As remunerações mais expressivas são pagas ao presidente da Petrobras, o general de Exército Joaquim Silva e Luna (R$ 260.387,00).

 

CORREIO BRAZILIENSE – Empregos ressurgem, mas renda do trabalhador cai 

 

A renda média dos brasileiros com carteira assinada e informais está 9,4% menor que a registrada no fim de 2019. Existe mais emprego, mas com menos dinheiro na conta dos trabalhadores no fim do mês. Foram contratados 316.580 funcionários pelas empresas em julho de 2021. No entanto, o salário médio de admissão caiu 1,25% na comparação com o mês anterior. Embora a taxa de desocupação tenha se reduzido para 14,1% no segundo semestre, queda de 0,6 ponto percentual em relação ao primeiro semestre, o Brasil ainda tem 14,4 milhões de pessoas na fila do emprego. Além disso, pesquisa da Fipe mostra que 50,5% dos acordos e convenções coletivas no país entre janeiro e julho tiveram correção abaixo da inflação oficial.

 

O ESTADO DE S. PAULO – Iniciativas lucram com a preservação da Amazônia

 

Enquanto a devastação da Amazônia alcança números recordes ano após ano, acumulando 813 mil quilômetros quadrados até 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cresce também a busca por soluções para evitar uma tragédia ecológica sem volta na maior floresta tropical do mundo, informa Pablo Pereira. Estão em curso iniciativas da sociedade civil, pesquisas e parcerias, que vão do turismo sustentável à exploração de produtos da floresta ou a criação de gado com lucro e sem prejuízo ao meio ambiente. O ponto de virada para reduzir de vez o desmatamento e aumentar a renda é possível, diz o superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virgílio Viana, mas custa caro. Ele calcula a necessidade de investimentos “na casa” dos R$ 10 bilhões, para serem usados em um plano de prosperidade verde e de valorização das populações indígenas e ribeirinhas. “Mas falta vontade política dos governos”, afirma.

 

Notícia do dia 

 

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) interditou neste sábado (4) 25 lotes da vacina Coronavac, num total de 12 milhões de doses. A medida é cautelar e proíbe a distribuição e o uso desses lotes porque eles foram envasados em uma planta não aprovada pelo órgão na avaliação de uso emergencial da vacina. A decisão tem validade de 90 dias. Segundo a Anvisa, os lotes foram envasados em uma unidade da empresa chinesa Sinovac, parceira do Instituto Butantan, que não passou por inspeção ou análise da agência. O órgão publicou em edição extra do Diário Oficial da União duas resoluções sobre as providências que estão sendo adotadas. Em comunicado sobre a decisão, a agência explicou que recebeu do Instituto Butantan na noite desta sexta (3) a informação de que a unidade fabril responsável pelo envase não foi inspecionada e não foi incluída na autorização de uso emergencial da vacina. O Butantan informou à agência reguladora que além dos lotes já interditados, outros 17 também envasados no local não inspecionado estão em tramitação de envio e liberação ao Brasil —eles totalizam mais 9 milhões de doses. Resolução publicada pela agência também proíbe temporariamente a distribuição desses lotes.

 

As notícias de primeira página e os destaques do editor

 

Governadores agem para evitar adesão de tropa a atos - O risco de que policiais da ativa se envolvam nas manifestações convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores para o dia 7 de Setembro levou os governadores a montar esquemas para tentar afastar dos atos os PMs e diminuir o risco de conflitos no dia da Independência. Promoções, mobilização de efetivos extras que estariam de folga e o planejamento de operações para controlar a disciplina da tropa estão entre as medidas tomadas nas duas últimas semanas. As ações envolvem Estados que registraram, recentemente, episódios de indisciplina dentro das PMs, a maioria ligada à ação de políticos bolsonaristas, como o Ceará, Rio Grande do Norte, o Espírito Santo, e São Paulo. Nos dois primeiros, os governadores promoveram um número maior de agentes de segurança, fenômeno também registrado no Distrito Federal como forma de driblar o congelamento de salários do funcionalismo público. Ambos foram sacudidos pelas duas mais recentes greves de PMs no País entre 2018 e 2020. Outro Estado que conheceu um motim de policiais foi o Espírito Santo, em 2017). Ali o governador Renato Casagrande (PSB) decidiu colocar de prontidão todo o efetivo da PM no próximo dia 7, evitando assim que os policiais da ativa compareçam aos protestos. Por fim, em São Paulo a Secretaria da Segurança Pública montou uma gigantesca operação na data, a Operação Independência, e mobilizou 27 mil PMs, 3,6 mil deles só para vigiar os atos da Avenida Paulista e do Vale do Anhangabaú. A Corregedoria da PM deve pôr todo o seu efetivo – cerca de mil homens – nas ruas para vigiar possíveis transgressões.

 

Associações de caminhoneiros não apoiam atos - O tom intimidatório das manifestações afastou algumas categorias que participariam do ato bolsonarista. Caminhoneiros passaram a não aderir depois que Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, incentivou a classe a parar o Brasil e fechar rodovias — ele teve a prisão decretada na última sexta-feira por ameaças ao STF e está foragido. Presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, critica que líderes do agronegócio tentem usar caminhoneiros como “massa de manobra” e garante que não há uma mobilização para apoiar manifestações favoráveis ao presidente. “Eu luto pelo nosso segmento. A gente não se envolve em pauta política. A categoria está sofrendo muito. O que eu vejo nessa manifestação do 7 de setembro é um movimento político, e, inclusive, quem está apoiando isso é quem está contra os caminhoneiros. Todo cidadão tem direito de se manifestar, mas não concordo de pegar um movimento e usar de bandeira”, critica. Segundo Chorão, os caminhoneiros deveriam lutar por melhorias para a classe, como a diminuição no preço dos combustíveis. “O que a gente ganhou na greve dos caminhoneiros, nós ganhamos, mas não levamos. Hoje, a gente vê no presidente uma narrativa de transferência de responsabilidade. Quando você fala para o governo que o combustível está alto, ele põe a culpa nos governadores. Ele precisa falar com os governadores, reunir para tentar achar uma solução.” A Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) diz que também não apoia os atos. A Confederação Nacional de Transportadores Autônomos (CNTA) diz que faz coro às manifestações, mas destaca que “a eventual participação de um caminhoneiro representará a vontade pessoal deste cidadão de manifestar sua liberdade de expressão”.

 

Pleito de 2022 divide reação das oposições a ato golpista - As oposições a Jair Bolsonaro à esquerda e à direita convergem no discurso de que é preciso dar uma resposta também nas ruas ao ato de raiz golpista insuflado pelo presidente para este 7 de Setembro, mas, fragmentadas por interesses ligados às eleições de 2022, travam na falta de uma reação unificada. Com a contaminação, manifestações contrárias ao governo tendem a manter como pano de fundo o apoio ou rejeição a pré-candidatos à Presidência. Oficialmente, líderes de movimentos e de partidos por trás das convocações falam que as pautas não se misturam, mas nos bastidores as resistências são muitas. Bolsonaro e aliados têm se esmerado nos chamados para os atos do Dia da Independência, na próxima terça-feira, e buscam reunir multidões para embasar a retórica de amplo apoio popular. Pesquisa Datafolha de julho mostrou recorde na reprovação do presidente, rejeitado por 51% dos brasileiros. O evento bolsonarista ocorre em meio a uma série de reveses para o governo, com reações de outros Poderes às ameaças autoritárias disparadas pelo Executivo, desembarque de setores do empresariado e do mercado, estagnação de pautas no Congresso e horizonte econômico negativo.

 

Judiciário não tem saída para crise, diz desembargador - Ex-presidente da AJD (Associação Juízes para a Democracia), que reúne magistrados vistos como progressistas, e neste ano nomeado desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Marcelo Semer avalia que não cabe ao Judiciário o papel de apaziguador da crise institucional. Para ele, a saída deve partir da política, e o Congresso tem sido omisso em exercer esse papel. “Há bastante tempo a gente tem evitado a política para tentar resolver crises pelo Judiciário. Isso está inflando o Judiciário, mas o Judiciário não tem os instrumentos para resolver crises”, afirma, em entrevista à Folha. O desembargador lançou em agosto o livro “Os Paradoxos da Justiça – Judiciário e Política no Brasil” (Contracorrente), em que analisa a crise de confiança no Judiciário e o que considera a judicialização extremada da política e a derrocada do Estado democrático de Direito. Ele recebeu a reportagem em seu gabinete, adornado com quadros de figuras ligadas à esquerda, como Karl Marx e Che Guevara, e diz que nunca exerceu política partidária, mas “querer um juiz que não tem ideologia ou não tem pensamento é uma ilusão”.

 

Governo admite erro ao unir CLT a novos contratos - Membros do governo dizem que foi equivocado o plano de tentar aprovar, em uma única proposta, novos programas trabalhistas e mudanças na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A proposta deveria ter focado apenas na possibilidade de criação de novas modalidades de contratos de trabalho. O pacote de medidas passou a ser chamado de minirreforma trabalhista e foi derrubado pelo Senado na quarta-feira (1º). Agora o governo quer rever a estratégia e, em um segundo momento, buscar espaço para tentar emplacar medidas com potencial de impulsionar contratações de jovens e informais —sem misturar o debate com as alterações de normas da CLT. A junção dos dois temas, segundo articuladores políticos do Palácio do Planalto, elevou a resistência ao pacote no Senado, que já havia rejeitado em 2020 outro pacote na área trabalhista. A auxiliares o ministro Paulo Guedes (Economia) e integrantes da pasta do Trabalho e da Previdência, sob comando de Onyx Lorenzoni, mostraram descontentamento com a decisão de apresentar ao Congresso um projeto tão amplo. A proposta da minirreforma trabalhista foi costurada pela extinta Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, que era comandada por Bruno Bianco. Hoje ele é ministro da AGU (Advocacia-Geral da União).

 

Home office agrada, mas jornada pesa - Antes da pandemia, o home office era uma realidade de poucas empresas, mas um pedido frequente de diversos trabalhadores. Com a covid19, o modelo se tornou uma necessidade para os negócios continuarem operando. Um ano e meio depois dos primeiros lockdowns em todo o Brasil, o trabalho remoto se mostra muito bem avaliado pelos trabalhadores. Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e pela Fundação Instituto de Administração (FIA) mostra que a intenção dos brasileiros de permanecerem trabalhando em casa só cresce – ao mesmo tempo em que relatam ter uma jornada de trabalho muito maior do que a estipulada em contrato. De acordo com o levantamento, 73% das pessoas estão satisfeitas com o trabalho de casa. Mas esse número cresce para 78% quando se considera a intenção de manter a mesma rotina após a pandemia, ante 70% no ano passado. Já o número de trabalhadores que querem voltar aos escritórios diariamente caiu de 19% para 14%. O porcentual dos indiferentes também recuou, de 11% para 8%. “As pessoas estão muito satisfeitas. Esperávamos até um indicador um pouco abaixo, mas elas estão valorizando muito ficar em casa”, afirma André Fischer, professor da FEA e coordenador da pesquisa. Para completar, 81% dos entrevistados afirmaram que a produtividade, trabalhando de casa, é maior ou igual à da atividade presencial. Apesar das avaliações positivas, muitos funcionários dizem estar trabalhando mais horas de casa do que se estivessem no escritório. Com a economia de tempo do deslocamento, muitos acabam começando a trabalhar mais cedo – e se desligando mais tarde.

 

Cientistas contestam opção de SP por Coronavac em reforço - A decisão do Ministério da Saúde de aplicar uma terceira dose das vacinas contra Covid-19 em idosos acima de 70 anos e imunossuprimidos, a partir do dia 15 de setembro, usando preferencialmente os imunizantes da Pfizer ou AstraZeneca, é respaldada pela comunidade científica. Os especialistas, porém, não demonstram o mesmo apoio para a decisão do governo de João Doria (PSDB) de utilizar também a Coronavac como dose extra no estado de São Paulo. Ao contrário do que diz o governo paulista, a escolha pelas vacinas de RNA (como a Pfizer, baseada na tecnologia inovadora de RNA mensageiro) ou de vetor viral (como AstraZeneca, que usa um vírus inofensivo para dar instruções ao corpo de como se proteger da Covid) para a dose de reforço aos idosos e imunossuprimidos foi uma determinação técnica e unânime entre os membros da Câmara Técnica de assessoramento para assuntos de imunização da pasta da saúde. O grupo é formado por representantes das sociedades científicas (como a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Imunizações), do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), dentre outros. Em São Paulo, porém, o governador, o secretário de saúde, Jean Gorinchteyn, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e o coordenador-executivo do comitê científico que assessora a gestão, João Gabbardo, têm defendido a utilização de qualquer imunizante que estiver disponível no momento da aplicação da dose de reforço. A aplicação de uma dose adicional em pessoas com mais de 90 anos começa em São Paulo na próxima segunda-feira (6).

 

No Pantanal, fogo reaparece com força em rodovia turística - Um dos símbolos do incêndio recorde que devastou o Pantanal no ano passado, a rodovia turística Transpantaneira voltou a registrar fogo e fumaça nos últimos dias. A situação preocupa porque setembro é historicamente o mês com mais focos de queimadas na maior planície alagável do planeta. Desde o sábado (28) até quarta-feira (1º), o fogo destruiu 7.000 hectares, segundo análise do Instituto Centro de Vida (ICV), com base em dados do Global Fire Emission Database, da Nasa, a agência espacial norte-americana. Com 147 km de extensão, a estrada-parque conecta Poconé (MT) ao povoado de Porto Jofre, de onde saem passeios para observação de onças-pintadas e barcos de pesca esportiva. Nesse trajeto, todo de terra, é fácil avistar a fauna pantaneira. Agora, além dos animais, muitos deles buscando a água cada vez mais escassa, há brigadistas, homens do Corpo de Bombeiros e aviões agrícolas tentando combater as chamas. A maior presença de combatentes é uma das diferenças positivas em comparação a 2020. Por outro lado, as condições para que o fogo se alastre estão piores: o Pantanal acumula três anos de seca, esvaziando baías e corixos, como são chamados os canais que ligam os rios à planície inundável.

 

Amazônia tem 3º pior agosto de queimadas em 11 anos - A Amazônia brasileira registrou em agosto de 2021 mais de 28 mil focos de queimadas —o terceiro pior resultado para o período nos últimos 11 anos. Os números, disponibilizados nesta quarta (1º) pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), só ficaram atrás dos registrados em 2019 e 2020, os dois primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Os incêndios no bioma costumam estar associados ao desmatamento. O fogo é usado para queimar a vegetação derrubada —e que foi deixada secando— e para limpar pastos. Desde o final de junho um decreto presidencial veta o uso de queimadas para fins agrícolas e/ou em florestas no país. O recorde de incêndios para agosto aconteceu há dois anos, quando foram mais de 30 mil focos de queimadas na região. Na ocasião, ocorreu o chamado "dia do fogo", quando proprietários de terra combinaram incêndios simultâneos na região de Novo Progresso (no sul do Pará), segundo apontam as investigações sobre o caso. A ação começou por volta do dia 10 daquele mês e acabou chamando a atenção internacional. Na época, tanto o presidente francês, Emmanuel Macron, quanto a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, se manifestaram publicamente sobre o tema e pediram providências para conter a destruição da floresta. As queimadas do “dia do fogo” na Amazônia e em outros biomas (inclusive em países vizinhos) chegaram a escurecer até mesmo o céu da cidade de São Paulo —que fica a 2.000 km de Novo Progresso.

 

PF abre inquérito para apurar vazamento de ataque ao TSE - A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar o vazamento da investigação sobre o ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral utilizada pelo presidente Jair Bolsonaro para levantar a tese de fraude na eleição de 2018 em entrevista no dia 4 de agosto. Além da responsabilidade pela divulgação dos documentos, a PF deve investigar como o deputado Filipe Barros (PSL-PR), relator da PEC do voto impresso, soube da existência do caso sigiloso em andamento no órgão. A apuração foi solicitada pelo TSE e sua abertura foi ordenada por Alexandre de Moraes. O ministro do STF entendeu que o caso tem relação com o inquérito das fake news e se manteve como relator do caso. Bolsonaro acessou os dados sobre o ataque ao sistema do TSE porque Filipe Barros fez um pedido de acesso à investigação ao delegado Victor Feitosa Campo, da superintendência da PF no DF. Ao pedir a investigação, Moraes afastou o delegado da apuração. Campo também será alvo de uma investigação interna na PF e deverá, assim como Barros, ser ouvido no inquérito. O crime investigado é a “divulgação de segredo com potencial prejuízo para a administração pública”. O Painel perguntou ao deputado como soube da existência do caso, mas não obteve resposta.

 

Governo Bolsonaro ignora CGU - O governo Jair Bolsonaro ignora há seis meses orientação da CGU (Controladoria-Geral da União) e decidiu dificultar o acesso a informações sobre visitantes dos gabinetes do Palácio do Planalto, prédio onde funciona a Presidência da República. Desde janeiro deste ano, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) se negou a fornecer ao menos 34 vezes informações sobre as entradas no palácio solicitadas pela Lei de Acesso à Informação (LAI). Desde abril, todos os oito recursos com base na Lei de Acesso que chegaram à CGU tiveram como decisão a determinação para entrega das planilhas solicitadas. Embora atenda às determinações da Controladoria, como exige a lei, a nova política de recusa do GSI triplicou o tempo médio de espera do cidadão para obter a informação desejada. Enquanto antes a resposta tinha de chegar em, no máximo, um mês, tem levado agora três. A maioria dos solicitantes (19) desistiu no caminho até chegar à CGU. O GSI sempre forneceu dados sobre acesso ao Palácio do Planalto. A mudança ocorreu em janeiro deste ano, quando o órgão passou a usar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como argumento para não fornecer as informações. A Lei Geral de Proteção de Dados está em vigor desde agosto de 2020, mas só foi usada para ocultar os visitantes do Planalto a partir de 11 de janeiro de 2021. Nesta data, o GSI se negou a fornecer dados sobre visitas ao Planalto dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), bem como de Luiz Botto Maia —ex-assessor de Flávio— e das advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, que defendem o senador.

 

Governo confirma dois casos de vaca louca - O Ministério da Agricultura confirmou dois casos atípicos da doença conhecida como vaca louca em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e Belo Horizonte (MG). Com isso, as exportações de carne bovina para a China ficam suspensas temporariamente. O país asiático é o maior importador do produto brasileiro. Os registros representam o quarto e o quinto caso de EBB (Encefalopatia Espongiforme Bovina, nome técnico do mal) atípicos em mais de 23 anos de vigilância sanitária para a doença, de acordo com a Secretaria de Defesa Agropecuária da pasta, em nota divulgada neste sábado (4). O Brasil nunca registrou a ocorrência de EBB clássica. Os casos de vaca louca atípica são menos perigosos para o rebanho porque são espontâneos e esporádicos, uma vez que partem do organismo de um animal e não acontecem devido à ingestão de alimentação contaminada, mas por degeneração celular. Esse tipo costuma acometer o gado em idade já avançada. Já a vaca louca clássica ocorre devido ao consumo de alimentos contaminados, como proteína animal, e afeta a o rebanho mais jovem. O ministério afirma que todas as ações sanitárias de mitigação de risco "foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final", que é feito pelo laboratório de referência da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal), em Alberta, no Canadá. "Portanto, não há risco para a saúde humana e animal", ressalta.

 

Congresso desconfia de dados do governo - Depois de ver rejeitado o pedido para emissão de R$ 164 bilhões em títulos, o governo chamou o relator da proposta no Congresso, deputado Hildo Rocha (MDB-MA), e topou reduzir o valor para R$ 130 bilhões. Hildo bateu o pé e mandou a assessoria do Congresso estudar o tema e ver quanto o governo realmente precisará emitir, tomando por base o excesso de arrecadação projetado até o final do ano. Essa é a briga a que a equipe econômica está dedicada no momento. Há três semanas, esta coluna publicou que o governo havia pedido autorização para quebrar a regra de ouro em R$ 164 bilhões e o relator recusou, baixando esse valor para R$ 28 bilhões — o previsto no texto para pagamento de salários. O Poder Executivo não gostou, tentou retomar o texto original, não conseguiu e chamou Hildo Rocha para negociar. No encontro, os técnicos admitiram ao relator que já têm R$ 270 bilhões de excesso de arrecadação, mas esses recursos são divididos com estados e municípios e sobra pouco para as despesas correntes da União, daí é preciso quebrar a regra de ouro e emitir títulos para despesas correntes e pessoal. Moral da história: a briga ainda vai longe, porque, agora, os congressistas sabem que, se o relator aceitasse o valor inicial de R$ 164 bilhões proposto pelo Executivo, a autorização para quebrar a regra de ouro estaria acima das necessidades reais do caixa federal. A desconfiança está instalada e as contas malfeitas. 

 

Temor de radicalização nas bases faz partidos reagirem - O flerte de filiados com pautas associadas ao bolsonarismo tem feito partidos que não são de extrema-direita iniciarem reação contra algumas lideranças regionais, sob temor de uma radicalização. O Cidadania, por exemplo, botou na fila de expulsão o vereador Tenente Coronel Paccola, de Cuiabá, depois que ele publicou em suas redes um vídeo declarando apoio às manifestações bolsonaristas do Sete de Setembro. O vereador critica o Supremo e diz que o ministro Alexandre de Moraes é um ativista da implantação do socialismo no Brasil. “Não há ameaça socialista alguma no horizonte”, diz carta do Cidadania ao vereador. “As liberdades não estão ameaçadas pelo regime democrático, mas por palavras e ações do presidente. (Paccola) está no partido errado.” O Novo expulsou o vereador Maurício Marcon, de Caxias do Sul (RS). A justificativa foi que ele teria contrariado o estatuto do partido. O parlamentar fez duras críticas à direção nacional da sigla e diz estar decepcionado com o Novo. A fé no Novo era tanta que o bonequinho que representava Marcon em cima de seu bolo de casamento usava a camiseta do partido. O “felizes para sempre” durou pouco. A situação em Caxias se assemelha a de outras saídas de quadros do Novo: as expulsões acontecem em meio a críticas de que João Amoêdo atropelou o estatuto da sigla e se tornou “dono” do partido. “É um partido que não permite que se critique o STF, que nos pressiona a sermos contra Bolsonaro, que não aceita uma postura independente em relação ao governo. Não acho correto isso de ficar só xingando”, afirmou o vereador à Coluna. O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, rebate as acusações de que o partido se tornou linha auxiliar da oposição ao governo de Jair Bolsonaro. “As críticas aos Poderes fazem parte, mas não podem ser deselegantes. O que o partido é sumariamente contra são manifestações pedindo o fim das instituições democráticas, fechamento do Congresso, do Supremo, isso é inaceitável”, diz ele.

 

Toca o berrante - A quantidade de mentiras delirantes e supostas conspirações que partiram dos grupos bolsonaristas no WhatsApp para entupir os smartphones nos últimos dias é algo para deixar com inveja os melhores roteiristas e escritores distópicos do mundo. Em uma das mensagens, por exemplo, está desenhado o roteiro de um golpe de Estado do começo ao fim, como se tudo não passasse de mera formalidade. Em outra, até quem já morreu foi usado.

 

STF autoriza Jefferson a deixar a cadeia - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o ex-deputado Roberto Jefferson seja internado em um hospital do Rio de Janeiro para tratamento médico.  O magistrado, porém, manteve a prisão preventiva do presidente do PTB, que usará tornozeleira eletrônica enquanto estiver na unidade de atendimento. Em seu despacho, o ministro disse vislumbrar a autorização para a saída de Jefferson do presídio, mas considera a a prisão preventiva "necessária e imprescindível à garantia da ordem pública e à instrução criminal". O ex-deputado, acusado de promover atos antidemocráticos e ataques às instituições, será internado no hospital Samaritano da Barra da Tijuca, no Rio Além da tornozeleira eletrônica, o ministro determinou que o ex-deputado não mantenha contato com outros investigados por atos antidemocráticos, nem faça uso de suas redes sociais, nem mesmo através de sua assessoria de imprensa. Moraes também proibiu Jefferson de conceder entrevistas sem prévia autorização judicial.

 

Compra de armas pessoais por PMs é 116% maior que em 2020 - Entre janeiro e junho deste ano, policiais militares compraram 24.991 armas de uso pessoal. O número é 116% maior que o total de armas adquiridas durante todo o ano de 2020: 11.576. Diante de um movimento de politização de parte da polícia brasileira, especialistas em segurança pública veem o aumento com preocupação. O incremento das compras se reflete em um crescimento no total de armas pessoais nas mãos de policiais. Em junho deste ano, o arsenal era de 535.569 armas, crescimento de 4,9% em relação ao ano anterior, 510.578. O volume de armas havia apresentado queda assim que o presidente Jair Bolsonaro assumiu. De 2018 para 2019, o total de exemplares particulares de PMs sofreu uma redução de 2,3%. No ano seguinte, já houve aumento de 2,3%. Os dados são inéditos e foram obtidos pelos institutos Sou da Paz e Igarapé, por meio da Lei de Acesso à Informação.

 

PF intima deputada a depor sobre atos - A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) foi intimada pela Polícia Federal a depor no âmbito do inquérito sobre atos antidemocráticos no 7 de setembro. A informação foi comunicada em nota divulgada pela assessoria da parlamentar neste sábado. De acordo com a deputada, a oitiva deve ocorrer até amanhã, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A parlamentar afirmou que vai comparecer ao depoimento mesmo sem ter tido acesso aos autos. "É certo que, para mim, o mar ficará agitado após essa oitiva, mas nada impedirá que eu mantenha minhas convicções e acredite naquilo que sempre defendi", disse Zambelli por meio de nota enviada à imprensa. O inquérito apura a suposta organização de atos violentos previstos para a próxima terça-feira, feriado nacional da Independência do Brasil. Procurada, a PF ainda não se respondeu aos questionamentos da reportagem.