Manchetes de domingo 06-03-2022

O ESTADO DE S.PAULO – TikTok vira trincheira digital e molda narrativa da guerra. CORREIO BRAZILIENSE – Trégua falha e guerra faz 1,5 milhão de refugiados

Manchetes de domingo 06-03-2022

 

 

Edição de Chico Bruno 

 

Manchetes de domingo 06-03-2022

 

Valor Econômico – Não circula hoje

 

O ESTADO DE S.PAULO – TikTok vira trincheira digital e molda narrativa da guerra

 

CORREIO BRAZILIENSE – Trégua falha e guerra faz 1,5 milhão de refugiados

 

O GLOBO – China não basta para salvar Rússia do cerco econômico

 

FOLHA DE S.PAULO – Ucrânia e Rússia trocam acusações de violar trégua

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia 

 

A guerra nas redes - Como aconteceu com Twitter e Facebook em outros conflitos recentes, a invasão da Ucrânia também ganha as redes sociais, mas dessa vez é diferente. Entre dancinhas e filhotes de cachorro, o TikTok, aplicativo chinês de vídeos curtos, virou uma das mais importantes fontes de imagens da guerra. São milhões de visualizações de vídeos com tanques, fumaça e explosões feitos por gente que está no meio do conflito, de ângulos exclusivos, que nenhum veículo de mídia pode oferecer. O formato para contar histórias e o algoritmo de recomendação estão entre os principais trunfos do aplicativo. O alcance mundial traz consequências para o mundo real: serve para comover a opinião pública global, pressionar líderes a agirem mais rápido e conquistar apoio local.

 

Trégua falha - Apesar dos intensos esforços diplomáticos para um cessar-fogo no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, a fim de permitir a retirada de civis em segurança, os bombardeios continuaram nas regiões de Mariupol e Volnovakha. O governo ucraniano acusou os invasores de não respeitarem o acordo. Já o lado russo afirmou que nacionalistas ucranianos estavam usando habitantes como escudos humanos. A fuga em massa das áreas conflagradas, segundo a ONU, está levando ao maior movimento migratório na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com famílias separadas. Vladimir Putin, rodeado por aeromoças, voltou a fazer ameaças. Disse que as pesadas sanções econômicas impostas a seu país são comparadas a uma declaração de guerra e insinuou que pode incorporar a Ucrânia. Uma nova reunião entre representantes dos dois lados está marcada para amanhã.

 

Nem a China salva - A Rússia encintrou na China a parceira necessária para minimizar os impactos de sanções aplicadas pelo países do Ocidente. Entretando, segundo especialistas, a proteção de Pequim pode significR UM lívio, mas está longe de conseguir salvar a economia russa. No setor financeiro, não está claro em que medidas os chineses estão dispostos a sofrer sanções dos Estados Unidos. Os dois países criaram um sistema de pagamento, mas sem a capacidade de substituir o Swift. 

 

Trocam farpas - Autoridades russas e ucranianas trocaram acusações neste sábado (5) em torno do não cumprimento do acordo para cessar-fogo parcial na Ucrânia. Mais cedo, Moscou disse que interromperia ataques para estabelecer os chamados corredores humanitários e permitir a fuga de civis. O desrespeito ao período de trégua fez a Ucrânia adiar o plano para a retirada de pessoas nas cidades de Mariupol e Volnovakha, no sudeste do país. Em meio à troca de acusações, autoridades ucranianas afirmam que as negociações com Moscou para a saída de civis continuam. Os ataques colocam a viabilidade de um cessar-fogo em dúvida. Também neste sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, disse em conversa televisionada com funcionárias da companhia estatal aérea Aeroflot que busca "destruir parcialmente" as Forças Armadas ucranianas. O acordo entrou em vigor, em tese, às 10h no horário de Moscou (4h em Brasília) e incluía somente Mariupol e Volnovakha, que estão cercadas pelas forças russas. Ainda pela manhã, entretanto, o Legislativo de Mariupol acusou as tropas russas de não respeitarem o prometido e, depois, a prefeitura da cidade pediu aos moradores que retornassem aos abrigos "por razões de segurança". Em Volnovakha, a retirada de civis também foi frustrada. De acordo com a ministra para Territórios Ocupados, Irina Vereshchuk, a região foi alvo de bombardeios que impediram o deslocamento. "Apelamos à Rússia que acabe com o bombardeio e devolva o cessar-fogo para que crianças, mulheres e idosos possam deixar os assentamentos", disse Vereshchuk, segundo o jornal Pravda da Ucrânia. Nesta segunda (7), delegações dos dois países devem participar de uma terceira rodada de negociações até agora inócuas.

 

Pré-candidato, Weintraub pede controle de fronteiras contra 'favelização' em SP - Em conversa fechada com apoiadores a que a Coluna do Estadão teve acesso, o ex-ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro e pré-candidato ao governo de São Paulo Abraham Weintraub (Brasil 35) propôs pensar num sistema de controle de fronteiras no Estado, o que é inconstitucional, para combater a chamada “favelização”. As declarações polêmicas de Weintraub não pararam por aí: contrariando diversas iniciativas de combate à desigualdade em comunidades periféricas, ele afirmou que não dá mudar a realidade de uma favela. “É um ambiente que precisa acabar. Não dá pra ter favela. Não dá pra mudar uma favela. A essência da favela permite o surgimento de muita coisa errada”, afirmou. “O objetivo é transformar São Paulo numa espécie de Texas. Se o País for numa direção errada, tem um porto seguro. Tem que ter alguma forma de controle. ‘Vai chegar? O que vai fazer? Vai ficar?’. Ao mesmo tempo, uma política habitacional. Não tem que tentar aliviar na favela”, disse o ex-ministro. A sugestão de Weintraub fere o artigo 5.º da Constituição. “Nenhum Estado pode estabelecer restrições à circulação de pessoas no território nacional”, avaliou à Coluna o jurista Saulo Stefanone Alle, da Peixoto & Cury.  “A favela não vai acabar com controle de fronteira, e sim com controle de desigualdades”, disse Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas (Cufa). “Precisamos cuidar de habitação, transporte e segurança. Do contrário, só vai criminalizar a favela”.

 

Coisa nossa - Empresários da indústria gráfica do País intensificaram a pressão contra o projeto de lei da bula digital, que pode extinguir a obrigatoriedade das bulas impressas em embalagens de remédio. Na tentativa de barrar o projeto, membros da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) têm levado a senadores argumentos que vão da falta de acesso universal à internet, ao risco da automedicação e o fato de o papel de bula ser biodegradável. 

 

Eleitores de 16 e 17 anos estão no menor patamar em três décadas - A sete meses das eleições, o engajamento de jovens de 16 e 17 anos é o mais baixo já registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Até o fim de janeiro, 731 mil cidadãos dessa faixa etária, para a qual o voto é facultativo, tinham se cadastrado como eleitores. As inscrições seguem abertas até 4 de maio, mas, hoje, esse número representa cerca de 10% dos menores de idade aptos a votar e pouco menos de um quarto do total que foi às urnas três décadas atrás. Aos 16 anos, Antônio Lacer da resume esse desinteresse pelas eleições e a desilusão com a política. “Estudar é muito mais recompensador do que ler o projeto dos candidatos, sabendo que, no fim, tudo pode não ter passado de fachada”, disse o estudante, morador de Cruzeiro (SP). “Minha única ligação com a política foi escutar na família como o candidato X roubou e como o Y foi bom. Não acho essa fonte tão confiável.” Todo esse desânimo tem crescido a despeito dos esforços do TSE. Desde 2020, a Corte vem promovendo ações para incentivar a participação de jovens na política. Nas últimas eleições municipais, o tribunal lançou uma campanha para que cidadãos de 15 a 25 anos gravassem vídeos com sugestões de como melhorar suas cidades. A ideia era aumentar o número de votantes menores de 18 anos que, na época, foi de 914,9 mil. O voto facultativo para pessoas de 16 e 17 anos foi aprovado na Constituição de 1988, mas a Corte tem dados comparativos somente a partir de 1992, quando o total de eleitores nessa faixa etária alcançou 3,2 milhões. 

 

Lira suspende retorno presencial - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), suspendeu por tempo indeterminado o retorno das sessões presenciais na Casa. O ato mantendo a deliberação remota foi publicado em edição extraordinária do Diário da Câmara dos Deputados, ontem. Inicialmente, o retorno das votações presenciais estava previsto para ocorrer após o feriado de carnaval. Agora, os parlamentares podem participar das sessões de forma presencial ou remota.

 

Após áudios, Arthur do Val retira pré-candidatura ao governo de SP - O deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) retirou ontem sua pré-candidatura ao governo de São Paulo após a divulgação de áudios de caráter machista e sexista nos quais diz, por exemplo, que mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”. “Não tenho compromisso com o erro. Entrei em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu, para retirar minha pré-candidatura ao governo de São Paulo”, escreveu ele em nota publicada no Instagram. Do Val disse ainda que tomou essa decisão na tentativa de preservar o que chamou de “construção de uma terceira via”. “O projeto não merece que minhas lamentáveis falas sejam utilizadas para atacá-lo.” Anteontem, o presidenciável do Podemos, Sérgio Moro, já havia repudiado as declarações e rompido com Do Val. Renata Abreu também classificou as declarações como “gravíssimas”, e o Podemos instaurou um procedimento disciplinar interno. 

 

É hora de o país vencer a guerra contra o machismo - O pensamento sexista e rudimentar do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), revelado em áudios que viralizaram na internet, não poderia servir de melhor exemplo para ilustrar como a cultura machista está arraigada na sociedade brasileira. Recentemente, Arthur do Val passou alguns dias na Ucrânia, a fim de manifestar seu apoio político à nação vítima do imperialismo russo e, por extensão, se contrapor ao posicionamento ambíguo do governo brasileiro. Era tudo teatro. No íntimo, Arthur do Val ficou impactado por outras coisas que não a guerra. É chocante ouvir as falas do parlamentar a respeito das mulheres ucranianas, que seriam “fáceis porque são pobres”. Em sua visão de mundo, Arthur do Val considera a pobreza uma vantagem para satisfazer sua tara sexual, em uma associação pérfida e pervertida sobre a condição feminina. Na terça-feira, o Senado Federal prepara uma sessão solene em referência ao Dia Internacional da Mulher. Além das homenagens, está prevista a aprovação de propostas que combatem a violência e a discriminação contra a mulher, em suas diferentes formas. As declarações grotescas de uma figura pública, representante da classe política, são motivos mais do que suficientes para o Legislativo dar uma resposta dura e definitiva contra a misoginia e o machismo que predominam em todos os setores da sociedade brasileira.

 

Falta de empatia - Afora a boçalidade machista, chama a atenção a falta de empatia do parlamentar paulista ante o drama mundial que se tornou o conflito na Ucrânia. Em meio a cidades destruídas, centenas de milhares de refugiados, famílias separadas pela guerra, Arthur do Val dedica seu interesse à beleza das mulheres ucranianas. Guerra e perversão sexual sempre andaram juntas, mas a miséria humana de um deputado estadual brasileiro, supostamente engajado na superação do conflito, é intolerável. 

 

Cassação à vista - Integrantes da Assembleia Legislativa de São Paulo estão mobilizados para impor uma punição exemplar ao deputado Arthur do Val. O Conselho de Ética já foi acionado, e fala-se em cassação. Em 2020, a Alesp foi palco de outro lamentável episódio machista. O deputado Fernando Cury foi flagrado apalpando a colega Isa Penna. Cury teve o mandato suspenso por seis meses. 

 

Pré-campanha de Moro vive fase de ‘separação de corpos’ - Um jantar no restaurante do Hotel Intercontinental, na Be la Vista, em São Paulo, encerrou o dia de gravações de peças publicitárias do presidenciável do Podemos, Sérgio Moro, em 25 de fevereiro. A refeição no ambiente praticamente vazio, que fez acompanhado apenas da mulher, a advogada Rosângela Moro, simbolizou, em certa medida, a rotina do ex-juiz na pré-campanha – marcada nos últimos meses por eventos pouco concorridos e sem a presença de líderes partidários. Desde que se filiou e se lançou na corrida ao Palácio do Planalto, Moro permanece na faixa de 10% nas pesquisas de intenção de voto. Sua agenda de pré-campanha também não deslanchou. O ex-juiz tem participado de eventos com público reduzido, nos quais fala, basicamente, para antigos apoiadores e fãs da Lava Jato. E ainda não conseguiu arregimentar apoios relevantes. Moro enfrenta desgastes internos no Podemos. Diante dessa situação, ele se cercou de um grupo de confiança, apartado da cúpula do partido. A exemplo do ex-juiz, alguns dos integrantes desse núcleo são novatos em eleições.

 

Quem orienta Bolsonaro? - Desde que Vladimir Putin autorizou as tropas russas a invadirem a Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, o governo brasileiro encontra-se em situação delicada. Uma semana antes do início do conflito armado, Jair Bolsonaro fez uma visita oficial à Rússia, durante a qual elogiou Putin e declarou ser solidário ao país, que já estava na iminência de invadir a Ucrânia. Diante da escalada de tensões provocada pela Rússia, Jair Bolsonaro viu-se obrigado a aceitar as manifestações da chancelaria e de ministros próximos, que apontavam ser insustentável manter o Brasil sem posição quanto ao conflito. No dia 24 de fevereiro, que marcou o início da guerra, o presidente brasileiro convocou uma reunião de emergência para tratar diretamente do tema. Participaram o ministro da Defesa, Braga Neto; o chanceler Carlos França, e os ministros-generais Luiz Eduardo Ramos, Secretário-Geral da Presidência, e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional. O assessor de Assuntos Estratégicos, Filipe Martins, também estava com o grupo.

 

Direita e esquerda convergem - A guerra na Ucrânia e suas complexidades embaralharam direita e esquerda no Brasil e evidenciaram diferentes visões dentro dos grupos mais amplos que se organizam em torno dos dois principais pré-candidatos à Presidência, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como a invasão da Rússia ao país vizinho no leste europeu é um conflito que combina em alta voltagem elementos ideológicos, geopolíticos e econômicos, as expectativas de alinhamento imediato ou repúdio claro a um ou outro lado do embate acabaram sendo turvadas por questões locais. No pano de fundo está, genericamente, o embate entre o líder russo Vladimir Putin e o governo dos Estados Unidos, via Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Com isso, vieram à tona discussões sobre assuntos como União Soviética, Guerra Fria, imperialismo e globalismo. Os próprios Bolsonaro e Lula receberam pressões em diferentes sentidos, já que interesses variados estão em jogo. Na cacofonia das redes sociais, rótulos usados para carimbar instantaneamente um "bolsonarista" ou "comunista" não resistiram às primeiras horas do confronto, iniciado no dia 24. O atual presidente, tratado inicialmente como favorável à Rússia por causa de sua controversa visita a Putin uma semana antes da eclosão do confronto, sofreu críticas pela suposta aliança com um mandatário que teria perfil esquerdista, algo de que vozes inclusive na esquerda discordam. E o ex-presidente, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o pleito de outubro, viu setores aliados estimularem uma legitimação da ação de Putin e tomarem partido contra os Estados Unidos, pelo histórico de busca de hegemonia global do país governado pelo democrata Joe Biden. "É um conflito geopolítico e territorial, e não ideológico", sintetiza a deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ). "Putin não é um homem de esquerda. Não está em jogo uma disputa entre capitalismo e comunismo", diz a correligionária de Lula.

 

O ex-petista que virou líder do partido de Bolsonaro - A trajetória política do novo líder do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Altineu Côrtes (RJ), sintetiza bem a caminhada de grande parte dos seus colegas do Centrão. Embora hoje se declarem alinhados com o titular do Palácio do Planalto, muitos deles engrossavam as fileiras de alguns dos adversários do atual governo. No caso de Côrtes, o parlamentar não só esteve ao lado dos que agora são considerados inimigos, como já foi um deles. E, num passado nada distante, abriu fogo contra um aliado de primeira hora do presidente da República, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. Desde que Bolsonaro assumiu, Côrtes nem sempre seguiu a cartilha do chefe do Executivo. Num dos episódios mais emblemáticos de descompasso, ele se posicionou de forma contrária a projetos caros ao presidente, como o que propunha a instituição do voto impresso no país, que acabou sendo derrubado pela Câmara. Ele também é a favor da legalização dos jogos no Brasil, como bingos, cassinos e jogo do bicho. O tema foi aprovado pela Casa, e Bolsonaro já adiantou que vetará a proposta, caso ela seja chancelada pelo Senado. Quando questionado em plenário sobre seu grau de fidelidade, Altineu Côrtes afirma que segue a orientação do partido. — (Bolsonaro) não estava errado (no caso do voto impresso). Minha posição seguiu a orientação do partido. Eu sigo a orientação do PL. Quase 100% dos deputados foram juntos. Só achamos que não tínhamos como implantar o sistema para essa eleição, que isso poderia não dar certo — argumentou. Nos bastidores, recentemente, ele também evitou abraçar um projeto de Bolsonaro para o Rio, domicílio eleitoral de ambos. No mês passado, o presidente havia deixado claro a aliados que gostaria de levar para o PL o deputado Daniel Silveira — que chegou a ser preso após ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — para concorrer ao Senado. A ideia não foi bem recebida pela sigla, e Silveira optou por filiar-se ao PTB.

 

Castro e Paes almoçam juntos e aliados pedem união em chapa - O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e o prefeito Eduardo Paes (PSD) almoçaram juntos no sábado em um bar da Zona Norte do Rio, alimentando pedidos de aliados que defendem um acordo formal, tido como improvável, na eleição deste ano. Castro tentará a reeleição, enquanto Paes lançou o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, como candidato ao governo. O encontro foi revelado pela colunista Berenice Seara, do Extra. Segundo interlocutores, Castro e Paes entraram em contato e combinaram o encontro entre agendas na manhã de sábado. O governador havia passado pela quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira, para o lançamento de novos módulos do programa "Bairro Presente", e seguiu à tarde para anúncios de obras em bairros como Engenho da Rainha e Brás de Pina. Já o prefeito vistoriou obras de um terminal do BRT em Deodoro, na Zona Oeste, e passou a tarde andando por bairros da Zona Norte, como Ramos, Olaria e Bonsucesso.

 

'Dinâmica' da contravenção desafia lei em debate - No final de 2017, o policial militar reformado Anderson Cláudio da Silva recebeu uma ordem: juntar um grupo de comparsas, invadir a Vila Vintém, na Zona Oeste do Rio, e destruir as máquinas caça-níqueis instaladas nos bares da favela. O responsável pela determinação foi o bicheiro Fernando Iggnácio, genro e um dos herdeiros do espólio criminoso de Castor de Andrade, capo do jogo do bicho do Rio morto em 1997. O episódio, narrado por uma testemunha à Polícia Civil no ano seguinte, é ilustrativo da rotina dos grupos que controlam a operação — e também dos obstáculos para a aplicação, na prática, do projeto de lei que legaliza a atividade, aprovado na Câmara dos Deputados há duas semanas. Com o quebra-quebra, Iggnácio queria mandar um recado para seu maior rival, Rogério Andrade, sobrinho de Castor e dono das máquinas destruídas: Vila Vintém era seu reduto, e ele não toleraria a provocação do desafeto. Seis meses depois, o policial que coordenou o ataque foi executado a tiros. Já em novembro de 2020, Iggnácio também foi assassinado numa emboscada. Segundo promotores e policiais que investigam os bicheiros, o controle territorial por grupos armados, as disputas entre quadrilhas pelo monopólio do jogo e a passagem hereditária de poder serão entraves para que a proposta, caso sancionada, saia do papel, e passe a valer, de fato, nas ruas. O texto vai ser debatido no Senado e ainda pode sofrer mudanças. O projeto prevê que cada estado possa ter um operador de jogo do bicho a cada 700 mil habitantes. No Rio, por exemplo, haveria 25 entidades diferentes credenciadas. Não há menção sobre como o mercado será dividido: pelo texto, por exemplo, dois operadores diferentes poderiam explorar o jogo no mesmo território — o que não ocorre há décadas no Rio, cujo território foi repartido entre os chefões, donos do monopólio do jogo em suas áreas. Documentos que fazem parte de processos judiciais contra bicheiros obtidos pelo GLOBO mostram como opera a máfia que controla o jogo no Rio. As áreas de cada um dos chefes são registradas em mapas, nos quais os pontos de aposta são marcados com pontos em esquinas ou ao lado de bancas de jornal — as apostas são feitas na rua, e não em escritórios ou lojas, como prevê o projeto. A proposta também estabelece o fim dos pagamentos em cédulas ou moedas, como é regra atualmente.

 

Lula e Bolsonaro lideram formação de palanques - Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já sedimentaram palanques na maioria absoluta dos estados, os seus principais concorrentes ainda patinam para conquistar candidatos a governador dispostos a lhes declarar apoio. Entre os nomes da terceira via, João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) são os que têm as negociações mais avançadas Brasil afora, enquanto Sergio Moro (Podemos) e Simone Tebet (MDB) ainda buscam ampliar alianças — que podem contemplar, no caso de governadores, mais de um candidato à Presidência. A rede de sustentação é importante para dar capilaridade aos candidatos, sobretudo nas unidades da Federação em que são menos conhecidos ou amargam índices de rejeição substanciais. Nesses casos, cabe aos aliados locais trabalhar com suas bases para conquistar votos para o postulantes ao Planalto de sua preferência. Hoje, o presidente contabiliza 12 palanques praticamente garantidos e mantém negociações avançadas para a formação de outros 14. Lula conta com o apoio de candidatos a governador em 19 estados, além de estar próximo de fechar com mais quatro. No caso do petista, uma questão partidária torna o cenário mais incerto do que o do seu principal adversário. O PT negocia a formação de uma federação com o PSB, o que pode alterar o tabuleiro das coligações nos estados. Fora do quadrante em que se encontram Lula e Bolsonaro, respectivamente líder e segundo colocado nas pesquisas, os dois pré-candidatos mais bem posicionados, Doria e Ciro, têm menos da metade do número de alianças pavimentadas pelos dois favoritos na corrida pelo Palácio do Planalto. Atrás deles, estão Simone Tebet (MDB), com negociações sacramentadas ou bem encaminhadas com sete postulantes a governador, e Sergio Moro, com três. Em algumas situações, contudo, um mesmo candidato ao governo faz campanha para mais de um nome que disputa a Presidência da República — e vice-versa.

 

Bolsonaro indica o presidente do Flamengo e mais sete para a Petrobras - O governo já enviou à Petrobras as oito indicações para a formação do próximo conselho de administração da Petrobras, cuja eleição será em 13 de abril. O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, é o indicado para a cadeira de presidente do colegiado. Landim é ex-funcionário de carreira da estatal, onde trabalhou por 26 anos. Já foi superintendente da própria Petrobras e, durante o primeiro governo Lula, presidente da BR Distribuidora. Está fora da estatal desde 2006, quando foi trabalhar para Eike Batista. Eis a lista dos outros indicados pelo governo ao conselho como titulares:

 

*Carlos Eduardo Brandão, Joaquim Silva e Luna, Luiz Henrique Caroli, Márcio Weber, Murilo Marroquim, Ruy Schneider, Sonia Villalobos e Agnes Costa. Desses nomes acima, quatro já estão no conselho e, se depender do governo, serão reconduzidos: o general Silva e Luna, Murilo Maroquim, Sonia Villalobos e Ruy Schneider. A divulgação dos indicados estava prevista para segunda-feira. Como a indicação de Landim tornou-se pública hoje de manhã, o governo resolveu antecipar a divulgação. Se tudo correr como imagina o governo, Landim substituirá o almirante Leal Ferreira, cujo mandato está terminando. Em meados de janeiro, o presidente do Fla e o ministro de Minas de Energia, Bento Albuquerque, tiveram um encontro no Rio de Janeiro onde sua ida para a Petrobras foi o tema da conversa. Dois meses antes, Bento já dera uma indicação pública de sua proximidade com Landim num evento do governo do Rio de Janeiro, em Itaboraí. Lá, diante de autoridades e executivos da Petrobras, o ministro Bento disse para a plateia que Landim não estava lá como presidente do Flamengo, mas como executivo do setor de óleo e gás. Landim é hoje o presidente de clube de futebol mais próximo do governo. No início da pandemia e em sua fase mais aguda era o Flamengo que, em sintonia com Jair Bolsonaro, o clube que mais tentava acabar com as restrições impostas pelo combate à Covid, como, por exemplo, a proibição de torcida nos estádios.