Lula: entidades de DH avaliam como ‘equivocada’ fala sobre ‘não remoer o passado’
Lula: entidades de DH avaliam como ‘equivocada’ fala sobre ‘não remoer o passado’
Coalizão por Memória critica a tradição histórica de não punir os golpistas e torturadores do passado
A Coalizão Brasil Memória Verdade Justiça Reparação e Democracia afirmou, por nota, nesta quarta-feira (28) que a fala do presidente Lula de que o golpe de 1964 “faz parte do passado” e que pretende “tocar o país para frente” foi “equivocada”. O grupo também cobrou a recriação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos extinta no governo de Jair Bolsonaro.
“Entendemos que a fala do presidente é equivocada, e gostaríamos de convidar o governo e a sociedade civil a refletir sobre a questão. Queremos começar destacando que falar sobre os 60 anos do golpe de Estado não se trata de remoer o passado. Pelo contrário, trata-se de colocar em debate o que queremos para o futuro do Brasil”, informa a Coalizão que reúne mais de 100 coletivos e entidades de todo o país, entre elas o Instituto Vladimir Herzog.
Passado ditatorial
O grupo relembrou ainda que o decreto para a recriação da comissão que tenta localizar os mais de 140 desaparecidos está parado na Casa Civil há quase um ano.
“Localizar os desaparecidos deve ser parte de uma agenda mais ampla, que passa inclusive por uma discussão sobre o quanto inúmeros setores da sociedade foram atingidos pela ditadura e até hoje nem foram reconhecidos como vítimas do regime. Indígenas, camponeses, moradores de favelas e periferias, a população negra, os LGBTQIA+, os trabalhadores”, aponta a Coalizão.
Na nota, o grupo afirma ainda que é a “tradição histórica de não punir os golpistas e torturadores do passado que faz com que essas elites econômicas e setores amplos das Forças Armadas se sintam à vontade para continuar buscando soluções de força para impor seus projetos ao país, ao largo da democracia e da soberania popular”.
Por fim, recordam que o ex-presidente Jair Bolsonaro está pedindo anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. “Não é à toa que a nova palavra de ordem do Bolsonarismo seja por “Anistia”. Bolsonaro e seus aliados sabem que o instrumento da anistia sempre funcionou, na história do Brasil, para perdoar os que atentam contra a democracia. O que eles querem é repetir esse padrão histórico”.