Petróleo: O anúncio surpresa da Rússia que pode estremecer os mercados
Petróleo: O anúncio surpresa da Rússia que pode estremecer os mercados
Por Jorge Fofano
Um anúncio vindo da Rússia inquieta os mercados de petróleo nesta sexta-feira (10): o país planeja, nas palavras do vice-primeiro ministro Alexander Novak, cortar em 500 mil barris por dia (bpd) a sua produção de petróleo a partir de março.
A medida é uma resposta ao teto de preços que os países do G7 impuseram sobre o petróleo de origem russa transportado maritimamente. Aprovada ainda em dezembro de 2022, a sanção busca minar a capacidade de financiamento do petróleo para o esforço de guerra russo na Ucrânia
Após o comunicado de Novak, os contratos futuros de petróleo com entrega para abril aceleraram ganhos, mirando potenciais restrições de oferta. Às 16h45, o WTI (referência americana) e o Brent (referência internacional) sobem, respectivamente, 2,24% e 2,12%.
Os mercados já vinham em trajetória ascendente desde o início da semana, em assimilação à dupla de terremotos que interrompeu as operações do porto de Ceyhan, na Turquia, um dos mais importantes para o fluxo da commodity no Mar Mediterrâneo. A extensão dos danos causados pelos tremores à infraestrutura do porto ainda é desconhecida.
Além da Rússia, o suporte para a alta também ocorre a partir da perspectiva de recuperação de demanda por combustíveis pela China, maior importador de petróleo do mundo. Analistas ouvidos pela Reuters esperam que o país aumente em 1 milhão de barris por dia (bpd) o seu consumo de petróleo, ainda em 2023.
Tanto o Brent quanto o óleo cru americano devem terminar a semana com uma alta superior aos 10%. Com isso, o preço do Brent fica próximo dos US$ 86 por barril e o WTI, US$ 79.
Instituições financeiras como o Morgan Stanley e o Goldman Sachs preveem que o petróleo chegue a US$ 100 na segunda metade do ano.
Petróleo: Opep+ não tem planos de contrapor cortes da Rússia
De acordo com fontes oficiais do Kremlin, ouvidas pela Reuters, a Rússia não comunicou oficialmente à Opep+ o plano de corte, mas chegou a discuti-lo lateralmente com países-membros importantes para o cartel.
A Opep+ não se pronunciou sobre a medida da Rússia e deve manter as diretrizes de corte promulgadas em outubro do ano passado, também menciona a agência de notícias.
O freio na produção posto em prática pela Opep+ contempla um esforço do cartel de evitar que o petróleo caia abaixo dos US$ 80 por barril, como efeito colateral da desaceleração econômica global e da alta dos juros em países desenvolvidos.
Oferta vinda da Rússia, demanda da China, o estado da economia global nos próximos meses, e a tendência de aumento de juros nos EUA e nas demais economias desenvolvidas serão fatores decisivos para as decisões da Opep+ que ocorrem esse ano.