Milei diz que hoje começa reconstrução da Argentina e chama quem quiser somar

Milei diz que hoje começa reconstrução da Argentina e chama quem quiser somar

Milei diz que hoje começa reconstrução da Argentina e chama quem quiser somar

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Rodeado de apoiadores atônitos, Javier Milei afirmou em seu primeiro discurso como presidente eleito que "hoje começa a reconstrução da Argentina". O ultraliberal exaltou a propriedade privada e fez um discurso de união, mas também disse que "há gente que vai resistir", em referência implícita a opositores e manifestantes kirchneristas.

"Quero dizer a todos os argentinos e a todos os dirigentes políticos que todos aqueles que quiserem se somar à nova Argentina serão bem-vindos. Não importa de onde venham, não importa o que disseram antes, que diferenças tenhamos. Tenho certeza de que é mais importante o que nos une do que o que nos separa", discursou ele em um salão do hotel Libertador, no centro de Buenos Aires.

"Sabemos que há quem vai resistir, que há quem quer manter esse sistema de privilégio para alguns e que empobrece a maioria dos argentinos. Dentro da lei, tudo, fora da lei, nada", disse. "Hoje é uma noite histórica. Não por nós, mas porque terminou uma forma de fazer política e começa outra", afirmou.

O ultraliberal Milei, 53, rompeu a polarização argentina, consolidou sua nova força política e foi eleito presidente do país neste domingo. Em votação histórica, o outsider superou o ministro da Economia Sergio Massa, impondo ao peronismo sua quarta derrota em 40 anos de democracia.

Após uma ascensão meteórica na política, o economista e deputado conseguiu 55,76%dos votos válidos, contra 44,23% do rival com 97,48% das urnas apuradas.

A participação foi de 76%, número abaixo dos índices registrados no primeiro turno em outubro (77%) e acima do das eleições primárias em agosto (69%).

Milei vai ocupar a Casa Rosada pelos próximos quatro anos a partir de 10 de dezembro, quando o país completa 40 anos ininterruptos de democracia. O peronista Alberto Fernández, atual chefe de Massa, se despede do cargo reprovado por oito em cada dez argentinos e levando a fama de presidente ausente.

"A todos que estão nos olhando de fora da Argentina, quero dizer que a Argentina vai voltar a ocupar no mundo que nunca devia ter perdido", afirmou Milei em seu pronunciamento, sob aplausos de apoiadores. "Por isso, quero dizer que nosso compromisso é com a democracia, com o comércio livre e com a paz", afirmou.

Na região, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê na vitória de Javier Milei na Argentina, neste domingo (19), uma derrota para a América do Sul, e teme pelo futuro do Mercosul.

Do ponto de vista político, Milei está mais próximo de uma direita que faz oposição não só ao governo petista no Brasil, como a outros aliados, e critica o fortalecimento da região em bloco.

Além disso, auxiliares de Lula comparam a disputa à eleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e dizem ser a pior derrota da história do peronismo.

O resultado do pleito deste domingo mostra que o descontentamento da população com a situação atual do país superou a capilarizada máquina peronista e o medo do extremismo do rival, explorado pela campanha governista com a ajuda de um equipe de publicitários brasileiros ligados ao PT. As outras três vezes em que a força política perdeu foram em 1983, 1999 e 2015.

"Obviamente os resultados não são os que esperávamos", disse Massa, ao reconhecer a derrota. "Entrei em contato com Javier Milei para parabenizá-lo. A partir de amanhã a responsabilidade de prover certeza pertence a Milei." O bunker em que estavam o peronista e seus apoiadores foi esvaziado em menos de 40 minutos após o anúncio da vitória de Milei.