Manchetes de domingo 

Manchetes de domingo 

Resumo de domingo, 28 de agosto de 2022 

 

Edição de Chico Bruno  

 

Manchetes de domingo 

 

Valor Econômico – Não circula hoje

 

O ESTADO DE S.PAULO – Influenciadores digitais viram linha de frente de campanha

 

FOLHA DE S.PAULO – Em 30 anos, privatizações alavancam economia do país

 

O GLOBO – Pandemia faz país envelhecer uma década mais cedo

 

CORREIO BRAZILIENSE – Brasileiros em Portugal fazem remessa recorde

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

 

Campanha nas redes - Personalidades influentes nas redes sociais se tornaram peças-chave nas campanhas para a Presidência. Elas aumentam a exposição dos candidatos, diminuem a rejeição e consolidam votos. Com 9 milhões de interações no Facebook e Instagram em posts sobre os presidenciáveis desde o início do período eleitoral, os 19 principais impulsionadores usam o ambiente digital para apoiar nomes ao Planalto. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) são os principais cabos eleitorais virtuais de Jair Bolsonaro (PL). Lula tem em André Janones (Avante-MG) seu maior aliado.

 

Privatições começaram em 1990 - Há três décadas o Brasil realiza um ambicioso programa de privatizações e concessões de empresas e atividades estatais à iniciativa privada que vem revolucionando a paisagem econômica do país. No período, os brasileiros contaram com a multiplicação do acesso a serviços essenciais, como telefonia e energia, além de melhor infraestrutura em setores como rodoviário, aeroportuário e financeiro. O salto dos investimentos privados não apenas compensou, mas ultrapassou várias vezes a capacidade que o Estado tinha –e tem– para ampliar ou atualizar serviços básicos à população. As privatizações e concessões se deram em todos os governos, desde o lançamento do PND (Programa Nacional de Desestatização), no início dos anos 1990. Elas tiveram maior ênfase nos governos Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Com a experiência acumulada e contratos mais sofisticados, o programa ganhou um novo capítulo a partir dos anos 2000, com as concessões adquirindo o protagonismo. Segundo Luiz Chrysostomo, que ajudou a construir o PND e coordenou a privatização da Telebras em 1998, a desestatização no Brasil passou por fases distintas, com mudanças de enfoque ao longo do tempo. Ela evoluiu das privatizações "puras" iniciais para as concessões, agora combinadas à capitalização de estatais e diluição do capital votante da União, como no caso da Eletrobras. As maiores privatizações ocorreram entre 1990 e 2000, em especial no governo FHC, quando foram vendidas empresas dos setores de telefonia, siderurgia, extração mineral e bancos. Em todos os setores, os investimentos se multiplicaram, assim como o contingente de brasileiros atendidos por mais e melhores serviços. A Folha estreia neste domingo uma série de reportagens sobre o tema. 

 

Pandemia é a culpada - A pandemia, que provocou quase 700 mortes, reduziu nascimentos e aumentou a mortalidade materna, antecipou para o fim desta década o início do declinio da população, anteriormente previsto para os últimos anos da década de 2030, segundo cálculos da pesquisadora Ana Amélia Camarano, do Ipea. Em 20 anos, o país será muito diferente da promessa de país do futuro que um dia já foi, e sem superar as mazelas como pobreza, subemprego e baixa escolaridade que marcam os 200 anos da Independência, informa Cássia Almeida. O país terá 198 milhões de habitantes, 14 milhões a menos que hoje, com uma em cada quatro pessoas acima de 60 anos.

 

Remessa online - É cada vez maior o volume de recursos enviados por brasileiros residentes em Portugal para os familiares do outro lado do Atlântico, relata Vicente Nunes, correspondente em Lisboa. Segundo o Banco Central, os emigrantes remeteram R$ 391 milhões no primeiro trimestre de 2022 — mais do que o dobro registrado em 2017. Esse valor só é superado pelas transferências realizadas dos Estados Unidos e do Reino Unido, onde comunidades brasileiras estão consolidadas. Além de comemorar a renda em euro, os trabalhadores nacionais elogiam a vida em terras lusitanas. “A qualidade da educação e da saúde públicas nos garante uma satisfação que não se vê no Brasil. Isso, sem falar nas facilidades de acesso a outras culturas”, observa o brasiliense Alexandre Davi, há três anos em Portugal, com mulher e duas filhas. 

 

'Todo país sério tem lei anti-usura' - A ideia de criar uma "lei antiganância", alçada a uma das principais bandeiras do programa de Ciro Gomes (PDT), partiu do economista Eduardo Moreira, que em 2020 ficou conhecido por lançar a campanha "Somos 70%", contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Em julho, Moreira participou de uma live com Ciro em que sugeriu a ideia, inspirada numa lei britânica que estabelece que o cidadão que pague o equivalente a duas vezes uma dívida teria o débito considerado quitado. "Sempre fiz uma cruzada contra essa questão dos juros abusivos no Brasil, que não ocorre em lugar nenhum do mundo", afirma Moreira. O economista diz que há cerca de cinco meses, pesquisando sobre leis de usura no mundo, encontrou a norma britânica, que está em vigor desde 2015 e foi mantida após reavaliação em 2017. Ela foi implementada pela Financial Conduct Authority, espécie de autoridade regulatória de débitos e créditos no país. "Todo país sério tem uma lei anti-usura", afirma Moreira. A ideia acabou incorporada ao programa de governo de Ciro pelo seu coordenador, o economista Nelson Marconi Filho. Segundo o modelo defendido pelo presidenciável, a inflação do período seria acrescentada ao valor correspondente ao dobro da dívida contraída. Moreira afirma que não tem participação formal na campanha de Ciro, apenas contribui com ideias para candidaturas do campo progressista. Há dois anos, ele lançou uma campanha contra os arroubos autoritários de Bolsonaro, dizendo que 70% da população rejeitava seu governo.

 

Investimento chinês no Brasil em 2021 é o segundo maior da história - O número de investimentos chineses realizados no Brasil no ano passado foi o segundo maior da série histórica, iniciada em 2007, indica relatório que será divulgado pelo Conselho Empresarial Brasil-China na quarta-feira (31), em evento que terá participação das empresas chinesas Great Wall, CTG Brasil e BOCOM BBM. São 28 projetos no total, segundo o trabalho "Investimentos chineses no Brasil - 2021, um ano de retomada". Maior parceiro comercial do Brasil e peça central no xadrez global, a China é ausência notável nos projetos para a política externa dos principais presidenciáveis brasileiros. O gigante asiático ficou de fora dos programas apresentados pelos quatro candidatos à frente na disputa segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fala em trabalhar pela construção de uma nova ordem global. Jair Bolsonaro (PL) menciona a Ásia nas primeiras páginas do programa protocolado no TSE, ao afirmar que o enriquecimento da população do continente tem pressionado o crescimento econômico dos países do Ocidente. Mas nem eles nem os demais candidatos —à exceção de Sofia Manzano (PCB)— citam diretamente a China.

 

Debate deve contrapor Lula e Bolsonaro pela 1ª vez neste domingo - Líderes das pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) deverão estar lado a lado na noite deste domingo (28), no primeiro debate presidencial do ano. O evento é organizado em pool por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura, com início previsto para as 21h. A última participação do petista em um debate foi em 27 de outubro de 2006, quando disputava a reeleição contra o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), então no PSDB e que agora será seu vice na chapa presidencial. Já Bolsonaro participou apenas de dois eventos em 2018 —ambos em agosto. Em setembro daquele ano, Bolsonaro levou uma facada em atentado em Juiz de Fora (MG) durante um ato de campanha e não participou de debates no segundo turno. Além de Lula e Bolsonaro, foram convidados Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet MDB), Luiz Felipe d'Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil), de partidos com representantes na Câmara de Deputados.

 

O debate deste domingo será dividido em três blocos. Em reunião com assessores de todos os candidatos ficou acertado que não haverá plateia no estúdio. Além disso, caso um candidato desista de comparecer, a cadeira destinada a ele ficará vazia. A participação de Lula e Bolsonaro no evento deste domingo é esperada, depois de incertezas nas duas campanhas. Neste sábado (27), o petista confirmou sua participação no evento —ele comunicou a decisão em post nas redes sociais. Lula compartilhou uma imagem de um calendário indicando o compromisso e escreveu: "Nos vemos na Band amanhã, 21 horas". Também no sábado, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou à Folha que a participação do presidente está confirmada. Mais cedo, na Bahia, Bolsonaro já havia dito a aliados que iria ao debate. A decisão foi tomada após idas e vindas. No meio da semana, ministros chegaram a dizer que Bolsonaro estava decidido a não comparecer.

 

Bateu, levou - A decisão do presidente-candidato Jair Bolsonaro (PL) de participar do debate desta noite, do consórcio Band/TVCultura/Uol/Folha, está diretamente relacionada aos ataques que recebeu do PT na tevê logo nos primeiros acordes do horário eleitoral gratuito. A avaliação da campanha é a de que não dá para deixar o palco livre para o adversário dizer o que quer. E como naquele ambiente de debate ninguém defenderá o governo, caberá a Bolsonaro fazê-lo. Em tempo: Bolsonaro será o segundo presidente da República a comparecer à largada dos debates em primeiro turno. Antes dele, apenas Dilma Rousseff participou. Lula, em 2006, e Fernando Henrique Cardoso, em 1998, não foram.

 

Investigações sobre 7 de Setembro golpista completam 1 ano sem conclusão - As apurações abertas para investigar a conduta do governo de Jair Bolsonaro (PL) na participação e organização de atos antidemocráticos nas comemorações do 7 de Setembro do ano passado completam um ano sem chegar a um desfecho. Entre elas, está o processo que tramita no TCU (Tribunal de Contas da União) que tem como objetivo apurar possível utilização de recursos públicos na convocação, divulgação e organização dessas manifestações. Na PGR (Procuradoria-Geral da República), a apuração segue sem conclusão em inquérito que tramita sob sigilo junto ao STF (Supremo Tribunal Federal). O relator é o ministro Alexandre de Moraes. A Polícia Federal já realizou uma série de diligências nos autos. A Procuradoria mirou inicialmente dez aliados do mandatário, incluindo o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), o cantor Sérgio Reis, o caminhoneiro Zé Trovão e o produtor rural Antonio Galvan, ligado à Aprosoja (Associação Nacional dos Produtores de Soja). O pedido de apuração no TCU foi feito pelo Ministério Público de Contas no dia 8 de setembro do ano passado. Ele entrou e saiu da pauta de julgamento dos ministros por cinco vezes. O processo tem a Presidência da República como alvo e estava sob a relatoria do ministro Raimundo Carreiro, que foi indicado no final do ano passado por Bolsonaro para assumir a Embaixada do Brasil em Portugal. Com isso, o caso passou para a relatoria do ministro Antonio Anastasia, que manteve as peças sob sigilo.

 

Presidente do PL de Bolsonaro tem madeireira com dívida cobrada pela União - Presidente nacional do PL, partido que abriga Jair Bolsonaro em sua tentativa de reeleição ao Palácio do Planalto, o ex-deputado Valdemar Costa Neto tem em seu nome uma madeireira no Amazonas que acumula dívida ativa de R$ 5,4 milhões com a União, quase integralmente relativa a tributos federais não pagos. As dívidas fizeram a empresa ser abandonada nas últimas décadas e, em junho de 2022, ela foi declarada inapta pela Receita Federal por não fazer declarações ao Fisco há pelo menos dois anos. Caso não haja medidas efetivas de cobrança, a empresa pode ser beneficiada com a prescrição e consequente arquivamento dos débitos. Essas medidas de cobrança incluiriam, por exemplo, a penhora de bens. Há um processo de execução que tentou penhorar bens da empresa, mas oficiais de Justiça tiveram dificuldade em localizá-los ao longo dos anos. A União é a responsável por tentar recuperar esses valores, por meio da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Valdemar é listado como sócio da empresa, chamada Agropecuária Patauá, desde a década de 1980. A empresa foi criada em 1983 e se chamava, antes, Agropecuária São Sebastião. Os negócios eram conduzidos principalmente pelo pai de Valdemar, o ex-prefeito de Mogi das Cruzes (SP) Waldemar Costa Filho, morto em 2001. A firma dizia atuar em "fabricação de madeira laminada, compensada, prensada e aglomerada". Em fevereiro do ano 2000, outra empresa, chamada Reflorestadora Holanda, comprou 75% da Patauá. O presidente do PL ficou com 25% da Patauá, mas argumentou à Junta Comercial do Amazonas que as quotas ficariam em seu nome, mas seriam destinadas à sua ex-mulher (ele não especifica o nome) por acordo de partilha de divórcio. Segundo Valdemar, ela "oportunamente deverá manifestar sua intenção, ou não, de permanecer na sociedade". Mais de 20 anos depois, não houve nenhuma manifestação no processo. A empresa continua em nome do presidente do PL. A Folha procurou Valdemar Costa Neto várias vezes, por meio de sua assessoria, mas ele não quis se manifestar.

 

Prefeitos do PL ignoram Bolsonaro e aderem a Lula no Nordeste - Com um adesivo no peito que traz uma estrela e o número 13 ao centro, Roberval Galego (PL) posa para uma foto fazendo a letra L com a mão direita. Ele tem ao seu lado o atual governador da Bahia, Rui Costa (PT), o candidato ao governo Jerônimo Rodrigues (PT) e o senador Otto Alencar (PSD). Prefeito de Dom Basílio, cidade de 12 mil habitantes no sudoeste da Bahia, ele não está sozinho no apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os prefeitos das cidades vizinhas Maetinga e Presidente Jânio Quadros também aderiram ao petista. Em comum, os três são filiados ao PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. A Folha mapeou ao todo 142 prefeitos do PL na região Nordeste. Desses, ao menos 20 ignoraram a candidatura à reeleição de Bolsonaro e anunciaram apoio a Lula na disputa pela Presidência da República. Dentre os demais líderes municipais, a maioria destaca seus apoios a candidatos a deputado, senador e governador, mas evitam se pronunciar quanto à corrida pelo Palácio do Planalto nas redes sociais. Apenas três prefeitos citaram ou publicaram fotos de Bolsonaro em suas redes: Jânio Natal, de Porto Seguro (BA), Irmão Naldo, de Galinhos (RN), e Maciel Gomes, de Senador Elói de Souza (RN). Procurado, o diretório nacional do PL não quis se pronunciar sobre o assunto.

 

Bolsonaro vai à Festa do Peão e usa arena como palanque - Num dia que começou com palavrões em encontro com empresários e duas longas entrevistas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) encerrou esta sexta-feira (26) em um autêntico comício na Festa do Peão de Barretos (SP), que contou com jingle de campanha, xingamentos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e discurso no palco. Bolsonaro chegou ao estádio de rodeios às 22h30, acompanhado de uma comitiva que incluía o empresário Luciano Hang, um de seus seguidores mais próximos, e o candidato ao governo paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Enquanto era apresentado pelo locutor Cuiabano Lima como um misto de herói e salvador, Bolsonaro estava o tempo todo ao lado de Jeronimo Luiz Muzetti, presidente de Os Independentes, associação que organiza a festa. Cuiabano puxou um Pai Nosso com Bolsonaro no centro da arena e terminou citando que "a gente se encontra pelo Brasil no dia 7 de setembro". Na arena, o presidente também andou a cavalo. A visita de Bolsonaro ao evento, a quarta seguida, confirmou Barretos como um polo do bolsonarismo no maior evento sertanejo do país. A flexibilização da legislação sobre os rodeios, a instituição do Dia Nacional do Rodeio —ambas assinadas por Bolsonaro— e uma postura do presidente que, na avaliação de membros da organização, contribui para afugentar entidades de proteção animal da maior festa do gênero no país ajudam a explicar a relação.

 

Bolsonaro vai ao interior da Bahia e volta a chamar para atos do 7 de Setembro - O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de motociata em Vitória da Conquista, no interior da Bahia, neste sábado (26) e, em ato com apoiadores, voltou a chamar para eventos do dia 7 de setembro. O chefe do Executivo disse que, na data, participará de evento em Brasília pela manhã e em Copacabana, no Rio de Janeiro, à tarde. "No próximo dia 7 às 9h estarei em Brasília e às 15h estarei em Copacabana, no Rio de Janeiro. Aqui vocês também compareçam no local adequado. Para nesse dia mostrarmos ao Brasil e ao mundo que estamos unidos pela democracia e pela liberdade." Bolsonaro estava acompanhado do ex-ministro da Defesa Braga Netto, que será seu vice na chapa, e do ex-ministro João Roma, candidato a governador da Bahia que conta com apoio do presidente. Ainda no discurso deste sábado, o presidente falou sobre a fome, um dia após dizer em entrevistas que não existe fome "para valer" no Brasil.

 

Clubes de tiro funcionam sem alvará, mostra fiscalização do Exército - Fiscalizações do Exército mostram que clubes de tiro funcionam com falta de controle adequado de frequentadores ou mesmo sem alvará. O Exército também encontrou loja armazenando armamentos acima do limite permitido e CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) com certificado de registro da arma de fogo vencido. A Folha teve acesso a documentos reservados da Força que mostram quais são as empresas autuadas pela instituição devido a irregularidades. Além de CACs, nos relatórios de fiscalização constam clubes de tiros, lojas e a própria indústria de armas, incluindo fabricantes de explosivos e blindados.

 

‘A democracia é uma planta que devemos regar todos os dias’ - Não são tempos fáceis na América Latina, e a eleição presidencial brasileira desperta interesse e expectativa entre presidentes de outras épocas, que são referências regionais e mundiais. É o caso do chileno Ricardo Lagos (2000-2006), primeiro presidente socialista a assumir o poder em seu país depois de Salvador Allende (1970-1973), derrubado pelo golpe de Augusto Pinochet. Em entrevista ao GLOBO, Lagos afirmou que “as democracias devem ser cuidadas e mantidas”. Infectado pela primeira vez pela Covid-19, o ex-presidente, de 84 anos, falou sobre o drama da desigualdade na região, defendeu reformas tributárias profundas, a necessidade de que a América Latina tenha uma única voz para enfrentar os novos desafios globais e de que os presidentes falem com franqueza de suas limitações e possibilidades. “Um presidente é o principal comunicador de um país, deve saber se conectar com as pessoas e deve dizer a verdade”, frisou Lagos.

 

Punição a quem atacar urnas 'virá, e virá forte' - Prestes a assumir a função de corregedor nacional de Justiça, em 30 de agosto, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão diz que o Poder Judiciário deve punir quem atacar o sistema eleitoral e a integridade das urnas eletrônicas. Em entrevista ao GLOBO, o magistrado cita a cassação do deputado estadual Fernando Francischini (União-PR), da qual foi relator no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como “aviso” a quem queira se aventurar a cometer o mesmo tipo de delito. O político foi o primeiro a perder o mandato por divulgar fake news sobre as urnas eletrônicas. — A decisão sobre Francischini foi um cartaz, um aviso. Se fizer, vai ser cassado — afirmou, acrescentando: — Se acontecer, eu não tenho a menor dúvida de que a punição virá, e virá forte.

 

Duelo entre ex-ministras esquenta campanha no DF - Diferentemente do que ocorre na maior parte dos estados, no Distrito Federal a disputa pela vaga no Senado começou chamando mais a atenção da classe política do que a corrida pelo governo local. Duas ex-ministras de Jair Bolsonaro — Damares Alves (Republicanos) e Flávia Arruda (PL) — tentam garantir apoios dentro do clã presidencial, além de competir pelo mesmo eleitorado à direita. O fato de o atual governador, Ibaneis Rocha (MDB), ter largado com amplo favoritismo pela reeleição ajudou a jogar os holofotes na corrida das ex-colegas de governo. A rivalidade entre as duas ex-colegas da Esplanada ficou evidente logo na largada da campanha. No primeiro dia do horário eleitoral gratuito, Flávia exibiu um elogio do presidente Jair Bolsonaro proferido a ela em outubro de 2021: — Dos 23, é a minha melhor ministra, pode ter certeza. Nas redes sociais, a ex-titular da Secretaria de Governo (Segov) também aproveitou um encontro com prefeitos no último dia 17 para gravar vídeos e tirar fotos interagindo com Bolsonaro. Sem o apoio explícito do presidente, Damares não quis ficar atrás e exibiu na TV o seu maior cabo eleitora l, a primeira-dama Michelle Bolsonaro: — Damares, eu estou aqui para você e por você. Eu amo essa mulher, e vou estar com ela até o fim — disse Michelle. Michelle, que gravou essa participação no programa de Damares na última segunda-feira, ainda complementou que estava pedindo a Deus para que a cadeira do Senado “seja ocupada por uma mulher de princípios e valores cristãos”. Michelle foi peça-chave para convencer o marido a não se opor a um palanque duplo no Distrito Federal. Numa negociação selada no terceiro andar do Palácio do Planalto, Bolsonaro havia feito um apelo para que Damares desistisse do Senado em prol de Flávia. A ex-ministra da Mulher e Direitos Humanos concordou num primeiro momento, mas depois recuou da desistência.

 

Partido de Ciro alega 'showmício' e vai ao TSE contra Bolsonaro no Peão de Barretos - O PDT de Ciro Gomes acionou o TSE neste sábado para pedir que Jair Bolsonaro seja impedido de participar eleitoralmente de eventos "do porte e da natureza" da Festa de Peão de Barretos (SP), conforme aconteceu ontem. A sigla diz que o evento, com pelo menos 35 mil pessoas, teria sido irregularmente "subvertido" pela campanha bolsonarista à reeleição num "showmício", vedado pelo STF. A equipe do advogado Walber Agra, que representa a legenda, também pede que a Justiça Eleitoral suspenda a veiculação de vídeos do episódio na internet. Na lista, estão dois conteúdos publicados no Youtube pelo canal Folha Política e um pelo portal Poder 360 na mesma plataforma. A justificativa para o pedidos é que Bolsonaro utilizou a estrutura da festa para "animar o público e promover sua candidatura", verbalizando no discurso "os pontos centrais do seu programa de campanha" e as palavras “Deus", "pátria" e "família", sempre mencionadas para promover a chapa.

 

Após ato em SP, Dilma deve sair de cena - Apesar de ter sido convidada diretamente por Lula para participar do comício no último dia 20 no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, e de ter recebido afagos do público e do próprio candidato durante o ato, a ex-presidente Dilma Rousseff deve voltar a ser relegada a um espaço político secundário até o fim da campanha. Na entrevista ao Jornal Nacional, Lula delimitou as diferenças entre o seu governo e o de sua sucessora, chegou a criticar medidas tomadas por ela e se eximiu de responsabilidades sobre sua gestão. É esse o tom que ele deve adotar daqui por diante quando for confrontado com o desempenho econômico de Dilma. De acordo com um aliado, o convite para o comício foi uma tentativa de rebater as críticas de que a campanha petista esconde Dilma. Ao levar a ex-presidente, Lula enterraria o argumento ainda no início da campanha e poderia virar a página sobre o assunto. Não era previsto que a ex-presidente discursasse. Sua fala de improviso foi incentivada por lideranças petistas que também estavam no palanque. Em menos de cinco minutos, Dilma se emocionou com o apoio do público, elogiou o antecessor e disse se orgulhar por ter sido ministra da Casa Civil em seu governo. O candidato ao Planalto retribuiu e chegou a comparar o impeachment de Dilma com a perseguição a Tiradentes na Inconfidência Mineira, em 1789. Apesar de pelo menos dois apoiadores do afastamento da petista estarem no palco, o vice da chapa presidencial, Geraldo Alckmin (PSB), e o ex-ministro Aloysio Nunes (PSDB), Lula disse que o impeachment foi um “erro histórico do Congresso Nacional”, fruto de uma mentira.

 

Simone Tebet afirma que Bolsonaro é insensível - A candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, criticou neste sábado declarações do presidente Jair Bolsonaro de que "não existe fome para valer" no Brasil e afirmou que, se eleita, "a partir de 1º de janeiro nenhuma criança dorme com fome no país". Tebet participou neste sábado do lançamento da candidatura do presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, a deputado federal por São Paulo, e de Leó Oliveira (MDB), a deputado Estadual, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

 

A candidata classificou Bolsonaro como "um homem insensível" em relação à fome. Ela aconselhou o presidente a pegar seu avião, ir para Minas Gerais e conversar com um menino de 11 anos que ligou para 190, não para pedir ajuda para a força policial, mas porque estava há três dias sem comer.

 

O caso ocorreu em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, no início deste mês. Comovidos, militares organizaram uma doação de cesta básica à família

 

Questionada sobre qual a primeira medida para erradicar a fome no país ela disse: - É tirar o atual presidente do poder - respondeu. Neste sábado, na Bahia, Bolsonaro voltou atrás e afirmou que olhou "e muito" para os mais humildes. – Vocês sabem que nós também olhamos, e muito, para os mais humildes, para os mais pobres - afirmou. Em seu discurso em Ribeirão Preto, Tebet pediu que as pessoas não desistam do Brasil e de estar do lado certo da história. Ela afirmou que está pronta a mudar o país, caso seja eleita. A candidata tem 2% das intenções de voto, segundo a pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada este mês. - Vamos reconstruir esse país com amor e com coragem. E aí vamos fazer a diferença - afirmou.

 

Lula vê ‘disputa de rejeições’ como janela para alavancar voto útil - A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai pisar no acelerador com o objetivo de ampliar a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro (PL), sobretudo entre eleitores de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Com isso, planeja atrair o chamado voto útil para o petista, nome com mais chances de vencer o candidato à reeleição, segundo as pesquisas. O plano é colar no chefe do Executivo as pechas de “incompetente”, “mentiroso” e “insensível”. Leia mais: PT deve reduzir espaço de Dilma na campanha de Lula

Sonar: Vídeos com ataques a candidatos viralizam no TikTok e aumentam desinformação durante campanha eleitoral. Lula tem como prioridade manter a rejeição a Bolsonaro acima dos 50%, patamar em que ele se encontra hoje (51%), de acordo com a pesquisa do Datafolha divulgada no dia 18 de agosto. O mesmo levantamento aponta que 37% rejeitam Lula. Um dado, entretanto, chama a atenção dos lulistas: a redução, embora ainda dentro da margem de erro, do percentual de cidadãos que se recusam a votar em Bolsonaro, que era de 53% na pesquisa Datafolha de julho. O ex-presidente vai bater na tecla de que o atual titular do Planalto mentiu ao prometer, e não cumprir, isentar de Imposto de Renda os trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos. O tema é caro à classe média, setor que vem sendo disputado pelos dois candidatos e pode ser decisivo no rumo do pleito. Foi falando sobre o assunto que Lula encerrou seu discurso no primeiro ato de campanha, em 16 de agosto, na porta da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), no ABC paulista. — A primeira medida que eu vou tomar quando ganhar as eleições é vir aqui dizer a vocês que eu vou reajustar a tabela do Imposto de Renda — afirmou, sem detalhar como pretende fazê-lo.

 

No Amapá, aliança informal e atípica une PT, PL e PDT - As eleições para o Amapá deste ano são marcadas pela falta de alinhamento partidário em relação à disputa nacional. O Estado é o único do país que une, pelo menos informalmente, o PT, De Luiz Inácio Lula Da Silva, o PL, de Jair Bolsonaro, e o PDT, de Ciro Gomes, em uma ampla aliança para o governo estadual. O autor do ato é Clécio Luís, postulante do Solidariedade e aliado do atual governador, Valdez Góes (PDT). Recebeu o apoio do PT e de outros partidos de esquerda. Na época do registro da candidatura, no entanto, ele não conseguiu incluir formalmente essas siglas em sua coligação. A ausência de sucesso no papel não impediu, até agora, que forças alinhadas a Lula se posicionassem em favor de Clécio, o favorito nas pesquisas de intenção de voto. O motivo para PT, PSB, PCdoB, RedeePSOL não serem registrados na aliança foi a divergência na disputa pela vaga no Senado. O acordo de Clécio, ex-prefeito de Macapá, com o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP) foi considerado decisivo para afastar essas partes do compromisso formal. O candidato do Solidariedade, considerado o nome "mais progressista" pela esquerda, conseguiu formalizar a coligação com o PL e também atraiu PSDB, cidadania, Republicanos, PP, PDT e União Brasil. O candidato oficial dos partidos de esquerda para o Senado é o ex-governador João Capiberibe, do PSB. Clecio aparece na frente na última pesquisa do IPEC, divulgada na quarta-feira, com 41% das intenções de voto. Ele é seguido por Jaime (PSD), que tem 31%, e é vice-governador de Valdez Góes. Empresário, Jaime tenta uma aproximação com o eleitorado de Bolsonaro, embora o PL esteja ao lado do Solidariedade. O presidente da República, até agora, não deu sinais de que mobilizará aliados para atuar no cenário regional. Em julho, quando o PT local anunciou que apoiaria Clécio, houve um incômodo no diretório nacional para caminhar formalmente com o PL de Bolsonaro. Antonio Nogueira, presidente do PT no Amapá, diz que o principal motivo para o apoio ser "informal" foi "paroquial" e ligado ao tempo de televisão. Se todos os partidos que apoiam Clecio tivessem mais de um candidato ao Senado, os candidatos só poderiam usar os segundos de suas próprias legendas. - Tem uma salada (nas eleições), mas foi uma decisão de cavalheiro, vamos colocar dessa forma. A coalizão de Davi ficou com cinco partidos, e Capiberib com outros cinco. Saímos da coalizão para o governo. Mas gravamos na ata que queríamos fazer campanha informal para o Clecio. Então, não há problema em fazer campanha para ele", diz Nogueira. Na última pesquisa do IPEC, os outros candidatos não ultrapassaram os dois dígitos: Gilvam Borges (MDB) — aliado leal de José Sarney — marcou 5%; Jairo Palheta (PCO), 2%; Gesiel Oliveira (PRTB), 1%; e Gianfranco PSTU), 1%. Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a União de todos os partidos não foi possível devido ao apoio de Clécio a Alcolumbre e à presença do PL na lista. No Amapá, a sigla de Bolsonaro é comandada pelo deputado federal Vinícius Gurgel. Randolfe diz que na próxima semana fará campanha com o candidato do Solidariedade.