Manchetes dos jornais  de domingo, 14/05/2023

Manchetes dos jornais  de domingo, 14/05/2023

 

Edição de Chico Bruno 

Manchetes dos jornais  de domingo, 14/05/2023


 
Valor Econômico – Não circula hoje

O ESTADO DE S.PAULO – Quadrulha agia em 8  Estados; MP busca financiadores e atletas

FOLHA DE S.PAULO – TSE cobra a partidos R$ 40 mi, e Congresso apressa anistia

O GLOBO – Jovens trocam baixo salário por mais tempo para os estudos

CORREIO BRAZILIENSE – “O turismo pode ser decisivo para o mundo no século 21”


Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

Mudança - Em um ano, um milhão de jovens de até 24 anos deixaram o mercado de trabalho. Se o país não consegue voltar ao contingente de trabalhadores do pré-pandemia, a boa notícia é que mais da metade desses jovens trocou o emprego ou a busca dele, para seguir estudando. As causas, são por um lado, o desistimulo com os baixos salários e a má qualidade dos postos de "entrada". E, por outro, a menor necessidade de ajudar a família após a ampliação dos programas de transferência de renda. 

Penalidade máxima - As invesstigações sobre manipulação de jogos de futebol com objetivo de obter ganhos em casas de apostas buscam agora ampliar a rede de financiadores, apostadores e jogadores que participam da fraude. Junto com o oferecimento de denúncia à Justiça, uma nova investigação foi aberta pelo MP de Goiás, onde a operação começou. Em mensagens trocadas, apostadores citam contato com atletas de oito Estados, incluíndo São Paulo. "(Jogadores me) procuraram para colocar dinheiro neles e dividir os lucros", disse um dos chefes do esquema, Bruno Lopez, que está preso. 

PEC da anistia - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concluiu neste mês o julgamento das contas dos partidos relativas a 2017 e determinou a devolução aos cofres públicos de ao menos R$ 40 milhões, a título de ressarcimento e multa, valor que ainda precisa ser corrigido pela inflação. A Folha consultou todos os acórdãos e votos relativos aos 35 partidos existentes à época —hoje são 31—, documentação que mostra uma extensa lista de desvios que podem ser perdoados caso o Congresso aprove a PEC da Anistia, proposta de emenda à Constituição que pretende passar uma borracha em todas as irregularidades ocorridas. A medida conta com o apoio de governo e oposição e deve ser aprovada na terça-feira (16) pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, o primeiro passo da tramitação. Ao todo, o TSE reprovou 19 das contas partidárias de 2017 e aprovou com ressalvas as outras 16. A morosidade da Justiça, aliada à pequena estrutura de fiscalização, faz com que as contas sejam julgadas com atraso de quase cinco anos. Nos últimos anos, o Congresso turbinou o repasse de dinheiro público para os partidos, que só em 2022 receberam R$ 6 bilhões. Na contramão disso, tem promovido uma série de alterações para tornar a lei mais branda, apesar do longo histórico de malversação de dinheiro público, que inclui gastos em restaurantes de luxo, compra de helicópteros, imóveis e carros de mais de R$ 100 mil. Apenas o PSD não foi condenado a devolver valores públicos, além do Novo, que só neste ano decidiu que passará a usar as verbas públicas e que deverá restituir R$ 39 mil recebidos em 2017 de pessoas jurídicas e físicas.

Decidido - Em meio a uma batalha política por R$ 447 milhões — recurso proveniente de verbas do Sesc-Senac —, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, diz que está empenhado em qualificar o trabalho da agência e vê a atividade como a “mais sustentável que existe”. Na avaliação do político do Rio de Janeiro, o Brasil precisa preservar seus biomas para desenvolver mais o turismo e criar empregos. “O turismo define não só o lugar que você visita, mas o lugar que você vai viver”, comentou, ao Correio.

Resumo de domingo, 2ª parte

As versões importam - Os bolsonaristas estão com o radar voltado ao material apreendido nas operações contra o presidente Jair Bolsonaro e ex-colaboradores, em especial, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid — aquele que guardava dezenas de pendrives, até na cozinha da casa. O tenente-coronel é hoje o que os aliados chamam de peça-chave para definir qual narrativa prevalecerá nos inquéritos e processos contra o ex-presidente. O mais adiantado e que pode levar à inelegibilidade de Bolsonaro é o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a reunião com embaixadores para desacreditar o sistema eleitoral do Brasil. Os bolsonaristas, porém, avaliam que esse fato não leva ao descrédito junto ao eleitorado mais conservador e que o ex-presidente ainda manterá a posição de grande eleitor, com o tapete verde e amarelo no PL. O pior, avaliam os mais preocupados, será se houver algo que possa colocar em xeque a imagem de homem simples que Bolsonaro construiu junto aos eleitores. Nesse caso, além de ficar inelegível, não restará sequer a posição de “grande eleitor”.

PF rastreia recursos para Michelle - Conversas entre o então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, e assessoras, mostrariam a existência de uma orientação para o pagamento em dinheiro vivo de despesas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. As conversas foram interceptadas pela PF por meio da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid — preso em 3 de maio por suspeita de fraudar certificados de vacina da covid-19 —, e ocorreram por meio de áudios enviados por um aplicativo de mensagens. A informações foram publicadas pelo portal UOL. De acordo com relatório da PF, os diálogos revelam a existência de uma “dinâmica sobre os depósitos em dinheiro para as contas de terceiros e a orientação de não deixar registros e impossibilidades de transferências”. Para a PF, isso é um indicativo de desvios de recursos públicos para a quitação dessas despesas. A investigação também detectou que Michelle usava um cartão de crédito vinculado à conta de uma amiga, Rosimary Cardoso Cordeiro, que era assessora parlamentar no Senado. A PF detectou depósitos em dinheiro vivo para Rosimary com o objetivo de custear as despesas com o cartão de crédito, tentando ocultar a origem dos recursos. A investigação indicou que duas assessoras da então primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, conversaram entre si e com Mauro Cid manifestando preocupação sobre irregularidades no pagamento de despesas de Michelle. 

Muita calma nessa hora - Os últimos discursos de Lula afastaram ainda mais o União Brasil do governo, ao chamar representantes do agro paulista de “fascistas” e ACM Neto de “grampinho”. As falas, vindas de um presidente da República, foram vistas como mais um distanciamento do governo de parceria com o centro. Na visão de muitos políticos, Lula precisa entender que necessita de votos dos conservadores para compor maioria no Parlamento. 

Pressão  no relator para mudar arcabouço -  O fórum de partidos de esquerda deve se reunir na semana que vem com o relator do projeto do arcabouço fiscal na Câmara, deputado Cláudio Cajado (PP-BA). A ideia é apresentar sugestões para dar mais flexibilidade às despesas e investimentos na nova regra. Entre elas, a retirada de itens como saúde, educação e Bolsa Família, além de aumentar os percentuais para o crescimento do gasto em termos reais. "Temos uma avaliação crítica da proposta. Além das emendas parlamentares, que são um recurso legítimo da Câmara e do Senado, queremos também colocar nossos argumentos diretamente para o relator. Não é possível que ele escute apenas o lado dos empresários e do mercado financeiro", diz o presidente do PSOL, Juliano Medeiros. O fórum reúne os presidentes e líderes congressuais de PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB, PV e Rede. Cajado tem dado demonstrações de que pode caminhar no sentido contrário ao defendido pela esquerda, ou seja, endurecer as regras do arcabouço. Os partidos de esquerda ainda não se comprometeram a apoiar o texto enviado pelo Executivo ao Congresso e dizem que isso dependerá de como ficará a redação final do projeto.

Eduardo Bolsonaro acomoda parentes em gabinetes de aliados - Políticos de diferentes esferas ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) têm nomeado familiares uns dos outros para cargos em seus gabinetes. As trocas envolvem principalmente a Assembleia Legislativa de São Paulo e a Câmara dos Deputados. Três familiares de Sonaira Fernandes (Republicanos), ex-vereadora e secretária de Política para Mulheres de Tarcísio de Freitas (Republicanos), estavam alocados recentemente em diferentes gabinetes. A irmã, Sônia Maria de Santana, trabalha como auxiliar no gabinete da deputada estadual Valéria Bolsonaro (PL), parente distante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O marido, Vitor Hugo de Souza, trabalhou de 2019 a 2021 no gabinete do deputado estadual Gil Diniz (PL), o Carteiro Reaça, e depois migrou para o de Altair Moraes (Republicanos), do qual saiu em março deste ano. Por fim, Rubens Fernandes de Santana, irmão de Sonaira, deixou também em março o gabinete de Eduardo Bolsonaro. Valéria Bolsonaro, por sua vez, também emprega no gabinete a farmacêutica Joyce Lopes, mulher de Paulo Chuchu (PRTB), ex-segurança de Eduardo e vereador em São Bernardo do Campo. Ela também conseguiu uma vaga para a irmã do vereador, Juliana Lopes, na liderança do PL na Alesp. A filha de Valéria, Ana Luiza Ramos Bolsonaro, por sua vez, trabalha desde março como secretária parlamentar do deputado federal Mario Frias (PL-SP), aliado de Eduardo, como mostrou o site Metrópoles. No mesmo gabinete está desde fevereiro Gutemberg Igo Diniz, irmão de Gil Diniz, após passagem como funcionário da então vereadora Sonaira na Câmara Municipal de São Paulo, em 2022. Como as nomeações envolvem assessores de diferentes esferas (municipal, estadual e federal) e não têm trocas diretas, não são consideradas ilegais, a princípio.

Enfermeira diz à PF que emprestou senha - Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe da central de vacinação de Duque de Caxias (RJ), disse em depoimento à Polícia Federal ter emprestado sua senha para o secretário de Governo do município apagar os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ela afirmou aos investigadores da suposta fraude no sistema de vacinação ter sido procurada pelo secretário João Brecha na data da exclusão, mas relatou não ter recebido os CPFs dos excluídos sob a justificativa de não "envolvê-la em problemas, uma vez que se tratavam de pessoas relevantes e conhecidas". Cláudia foi um dos alvos no último dia 3 de maio da operação Venire, que fez busca na residência de Bolsonaro e prendeu alguns de seus principais assessores, como o tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República. Ao falar do motivo do empréstimo da senha pessoal do sistema de vacinação, ela justificou não ter visto "qualquer má fé" no pedido do secretário e disse ter acreditado que as exclusões seriam "idôneas". As exclusões foram registradas em 27 de dezembro pelo usuário em nome de Cláudia Rodrigues e estão entre as informações levantadas pela PF na investigação de fraude ao sistema do Ministério da Saúde para emissão do certificado de vacinação de Covid a ser utilizado na viagem para os Estados Unidos por Bolsonaro e seus assessores. Cláudia foi procurada, mas não retornou o contato. 

Ministro vai à feira do MST, ironiza instalação de CPI - O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), ironizou a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que irá investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e afirmou que o presidente Luiz Inácio da Lula da Silva (PT) tem "gratidão" pelo movimento. O sentimento do petista seria pelo tempo que integrantes estiveram acampados em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula ficou preso nos anos 2018 e 2019. Ao ironizar a CPI, Teixeira disse que os deputados vão encontrar "coisas gravíssimas" como suco de uva produzido sem trabalho escravo. A CPI que investiga o movimento foi desencadeada após uma série de invasões realizadas no mês passado, durante o chamado Abril Vermelho, e é vista com preocupação pelo governo, justamente pelo potencial de desgastes que pode gerar. — Vão encontrar coisas gravíssimas. Suco de uva feito sem trabalho escravo, arroz integral. milho, soja não transgênica — afirmou o ministro pouco antes de subir ao palco da Feira Nacional da Reforma Agrária neste sábado, em São Paulo. A fala sobre o suco de uva faz uma referência indireta ao resgate de mais de 200 trabalhadores em condições análogas à escravidão em vinícolas no Rio Grande do Sul. A empresa fornecia mão de obra para grandes produtores de vinhos do país. Como mostrou o GLOBO, os partidos já indicaram 13 dos 27 titulares para a CPI, todos com atuação contrária ao Planalto e alinhados à bancada ruralista. Muitos, inclusive, já criticaram publicamente o MST.

Em sintonia com o Centrão, PSB se afasta do governo no Congresso - Partido da base, com três ministérios e a vice-presidência, o PSB tem atuado no Congresso de forma divergente dos interesses do Palácio do Planalto e demonstrado alinhamento com o Centrão, grupo que vive uma relação com o Executivo marcada pela instabilidade. Além de ter entregado três votos contra as expectativas do presidente Lula no decreto que mudou o quadro do saneamento, derrotado na Câmara, A legenda é comandado na Câmara por Felipe Carreras (PE), que também está à frente do “bloco” que reúne siglas distantes do governo, como PP e PSDB, além da União Brasil, que tem cargos no primeiro escalão, mas oscila no apoio. 

Roupas da ex e atual primeira-dama: alvo de críticas machistas - De lados opostos do espectro político, Rosângela da Silva, a Janja e Michelle Bolsonaro têm mais em comum do que o fato de terem ascendido ao cargo de primeira-dama do país. Com atuação destacada nos mandatos de seus maridos, além de potencial eleitoral, Janja e Michelle são constantemente alvos de comentários machistas, que muitas vezes as restringem às roupas que vestem ou aos locais que frequentam — temas não observados quando o foco são as ex-mulheres do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre julho de 2022 e a última sexta-feira, os looks de Janja e Michelle renderam 296,9 mil menções nas redes sociais - três em cada quatro delas relacionadas à atual ocupante do posto. A socióloga é criticada em 59% dos posts que tratam de suas roupas, percentual que é de 53% no caso de menções à presidente do PL Mulher. Os dados são da consultoria Quaest a pedido do GLOBO. Grande parte dessa repercussão online é encabeçada por políticos que estão ou já estiveram no Congresso e se destacam na oposição ao atual governo ou ao bolsonarismo. 

Moeda de troca -Alvo recorrente de ingerência política, bancos públicos como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil estão sob pressão para uma mudança de alinhamento com o governo Lula (PT) neste início de mandato. Além dos anseios de aliados por gestos que marquem distanciamento da gestão de Jair Bolsonaro (PL), duas tentativas recentes de retirar patrocínios do BB de entidades próximas ao bolsonarismo sinalizaram uma nova frente de cobranças a dirigentes dessas instituições. Parlamentares e movimentos ligados ao PT também articulam indicações para cargos relevantes em outros bancos estatais, como BNDES e Banco do Nordeste. Um dos movimentos explícitos de pressão partiu do ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta. Ele anunciou a saída do Banco do Brasil' apoio da feira agropecuária Agrishow há duas semanas. A declaração foi um contra-ataque à decisão do presidente da feira, Francisco Matturro, de desconvidar o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na tentativa de privilegiar a visita de Bolsonaro à abertura do evento. A cerimônia acabou sendo cancelada após repercussão negativa entre as entidades rurais. Aliados de Fávaro e Lula ouvidos em particular pelo GLOBO classificaram a reação do governo como “imaturidade”, embora também tenham criticado a tentativa da Agrishow de gerar uma “plataforma política” para Bolsonaro com recursos públicos. Como o acordo comercial do BB com a feira agrícola já foi assinado, o banco manteve as ações previstas no evento e alinhou mais de R$ 2 bilhões em crédito agrícola.

Investigado por 'rachadinha' atua como tutor Carlos Bolsonaro - Suspeito de operar um esquema de rachadinhas no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), Jorge Luiz Fernandes, de 73 anos, foi escolhido por Jair Bolsonaro, pai do parlamentar, para atuar como tutor do filho na Câmara de Vereadores do Rio. Fernandes é investigado pelo Ministério Público por receber depósitos de outros servidores que totalizam R$ 2 milhões. A mulher dele também é contratada no gabinete de Carlos e suspeita de participar do desvio de dinheiro público. Procurados, os três não comentam o assunto. Amigo da família há pelo menos 25 anos, Fernandes foi funcionário de Bolsonaro em Brasília antes de ser transferido para a missão. Ele ocupa a vaga de conselheiro de Carlos desde 2001, quando o vereador assumiu, aos 18 anos, o primeiro mandato. A partir de 2018, passou a chefiar o gabinete. No currículo do servidor já estava a credencial de ser um dos homens de maior confiança de Bolsonaro e uma carreira na Marinha, onde chegou à patente de primeiro-sargento. Ainda em Brasília, o militar reformado atuou por seis meses como assessor do então deputado federal Jair Bolsonaro, função que exerceu de julho de 1999 a dezembro de 2001. Tinha ainda proximidade com a família do parlamentar. Bolsonaro confiou a Fernandes a missão de orientar o jovem político que acabara de derrotar a própria mãe, Rogéria, na disputa por uma vaga na Câmara. Carlos foi eleito com 16.053 votos, o mais jovem vereador da história do Rio. Rogéria, com 5.109, ficou na suplência. “Filho de troglodita, troglodita é”, disse Jair Bolsonaro à época dias depois da eleição, comemorando a vitória do filho, que atribuiu à “transferência de votos”. “Não foi uma eleição de filho contra mãe, mas sim de filho com o pai”, justificou. “Para mim, ela já está morta há muito tempo”, complementou, referindo-se à ex-mulher, de quem já estava separado há três anos.

Gestão Bolsonaro deixou de enviar toneladas de carne aos indígenas - O governo federal comprou 19 toneladas de bisteca para compor cestas básicas que deveriam ser enviadas ao Vale do Javari, no Alto Solimões (AM), mas a carne congelada nunca chegou às comunidades indígenas. Mesmo se o produto tivesse sido entregue, não haveria local de armazenamento e conservação para acomodar o alimento. Os contratos foram assinados no governo Bolsonaro entre 2020 e 2022 e seguem em vigor na atual gestão do petista Luiz Inácio Lula da Silva. A bisteca seria dividida com os funcionários da Funai – agora Fundação Nacional dos Povos Indígenas. Como os indígenas dizem que não receberam o alimento, se fossem comer tudo, os 32 servidores que se revezam por lá teriam um quilo de bisteca no prato por dia, o ano inteiro. Isso sem contar que a maioria passa a maior parte do tempo na floresta ao lado dos indígenas, bem longe da base da Funai. O sumiço das bistecas foi confirmado ao Estadão pelos indígenas que deveriam receber o produto e por um comerciante que deveria enviá-lo. Até a funcionária da Funai que assinou o contrato de compra fala em desperdício de dinheiro público, mas alega que seguia ordens de seus superiores. “Nem tudo que constitui a cesta básica contempla uma alimentação específica desses indígenas. Era um desperdício, realmente, do dinheiro público”, admitiu Mislene Metchacuna Martins Mendes, atual diretora de administração e gestão da Funai. “Parte dos alimentos chegava sem condições para consumo, mas a ordem era entregar”, disse ela. Procurados, os presidentes da Funai no governo Bolsonaro e no governo Lula não se manifestaram.