Manchetes de domingo 13-03-2022 

Melhor sumario de domingo das notícias nacionais

Manchetes de domingo 13-03-2022 

 

Edição de Chico Bruno 

 

Manchetes de domingo 13-03-2022 

Valor Econômico – Não circula

 

O GLOBO – Kiev volta no tempo

 

O ESTADO DE S.PAULO – Entrada de dinheiro estrangeiro na Bolsa brasileira bate recorde

 

FOLHA DE S.PAULO – Preço de fertilizante explode com retenção por empresas 

 

CORREIO BRAZILIENSE – Bolsonaro admite subsídio para conter alta do diesel

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia 

 

A festiva Kiev de volta ao clima da 2ª Guerra - Nos primeiros dias da invasão russa, Kiev dava mostras de que seus moradores, seus governantes, seu Exército não pareciam acreditar que a guerra, uma vez mais, estava próxima dessa que é uma das mais antigas cidades do Leste europeu e berço do primeiro Estado eslávico, o Rus de Kiev. Demorou ao menos uma semana para que Kiev se desse conta de que uma invasão russa não se tratava de uma mera possibilidade, mas sim de um evento cada vez mais iminente. A luminosa, limpa, organizada e festiva capital ucraniana começou a perder seu charme. As ruas que ainda mostravam movimento nos primeiros dias da guerra foram esvaziando. As últimas lojas que tentavam se manter abertas fecharam. Na estação de trens, milhares de pessoas aglomeravam-se para deixar a cidade em direção ao Oeste, para mais perto da União Europeia. Então tudo mudou. Os pneus deram lugar aos sacos de areia. Os móveis velhos e os pedaços de madeira cederam espaço a pesados blocos de concreto. Imensas peças de metal começaram a ser descarregadas por caminhões e guindastes em diferentes pontos da cidade para serem utilizadas como obstáculos à chegada dos tanques russos. Os civis, claramente despreparados e assustados, mas que faziam o papel de vigilantes, se foram. Agora, soldados profissionais, armados com fuzis modernos, controlam os pontos principais de Kiev. Na Praça da Independência, a Maidan, o ponto mais icônico da capital ucraniana e palco dos protestos que entre 2013 e 2014 levaram à queda do presidente Victor Yakunovich e deram início à crise que agora se transformou em guerra, os jovens vestidos com fantasias de personagens da Disney desapareceram. Postos de controle rígido tomaram o lugar onde até há pouco tempo turistas circulavam com tranquilidade fazendo selfies diante de um letreiro em que se lê “Eu amo a Ucrânia”.

 

Bem vindo - Nos primeiros 68 dias do ano, o saldo de capital externo na Bolsa de Valores chegou aR $71,06 bilhões, acima dos R$ 70,78 bilhões registrados no ano passado, o recorde da série histórica. Isso ocorre apesar de inflação acelerada, desemprego alto e previsões ruins para o PIB. O País ainda está às vésperas de uma eleição e há uma guerra com impacto direto na economia global. Para analistas, a explicação para a aparente contradição vem do fato de o mercado brasileiro estar diretamente ligado às commodities, que ganharam força com a invasão russa à Ucrânia. Especialistas consideram especulativa a natureza desse capital.

 

Instabilidade de preços - Os produtores brasileiros estão apreensivos com a oferta de fertilizantes. Desde que a Rússia, importante fornecedor desse insumo, invadiu a Ucrânia e passou a sofrer uma escalada de sanções, o mercado se tornou instável. Cerca de 85% dos fertilizantes consumidos no Brasil são importados. No que se refere ao potássio a dependência é de 95%, sendo que praticamente metade disso é fornecida por Rússia e Belarus, país aliado a Vladimir Putin. Um indicador da turbulência é o vai e vem da chamada lista de preços, que retrata valores de compras e vendas entre o produtor, de um lado, e um distribuidor ou mesmo importador, do outro. Quando as empresas suspendem a lista, não há como comprar, seja à vista ou para encomendas, em prazos de até seis meses. Nas últimas semanas, listas de preços consultadas por produtores pelo país afora oscilaram —foram suspensas, reapresentadas com valores considerados altíssimos, e voltam a ser suspensas, numa instabilidade constante que perturba quem planta. "A cada movimento da guerra, as listas de preços vão e voltam, com os valores sempre altos, mesmo com o dólar caindo; o mercado está volátil", afirma Décio Teixeira, presidente da Aprosoja-RS, que também planta trigo desde 1970. "Como pode um país como o Brasil, potência no agronegócio, ter essa dependência internacional? Ficamos no oba-oba, deixando para fazer as coisas no futuro, e o futuro chegou ligeiro para nos cobrar." Os pequenos produtores também estão sendo afetados. No cinturão verde que cultiva itens de hortifrúti para a região metropolitana de São Paulo, as revendas já alertaram produtores como Simone Silotti, presidente da CAQ ( Cooperativa Agrícola de Quatinga), foi alertada de que os estoques estão baixos, a reposição é lenta, o preço subiu e há risco de falta. 

 

Subsídio de Bolsonaro - Dois dias depois do mega-aumento de preços dos derivados de petróleo no Brasil, o presidente da República voltou a sinalizar a adoção de medidas para conter as constantes altas para o consumidor, que provocam forte desgaste político. Bolsonaro afirmou que o governo estuda implementar algum tipo de subsídio ao diesel, caso a cotação internacional do petróleo suba ainda mais por causa da guerra na Ucrânia. Ele também mencionou zerar impostos federais para a gasolina. O chefe do Executivo criticou a Petrobras, mas garantiu que não vai interferir na política de preços adotada pela estatal.

 

EUA prometem armas; Rússia ameaça atacar comboios de ajuda - Enquanto soldados russos e ucranianos se enfrentavam nos subúrbios de Kiev, os EUA desafiaram ontem Moscou ao prometer mais US$ 200 milhões em armas e equipamentos militares para a Ucrânia. O anúncio foi feito pouco depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçar atacar os comboios de ajuda do Ocidente, o que pode levar a guerra a um outro patamar. A promessa do presidente dos EUA, Joe Biden, de enviar mais armas para a Ucrânia incluiu mísseis para derrubar aviões e destruir tanques. Em seguida, a Rússia alertou que os equipamentos seriam considerados “alvos legítimos” para suas forças, segundo o vicechanceler russo, Sergei Ryabkov. A escalada da retórica ocorreu logo após uma conversa de 90 minutos entre Putin e Emmanuel Macron, presidente da França, e Olaf Scholz, chanceler da Alemanha – que não conseguiram persuadir o Kremlin a concordar com um cessar-fogo. Ao longo do dia, as forças russas intensificaram o bombardeio das principais cidades da Ucrânia, atacando prédios de apartamento, lojas e edifícios civis como parte de uma estratégia para sitiar as cidades da Ucrânia até a submissão. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, acusou a Rússia de aterrorizar o país em uma tentativa de destruir a moral dos ucranianos, chamando a ofensiva de “guerra de aniquilação” e reconhecendo, pela primeira vez, ter perdido 1,3 mil soldados em combate.

 

Tarcísio apoia caminhoneiros - O ministro da Infraestrutura e candidato ao governo de São Paulo, Tarcisio de Freitas, afirmou que acha “muito correto” que os caminhoneiros façam paralisação para forçar a diminuição do preço dos combustíveis. O ministro fez o comentário ao caminhoneiro Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, um dos principais líderes da greve de 2018. “Estou vendo caminhoneiros parando de carregar para forçar seus embarcadores e transportadores a repassar para os fretes o custo do aumento de diesel. Acho isso muito correto. No fim do ano passado, no MT, um grupo fez isso e deixou de carregar para as tradings. Conseguiram melhores fretes”, disse Tarcísio em uma mensagem de áudio do Whatsapp. A resposta de Tarcísio veio após Dedeco entrar em contato para alertá-lo sobre a possível greve da categoria até amanhã. À Folha de S.Paulo, o caminhoneiro disse que ouviu o ministro dizer que não via risco de greve. “Quero dizer que ele está por fora. Ele não tem um pingo de ciência do que está acontecendo nos bastidores. Daqui para segunda-feira, ele vai ver muita coisa acontecendo”, afirmou o caminhoneiro.

 

O custo eleitoral dos combustíveis - Qualquer que seja o resultado nas urnas em 2022, o próximo presidente da República subirá a rampa do Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2023 com significativo desafio na economia: a alta do preço dos combustíveis. Apesar da aprovação recente no Congresso dos projetos de lei que versam sobre o assunto, as medidas a longo prazo para solucionar a questão deverão fazer parte da pauta das eleições. A deputada federal Sâmia Bonfim (PSol-SP) define como “uma bomba em ano eleitoral” ter de lidar com um aumento explosivo no preço dos combustíveis. “[Os projetos] são paliativos diante do alto valor que se expressou. Bolsonaro joga para o próprio PT e para o STF. Com o projeto aprovado na Câmara, joga inclusive para os estados e municípios. Isso vai ter um impacto para prefeitos e governadores, que na prática vão ter menos arrecadação para investir em saúde, educação. E não  vai resolver o problema da alta dos combustíveis”, pontuou a deputada.

 

FHC passará por cirurgia - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de 90 anos, foi internado na última sexta-feira, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O político do PSDB sofreu uma fratura no fêmur após sofrer um acidente doméstico, segundo informou o jornalista Ancelmo Gois. Segundo o boletim médico divulgado pelo Albert Einstein na tarde de ontem, o ex-presidente será submetido a uma cirurgia. “O ex-presidente Fernando Hen rique Cardoso deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein ontem, 11 de março, em razão de uma fratura de colo de fêmur e passará por procedimento cirúrgico nos próximos dias”, afirma o comunicado. A nota é assinada pelos médicos José Medina Pestana, nefrologista do Albert Einstein, e Miguel Cendoroglo Neto, Diretor Superintendente Médico e Serviços Hospitalares da unidade.

 

PL ganha 16 novos filiados - Em uma só tacada, o Partido Liberal ganhou 16 deputados federais na manhã de ontem, em Brasília. O mutirão partidário teve a participação do presidente Jair Bolsonaro, de ministros e do presidente nacional da legenda. Valdemar da Costa Neto. A ministra-chefe da Secretaria de Governo e presidente do diretório do Distrito Federal, Flávia Arruda, e o secretário especial de cultura, Mário Frias, também estiveram presentes. Nem Bolsonaro nem Costa Neto discursaram. Ambos apenas assinaram as fichas de filiação dos novos correligionários e tiraram fotos com os parlamentares. A expectativa do presidente de Costa Neto é formar uma bancada entre 60 a 65 deputados, tornando-se a primeira ou a segunda maior da Câmara Federal. A expectativa do PL é filiar entre 20 a 25 nomes até o fim da janela partidária, que termina no dia 1º abril. Se filiaram ontem, Sóstenes Cavalcante (RJ), Coronel Chrisóstomo (RO), Junio Amaral (MG), Márcio Labre (RJ), Bibo Nunes (RS), Carlos Jordy (RJ), Loster Trutis (MS), Sanderson (RS), Daniel Freitas (SC), Luiz Lima (RJ), Onyx Lorenzoni (RS), Marcelo Álvaro Antônio (MG), Delegado Éder Mauro (PA), Capitão Alberto Neto (AM), Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (SP) e Nelson Barbudo (MT)

 

Rede e PSol fecham federação - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AM) e o presidente do PSol, Juliano Medeiros, anunciaram, ontem, a formalização da Federação entre os dois partidos. “Um passo importante na nossa luta contra o fascismo e por um Brasil mais justo e sustentável para o nosso povo”, escreveu Randolfe. Medeiros também felicitou a aliança na mesma rede social. “(A Federação) Mostra confiança no PSol e abertura para construir um projeto de esquerda renovado”, afirmou. Segundo a deputada Taliria Petrone (PSol-RJ), a Federação deve formar uma bancada de 20 parlamentares. 

 

Alessandro Vieira deixa Cidadania - O senador Alessandro Vieira (SE) anunciou que deixará o Cidadania. Alegou que o partido rompeu o “compromisso com a renovação” ao mudar o estatuto e permitir que o presidente da sigla, Roberto Freire, seja mantido no cargo por 34 anos. Em reunião do Congresso Nacional do Cidadania, ocor rida ontem, Freire apresentou uma versão nova do estatuto, que aumentaria em mais dois anos o cargo dele na presidência da legenda. No total, ele ficará 34 anos na direção partidária, entre PCB, PPS e Cidadania. Ainda que o parlamentar não assuma o desgaste com o cacique, aliados afirmam que Freire é “muito autoritário” e, durante a reunião, podia ouvir várias outras manifestações contrárias dos correligionários que não foram levadas em consideração. Ontem, o senador afirmou  não concordar com a postura do presidente. “O Brasil exige renovação na política e o Cidadania responde mudando seu estatuto e garantindo a permanência de Roberto Freire por 34 anos na presidência. Por evidente incompatibilidade, manifesto minha desfiliação do partido. A democracia exige espírito público e desprendimento”, escreveu. Em nota, sem citar diretamente Freire, o senador criticou quem investe “na manutenção de seus feudos e privilégios, retardando ou mesmo impedindo a formação e consolidação de novas lideranças”. Vieira diz que a atitude abre espaço para “populistas irresponsáveis”. O senador lembrou que ingressou na legenda em 2018 para materializar a vontade de renovação, que estava manifesta no estatuto do Cidadania. Contudo, ele acusa um rompimento com o compromisso de renovação. Ao deixar a legenda, Vieira deixa de ser pré-candidato à presidência da República pelo partido. Contudo, aliados do senador afirmam que ele ainda cogita concorrer ao pleito. 

 

O funil da política - Os dirigentes partidários já fizeram as contas e, a continuar valendo as regras desta eleição de 2022 para as próximas duas rodadas nacionais, ou seja, 2026 e 2030, o número de partidos será reduzido para apenas oito com representação na Câmara dos Deputados, hoje são 23. Para este ano, as projeções dos dirigentes partidários indicam que dos 23 partidos com representação na Câmara dos Deputados, hoje, o número cairá para entre 12 e 16. As apostas são as de que apenas seis agremiações fecham as urnas deste ano com status de grandes partidos: PT, PL, PP, PSD, Republicanos e União Brasil. No meio da pirâmide ficarão PSDB, MDB, PDT, PSB, Podemos e Solidariedade. Quanto aos demais, a sobrevivência é vista como algo incerto. Não por acaso, Cidadania, PV e PCdoB já optaram por buscar uma federação capaz de lhes dar abrigo. Mas, ainda assim, há o risco de terminarem engolidos pelos grandes.

 

Dado preocupante - A última pesquisa DataSenado quis saber: “Você sente orgulho ou vergonha de ser brasileiro?” 62% responderam sentir vergonha, enquanto 31% se orgulham. Apenas 3% não sentem nem vergonha e nem orgulho. É algo para a classe política brasileira pensar. A diretora do DataSenado, Elga Lopes, diz que entre os jovens a situação está pior. Na faixa até 29 anos, 70% deles têm vergonha e, dentro desse percentual, 40% planejam deixar o país. “Esse dado assusta. O espírito do eleitor agora é como se não tivesse mais esperança. Antes dizia, ah, agora está ruim, mas quando fulano entrar, vai melhorar. Agora, está de mau humor com todos. Não tem esperança de que alguém irá mudar a vida dele”, diz Elga.

 

“É precoce desobrigar uso de máscaras em locais fechados” - Ainda que, em diversos momentos da pandemia da covid-19, os discursos governamentais, considerados nocivos por especialistas, tenham manchado a imagem do Brasil no cenário internacional, o comportamento do país no combate ao novo coronavírus é considerado razoável diante dos altos e baixos vividos nestes dois anos de pandemia. A opinião é da pneumologista Margareth Dalcolmo, um dos nomes de destaque do Brasil no enfrentamento à covid-19. Em contato com pesquisadores do mundo inteiro, a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) avalia que o Brasil viveu dois extremos nos momentos de enfrentamento ao vírus SARS-CoV-2. “Eu acho que o Brasil teve imagens boas e ruins. Vivemos essa dualidade o tempo todo. Nós enfrentamos a contradição de termos feito estudos extraordinários de fase três de vacinas contra covid-19 e não termos feito as encomendas no tempo certo, por exemplo”, afirma. Em Brasília para lançar o livro Um tempo para não esquecer — A visão da ciência no enfrentamento da pandemia do coronavírus e o futuro da saúde, que reúne artigos da pesquisadora que documentam o transcorrer da pandemia, Dalcolmo conversou com o Correio sobre as flexibilizações feitas atualmente no país e sobre o futuro da pandemia no Brasil e criticou a falta de incorporação de um remédio para tratamento da covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS). Para ela, o Brasil precisa pensar em nacionalizar os medicamentos já aprovados e recomendados para o tratamento da doença para impedir que os preços das medicações se tornem proibitivos para o país. Além disso, a pesquisadora acredita que a quarta dose da vacina, hoje recomendada somente para grupos específicos, deve ser estendida à população em geral nos próximos meses, mas acha pouco provável ser necessário fazer campanhas de vacinação anuais como se faz para o vírus influenza, por exemplo. 

 

MST vende mais de 3.000 bonés por mês - O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) vende mais de 3.000 bonés por mês, em média, nas 28 lojas do Armazém do Campo, que comercializam em 13 estados e no Distrito Federal os produtos provenientes dos assentamentos. O movimento estima que os números sejam ainda maiores, já que a confecção e a venda dos itens é descentralizada e também acontece fora das lojas do Armazém do Campo. Os bonés viraram motivo de polêmica nas redes sociais após uma usuária criticar as pessoas que os utilizam sem fazer parte do MST, como "acessório de balada". O movimento diz avaliar positivamente o uso dos bonés por diferentes grupos sociais, pois expressa apoio e dissemina a causa. Desde o início do debate nas redes sociais, no começo da semana, o site do Armazém passou a vender 300 bonés por dia. O item custa R$ 25 no modelo clássico. O MST registra crescimento de 50% na venda do produto desde o final de 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro (PL). Em 2021 houve crescimento de 20% na demanda. O movimento diversificou os bonés e hoje conta com dez modelos voltados para diferentes públicos, como jovens urbanos (aba reta), LGBTQIA+ (com cores do arco-íris). Na próxima semana será lançado um modelo para crianças.

 

Receita pediu devassa sobre apurações contra clã Bolsonaro - Partiu do atual subsecretário de Gestão Corporativa da Receita Federal, Juliano Neves, a solicitação para a devassa feita nos sistemas do órgão para identificar investigações em dados fiscais de todo o entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo documento da Receita, Neves pediu ao Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) uma apuração especial sobre os acessos a dados fiscais de nove pessoas: além de Jair Bolsonaro, de seus três filhos políticos, de suas duas ex-mulheres e da primeira-dama, Michelle, de Fabrício Queiroz e de Fernanda Bolsonaro, mulher do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A pesquisa foi muito mais ampla do que apontado meses atrás como um movimento apenas da defesa de Flávio contra a investigação da "rachadinha" tocada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Atingiu, na verdade, todo o entorno familiar do presidente, incluindo suas duas ex-mulheres com quem dividiu seu patrimônio e que não eram alvos da investigação contra o senador. O rastreamento abrangeu 22 sistemas de dados da Receita no período de janeiro de 2015 a setembro de 2020. O levantamento identifica os "logs", como são chamados os arquivos sobre as consultas aos sistemas do Fisco. Eles indicam a data e o nome do auditor responsável pela consulta aos dados fiscais dos contribuintes. A pesquisa foi muito mais ampla do que apontado meses atrás como um movimento apenas da defesa de Flávio contra a investigação da "rachadinha" tocada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Procurada, a Receita não comentou a amplitude do levantamento. Disse apenas que instaurou procedimento para analisar denúncia publicada na imprensa sobre uma organização criminosa instalada na instituição, sem que as informações tenham se confirmado.

 

Risco para a democracia seria muito maior em 2º mandato de Bolsonaro - A leniência com que o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal) trataram o presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu mandato criou riscos para a estabilidade da ordem democrática, diz o professor de direito constitucional Emilio Peluso Neder Meyer, da Universidade Federal de Minas Gerais. Nas últimas semanas, o presidente voltou a lançar dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas e atacou integrantes do STF, acusando os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes de atuar para favorecer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano. Para Meyer, a nova investida de Bolsonaro contra o STF faz parte de um processo de degradação institucional que tem se aprofundado nos últimos anos por causa da ausência de respostas das instituições aos vários crimes de responsabilidade que foram imputados ao presidente. Num livro lançado em inglês durante a pandemia, "Constitutional Erosion in Brazil" (Hart, 2021), o professor defende a tese de que o arcabouço institucional criado pela Constituição de 1988 vem sofrendo um prolongado processo de erosão, acelerado após a chegada de Bolsonaro ao poder. Na sua avaliação, o Supremo contribuiu com esse processo ao tomar decisões contraditórias de grande impacto político no auge da Operação Lava Jato, mas saiu-se bem ao fortalecer políticas de enfrentamento da Covid-19 quando o presidente tentou sabotar as ações dos governos estaduais. Apesar disso, a falta de resposta da Câmara dos Deputados aos pedidos de impeachment apresentados contra o presidente e decisões judiciais como a que o isentou no caso dos disparos de mensagens por WhatsApp nas eleições de 2018 acabaram fortalecendo Bolsonaro, afirma Meyer.

 

Seis anos após prisão de André Esteves, BTG dá volta por cima - Na sede do BTG Pactual, localizada em um dos edifícios mais imponentes da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, onde se concentra boa parte dos bancos e casas de investimento do País, há um clima de discreta euforia no ar. Com um lucro recorde de R$ 6,5 bilhões em 2021, rentabilidade de 20,3% em relação ao patrimônio médio do ano e um total de R$ 1 trilhão em recursos administrados de clientes, o BTG vive uma das melhores fases, talvez a melhor, de sua história quase quarentona. Com tudo isso, é difícil identificar algum sinal de que o BTG enfrentou uma crise dramática, que quase o levou à lona, após a prisão de André Esteves, seu principal acionista e então presidente executivo e do conselho de administração, em novembro de 2015. A própria volta de Esteves à presidência do conselho, anunciada há duas semanas, seis anos depois de ele deixar o posto, tem o objetivo de reforçar a percepção de que o capítulo mais difícil da história do banco ficou para trás. “O tempo esclareceu que aquilo foi um grande erro, uma das maiores injustiças da história empresarial brasileira”, diz Roberto Sallouti, que substituiu Esteves na presidência executiva do BTG após a prisão e continua no cargo até hoje, sem previsão de deixá-lo. Embora sem um posto formal, Esteves já havia voltado ao grupo de controle, do qual Sallouti também faz parte, em dezembro de 2018, logo após ser absolvido no processo que o levou à prisão, em que era acusado de tentar obstruir investigações da Lava Jato. 

 

MP aperta cerco a líder do MBL em apuração sobre lavagem de dinheiro - Rosalina Maia, de 53 anos, é moradora de um sobrado na Vila Liviero, na periferia da zona sul de São Paulo. Em seu nome, não há nenhum imóvel, segundo os cartórios da cidade. Mesmo assim, ela aparece como sócia de uma empresa usada pela família do coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan dos Santos, para fazer movimentações milionárias. O Estadão apurou que o Ministério Público obteve autorização da Justiça para aprofundar investigações e aguarda o resultado de uma quebra de sigilo ampliada sobre essas transações consideradas suspeitas. Apesar de estar no papel em nome de Rosalina, e de ser sediada em um bairro humilde na cidade de Simões Filho, na Bahia, a Angry Cock foi usada por Renan e sua irmã, Stephanie, para movimentar R$ 1,8 milhão. Os dados são da Operação Juno Moneta, de 2020, deflagrada para investigar a família do líder do MBL por suspeita de lavagem de dinheiro. Conforme as apurações, o Ministério Público identificou transações financeiras de R$ 1,3 milhão entre a Angry Cock e outras empresas, e pediu uma quebra de sigilo mais detalhada. A Justiça autorizou, mas as informações ainda não foram enviadas pelos bancos. O Estadão também obteve acesso a três denúncias oferecidas até o fim do ano passado, por fraudes em licitações milionárias – decorrentes da mesma investigação –, contra o empresário Alessander Monaco, ligado ao MBL. Renan foi acusado de tráfico de influência em benefício deste empresário, mas a acusação contra ele foi rejeitada pela Justiça.

 

FAB vai ficar sem helicópteros de fabricação russa - Longe dos combates na Ucrânia existe uma zona de guerra em que americanos e russos já se enfrentam de maneira não declarada: o mercado mundial de produtos de Defesa. Uma das mais recentes vítimas desse confronto pode ser uma aeronave essencial para a defesa do Brasil na Amazônia, o helicóptero de ataque Mil Mi-35M, operado pela Força Aérea Brasileira (FAB), mas fabricado na Rússia. Em fevereiro, a FAB oficializou a desativação dos Mi-35M da FAB, num processo que deve estar concluído em 31 de dezembro – ou seja, nessa data, nem um único dos 12 helicópteros hoje em serviço estará mais ativo. O documento da Aeronáutica, porém, não aponta nenhuma razão para a “aposentadoria” dos helicópteros, adquiridos novos de fábrica, com pouco mais de dez anos de uso. Em serviço na Amazônia, os helicópteros russos se revelaram úteis e eficazes, inclusive no combate a voos ilícitos, muitos a serviço do narcotráfico. Estranhamente, não existe nenhum substituto a caminho, e a FAB deixará de ter uma aeronave com as suas capacidades. Na Aeronáutica, a explicação é a falta de dinheiro para operar os helicópteros. Especialistas e técnicos envolvidos com o programa do Mi35M, ouvidos pela reportagem em condição de anonimato, apontam uma outra razão: as sanções dos EUA à Rússia.

 

MP reexamina celulares e volta a testemunhas do caso Marielle - Às vésperas do quarto aniversário do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) ouve novos depoimentos e reexamina, com tecnologia mais moderna, os celulares aprendidos nas apurações. O objetivo é chegar ao mandante ou mandantes do duplo homicídio, ainda investigado como crime político. Nas oitivas, são interrogadas pessoas da família e outras que trabalhavam com a vereadora. O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão presos há três anos, acusados de serem os executores do crime. O julgamento não foi marcado. O coordenador do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP-RJ), Bruno Gangoni, disse que os celulares são analisados com tecnologia de recuperação de mensagens. Segundo Gangoni, a hipótese de crime político só será confirmada quando o mandante for preso. Até agora, não há indicio da participação de milícias no duplo homicídio. “Temos revisitado todo o material produzido ao longo da investigação”, afirmou Gangoni. “As provas dessa investigação são muito digitais; os softwares hoje têm capacidade tecnológica muito maior do que na época em que os aparelhos foram apreendidos. Todos estão sendo reavaliados na tentativa de conseguirmos encontrar novas mensagens.” O Ministério Público avalia também novas informações enviadas pelo Google e aguarda dados do Facebook. O MP quer saber quem acessou a página de Marielle para consultar sua agenda. Postada na semana do crime, ela trazia detalhes sobre a palestra na Casa das Pretas.

 

‘Lulistas’ do PSB expõem colegas e constrangem sigla - Se, por um lado, o “não” do PSB à federação com o PT foi visto como uma decisão acertada e cautelosa por parte da direção da sigla, por outro, a escolha pelo “voo solo” acabou exaltando ânimos de uma ala pessebista mais simpática ao lulopetismo. Ainda que o partido tenha decidido manter o apoio a Lula na eleição presidencial, filiados desta ala descontente com o desfecho das negociações sobre federação têm se esforçado para expor, em público e grupos de filiados, o que veem como contradições de lideranças como a deputada Tabata Amaral (SP), que se posicionou contra a federação, e o governador Renato Casagrande (ES), que tem recebido adversários de Lula para conversas. Esta semana, filiados do PSB na cidade de São Paulo chegaram a fazer circular em grupos uma nota com críticas a falas de Tabata e insultos contra a parlamentar. “Falta-lhe conteúdo e conhecimento”, diz a nota. A deputada não se pronunciou sobre o texto. O diretório estadual do PSB de São Paulo, presidido por Márcio França, abriu uma apuração interna, já que a nota sobre as falas de Tabata tem sido atribuída à diretoria eleita no mês passado em Congresso Municipal. “O diretório estadual não reconhece a nota enviada supostamente por membros da Executiva Municipal. Renato de Andrade, atual presidente da executiva municipal, desconhece a nota e repudia tais atos que contrapõem o regimento interno do partido. O ato será apurado internamente”, diz o PSB paulista. 

 

Sites permitem clonar vozes de pessoas - Ferramentas para a criação de áudios e vídeos na internet que simulam a imagem e a voz de personalidades, incluindo políticos, expõem uma nova via de desinformação e os potenciais prejuízos causados pela circulação de notícias falsas no processo eleitoral. A tecnologia surgiu há pelo menos cinco anos nos Estados Unidos, mas foi há um ano que os mecanismos que permitem a invenção em português se tornaram generalizados. O GLOBO encontrou quatro sites na Internet onde, para criar uma locução deepfake com vozes reais, o usuário simplesmente entra no texto e clica no botão. Dois desses locais possuem geradores de voz de políticos brasileiros, entre eles Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o deputado estadual Arthur do Val (sem partido) também clonaram os votos. Youtubers famosos como Felipe Neto e jornalistas também estão na lista. De acordo com a promotora Neide Cardoso, coordenadora adjunta do Grupo de Apoio a Crimes Cibernéticos (MPF), os deepfakes são difíceis de rastrear, ou seja, pode ser complicado para um candidato bem-sucedido retirar a gravação falsa da antena ou até mesmo receber punição do responsável pela desinformação. Segundo ela, uma preocupação das autoridades eleitorais é o fato de algumas ferramentas estarem hospedadas fora do Brasil. — Estaremos sempre sujeitos a isso, porque não é apropriado (durante a campanha eleitoral) pedir cooperação internacional e a remoção desse conteúdo das ondas de rádio. O dano é inimaginável. Não importa o quanto você negue, o resultado da retratação nunca mais será o mesmo — declarou Neide.