A corrupção no Brasil e no DF já não é silenciosa

CPI da COVID 19, reabre os cofres da “face oculta” da corrupção praticada pelos altos comandantes e escalões dos governos Federal e Distrital.

A corrupção no Brasil e no DF já não é silenciosa

A corrupção no Brasil e no DF já não é silenciosa

Foto reprodução. Governador Ibaneis e o ex-secretario de saúde do DF Francisco Araújo (preso na operação "Falso Negativo"

 

*Fátima Souza

A semana que se finda com outros depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da COVID 19, reabre os cofres da “face oculta” da corrupção praticada pelos altos comandantes e escalões dos governos Federal e Distrital.

As relações público privadas perderam os limites de suas fronteiras. Os bens públicos passaram a servir ao enriquecimento ilícito, em redes orgânicas de corrupção. Mais que abuso de poder econômico em benefício próprio, familiar e entre “amigos”, a corrupção ruidosa mata, em passos galopantes, a alma das instituições e dos seus agentes. Ou seja, o ato ou efeito de corromper alguém com a finalidade de obter recursos, vantagens, benefícios ou poder em troca de contrapartidas e por meios de conchavos mediados em bares ou choperias, considerados ilegais ou ilícitos, provoca danos catastróficos, letais, irreparáveis à sociedade. Um desserviço ao Estado democrático de direito.

As revelações ou omissões dos depoentes na CPI, envergonham a toda a nação e trazem consigo efeitos gravíssimos. Pois a malversação, desvio de recursos públicos por meio de superfaturamento das compras de insumos estratégicos aos serviços públicos, tem causas e consequências diretas com o aumento da pobreza, desemprego, fome, diminuição nos investimentos na educação, ciência, tecnologia, e na saúde, atingida na jugular.

Ao desviarem as finalidades típicas de Estado em proteger a saúde e vida das pessoas, todos os corruptos deveriam ser julgados e punidos severamente. Além da punição, deveria ser possível, que as instituições educacionais, movimentos sociais, organizações civis em parceria, disseminassem outra cultura ética e assumissem compromissos com a correta prestação do serviço público e com o uso do nosso dinheiro, embora tenhamos consciência que não é um grande desafio eliminar as várias dimensões da corrupção, tanto as silenciosas como as escancaradas.

Todavia, é imprescindível que se promovam ações públicas mais severas e que se alinhem estratégias de transparência (accountability), fiscalizações e controle dos conselhos setoriais, prestações de contas aos órgãos de controle, mas, principalmente, ao povo que delegou aos agentes públicos algumas responsabilidades, entre elas, administrar seus patrimônios. O Sistema Único de Saúde (SUS) é o melhor exemplo para o momento.

O SUS não foi criado por governos, nem por partidos, mas sim, pelos diversos movimentos sociais. A maior política pública do mundo que, depois de 33 anos de sua implantação, apesar do desfinanciamento crônico, ainda assim salvou muita gente ao longo dessas décadas. E hoje, diante da maior pandemia da história da saúde pública, segue vital para evitar mais genocídios.

O recente depoimento do ex-presidiário e ex-secretário de Saúde, revela uma corrupção escandalosa, nojenta, recheada de crimes contra a saúde pública. Revela um jogo de palavras que visa, nada mais que o confundimento da população diante das câmeras abertas do Senado Federal.

Passou da hora de eliminar dos espaços públicos e privados a cultura do tal “jeitinho brasileiro”. Essa é a semente podre das ervas daninhas que ampliam os vírus em ambientes de pessoas que naturalizam sonegação de impostos, furtar sinal de TV a cabo, furar a fila, usurpar o trabalho do outro, falsificar currículos, plagiar teses, descumprir acordos, desconstruir a imagem uns dos outros e por aí vai. A lista das corrupções silenciosas ou escancaradas é grande, e precisa ficar na página das tristes épocas de um tempo sombrio que teremos que lembrar sempre, para que não se repita.