“Dino no STF dará a Lula um poder que presidente algum jamais teve”, diz jornalista
“Dino no STF dará a Lula um poder que presidente algum jamais teve”, diz jornalista
“Até as cadeiras que acomodam as nádegas golpistas do bolsonarismo e da mídia sabem“, avalia Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, ao explicar o motivo dos ataques ao ministro da Justiça e Segurança Pública
Até as cadeiras que acomodam as nádegas golpistas do bolsonarismo e da mídia sabem que Flávio Dino no STF dará a Lula um poder que presidente algum jamais teve e, o que é pior (para eles), será um entrave a eventuais aventuras golpistas como o impeachment de Dilma ou a prisão de Lula.
O presidente tem hoje quatro ministros do STF alinhados consigo: Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Cristiano Zanin. Flávio Dino seria o quinto. E, com essa configuração, o presidente teria uma turma inteira do Supremo.
E que não venham dizer que Lula não deve querer ter ministros do STF “seus”; todos os presidentes tentam ter. FHC nomeou o advogado-geral da União, Gilmar Mendes, e um procurador-geral da República que ficou OITO ANOS no cargo, Geraldo Brindeiro, o eterno engavetador-geral da República que, sob a batuta de Gilmar, blindou seu governo.
Bolsonaro dizia, explicitamente, que, com Kassio Nunes Marques e André Mendonça, tinha “vinte por cento do STF”. O comportamento deles comprova isso — pelo menos até aqui…
Lula, hoje, tem, digamos, 40% do STF com Gilmar, Moraes, Toffoli e Zanin. Ah, Eduardo, mas Toffoli não apoia Lula. Conversa. Ele absolveu José Dirceu no julgamento do mensalão e deu o habeas corpus preventivo para Lula em 2018.
A prisão de Lula ocorreu graças a essa configuração do STF: votaram a favor de conceder habeas corpus para evitar prisão: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello; votaram contra: Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luiz Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
Fux, Fachin, Barroso, Rosa e Cármen formavam a tropa de choque da Lava Jato no STF. Moraes era independente. Ao lado de Rosa e Cármen, agiam de boa-fé e quando explodiu a Vaza Jato mudaram de lado, absolveram Lula e condenaram Moro. Mas Fux, Fachin, Barroso e Cármen não são aliados de Lula e podem mudar de lado facilmente. Nunes Marques e Mendonça AINDA são bolsonaristas — não se sabe até quando.
Seja como for, Moraes, Gilmar e Toffoli estão próximos de Lula hoje. Os dois primeiros são tão alinhados a ele quanto Zanin. Ou mais. E Toffoli tenta refazer as pontes.
As mesmas cadeiras que acomodam nádegas golpistas também sabem que as 71 convocações de Flávio Dino pela Câmara dos Deputados e a matéria criminosa do Estadão e a repercussão igualmente criminosa da mídia à tentativa de vincular o ministro da Justiça ao crime organizado se devem ao pavor que o bolsonarismo e mídia têm da força que Lula irá ganhar se tiver cinco ministros alinhados consigo no STF.
E, de novo, por favor, vamos deixar de hipocrisia: enquanto presidentes nomearem ministros do STF, haverá ministros alinhados e ministros “independentes”, ou seja, que podem embarcar em aventuras como o impeachment de Dilma, modelo de golpe que volta a ser ameaça a um presidente petista.
Lula tem cerca de duas dezenas de pedidos de impeachment protocolados na Câmara e qualquer um deles pode ser aceito a qualquer hora pelo presidente da Casa. Lira é fiel até a página 2 e não se sabe quem o sucederá em 2025.
Lula só precisará ter ao seu lado mais um ministro do STF para barrar um eventual pedido de impeachment. Poderá contar com 5 ministros assim que nomear o próximo. E o STF é a única força que pode impedir novo golpe parlamentar no Brasil.
A aceitação de um pedido de impeachment de Lula por motivo fútil como o usado contra Dilma pode ser facilmente anulado pelo Supremo e é por isso que ele nomeará Flávio Dino para o STF. Além de Dino, Zanin, Moraes, Gilmar e Toffoli, poderia contar com Nunes Marques, que vem piscando para o presidente.