COVID MUDOU VIDA E MORTE NO BRASIL

COVID MUDOU VIDA E MORTE NO BRASIL

=igualdades

COVID MUDOU VIDA E MORTE NO BRASIL

Amanda Gorziza e Renata Buono 

 

Quase dois anos depois do início da pandemia, o Brasil vive novo pico de casos da doença que já matou mais de 690 mil pessoas no país. A Covid também mudou o perfil da morte no Brasil.

Em 2021, a taxa de mortalidade foi a maior da década, atingindo 8,5 óbitos para cada mil habitantes. Pela primeira vez desde 2010, doenças infecciosas e parasitárias, no qual entra a Covid, foram o principal motivo das óbitos no Brasil, ultrapassando doenças do aparelho circulatório. A expectativa de vida do brasileiro diminuiu 2 anos e 7 meses na pandemia. O =igualdades desta semana faz um perfil da mudança de óbitos com a Covid.

A taxa de mortalidade do Brasil foi de 8,5 óbitos para cada mil habitantes em 2021, a maior registrada desde 2010. Em anos anteriores, a taxa estava estável, cerca de 6 a cada mil, com exceção de 2020, quando aumentou para 7,4 com o início da pandemia da Covid. Portanto, o índice de mortalidade, obtido a partir do número de óbitos dividido pela população, aumentou 42% entre 2019 e 2021. 

De 2010 a 2019, o crescimento médio anual de mortes era estável, cerca de 1% ao ano. Em 2020, houve um aumento de 15% nos óbitos em relação ao ano anterior, e, em 2021, de 17%.

 

No ano passado, foram registrados mais casos e mortes (14,6 milhões e 420,3 mil, respectivamente) pela Covid do que em 2020 (7,7 milhões e 212,7 mil). Entretanto, a taxa de letalidade, ou seja, o percentual de óbitos em pessoas com a doença, atingiu 7 a cada 100 mil habitantes. 

A Covid também gerou mudanças nas principais causas de óbitos no Brasil. Antes da pandemia, as doenças infecciosas e parasitárias, que incluem a Covid, eram responsáveis por menos de 5% do total de óbitos no país. Já em 2020, com a crise sanitária instalada, o número de mortes nessa categoria aumentou para 17%, e depois atingiu 27% em 2021. Entre 2010 e 2019, as duas principais causas das mortes de brasileiros foram por doenças do aparelho circulatório e neoplasias, como tumores. Já na pandemia, as doenças infecciosas e parasitárias passaram na frente como principal causa dos óbitos no país. 

A pandemia também gerou uma mudança estrutural nos indicadores de mortalidade por grupo de idade. Em 2019, 33,6 mil mortes de idosos com mais de 60 anos foram em decorrência de alguma doença infecciosa ou parasitária. Já em 2020, subiu para 196 mil óbitos no mesmo grupo etário. Em 2021, aumentou para 308,6 mil óbitos, sendo que 270,6 mil foram por Covid.

 

A maior taxa de letalidade (7%) ocorreu na 18ª semana epidemiológica de 2020 (26 de abril e 2 de maio). Depois, a taxa se estabilizou em 2,9% a partir da 32ª semana epidemiológica (8 a 14 de agosto) de 2021. Segundo o analista do IBGE, nas semanas epidemiológicas que contém os feriados do Natal e Ano Novo, houve redução do diagnóstico de Covid, pois as pessoas procuraram menos o atendimento de saúde, e também houve uma diminuição nos registros de óbitos.

Com as mortes geradas pela pandemia, diminuiu também a expectativa de vida do brasileiro. Em 2019, vivia-se, em média, 75,3 anos. Em 2021, diminuiu 2 anos e 7 meses, completando 72,8 anos, segundo projeções da ONU.


Fontes: Síntese de Indicadores Sociais (IBGE) e World Population Prospects 2022 (ONU)

 

Amanda Gorziza (siga @amandalcgorziza no Twitter)

Estagiária de jornalismo na piauí

Renata Buono (siga @revistapiaui no Twitter)

É designer e diretora do estúdio BuonoDisegno