Queda de ociosidade com produção menor reflete redução do parque industrial, diz Oreiro
Queda de ociosidade com produção menor reflete redução do parque industrial, diz Oreiro
Por Hora do Povo
José Luis Oreiro. Foto: Reprodução/TV Senado
“Nível de utilização da capacidade produtiva da indústria de transformação em julho de 2024 é o mais alto em 11 anos, embora a produção industrial esteja 14,3% abaixo do pico histórico em maio de 2011″, destaca o professor da UnB. Para ele, a única explicação é a “destruição de capacidade produtiva da indústria brasileira”
O economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), afirma que a única explicação plausível para o nível recorde do uso da capacidade instalada da indústria de transformação em julho deste ano, divulgado pelo IBGE, é a “destruição de capacidade produtiva da indústria brasileira”, desses últimos 13 anos.
Segundo Oreiro, essa destruição da capacidade produtiva, ocorre “em função da nefasta política de juros altos e câmbio sobrevalorizado, que assolam o Brasil desde o Plano Real”.
Em julho, o Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci) ficou em 83,4%, sendo o maior pico desde maio de 2011, época em que o indicador ficou nos 83,6%, segundo dados apurados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que foram divulgados pelo Valor Econômico, nesta quarta-feira (21).
Já o nível de estoques ficou em 96,2 pontos no sétimo mês deste ano, sendo o volume mais baixo desde março de 2022 (95,5 pontos). De acordo com o Valor Econômico, as projeções por economistas indicam uma expansão de 2% a 3% da produção da indústria em 2024, após a alta de 0,1% em 2023.
Para Oreiro, a “matéria no Valor Econômico de hoje (21/08/2024) mostra que o nível de utilização da capacidade produtiva da indústria de transformação em julho de 2024 é o mais alto em 11 anos, embora a produção industrial esteja 14,3% abaixo do pico histórico em maio de 2011″.
“Esta destruição da capacidade produtiva ocorre em função da nefasta política de juros altos e câmbio sobrevalorizado, que assolam o Brasil desde o Plano Real”
“A única explicação possível é que ao longo desses últimos 13 anos ocorreu ‘capital scrapping’, ou seja, destruição de capacidade produtiva da indústria brasileira em função de investimentos inferiores à necessidade de reposição da depreciação do estoque de capital”, ressalta o economista.
“Essa é a consequência nefasta da política de juros altos e câmbio sobrevalorizado que assola o Brasil desde o Plano Real”, critica. “É preciso colocar os preços macroeconômicos no lugar, ou, então, nenhuma política industrial irá reverter a desindustrialização prematura da economia brasileira”, alerta o professor do departamento de economia da UnB.