Objetivo do BC é recessão e desemprego

Objetivo do BC é recessão e desemprego

Objetivo do BC é recessão e desemprego

 Por   

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“… o conjunto de indicadores da atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom”, diz o trecho do Copom

Estribado em um dogma envelhecido e já superado em boa parte do mundo – de que a elevação dos juros é instrumento de combate a qualquer tipo de inflação, o Banco Central, com a decisão tomada na quarta-feira (3), de manter a mais alta taxa de juro real do mundo, mostra que está irredutível em sua intenção de desaquecer ainda mais a já estrangulada economia do Brasil.

E este objetivo, de desaquecer a economia e elevar o desemprego, ficou explicitado no comunicado divulgado na noite desta quarta-feira (3). “Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom, ainda que exibindo maior resiliência no mercado de trabalho”, diz o trecho, claramente recessivo do documento.

“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom, ainda que exibindo maior resiliência no mercado de trabalho”

Em audiência realizada no Senado Federal no último dia 27 de abril, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Josué de Castro, alertou o BC para a gravidade do estrangulamento da indústria pelo custo do capital, e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, confrontou o presidente do BC perguntando “se nós não temos uma inflação de oferta, onde é que está a demanda?”

 

“Com a taxa Selic de 13,75%, juro real de 8,1%, a indústria está tomando crédito a 30% no mercado. Não tem nenhuma atividade empresarial, industrial, que tenha capacidade de enfrentar uma situação dessa”, afirmou Robson Braga. “Porque as nossas empresas, presidente Roberto Campos”, seguiu Robson Andrade, “estão sofrendo muito com uma demanda fraca. Nós estamos vendo aí setores que têm passado por diversas dificuldades”.

Josué Gomes afirmou, por sua vez, que “com a perenidade dos juros altos, temos assistido ao empobrecimento em nosso país”. “A Selic apresenta taxa real de 8%. Sinto dizer que não há negócio em condições de concorrência capaz de fazer frente a tamanho custo de capital”, denunciou o presidente da FIESP.

Mas, o trecho do comunicado do Banco Central, reproduzido acima, deixa claro que o objetivo de Campos Neto com a manutenção da Selic em 13,75% é a desaceleração da economia. “(..) A atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom”, diz o comunicado. E mais, reclama da resiliência do emprego. Ou seja, expõe, sem peias, que quer e busca, com sua política de juros altos, mais recessão e mais desemprego.