Notícias do domingo 22-10-2023

Notícias do domingo 22-10-2023

RESUMO DE DOMINGO - 22/10/2023 - 1ª parte

Edição de Chico Bruno

Manchetes dos jornais do domingo 22-10-2023


 
Valor Econômico – Não circula hoje

FOLHA DE S.PAULO – Cidades são suspeitas de ter alunos fantasmas por verbas

O GLOBO – Argentinos vão às urnas em busca de saída para a crise social histórica

O ESTADO DE S.PAULO – Argentina escolhe quem tentará tirar o país de crise permanente; libertário Javier Milei é favorito 

CORREIO BRAZILIENSE – Ônibus irregular foge de fiscais e provoca tragédia 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

Só se vê por aqui - Dezenas de cidades do país podem estar recebendo mais recursos públicos do que deveriam por meio de matrículas fantasmas em cursos de EJA (Ensino de Jovem e Adulto). A suspeita é que os municípios aumentaram artificialmente o número de estudantes nesta etapa para conseguir mais verbas federais. A Folha identificou 108 cidades que tiveram grande variação na quantidade de matrículas no programa de 2021 a 2022 e que informaram ter mais de 10% da sua população na modalidade. Uma delas é Novo Triunfo (BA), que tem 10.660 habitantes e 2.151 matrículas no EJA, ou seja, 20% da sua população. Um salto em relação a 2020, quando tinha 30 alunos na modalidade. Com isso, elevou sua verba para uma projeção de R$ 30,4 milhões, o que representa cerca de metade das receitas do município. Já a cidade alagoana de Maravilha tem um terço de sua população inscrita no EJA, de acordo com os registro oficiais —3.071 pessoas de um tota de 9.500 habitantes. De acordo com relatos colhidos na cidade, todos na condição de anonimato, muitos dos alunos não assistiram a nenhuma aula. A Secretaria de Educação da cidade paga uma bolsa para estimular a permanência no EJA e organizou o sorteio de três motos no início do ano passado para estimular a população a informar nome e CPF, passos necessários para a matrícula no programa. O sorteio não foi realizado novamente em 2023 e com isso o número de matrículas caiu para 1.500 este ano, em números preliminares. O Ministério da Educação afirma que investiga as denúncias. 

Hermanos vão às urnas - Em uma das piores crises econômicas e sociais de sua História, a Argentina vai às urnas neste domingo (22) diante de três projetos totalmente diferentes para tentar salvar o país. E, embora pesquisas apontem a dianteira do candidato de ultra-liberal Javier Milei, especialistas, observadores e até a população preferem evitar cravar um resultado: se o “outsider anarcocapitalista” leva no primeiro turno ou se será necessária uma segunda votação em 19 de novembro — e quem seguirá na disputa. Milei surfa em frases polêmicas, em falas que nem sempre retratam a realidade, e ganha força no desespero do povo que teme uma crise ainda pior do que a de 2001 — quando foram confiscados depósitos bancários, decretado o calote da dívida pública e a taxa de pobreza superou 50% — hoje está em 41%. Seus eleitores querem partir para o tudo ou nada. Mas muitos admitem que Milei assusta, e que o futuro da Argentina, que está em jogo como nunca antes desde a volta da democracia, em 1983, é incerto. E aí reside a força do peronista Sergio Massa, ministro da Economia do governo de Alberto Fernandéz, e Patricia Bullrich, representante da direita tradicional que não logrou sucesso na gestão de Mauricio Macri.

Tragédia no DF - Ao menos seis pessoas morreram em acidente provocado por motorista de ônibus irregular na BR-070. O veículo vinha do Maranhão com 32 passageiros rumo a Brasília. A cerca de 30 km da capital federal, o motorista foi parado em um posto da Polícia Rodoviária Federal. Ao verificar irregularidades na documentação e pneus carecas, os agentes pediram ao condutor que se dirigisse ao terminal rodoviário de Taguatinga, para o desembarque dos passageiros. Durante o percurso, o motorista tentou fugir da escolta policial e saiu em disparada pela rodovia. Nas proximidades de Ceilândia, perdeu o controle do ônibus. O responsável pelo acidente foi levado para a 17ª Delegacia de Polícia de Taguatinga.
[08:45, 22/10/2023] Celso Tesoureiro Ppl Sp: RESUMO DE DOMINGO - 22/10/2023 - 2ª parte

No Cairo, Vieira acusa conselho de “paralisia” - O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, considera que a “paralisia” do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tem trazido “consequências prejudiciais para a segurança e a vida de milhões de pessoas”. A crítica foi feita, ontem, na Cúpula Internacional para a Paz, no Cairo, que reuniu representantes de 30 países, além de organizações internacionais — como as Nações Unidas, a União Europeia, a União Africana e a Liga dos Países Árabes. A reunião serviu para tentar uma solução para o conflito entre Israel e o Hamas e mitigar a grave crise humanitária na Faixa de Gaza. A posição manifestada pelo chanceler brasileiro foi entendida como um desabafo ao fato de os Estados Unidos terem derrubado, na quarta-feira, um acordo para o conflito costurado pelo Brasil — que contou com o apoio de 12 países, entre eles França e China, que têm assento permanente no conselho e poder de veto. Na votação, Rússia e Reino Unido se abstiveram. Vieira também reforçou a posição do Itamaraty de condenar o ataque terrorista do Hamas e de cobrar uma ação de Israel para evitar a escalada da crise humanitária. “O governo brasileiro rejeita e condena, inequivocamente, os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas. Cidadãos brasileiros estão entre as vítimas, três deles foram assassinados. Como muitos outros países, o Brasil também tem cidadãos à espera de serem evacuados de  Gaza, enquanto observamos com alarme a deterioração da situação humanitária na região. Israel, como potência ocupante, tem responsabilidades no âmbito dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário. Estas devem ser cumpridas em qualquer circunstância”, cobrou.

Relação que pouco se altera - Os argentinos voltam às urnas, hoje, para escolher o futuro presidente do país em uma apertada corrida eleitoral disputada pelo ultra-direitista Javier Milei, a direitista Patricia Bullrich e o governista Sergio Massa. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se jogou de cabeça na campanha do ministro da Economia do governo de Alberto Fernández e gostaria de vê-lo vencedor, mas não teria problemas em lidar com a ex-ministra da Segurança do ex-presidente Maurício Macri. O problema é se Milei, cujas ideias e palavras são consideradas no mínimo chocantes pelo Palácio do Planalto, for o próximo ocupante da Casa Rosada a partir de 10 de dezembro. Analistas ouvidos pelo Correio, porém, não compartilham da preocupação manifestada pelo governo brasileiro — tal como fez o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que em recente entrevista expressou incômodo com a eventual vitória de Milei. Para os especialistas, a relação com a Argentina está consolidada e dificilmente haverá uma guinada de 180°. “As relações, agora, estão guiadas pelos princípios diplomáticos, que não enxergam ou não priorizam, exatamente, a ideologia partidária do governante”, argumenta Volgane Carvalho, mestre em Direito pela Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Visão semelhante é compartilhada por Nicholas Borges, analista político da BMJ Consultores Associados. Para ele, a vitória de Milei — ou até mesmo de Bullrich — poderia tornar as relações entre os dois países apenas mais pragmática. Ele lembra que isso não é inédito e cita o exemplo recente de Alberto Fernández com o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Eles tinham esse distanciamento político e ideológico muito claro e trocavam farpas constantemente. Mas, no campo político, nas negociações internacionais, era uma relação sempre levada a cabo pelos técnicos, pelos respectivos chanceleres”, explica. 

Ajufe: arapongagem da Abin é “atentado” a juízes - A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) classificou como “atentado à independência entre os Poderes da República” e uma “violação às prerrogativas da magistratura” o monitoramento clandestino de agentes públicos feito pela Agência Brasileira de Inteligência. O caso veio à tona sexta-feira, com a deflagração da Operação Última Milha pela Polícia Federal (PF). Segundo as investigações, a Abin espionou, durante o governo de Jair Bolsonaro, possíveis desafetos do ex-presidente — como ministros de tribunais superiores, juízes, jornalistas e servidores. Segundo a nota, “a Ajufe recebe com bastante preocupação os atos sobre uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar clandestinamente agentes públicos, especialmente no âmbito do Poder Judiciário, durante quase quatro anos. Se confirmadas as informações, trata-se de grave atentado à independência entre os Poderes da República e uma violação às prerrogativas da magistratura. Agrava ao fato, ainda, o monitoramento ter sido promovido por um órgão de governo”.

De volta ao jogo - A semana em Brasília começa com a volta dos principais articuladores do Congresso Nacional ao país. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que está na China, retorna aos trabalhos no Brasil na segunda-feira e deve dar andamento a propostas de extremo interesse do Executivo. O parlamentar, que tem sido um importante aliado do governo Lula, deve usar a votação do projeto que taxa offshores e fundos exclusivos como temperatura para a reforma tributária — que ainda não tem consenso entre congressistas, prefeitos e entidades. 

Outros articuladores - Na comitiva brasileira à China também estão os líderes partidários Zeca Dirceu (PT), André Figueiredo (PDT), Fábio Macedo (Podemos), Elmar Nascimento (União Brasil) e Luís Tibé (Avante), além do presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-China na Câmara, Daniel Almeida. 

Mais tempo - Entre os parlamentares, há o entendimento de que a votação do projeto das offshores — prevista para esta semana — deve ser adiada por pelo menos mais uma semana. Alguns pontos do texto continuam sendo discutidos e o governo teme perder nessa questão. Recentemente, o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), relator da matéria, se reuniu com a bancada ruralista em busca de apoio. 

Reforma tributária para 2024 - Já a reforma tributária deve ser concluída apenas no ano que vem. O tema é de suma importância para os prefeitos, que seguem divididos em dois blocos: das grandes cidades e as pequenas — que estão no guarda-chuva da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Por outro lado, os parlamentares estão mais preocupados com os prazos, já que o fim de ano se aproxima e as Casas ainda devem votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) antes do recesso. 

Sabatina se aproxima - A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado marcou para a manhã de quartafeira as sabatinas dos três escolhidos para as vagas de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A advogada Daniela Teixeira e os desembargadores José Afrânio Vilela e Teodoro Silva Santos foram indicados pelo presidente Lula para as cadeiras na Corte. Daniela Teixeira é a primeira brasiliense a integrar a lista sêxtupla para a vaga destinada à advocacia no STJ. 

Sem homeschooling - O ministro Alexandre de Moraes, do STF, manteve decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) que julgou inconstitucionais dispositivos de lei estadual que previam a possibilidade de ensino domiciliar, o chamado homeschooling. O magistrado destacou que o ensino em casa não é um direito público subjetivo do aluno ou de sua família, pois essa modalidade não existe na legislação federal.

“Educação só se constrói com diálogo e cooperação” - O ministro da Educação, Camilo Santana, tem como meta nos próximos quatro anos reestruturar o ministério e melhorar a qualidade do ensino no país. Para isso, a estratégia do engenheiro e ex-governador do Ceará é baseada em um tripé: a alfabetização, a escola em tempo integral e a conectividade. Nesses eixos, uma série de ações estão sendo desenhadas como melhorar a qualificação dos professores, regular os cursos superiores no formato EAD (Ensino à Distância), aumentar a alfabetização de crianças até o 2º ano do Fundamental, oferecer internet em todas escolas públicas do país, entre outras. Um dos pontos fundamentais nesse processo é a formação de professores. “A licenciatura não pode ser 100% a distância. Tem que ter uma parte presencial”, afirma o ministro, em entrevista concedida ao Correio em seu gabinete, no 9º andar do Bloco L, na Esplanada dos Ministérios. Segundo servidores da pasta, a sala está bem mais clara do que antes, pois uma película escura que cobria as janelas foi retirada. A luz voltou ao MEC. Camilo Santana está entre os ministros mais bem avaliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Evita falar sobre as próximas eleições gerais. Garante que seu objetivo é deixar uma marca como chefe da pasta que ele considera “a mais importante do país".

Os cotados para assumir EBC - Três nomes despontam como favoritos para presidir a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) após a demissão de Hélio Doyle por repostar textos contra Israel: Ricardo Zamora, adjunto da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Antonia Pellegrino, diretora de Programação da emissora, e Jean Lima, atual interino no cargo. Doyle foi demitido na última quarta-feira (18) após compartilhar em redes sociais publicações críticas a apoiadores de Israel. O Palácio do Planalto avaliou que a permanência dele se tornou insustentável pelas suas postagens, em meio ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. 

Aposta do PT - O PT está apostando alto na conferência eleitoral que promoverá em Brasília nos dias 8 e 9 de dezembro, que deve ser a maior da história do partido. Devem comparecer de 1.000 a 1.500 candidatos a prefeituras pelo Brasil, além de postulantes a mandatos de vereadores. A abertura terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Haverá seis plenários funcionando simultaneamente, discutindo temas como estratégia de comunicação, elaboração de programa de governo e realizações do governo federal nos municípios. Após chegar ao fundo do poço em 2020, o partido quer multiplicar o número de prefeitos. A diretriz é que 2024 será a antessala da eleição presidencial de 2026.

PP e Republicanos discutem formar federação - As cúpulas de PP e Republicanos começaram a discutir a possibilidade de formar uma federação partidária. Segundo a Folha apurou, as conversas ainda estão em fase inicial, mas cardeais das legendas se reuniram para tratar do tema nas últimas semanas. A união entre os dois partidos poderia criar uma bancada de 90 deputados na Câmara, ficando atrás apenas do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, que atualmente tem 98 cadeiras na Casa. No Senado, a federação reuniria 10 representantes. Os principais expoentes no PP e no Republicanos são o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, respectivamente. Os presidentes do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), se encontraram há cerca de três semanas e conversaram sobre a ideia de retomar as negociações para a federação. Ainda não há um novo encontro previsto para tratar do assunto.

Lula faz exames antes de voltar a despachar do Planalto - Um dia depois de fazer sua primeira aparição pública após passar por uma cirurgia em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ontem submetido a radiografias de quadril no Hospital Siriolibanês, em Brasília. Segundo sua equipe médica, o procedimento faz parte da rotina de revisão pós-operatória. A expectativa é que Lula volte a despachar do Palácio do Planalto já na próxima semana. Seu retorno ao trabalho na sede do Executivo foi anunciado pelo próprio presidente nesta sexta-feira, em transmissão pela internet, ao lado da primeira-dama, Janja da Silva.

PF investiga se Abin monitorou Wyllys e outros alvos - A Polícia Federal investiga se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou a localização de celulares do ex-deputado federal Jean Wyllys, de um servidor da área de tecnologia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de caminhoneiros. Há ainda a suspeita de que foram feitas vigilâncias durante as eleições municipais e em regiões próximas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), além de áreas nobres em Brasília e no Rio de Janeiro. Como O GLOBO revelou em março deste ano, a Abin utilizou durante o governo de Jair Bolsonaro um sistema secreto com capacidade de monitorar, sem autorização judicial, os passos de até 10 mil pessoas por ano. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a localização registrada a partir da conexão de rede do aparelho. A ferramenta, chamada "First Mile", foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência. Ao analisar os cerca de 1.800 acessos feitos pela Abin na ferramenta — um número que a PF considera ser apenas um extrato das consultas de fato realizadas no programa —, investigadores descobriram que um contato relacionado ao ex-deputado Jean Wyllys foi monitorado. No início de 2019, o ex-parlamentar optou por não assumir o novo mandato como deputado federal para o qual tinha sido eleito. Decidiu morar no exterior, segundo ele, após receber uma série de ameaças no Brasil. Jean Wyllys fez oposição pública ao clã Bolsonaro e colecionou embates judicias com os filhos do ex-presidente.

O espião que sabe demais - Homem de confiança da chefia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Maurício Fortunato é considerado por colegas como um “espião à moda antiga”. Ex-integrante do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de arapongagem da ditadura, ele galgou posições de destaque em diferentes governos ao se especializar em operações de vigilância. Seguia à risca a missão de monitorar estrangeiros infiltrados no Brasil e ameaças terroristas na América Latina. Ao longo da carreira, envolveu-se em atritos e em episódios polêmicos. O mais recente deles veio à tona na sexta-feira, quando foi afastado da cúpula da agência por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Fortunato é alvo de uma investigação da Polícia Federal e suspeito de comandar a área que, sob o governo de Jair Bolsonaro, rastreava a localização de celulares. Como revelou O GLOBO em março, a Abin utilizou um sistema secreto com capacidade de monitorar, sem autorização judicial, os passos de até 10 mil pessoas por ano. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a localização registrada a partir da conexão de rede do aparelho. A ferramenta israelense, chamada “First Mile”, era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência, comandada à época por Fortunato. Intimado a prestar depoimento à PF, o oficial que ocupava o posto de número 3 da Abin ficou em silêncio na sexta-feira passada. Não deu explicações sobre o sistema de espionagem nem sobre os US$ 170 mil em dinheiro vivo apreendidos em sua residência durante a operação policial. A pessoas próximas, porém, se justificou dizendo que nunca operou o programa secreto e que sequer tinha a senha de acesso ao First Mile. Pessoas que trabalharam com Fortunato garantem que ele tinha conhecimento de como funcionava a ferramenta. 

Inelegível, Bolsonaro prepara Jair Renan e quer Michelle no Senado - Com três dos seus cinco filhos na política, o ex-presidente Jair Bolsonaro vai tentar expandir a presença de seu sobrenome nos Legislativos do país: ele trabalha para lançar mais integrantes da família em disputas eleitorais nos próximos anos. A estratégia tem como objetivo manter o clã em evidência mesmo diante da condenação que o tornou inelegível, o que o impede de concorrer até 2030. Um dos nomes que deve aparecer nas urnas eletrônicas pela primeira vez no ano que vem é o de Jair Renan Bolsonaro, segundo filho mais novo do ex-presidente. Aos 25 anos, ele vem sendo preparado pelo pai para disputar uma vaga de vereador em Balneário Camboriú (SC), cidade onde passou a morar desde que ganhou um cargo no gabinete do senador Jorge Seif (PL-SC), ex-secretário de Pesca do governo passado. O próprio Bolsonaro tem se engajado em torná-lo um candidato viável, submetendo o filho a “provas orais” com questionamentos relacionados a Santa Catarina e à política nacional. Na avaliação do pai, Jair Renan só entrará na disputa, como candidato do PL, caso tenha condições de concorrer ao cargo sem o risco de virar “chacota” de adversários. Outra figura que se prepara para buscar uma vaga no Legislativo é a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que deve tentar uma cadeira no Senado pelo Distrito Federal em 2026. Após ganhar um cargo no PL Mulher, Michelle tem percorrido o país em eventos nos quais defende uma maior participação feminina na política. Internamente, Michelle tem sido vista hoje no PL como um dos principais nomes da direita para 2026. A aliados, Bolsonaro aposta que a mulher replicará o “fenômeno Damares”, visto em 2022, quando a ex-ministra dos Direitos Humanos conquistou a vaga ao Senado pelo Republicanos e passou a ser uma importante cabo eleitoral para as demais candidaturas da direita no segundo turno das eleições. Os planos da família Bolsonaro também incluem levar o “02”, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), para Brasília. Vereador do Rio de Janeiro desde 2001, a ideia é que Carlos se  eleja no ano que vem para a Câmara Municipal e, dois anos depois, dispute uma cadeira de deputado federal. O vereador, que está em seu sexto mandato no Legislativo municipal, já declarou ter optado por não ser candidato à Câmara em 2018 para poder se dedicar à campanha do pai, da qual comandou a estratégia digital. Já em 2022, não podia concorrer por veto da lei, que proíbe candidaturas de parentes do presidente da República, com exceção de reeleição no mesmo cargo.

Pauta anti-STF supera temas morais em ataques à Corte - Há um ano e meio, o senador Magno Malta (PL-ES) usava as redes sociais para atacar Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “Esse presidente do Senado é uma vergonha”, esbravejou em março de 2022. Na época, o presidente do Senado entrou na mira de bolsonaristas por barrar pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, o mesmo Malta adota tom mais cordial ao se referir ao colega. No início do mês, postou foto ao lado de um sorridente Pacheco para falar que o mineiro defende a criação de mandato para ministros da Corte. Em setembro, ele já havia afirmado que o presidente do Senado “merece respeito de todo o Brasil”, por apresentar uma proposta de proibição do porte de qualquer tipo de droga. A mudança exemplifica o realinhamento ocorrido também no debate digital. Levantamento do Instituto Democracia em Xeque a pedido do GLOBO mostra que a agenda anti-STF do Congresso mobilizou mais ataques ao tribunal pelo campo da direita no Facebook, no último mês, do que pautas morais, como a descriminalização do aborto. Além disso, foi o principal assunto do segmento na mesma rede e no Instagram nas postagens que mencionam a Corte e seus ministros. Já a esquerda, neste período, saiu em defesa da atuação dos magistrados e exaltou decisões como a rejeição à tese do marco temporal e as primeiras condenações relacionadas ao 8 de janeiro. A análise, feita pelos pesquisadores Ana Julia Bernardi, Alexsander Dugno Chiodi e Tiago Borges da Silva, partiu de 33 mil publicações com maior impacto digital no Facebook, no Instagram e no YouTube, entre 13 de setembro e 13 de outubro. As postagens de bolsonaristas sobre o Judiciário mapeadas geraram quase 36 milhões de interações nas três plataformas. Já os perfis da esquerda geraram um terço desse total no número de reações a conteúdos que citam a Corte (11,1 milhões).

Ordem na casa - A um ano das eleições municipais, partidos vêm convivendo com rachas internos que levaram à intervenção de caciques políticos na tentativa de aplacar disputas nas maiores cidades do país. A movimentação, que vai do PT ao PL passando por siglas do Centrão, é mais intensa na base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, grupo que inclui ministros e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e que busca pavimentar palanques mirando as eleições majoritárias de 2026. 

Do PT ao PL - Em paralelo às articulações para retornar à presidência do Senado em 2025, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) tenta construir uma ampla aliança, que vai do PT ao PL, para eleger o irmão, Josiel, à prefeitura de Macapá no ano que vem. A eleição é vista por lideranças locais como uma revanche de 2020, quando o irmão de Alcolumbre foi derrotado no segundo turno pelo atual prefeito, Dr. Furlan (Podemos), em um contexto de desgaste causado ao senador por um apagão no Amapá às vésperas daquele pleito. Alcolumbre, à época, era aliado próximo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), o que o tornou alvo de adversários ao citarem o episódio causado por falhas em linhas de transmissão de energia federais. Embora depois tenha se afastado de Bolsonaro, o senador mantém relação próxima com o deputado federal Vinicius Gurgel (PL-AP), que comanda o partido no estado. Gurgel é um dos integrantes da bancada do PL criticados por bolsonaristas por votarem alinhados ao governo Lula (PT). O senador também conta com o apoio do PT, cujo presidente do diretório estadual, o ex-deputado Antônio Nogueira, faz parte do seu grupo político. Josiel, atual presidente do conselho do Sebrae no Amapá, avalia que a proximidade com o governo federal é importante para sua candidatura, mas que não considera “vantajoso” nacionalizar a campanha municipal. — Não podemos disputar eleição majoritária sem um arco de alianças amplo. Os partidos serem base do governo (Lula) não é preponderante, desde que a aliança seja benéfica localmente — afirmou Josiel.