Notícias de domingo - 24/11/2024 

Notícias de domingo - 24/11/2024 

Notícias de domingo - 24/11/2024 

Edição de Chico Bruno

 

Reportagem de capa 

 

ISTOÉ: A diabólica trama de mortes para garantir Bolsonaro no poder

 

Após ser indiciado pela Polícia Federal junto a outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do caso. “Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, declarou Bolsonaro.

 

Manchetes dos jornai

 

O ESTADO DE S.PAULO – COP-29 aprova US$ 300 bi por ano para financiamento climático

 

O GLOBO – Defasagem salarial das mulheres cai devagar um ano após lei

 

FOLHA DE S.PAULO –  65% dos brasileirosdefendem a proibição de bets, diz Datafolha

 

CORREIO BRAZILIENSE –  Bolsonaro e Braga Netto negam golpe

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

 

Finalmente - Após dificuldades de negociação e até a descrença de que um acordo poderia ser obtido, a Cúpula do Clima deste ano (COP-29) chegou a um acordo a respeito da nova meta de financiamento climático, a ser paga com “liderança” dos países ricos aos em desenvolvimento. O montante deve ser de ao menos US$ 300 bilhões (cerca de R$1,74 trilhão) até 2035, embora estudos apontem que essas nações precisem de US$ 1,3 trilhão (R$ 7,5 trilhões). O tema era o principal da conferência desse ano, chamada informalmente de “COP das Finanças”. A COP estava marcada para ocorrer de 11 a 22 de novembro, mas seu encerramento foi postergado diante da dificuldade para obter consenso quanto ao financiamento climático. A decisão foi recebida com aplausos. A aprovação ocorreu em uma sessão plenária na madrugada deste domingo, 24, em Baku, capital do Azerbaijão. Embora aprovado pela cúpula, o acordo foi criticado por diversos países durante a plenária, especialmente em desenvolvimento, tais como Cuba, Índia, Peru e Chile, mas também ricos, como Canadá. Parte dos críticos foram muito aplaudidos, mais do que a decisão em si.

 

Igualdade - A lei de igualdade salarial entre homens e mulheres completa um ano com resultados que confirmam a dificuldade em reduzir a disparidade de ganhos entre gêneros. De acordo com estudo exclusivo da Fundação Getúlio Vargas, as trabalhadoras ainda tem salários médios R$ 660 inferiores aos de seus pares, considerando os mesmos cargos. O levantamento, porém, indica nos primeiros empregos a paridade tende a caminhar mais rapidamente: o salário das mulheres mais jovens foi o que mais cresceu entre os trabalhadores formais entre 2022 e 2023.

 

Maioria - Quase dois a cada três brasileiros com 18 anos ou mais defendem a proibição das apostas esportivas na internet, nos sites chamados de bets, mostra pesquisa Datafolha. O número sobe para 78% quando a questão se restringe aos caça-níqueis online, como o jogo do tigrinho, mantidos nos mesmos endereços da web. A rejeição às bets é maior entre mulheres (68%) do que entre homens (61%). A faixa etária também altera a percepção dos brasileiros sobre as apostas esportivas. As apostas esportivas foram legalizadas por lei sancionada no último mês do governo de Michel Temer (MDB), em dezembro de 2018. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chancelou a regularidade dos jogos online por meio de portaria baixada em junho deste ano. A atividade regulada terá início no próximo dia 1º de janeiro. Sete em cada dez (71%) entrevistados manifestam oposição à veiculação de anúncios das chamadas bets, enquanto 17% são favoráveis. Outros 7% declararam-se indiferentes, e 4% não opinaram.

 

Negação - Indiciados e personagens centrais do inquérito sobre um suposto plano de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Walter Braga Netto se manifestaram, ontem, contra a operação da Polícia Federal. O ex-chefe do Planalto chamou o inquérito de “chifre em cabeça de cavalo”. Ele ironizou e atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes. “Uma coisa absurda essa história do golpe. Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Pelo amor de Deus”, disse. “É uma piada essa PF do Alexandre de Moraes”, acrescentou. Braga Netto rechaçou a acusação  e afirmou que “nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém”. O subprocurador do MP junto ao TCU, Lucas Furtado, pediu a suspensão do pagamento de salário de Bolsonaro (capitão reformado) e de outros militares indiciados.

 

Kid preto depõe - A Polícia Federal ouvirá, na terça-feira, o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo por suposto envolvimento na articulação de um plano para assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB). Preso desde a semana passada, ele é citado pela investigação como um dos integrantes dos “Kids pretos”. Segundo a PF, o grupo  previa a execução de lideranças políticas e a criação de um gabinete golpista. Bezerra está preso no Rio de Janeiro e é o único alvo da Operação Contragolpe que não aparece como indiciado no relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

 

STM negou pedidos contra Moraes -  O Superior Tribunal Militar (STM) recebeu uma profusão de processos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos últimos meses do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando ele já havia sido derrotado nas eleições de 2022. A Corte é o órgão de cúpula da Justiça Militar e não tem competência para julgar ministros do STF, mas apoiadores de Bolsonaro vêm buscando — sem sucesso — “driblar” o impedimento. Pelo menos uma das ações foi protocolada em nome do ex-presidente, sem o consentimento dele. Entre processos, como habeas corpus e notícias-crime, e recursos, foram pelo menos 20 ofensivas contra o ministro. Os processos vêm sendo sistematicamente rejeitados, sem análise de mérito, porque fogem ao escopo de atuação da Justiça Militar. Os ministros reconhecem que a matéria é “estranha” à competência do STM.  As ações contestam decisões de Alexandre de Moraes e algumas chegaram a pedir a prisão do ministro alegando que ele abusou da autoridade, submeteu bolsonaristas a constrangimento ilegal e cometeu crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social.

 

 Bolsonaro pressiona PL e segura Tarcísio em SP - O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou com integrantes do PL que vai até o fim numa candidatura presidencial. Ainda que esteja inelegível e indiciado na tentativa de golpe de Estado, continuará percorrendo o país em eventos partidários, independentemente dos inquéritos a que responde. Se for preso, pretende fazer tal e qual Lula, em 2018: lançar um nome que possa representá-lo nessa empreitada. A ideia é manter ocupada a cadeira de pré-candidato do PL e seu eleitorado unido. Assim, se for o caso, na última hora, poderá sacar o nome de Eduardo Bolsonaro para concorrer ao Planalto. O filho 03, pré-candidato ao Senado por São Paulo, é o que tem menos arestas para essa disputa e faz política no maior colégio eleitoral do país. É também o que tem mais  ligações com o futuro governo de Donald Trump, nos Estados Unidos. Com o ex-presidente insistindo em ser candidato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), volta-se ao projeto da reeleição. Enquanto Bolsonaro não abrir mão dessa candidatura, nem ele e nem outros potenciais concorrentes citados como opções do bolsonarismo arriscam carreira-solo. Está nesse rol a senadora Tereza Cristina (PP-MT). Da mesma forma que Lula tentou sufocar nomes da esquerda em 2022 e juntou todos sob o seu comando, Bolsonaro se manterá candidato para tentar fazer o mesmo com os candidatos que podem surgir no seu campo e tirar um filho do coldre. Esses são os planos A e B e já estão em curso.

 

Coronel contesta investigação da PF  - Diretor do CGERD (Curso de Gestão de Recursos de Defesa) da Escola Superior de Guerra, Anderson Freire Barboza postou em um grupo que as eleições de 2022 "foram roubadas", chamou o presidente Lula de ladrão e contestou a veracidade da investigação da Polícia Federal sobre a trama golpista. Procurado, Barboza confirma que fez a publicação. "Trata-se de um desabafo, pois os militares que conheço entre os 37 citados são profissionais extremamente competentes, o que naturalmente gera um sentimento de tristeza", diz.

 

Bolsonaro terá benefício em prescrição de crimes - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) completará 70 anos em março de 2025 e a partir daí cairão pela metade os prazos de prescrição dos crimes de que é acusado, caso eventuais condenações ocorram após ele ultrapassar essa idade. Na investigação em que Bolsonaro foi indiciado sob a acusação de participar da trama de um golpe de Estado, outros dois principais investigados já têm mais de 70 anos e também se beneficiarão na mesma hipótese: o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Para a Polícia Federal, as apurações mostraram a prática dos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e organização criminosa.

 

Regras do jogo - Sob o impacto de novas revelações sobre um plano para um golpe de Estado após a eleição de 2022 e do ataque a bomba na Praça dos Três Poderes, o Supremo Tribunal Federal (STF) começa a analisar na quarta-feira três ações que tratam de regras para redes sociais e a responsabilidade delas por conteúdos publicados. O julgamento foi marcado antes da conclusão do inquérito que concluiu que houve uma trama golpista, que contou com um núcleo de “desinformação e ataques ao sistema eleitoral”. Os envolvidos, segundo a investigação, teriam usado plataformas como canal para insuflar essa ofensiva. A análise desse caso pelo STF já havia sido adiada duas vezes para aguardar uma resposta que viesse do Congresso, o que não ocorreu. A avaliação na Corte é que a situação chegou a um limite e que é necessário evidenciar a responsabilidade das redes em situações como ataques à democracia. Por ser um tema tratado em três processos, com relatores diferentes e uma lista grande de sustentações orais, a expectativa é que o fim do julgamento fique para o ano que vem. Há também a possibilidade de algum ministro pedir vista, ou seja, mais tempo para analisar as ações. O início da discussão no STF, porém, é considerado um marco importante.

 

Conspiração no Alavorada - ‘‘Sai todo mundo”, disse Jair Bolsonaro para os poucos auxiliares que o acompanhavam na biblioteca do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, no início da noite daquele domingo, 30 de outubro de 2022. As únicas vozes que se ouviam no local ressoavam da TV. Dela, era possível ouvir a notícia de que, com mais de 90% das urnas apuradas, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno já podia ser dada como certa. Meia hora antes, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do então presidente, já havia jogado a toalha. Sentado à mesa, fazendo contas no celular, vaticinara que a eleição estava perdida. No grupo de WhatsApp de ministros do governo, era possível ler o aviso de Mauro Cid, então ajudante de ordens: ninguém deveria aparecer por lá. Os dias seguintes seriam marcados pela reclusão de Bolsonaro. Embora evitasse dar declaração pública logo após a sua derrota nas urnas, o ex-capitão do Exército não estava em silêncio nos bastidores. 

 

'A novidade nesta onda de golpismo é que tem havido investigação' - Notório pesquisador da História política brasileira e da ditadura militar, o professor da UFRJ Carlos Fico afirma que nunca houve no país, até 2022, um plano para matar o presidente eleito no contexto de um golpe de Estado. Outro ineditismo no caso que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas, diz, é o próprio fato de estar havendo investigação.

 

O equilibrista - O deputado Hugo Motta, em ascensão para a presidência da Câmara, equilibra-se entre interesses divergentes, agradando tanto governistas quanto bolsonaristas. Com trajetória política marcada pela família e pelo apoio de Lira, busca evitar associações com a herança de Cunha. Sua atuação parlamentar é destacada, embora haja questionamentos sobre a destinação de recursos para sua cidade natal, Patos. Motta enfrenta desafios para conciliar diferentes demandas, mantendo seu perfil conciliador e buscando apoio tanto local quanto nacional.

 

Bancada insatisfeita com ‘ingratidão’ -  Indiciado pela terceira vez pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 21, desta vez por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro (PL) recebeu uma defesa morna de alguns de seus principais aliados. Por trás das declarações públicas atacando as investigações sob a batuta do ministro Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes está uma insatisfação da bancada federal com o ex-presidente. A mobilização em torno de Bolsonaro foi considerada por um de seus aliados como protocolar, “para fingir que se importam”. No X (antigo Twitter), 23 dos 93 deputados federais do PL (25%) criticaram o indiciamento nas 24 horas seguintes à divulgação do caso, alguns deles de forma genérica, sem nem mencionar Bolsonaro. No Instagram, a taxa é superior: 43 deles (46%) publicaram algum tipo de apoio ao aliado. O descontentamento desses aliados se põe sobre dois principais motivos. Um deles é a “ingratidão” com que definem o tratamento dado por Bolsonaro em retribuição às demonstrações de lealdade nos últimos anos. O outro, a preferência do ex-presidente a candidatos do Centrão em detrimento de “bolsonaristas raiz” nas articulações das eleições municipais. O tom usado por parlamentares do PL sobre o ex-presidente vem mudando se comparado com a postura adotada durante o governo Bolsonaro (2019-2022), de profunda deferência. Parlamentares relataram ao Estadão, em anonimato, que falta reciprocidade de Bolsonaro na hora de defender seus aliados acossados por investigações, o que tira deles disposição para ombrear o líder em momentos como os mais recentes.

 

As expectativas de servidores do BC com Galípolo - São grandes as expectativas dos servidores do Banco Central com o futuro presidente da instituição, o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. Em especial, obviamente, sobre o destino da Proposta de Emenda à Constituição que concede autonomia financeira, orçamentária e administrativa à autoridade monetária. A PEC 65 subiu de vez no telhado do Senado este ano e o funcionalismo da instituição aposta que o futuro presidente do BC não fará movimentos para retomar a pauta em 2025. Embora Galípolo, assim como toda a diretoria colegiada do BC, tenha se pronunciado publicamente a favor da PEC, está claro dentro do banco que o diretor de política monetária não defende a proposta com o mesmo entusiasmo do atual presidente, Roberto Campos Neto.