NOTICIAS DE DOMINGO, 16/07/2023
NOTICIAS DE DOMINGO, 16/07/2023
Edição de Chico Bruno
Manchetes dos jornais
Valor Econômico – Não circula hoje
FOLHA DE S.PAULO – Projeção de população pelo Censo pressiona Câmara por redesenho
O GLOBO – Empresas mergulham na IA e demandam profissionais
O ESTADO DE S.PAULO – Facilidade faz com que brasileiro envie recorde de dinheiro ao exterior
CORREIO BRAZILIENSE – Com Lira, Lula vence no Congresso
Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia
Nova Câmara - As novas estimativas de população dos estados, divulgadas há duas semanas na prévia do Censo 2022, devem pressionar a Câmara dos Deputados a recalcular a divisão do número de cadeiras por estado para as eleições de 2026. Projeção realizada a pedido da Folha pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) aponta para mudanças na atual distribuição das 513 cadeiras das Câmara, com perdas de vagas em sete estados e ganhos em outros sete. O Rio de Janeiro lideraria a perda de assentos na Câmara, caindo de 46 para 42 vagas. Bahia, Rio Grande do Sul, Piauí e Paraíba perderiam 2 vagas cada um. Já os estados de Pernambuco e de Alagoas teriam menos 1 cadeira na Câmara. Por outro lado, as bancadas de Santa Catarina e Pará cresceriam, com mais 4 vagas para cada estado. O Amazonas ganharia mais 2 vagas, enquanto Minas Gerais, Ceará, Goiás e Mato Grosso teriam um assento a mais cada. Os demais estados e o Distrito Federal manteriam o mesmo número de vagas. A Constituição Federal determina que a representação na Câmara dos Deputados deve ser proporcional à população de cada estado. Mas os constituintes definiram o mínimo de 8 e o máximo de 70 deputados por unidade da federação. O número de cadeiras por estado, contudo, não é alterado desde dezembro de 1993, ano em que ocorreu o último redesenho das vagas na Câmara a partir da aprovação de uma lei complementar. Não houve atualização do tamanho das bancadas a partir dos dados dos Censos de 2000 e 2010.
IA e força de trabalho - Se a popularização de sistemas de inteligência artificial (IA) generativa., como o ChatGPT, gera temor de corte de vagas, por outro lado ela aumenta a demanda por profissionais capazes de usar essas feramentas para aumentar a produtividade em tarefas cotidianas dos negócios. Em meio à corrida global pela IA, empresas começam a testar a inovação e contratam profissionais com habilidades aplicá-la, em diferentes setores, do campo à saúde. Nos próximos três anos, R$ 69 bilhões devem ser investidos em IA no Brasil, 20% do aporte total em tecnologia no país.
Dinheiro no exterior - O brasileiro nunca enviou tanto dinheiro para o exterior, aproveitando a facilidade das novas contas em dólar e euro e com a ampliação da busca por investimentos lá fora. Segundo dados do Banco Central, só em 2022, US$ 4,7 bilhões (R$ 22,5 bilhões) foram mandados por pessoas físicas para outros países. O número representa um salto de 22% em relação a 2021 e de 63% em relação a 2019. E o número continua alto este ano: no primeiro trimestre, foram mais de US$ 1 bilhão (R$ 4,8 bilhões) enviados ao exterior, patamar próximo ao do ano passado. Esse crescimento reflete um movimento que tem se intensificado no País nos últimos anos, facilitado pela tecnologia, pelos avanços trazidos pelas fintechs e também por uma legislação mais amigável. Se antes enviar recursos para um parente estudando no exterior, por exemplo, era uma tarefa cheia de burocracia, isso hoje está ao alcance de alguns toques no celular. Já são várias as instituições financeiras, de todos os portes, que oferecem contas em moeda estrangeira, que facilitam esse tipo de operação — e de muitas outras. Para quem vai viajar ao exterior, também ficou muito mais fácil comprar a moeda aos poucos, aproveitando cada momento favorável, e ir deixando na conta — já que nem é mais necessário se deslocar até uma casa de câmbio. Além disso, as contas em moeda estrangeira trazem o benefício da compra da moeda pelo câmbio comercial, e não pelo turismo. Mas boa parte desse dinheiro enviado ao exterior tem ido também para investimentos. São pessoas buscando a segurança de uma moeda mais estável. E, se antes esse era um movimento restrito às pessoas muito ricas, dada a dificuldade e a burocracia de se fazer essas aplicações, isso hoje está aberto a praticamente qualquer pessoa.
Dupla imbatível - Depois de aprovar pautas importantes como a reforma tributária, arcabouço fiscal e a MP da Esplanada, o governo fecha o primeiro semestre com vitórias em votações estratégicas no Legislativo, principalmente graças às articulações do presidente da Câmara. Na oposição, o senador Rogério Marinho ganha protagonismo.
RESUMO DE DOMINGO, 15/07/2023 - 2ª parte
Moraes e família são hostilizados em aeroporto de Roma - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e familiares foram hostilizados na sexta-feira (14) por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma. A Polícia Federal foi acionada e instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da abordagem, ocorrida pouco depois das 18h no horário local. O órgão também investiga uma possível agressão a um filho do ministro. Os responsáveis dirigiram ao integrante do Supremo e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) expressões como "bandido", "comunista" e "comprado", segundo informações colhidas pelos investigadores. O STF informou que não se manifestará sobre o caso. O empresário Roberto Mantovani Filho, 71, um dos alvos da apuração da PF, disse à Folha aguardar um comunicado oficial sobre a acusação que pesa contra ele e familiares para detalharem suas versões. Mantovani afirmou que avistou Moraes no aeroporto, mas que não falou com ele. "O que eu posso falar para você é que eu vi realmente o ministro. Ele estava sentado em uma sala, mas eu não dirigi nenhuma palavra a ele", disse. Segundo a TV Globo, Mantovani chegou a atingir um golpe no rosto do filho de Moraes, cujos óculos caíram no chão devido ao impacto. Questionado pela Folha, o empresário não comentou. A PF apura também a participação da esposa dele (Andreia Munarão), do filho (Giovanni Mantovani) e do genro (Alex Zanatta Bignotto) dele no episódio. O empresário afirmou ainda que, como estava acompanhado das duas netas, de 4 e 2 anos, ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, preferiu não conversar com uma delegada da PF na madrugada deste sábado (15), deixando para comparecer à corporação posteriormente. Moraes participou na Itália de um fórum internacional de direito realizado na Universidade de Siena. Ele compôs mesa no painel Justiça Constitucional e Democracia, da qual participou ainda o ministro André Ramos Tavares, integrante também do TSE. O ministro da Justiça, Flávio Dino, repudiou a hostilidade a Moraes. Por meio de uma publicação também em rede social, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se solidarizou com Moraes e familiares. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou de "inaceitável" que se use o argumento de liberdade de expressão para agredir, ofender e desrespeitar autoridades constituídas. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, cobrou punição. Ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), o senador Sergio Moro (Podemos-PR) disse que nada justifica ataques ou abordagens pessoais agressivas contra ministros do STF ou seus familiares. O senador Rogério Marinho (PL-RN), também integrante da gestão Bolsonaro, afirmou que "a intimidação e a violência física não são instrumentos da luta política".
Origens do suposto abressor - Apontado como um dos agressores do filho do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes (STF), o empresário Roberto Mantovani Filho já foi candidato a prefeito pelo PL, partido que atualmente abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro. O suspeito se candidatou pela cidade de Santa Bárbara d ́Oeste, no interior de São Paulo, no ano de 2004, mas perdeu as eleições.
Lula falará de inteligência artificial em Bruxelas - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu que falará de inteligência artificial em seu discurso na terceira cúpula UE-Celac, formada por líderes de União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos. O petista embarca para Bruxelas neste domingo (16) e deve discursar à cúpula na segunda-feira (17). Entre outros temas, Lula deve falar dos benefícios e também dos grandes riscos relacionados à inteligência artificial, com potencial de dano à democracia, aos direitos humanos, aos empregos e à segurança internacional. Com o discurso, Lula fará coro a posicionamentos e iniciativas que têm sugerido um arranjo internacional para mitigar ou eliminar esses riscos. Em junho, o Parlamento Europeu aprovou um projeto para regulamentar o uso de inteligência artificial na União Europeia. A norma aprovada regulamentará a IA de acordo com o nível de risco: quanto maior for considerado para os direitos, ou para a saúde das pessoas, por exemplo, maiores serão as obrigações dos sistemas tecnológicos.
Presidente de fundo de desenvolvimento agrícola da ONU vai se reunir com Lula - O presidente do Fida (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), Álvaro Lario, se reúne na próxima semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir novos investimentos voltados ao combate à pobreza e à insegurança alimentar em áreas rurais, principalmente no semiárido nordestino. Lario também deve se encontrar com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Também estão previstas reuniões com os governadores do Consórcio do Nordeste. O Fida, sediado em Roma (Itália), é uma agência da ONU que busca financiar investimentos para combater as desigualdades rurais e para fortalecer a agricultura familiar. Somados às contrapartidas de governos e cofinanciadores, os recursos do fundo devem ultrapassar R$ 4,4 bilhões.
Banco disponibiliza R$ 200 milhões para veículos elétricos - O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai disponibilizar R$ 200 milhões para infraestrutura e mobilidade sustentável no âmbito do programa Rota 2030, criado pelo governo federal em 2018 para apoiar o desenvolvimento tecnológico, a competividade, a inovação, a eficiência energética e a qualidade de automóveis. Os recursos são não reembolsáveis e deverão ser destinados a investimentos na produção de carros híbridos, ônibus elétricos e produtos relacionados. BNDES também estuda um projeto para criação de uma linha de crédito para empresas que produzam ou tenham interesse em produzir ônibus elétricos no Brasil. O banco tem mostrado crescimento nos desembolsos para a indústria. No primeiro semestre de 2023, o desembolso foi de R$ 4,7 bilhões ante R$ 3,4 bilhões no ano passado (crescimento de 38%), sem contar financiamento de exportações. Com elas no cálculo, a diferença foi de R$ R$ 7,4 bilhões, em 2023, contra 5,6 bilhões, em 2022 (variação de 32%).
PT admite ceder espaço ao centrão - Integrantes da cúpula do PT admitem que o partido ou aliados próximos do presidente Lula terão de ceder espaço no governo para concretizar acordo com o centrão e ampliar a base aliada no Congresso. Petistas reconhecem que, em prol da governabilidade, a sigla precisará "cortar na própria carne", mas atuam para blindar pastas consideradas estratégicas, como Saúde e Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família —principal vitrine social de Lula. O centrão, grupo liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), apresentou uma fatura de dois ministérios e o comando de estatais para o presidente viabilizar a aprovação de projetos estruturais na Câmara e consolidar votos de partidos como PP e Republicanos.
Wyllys chama Leite de gay homofóbico e governador rebate: 'deprimente' - O ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) chamou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de "gay com homofobia" ao criticar a decisão do líder do executivo gaúcho de manter as escolas cívico-militares no estado. "Que governadores héteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas um gay?", questionou, em comentário no Twitter. Wyllys deverá ocupar um cargo na Secretaria de Comunicação do governo Lula. O ex-deputado, que voltou ao Brasil quatro anos após deixar o país e desistir do seu terceiro mandato na Câmara em meio a ameaças, também disse que gays "com homofobia internalizada desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes". Leite rebateu afirmando que a manifestação do ex-deputado foi deprimente e cheia de preconceito. "Em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância", disse. "Eu lamento a sua ignorância", completou o presidente nacional do PSDB. "Deprimente é tentativa de pinkwashing", respondeu Wyllys, citando o movimento de apropriação dos temas da comunidade LGBTQIA+ para a venda de produtos e serviços por empresas que não têm histórico de apoio à causa ou proximidade com esse público. A gestão Lula (PT) extinguiu, nesta semana, o programa federal de fomento a escolas cívico-militares, uma bandeira do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Presidente eleito quer que Brasil abra arquivos sobre a Guerra do Paraguai - O presidente recém-eleito do Paraguai, Santiago Peña, que toma posse daqui a um mês, defendeu neste sábado (15) a abertura dos arquivos da Guerra do Paraguai pelo Brasil e a devolução de equipamentos militares que estariam hoje em museus brasileiros. Questionado se fará um pedido formal, disse que não quer "reescrever a história". "Não tenho ressentimentos, ódio ou raiva, mas acho que seria bom. Adoraria ter esse tipo de conversa com o presidente Lula, mas de uma forma positiva, não com uma reclamação." Peña argumenta que seria bom não só para o Paraguai, mas para o Brasil entender o que ocorreu. O conflito militar, considerado o maior da história da América Latina, ocorreu de 1864 a 1870 e opôs a Tríplice Aliança de Brasil, Argentina e Uruguai ao Paraguai. O paraguaio levantou ele próprio a questão em conversa com jornalistas no final de sua visita de cinco dias a Taipé, capital da ilha de Taiwan. O economista de 44 anos, que foi ministro da Fazenda e professor da Universidade Católica de Assunção, viaja neste domingo para tomar posse no dia 15 de agosto.
Papa Francisco convida duas brasileiras para participar do Sínodo dos Bispos - O movimento do papa Francisco de aproximar a sociedade civil das discussões da Igreja Católica abriu as portas para duas mulheres negras do Brasil, convidadas pelo pontífice para participar da primeira etapa global do atual sínodo, em outubro, no Vaticano. Tradicionalmente, apenas bispos participam dos sínodos. Sob a batuta de Francisco, agora as mulheres ganham espaço mais relevante. Sônia Gomes de Oliveira, 54, líder do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, e Maria Cristina dos Anjos, 61, assessora de migração da Cáritas, fazem parte da lista dos 70 católicos —35 mulheres e 35 homens— escolhidos pelo próprio pontífice para integrarem o encontro. As brasileiras, mulheres negras e do estado de Minas Gerais, têm ampla atuação em projetos sociais ligados à Igreja Católica no Brasil e serão observadoras na reunião, tendo espaço também para falas.
Lula garante que Moser não será substituída - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou claramente à ministra Ana Moser que ela não deixará o comando do Esporte. A pasta vem sendo cobiçada por partidos do Centrão. Como mostrou O GLOBO, o Republicanos chegou a apresentar o nome do deputado federal Silvio Costa Filho (PE) para o cargo. O GLOBO apurou que, durante a reunião entre Lula e a ministra no Palácio do Planalto, na última terça-feira, toda vez que Ana Moser tentava entrar no tema sobre os boatos de sua eventual saída da Esplanada, Lula repetia para ela "não se preocupar": — Não se preocupe e continue trabalhando, porque você tem muita coisa a fazer pelo esporte no Brasil — disse Lula em uma das vezes. Ana Moser é uma escolha pessoal de Lula para a pasta do Esporte. Tem respaldo entre os atletas e recebeu de Lula a missão de trabalhar para que o Brasil sedie a Copa Feminina de Futebol. Nesta segunda-feira, a ministra viaja para acompanhar a Copa do Mundo de futebol feminino na Austrália e na Nova Zelândia.
EBC muda regra e abre margem para ampliar loteamento político - A diretoria executiva da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) decidiu na semana passada aumentar o número de cargos que podem ser preenchidos por indicações políticas. A partir de agora, apenas metade das funções comissionadas da estatal terá que, obrigatoriamente, ser ocupada por funcionários concursados. Antes, a regra previa que 70% destes postos seriam reservados aos servidores, e o restante poderia ficar com pessoas de fora. Em nota conjunta, o Sindicato dos Jornalistas e a Comissão de Empregados da estatal afirmam que a medida é considerada “autoritária” e criticam a possibilidade de “loteamento em larga escala”. Segundo eles, os concursados garantem a “estabilidade necessária” para se contraporem, se preciso for, a tentativas de aparelhamento da empresa, “como vimos ao longo dos últimos anos, com consequência quase catastróficas para a democracia”. Hoje, a empresa pública tem 1.500 funcionários e 421 cargos comissionados — com salários que vão de R$ 7,5 mil (assistente) a R$ 26,2 mil (superintendente). A EBC foi criada em 2007, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de fomentar a comunicação pública no país, mas passou a ser alvo de críticas de aparelhamento político. Sob Jair Bolsonaro, chegou a ser incluída nos planos de privatização. Em vez de ser vendida, teve postos-chave ocupados por militares e foi alvo de denúncias por uso de suas emissoras de TV (TV Brasil 1 e 2)para promover a imagem pessoal do então titular do Palácio do Planalto. Hélio Doyle, atual presidente da EBC, afirmou que a empresa está negociando um novo acordo com os funcionários e que não está certo se essa proporção dos cargos será mantida. Segundo ele, a média estipulada pela empresa seria mais “conveniente” neste momento. — Na verdade, sem acordo em vigor, poderíamos fazer 100% a 0%, mas achamos 50% a 50% mais conveniente — afirmou. Doyle afirma ainda que a EBC levou em consideração que essa configuração é a normalmente adotada em administrações públicas e ressaltou que a decisão de agora não significa algo definitivo. Ele diz ainda ter dificuldade de preencher alguns cargos apenas com concursados.
'Às vezes, tem fogo amigo, o que eu não vivia na Bahia' - Depois de concluir dois mandatos no governo da Bahia com alto índice de aprovação, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, escolhido por Lula para o cargo mais importante do Palácio do Planalto, admite que a experiência de comandar uma equipe ministerial tem sido mais desafiadora e lamenta “eventual” fogo amigo que há em Brasília. Criticado por supostamente dificultar a relação com o Congresso ao travar liberação de emendas e nomeações, ele diz não participar diretamente da articulação política e avalia que a aprovação recente de medidas econômicas é prova do distensionamento da relação com o Parlamento. Em entrevista ao GLOBO, o ministro antecipa que o principal objetivo no segundo semestre será o lançamento do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) com ampliação do investimento em obras públicas, incentivando Parcerias Público Privada (PPPs) e concessões — mecanismos antes tratados como tabu por gestões do PT.
Governo prepara reformulação na Inteligência - O governo prepara uma reformulação na área de Inteligência após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinar mais agilidade na análise de informações e uma estrutura que reúna dados hoje distribuídos por diferentes instâncias da administração federal. Na sequência dos atos golpistas de 8 de janeiro, o petista já havia reclamado do setor. Agora, as mudanças vêm sendo capitaneadas pelo diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, chefe da Polícia Federal no segundo mandato de Lula.O governo prepara uma reformulação na área de Inteligência após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinar mais agilidade na análise de informações e uma estrutura que reúna dados hoje distribuídos por diferentes instâncias da administração federal. Na sequência dos atos golpistas de 8 de janeiro, o petista já havia reclamado do setor. Agora, as mudanças vêm sendo capitaneadas pelo diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, chefe da Polícia Federal no segundo mandato de Lula.O governo prepara uma reformulação na área de Inteligência após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinar mais agilidade na análise de informações e uma estrutura que reúna dados hoje distribuídos por diferentes instâncias da administração federal. Na sequência dos atos golpistas de 8 de janeiro, o petista já havia reclamado do setor. Agora, as mudanças vêm sendo capitaneadas pelo diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, chefe da Polícia Federal no segundo mandato de Lula. A leva incluirá a reestruturação do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), que engloba órgãos federais para a troca de informações, e a alteração do comitê central do colegiado. Uma das ideias é torná-lo mais enxuto, com os ministros da Justiça, Defesa e Relações Exteriores, além de assessores responsáveis pela Inteligência nas pastas. O grupo será responsável por juntar e refinar os dados que, a partir daí, serão levados pela Abin a Lula. Nas próximas semanas, o presidente receberá um modelo para aprovação. Hoje, o conselho tem representantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Marinha, Aeronáutica e Exército. A mudança, portanto, vai elevar a hierarquia, reduzindo o número de intermediários nas discussões — outro efeito será diluir a influência militar. — Aqui nós temos Inteligência de Exército, GSI, Abin, Marinha, Aeronáutica… A verdade é que nenhuma dessas Inteligências serviu para avisar o presidente da República que poderia ter acontecido isso — afirmou Lula em 18 de janeiro, dez dias após a ação golpista na Praça dos Três Poderes.
Base em 21 estados, União Brasil acumula atritos com governantes - Conhecido pela profusão de caciques e pela falta de unidade — empecilhos para o diálogo com o governo Lula (PT) —, o União Brasil também acumula conflitos internos e desentendimentos com governadores, mesmo sendo contabilizado na base em 21 dos 27 estados. Além da pressão por cargos, valendo-se do tamanho de suas bancadas, lideranças egressas dos extintos DEM e PSL disputam protagonismo em seus redutos após a fusão que deu origem ao União. Sem coesão, o partido já projeta novos entraves no relacionamento com o Palácio do Planalto após oficializar a nomeação do deputado Celso Sabino (União-PA) no Ministério do Turismo. Em São Paulo, onde integra a base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o União ameaça barrar pautas do governo na Assembleia Legislativa (Alesp) em meio a reclamações por espaço. Tarcísio resiste a entregar à sigla a presidência da Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano, pleiteada pelo grupo do vereador Milton Leite, influente no antigo DEM. O diretório estadual do partido está a cargo de Antonio Rueda, braço direito do presidente nacional da sigla, Luciano Bivar. Com influência além de São Paulo, Rueda também participa de conversas por cargos na gestão e, a interlocutores, sinaliza que a relação no estado pesará num eventual apoio do partido a uma candidatura presidencial de Tarcísio. No Rio, Rueda indicou postos no Detran e no Rioprevidência na gestão do governador Cláudio Castro (PL), além de ter conquistado a Secretaria de Habitação do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD). Sem emplacar suas próprias indicações, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, que presidia o diretório estadual do União, decidiu migrar para o Republicanos. Na briga com Rueda, e antes de deixar o cargo, ele autorizou a desfiliação de seis deputados do União Brasil. O caso está na Justiça Eleitoral. Tentativas do Planalto de contemplar lideranças do União para arregimentar apoios do partido esbarram em divisões regionais. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a ex-deputada Rose Modesto foi nomeada em maio para chefiar a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), em paralelo a uma disputa com a senadora Soraya Thronicke pelo diretório estadual. Irritada com a cúpula do partido, Thronicke se desfiliou e migrou para o Podemos, mas deixou um aliado na presidência estadual do União após uma batalha judicial. O governador Eduardo Riedel (PSDB) tenta manter boa relação com as duas alas. No Ceará, o governador Elmano de Freitas (PT) vem se aproximando de parlamentares do partido, sob resistência do ex-deputado Capitão Wagner (União-CE), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje sem mandato, Wagner se abrigou na gestão do prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, que o nomeou como secretário municipal de Saúde; sua mulher, a deputada federal Fernanda Pessoa (União-CE), é um dos nomes que se aproximam da gestão petista. — Dentro do União Brasil há diversas tendências. Alguns parlamentares são mais alinhados ao governo federal, outros são de oposição. O União saiu grande das urnas em 2022, atrás só de PT e PL, o que torna o partido importante tanto para alianças eleitorais quanto para garantir a governabilidade — avalia o senador Efraim Filho (União-PB).
CACs se articularam em atos contra democracia - Em novembro de 2021, um mês após emitir seu certificado de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC) junto ao Exército, George Washington de Oliveira Sousa percorreu quase 1.300 quilômetros de Xinguara, cidade no Sul do Pará onde morava, até Goiânia para comprar armas — e ficou animado com as ofertas que encontrou: “Dá para começar uma guerra, hein!”, escreveu a um amigo, em conversa obtida pela Polícia Civil do Distrito Federal. “Vamos precisar, viu? (...) Se roubarem a eleição do Bolsonaro, o Brasil vai entrar em uma guerra civil”, respondeu o interlocutor, um pecuarista com terras no Pará e réu por crimes ambientais. Pouco mais de um ano depois, em 24 de dezembro de 2022, George Washington foi preso por tentar plantar uma bomba nos arredores do Aeroporto de Brasília em represália à derrota de Bolsonaro nas urnas. Em sua caminhonete, a polícia apreendeu um fuzil, duas espingardas, dois revólveres, três pistolas e mais de 3 mil cartuchos de diferentes calibres — tudo registrado pelo Exército em seu nome. Em depoimento poucas horas após a prisão, Washington contou que, se o atentado fosse bem-sucedido, o armamento seria repassado “a outros CACs que estavam acampados no QG do Exército”. Documentos obtidos pelo GLOBO mostram como CACs se armaram e se associaram para golpear a democracia brasileira após as eleições de 2022. Mensagens extraídas de celulares, depoimentos de testemunhas e relatórios policiais revelam que integrantes da categoria planejaram atentados, participaram armados de bloqueios em rodovias, atiraram contra policiais e também estavam entre os manifestantes presos em Brasília após os ataques golpistas na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro. Em Rondônia, CACs armados fizeram bloqueios numa rodovia importante do estado e obrigaram comerciantes a fecharem seus estabelecimentos após a derrota de Bolsonaro. Testemunhas contaram ao Ministério Público que, nas semanas posteriores às eleições, Omar Roberto Sadeg, Alexandro Rosa de Miranda, Silvestre Silva Werling e Ronivon Dias Borges — todos atiradores esportivos certificados pelo Exército residentes em Colorado do Oeste, no Sul do estado — se juntaram para proibir o tráfego de veículos na BR-435, principal rota da produção agrícola da região.
Evangélicos pressionam por espaço no Republicanos - Influente no Republicanos desde a fundação do partido, a bancada ligada à Igreja Universal do Reino de Deus pressiona por espaços após ser espremida por outras alas da sigla, que incluem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e parlamentares alinhados ao Centrão. O incômodo com a perda de terreno de pastores, substituídos em diretórios estaduais como os do Rio, de São Paulo e de Minas neste ano, já foi relatado em conversas reservadas ao presidente nacional do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), que também é bispo da Universal.
A bancada política da igreja também ficou fora da negociação por cargos no governo Lula (PT). Cotado para o Ministério do Esporte, o deputado Silvio Costa Filho (PE) é aliado de Lula e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sem ligação com a igreja. Em outros governos, nomes da Universal foram os indicados a ministérios, como Marcelo Crivella, titular da Pesca na gestão Dilma, e o próprio Pereira, ministro da Indústria no governo Michel Temer. No partido, a avaliação é que lideranças atuais da igreja, como o bispo Renato Cardoso, foram enfáticos na sua oposição ao PT na campanha, o que dificulta uma conversa com a gestão Lula. Cardoso é genro do bispo Edir Macedo, fundador da Universal, que tinha interlocução com gestões petistas antes de apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. — Não fica bem para o partido essa eventual ida para um ministério. Temos nomes que não têm a ver com a igreja e não querem se aproximar de Lula — afirmou o deputado estadual Gilmaci Santos (SP). Na Bahia, o deputado federal Márcio Marinho, um dos poucos bispos da Universal que manteve o comando do seu diretório, tem se colocado como opção para compor a chapa do atual prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), que tentará a reeleição em 2024. No Rio, parlamentares ligados à Universal cobram apoio da nova direção, a cargo do prefeito de Belford Roxo, Waguinho, sob risco de esvaziar candidatos da sigla nas eleições municipais. O prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), que derrotou Crivella, em 2020, tem se aproximado de caciques da legenda.