Menos de 48h após oficialização de Hugo Motta, candidato de Lira consolida consenso
Menos de 48h após oficialização de Hugo Motta, candidato de Lira consolida consenso
JOTA já tinha apontado em junho que deputado do Republicanos poderia ser o candidato único do centrão
Beatriz Roscoe
Deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) / Crédito: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
A ideia do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de formar uma candidatura de “consenso” para a sua sucessão parece ter se concretizado. Após menos de 48h desde o anúncio oficial do apoio de Lira e o lançamento formal do nome de Hugo Motta (Republicanos-PB), o bloco em torno do favorito já reúne 324 parlamentares, com apoios formais de Republicanos, PP, PL, Federação PT, PC do B e PV, MDB e Podemos. A desistência de Elmar Nascimento (União-BA) é tida como certa e parece pouco provável que Antonio Brito (PSD-BA), candidato do partido de Gilberto Kassab, consiga levar sua pretensão até o final.
O JOTA tinha antecipado em junho que Hugo Motta era visto como o nome capaz de unir todas as forças que gravitaram nos últimos anos em torno de Lira. E em setembro, após o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, ter desistido e apontado o deputado paraibano como candidato do seu partido o JOTA destacou que a consolidação seria questão de tempo.
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Motta só virou candidato oficialmente na manhã de terça-feira (29/10), em evento realizado pelo seu partido. Antes da formalização, foi até a residência oficial da Câmara, onde Lira oficializou o apoio ao nome do deputado do Republicanos.
A partir daí, o parlamentar emendou uma sequência de reuniões com partidos que se transformou em uma corrida das legendas para quem lhe declararia apoio primeiro.
O ápice aconteceu na noite de quarta-feira, quando Motta estava reunido com o PT e o líder do PL, Altineu Côrtes, correu para a frente da sala para que a sigla de Jair Bolsonaro declarasse antes seu apoio. O líder do partido, Altineu Côrtes (PL-RJ) tomou o cuidado de pedir para os jornalistas virarem para o outro lado para evitar falar com um banner do PT ao fundo, registre-se. O anúncio improvisado do PL veio depois de uma “bronca” de Lira, após declaração anterior do partido de que teria adiado o anúncio de endosso a Motta.
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O apoio do partido de Lula sempre foi apontado pelo JOTA como decisivo para a disputa. O aval do presidente foi dado nesta quarta-feira e a bancada se reuniu com Motta na noite do mesmo dia apenas para discutir os termos da adesão — o partido deve ficar com a primeira-secretaria (que cuida da parte administrativa da Câmara) e a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O PL de Bolsonaro terá a primeira vice-presidência. O MDB também já aderiu à candidatura, quase simultaneamente.
Na quarta-feira, o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, se encontrou com o candidato de Lira e tenta convencer Elmar a desistir da disputa. União e PSD têm feito reuniões internas para debater o cenário — Elmar afirmou que irá a São Paulo se reunir com Kassab. Uma fonte próxima de Hugo Motta e ligada às negociações do bloco afirmou ao JOTA que os dirigentes dos dois partidos já acenaram ao candidato do Republicanos e devem compor com o bloco.
As eleições internas da Casa, marcadas para 1º de fevereiro, tendem a ser pouco imprevisíveis. E o Centrão deve se unificar, mais ou menos tarde.
Beatriz Roscoe
Repórter de Legislativo em Brasília. Jornalista formada pelo Centro Universitário de Brasília e Comunicóloga pela UnB com mobilidade na Universidade de Navarra, na Espanha. Antes, foi repórter e editora na cobertura dos Três Poderes em Correio Braziliense, Poder360 e Rádio CBN. Email: [email protected]