Manchetes de domingo 26/09/2021

Notícias copiladas dos maiores jornais e revistas do Brasil

Manchetes de domingo 26/09/2021

Edição: Chico Bruno

 

Manchetes de domingo 26/09/2021

Notícias copiladas dos maiores jornais e revistas do Brasil

FOLHA DE S. PAULO – Com pandemia, mortes por causa mal definida saltam 30%

 

Mortes por causas mal definidas cresceram 30% em 2020, ano marcado pela pandemia da Covid, indicam dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde compilados por Fatima Marinho, médica epidemiologista e especialista sênior da Vital Strategies. Para especialistas, esses dados indicam uma subnotificação de óbitos da Covid-19, que oficialmente se aproximam de 600 mil no Brasil. Ao todo, foram registrados 97.436 óbitos desse tipo no país em 2020, contra 74.972 em 2019. Isso representaria 11,5% dos 194.976 mortos brasileiros por Covid no ano passado, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa. "Geralmente as mortes no domicílio, quando são mal definidas, ocorrem na população mais pobre, que não teve acesso a médico ou estava sem assistência médica nos dias que antecederam o falecimento", afirma Marinho. São tidas como indefinidas mortes em casa ou em equipamento de saúde decorrentes de sintomas desconhecidos e também por parada cardiorrespiratória, insuficiência respiratória aguda e SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) sem uma causa específica.

 

O ESTADO DE S.PAULO – Gabinete do ódio dribla cerco judicial e adota novas redes sociais

 

Aliados radicais de Jair Bolsonaro estão driblando restrições impostas por STF e TSE para manter influência na internet. Integrantes do gabinete do ódio – grupo que atua no Palácio do Planalto –, parlamentares e assessores do governo abriram contas no aplicativo Tik Tok e incentivam a migração de seguidores para o Telegram, rede de mensagens instantâneas ainda incipiente no controle de notícias falsas. Somente o clã Bolsonaro conta com um milhão de seguidores no Telegram, aplicativo que, diferentemente do WhatsApp, não impõe limite para a redistribuição de mensagens. Bolsonaro e seus filhos já receberam punições das principais plataformas de redes sociais, como Twitter e Facebook, por divulgar mensagens inapropriadas. O assessor especial da Presidência Tércio Arnaud teve páginas apócrifas excluídas do Facebook e migrou para Telegram e Tik Tok. Sob a chefia de Carlos Bolsonaro, ele integra o gabinete do ódio, grupo que conta com os também assessores José Matheus Sales e Mateus Diniz.

 

CORREIO BRAZILIENSE – O sufoco das famílias para manter as contas em dia

 

A inflação em disparada, puxada pelos preços dos combustíveis, pela conta de luz e pelos alimentos, tem obrigado as famílias a fazerem malabarismos com o orçamento doméstico. Muitas já tiraram produtos essenciais dos carrinhos do supermercado para evitar dívidas. Especialistas dizem que é preciso bastante disciplina e pesquisa. Também indicam o consumo consciente de combustíveis e energia elétrica. No entender desses analistas, não há perspectivas de alívio na carestia %u2014 pelo menos até o primeiro trimestre de 2022, ano de eleições %u2014, mesmo com o aumento dos juros. Um dos motivos para esse pessimismo é a alta do dólar por causa da crise política. A moeda norte-americana está entranhada na economia brasileira, do café da manhã às viagens de férias.

 

O GLOBO – 1.000 dias de conflito

 

Desde a constante troca de ministros até os discursos de confronto com os poderes, a investigação mostra que a gestão de Jair Bolsonaro atinge a marca do milésimo dia de acúmulo de turbulências, muitos dos quais foram gestados no próprio Palácio do Planalto. Enquanto isso, o presidente vê sua popularidade derreter, indicadores econômicos se deteriorarem, e pesquisas apontam para um caminho tortuoso para a reeleição. Ao contrário das tentativas de pacificação, o grupo de colaboradores próximos estimula os preconceitos incendiários do chefe do Executivo.

 

Notícia do dia

 

Bolsonaro comemora mil dias de governo inaugurando 10km de asfalto - A primeira agenda em comemoração aos mil dias do governo que o presidente Jair Bolsonaro pretende cumprir na semana que vem é a inauguração de um trecho de 10 quilômetros de asfalto na Bahia, a liberação de títulos do Incra e também a entrega de equipamentos para um centro de iniciação ao esporte chamado de Estação Cidadania. Bolsonaro está em isolamento para Covid-19 por ter tido contato com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que testou positivo para a doença. Amanhã, o presidente fará novo exame de checagem de coronavírus. Se o resultado for negativo, ele viajará para a Bahia na terça. A previsão é a entrega de 5,4 km de duplicação da BR 116 e mais 5 km da BR-101, em Teixeira de Freitas. Na quarta-feira, às 8h, está prevista a participação dele em uma cerimônia de assinatura do contrato de concessão dos aeroportos do Bloco Norte, em Boa Vista. Na quinta, será a vez de Belo Horizonte, onde Bolsonaro visitará uma estação de metrô acompanhado do ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O último dia de evento será dividido em duas regiões. Visitará Anápolis, para a assinatura do contrato de concessão da BR-153, BR-080 e BR-414, e também Maringá, numa cerimônia de inauguração das obras de ampliação da área operacional do Aeroporto Regional de Maringá.

 

As notícias de primeira página e os destaques do editor

 

Plano B é tentar uma cadeira no Congresso - A pouco mais de um ano das próximas eleições, crescem, nos corredores do poder em Brasília, rumores de que o presidente Jair Bolsonaro pode desistir de concorrer à reeleição para disputar uma cadeira na Câmara ou no Senado. Seria um plano B, discutido entre o Planalto e aliados, para o caso de avaliações internas apontarem que ele não teria condições de passar para o segundo turno da disputa. Parlamentares ouvidos pelo Correio confirmam essas conversas, que envolvem também uma suposta preocupação do chefe do governo — alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — em manter o foro privilegiado. O cenário político tem se mostrado desfavorável ao projeto de reeleição — confirmado na entrevista que concedeu à revista Veja, que circula desde sexta-feira — que Bolsonaro acalenta desde a posse na Presidência. A opção do presidente de não descer do palanque o levou a adotar posições que lhe custaram caro em termos de popularidade. Entre os exemplos estão uma postura anticiência na pandemia da covid-19 — que o levou a ser criticado pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e de ter se tornado razão de piada nos populares programas de Jimmy Fallon e de Jimmy Kimmel, na TV norte-americana — e certos comportamentos que destoam das promessas que fez na campanha, como as de acabar com a “velha política” e fazer um combate ferrenho à corrupção.

 

Antes da administrativa, as emendas - A conta para aprovar a reforma administrativa começa a ser paga antecipadamente, amanhã, quando haverá sessão do Congresso para analisar vetos e aprovar os projetos de suplementação orçamentária a fim de permitir o pagamento das emendas de relator. Essas emendas, conforme o leitor da coluna já sabe há dias, foram cobradas pelos parlamentares antes mesmo de o texto ser aprovado na comissão especial. E a contar pelas dificuldades na Comissão Especial, semana passada, ainda que se libere os recursos, não será fácil fechar os 308 votos favoráveis à reforma. Na Comissão Especial, vale lembrar, chegou ao ponto de os governistas terem que ser socorridos por deputados do partido Novo, porque, nas bancadas dos aliados ao Planalto, simplesmente não havia quem quisesse votar a favor do texto. Assim, o Novo teve quatro deputados votando pela proposta e outros três de suplentes, caso algum parlamentar não conseguisse votar. Essa ginástica da troca não é possível no plenário. E a contar pelo ânimo das excelências, vai ficar difícil.

 

Aprovação do STF resiste a ataques, mas não passa de 25% - Alvo preferencial de Jair Bolsonaro na crise institucional em que o presidente mergulhou o país nos últimos meses, o STF (Supremo Tribunal Federal) manteve sua avaliação estável de julho para cá —embora isso não seja exatamente boa notícia para seus 11 ministros. Apenas 25% dos brasileiros consideram o trabalho dos magistrados da corte como ótimo ou bom, ante 35% que o reprovam e outros 35% que o avaliam como regular. Em relação à rodada anterior, em julho, houve uma piora da avaliação dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou menos. Há dois meses, 24% aprovavam o trabalho do Supremo, 36% o consideravam regular e 33%, o reprovavam. Assim, é possível dizer que o enorme desgaste promovido por Bolsonaro, que elegeu os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso como alvos de uma campanha sistemática, teve danos contidos à já má imagem da corte. Com efeito, as maiores taxas de reprovação foram registradas entre os 22% que, na amostra total, disseram considerar o presidente ótimo ou bom: 56% reprovam o trabalho da corte.

 

Alcolumbre dá sinais dúbios sobre sabatina - Mais de 70 dias após Jair Bolsonaro indicar André Mendonça para a vaga aberta no STF, Davi Alcolumbre (DEMAP) segue deixando em dúvida aliados e colegas sobre o que pretende fazer sobre o tema. Pessoas ouvidas pelo Painel relatam dados diferentes vindos do político sobre pautar ou não a indicação e quando pretende fazer isso. A única informação que todos têm igualmente: Alcolumbre continua pedindo votos contra Mendonça e permanece dizendo que a indicação será derrotada. No meio da semana, Alcolumbre disse a ministros do STF que esperaria o andamento da ação impetrada por senadores para pressioná-lo a marcar a sabatina. Ricardo Lewandowski pediu informações sobre ao presidente da CCJ. O senador tem dez dias para responder. Na noite de quarta (22), Flávio Bolsonaro passou na residência do presidente do Senado. Segundo relatos, ele foi ao local tratar do assunto. Pelas contas de Davi Alcolumbre, dos 81 senadores, hoje 49 votariam contra a indicação de André Mendonça ao STF. Outros dez já teriam se comprometido com ele a não comparecerem à votação.

 

Bolsonaro diz Moraes revogou prisão após conversa por telefone - Em entrevista a alemães de extrema direita, gravada em 9 de setembro e divulgada esta semana, Bolsonaro atrelou a conversa com Alexandre de Moraes intermediada por Michel Temer à decisão do ministro de revogar a prisão de um jornalista bolsonarista alvo dos inquéritos em andamento no STF. Bolsonaro foi criticado por apoiadores por recuar. Questionado sobre a conversa, classificada pelo entrevistador como “branda”, o presidente disse que a queda do dólar e a melhora dos índices do mercado foram efeitos positivos “de imediato”. E continuou a resposta: “Hoje [9] nós tivemos já por parte do Alexandre de Moraes a revogação da prisão de um jornalista e, pelo que tudo indica, [são] novos tempos entre o Executivo e o Supremo.” Naquela data, o ministro revogou a prisão do bolsonarista Oswaldo Eustáquio. 

 

Lula condiciona ida a atos de oposição - O ex-presidente Lula (PT) ainda não decidiu se participará dos atos de 2 de outubro contra Bolsonaro. A direção do PT avalia que ele só deve comparecer se a manifestação for ampla e contar com a presença de lideranças de outros campos e partidos ou de outros presidenciáveis. A ideia é evitar a contaminação eleitoral dos atos, opondo somente Lula a Bolsonaro. Caso FHC (PSDB) decida ir, por exemplo, aumentam as chances de que o petista compareça, já que eles apareceriam como ex-presidentes.

 

Prefeito de SP troca nome de rua e coloca preso político no lugar de torturador - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sancionou nesta semana a lei que altera o nome da rua Doutor Sérgio Fleury para rua Frei Tito. Fleury foi delegado do DOPS na ditadura militar e apontado como um dos torturadores do frade católico que agora será homenageado. 

 

Talibã pendura corpos em público no Afeganistão - Membros do Talibã mataram quatro supostos sequestradores e penduraram seus corpos em público para dissuadir outros possíveis criminosos, na cidade de Herat, no oeste do Afeganistão, informou um funcionário do governo local neste sábado (25). De acordo com essa autoridade, os homens haviam sequestrado um empresário local e seu filho e pretendiam tirá-los da cidade, quando foram vistos por patrulhas em postos de controle. Seguiu-se uma troca de tiros em que os quatro foram mortos e um soldado do Talibã acabou ferido. "Seus corpos foram levados para a praça principal e pendurados na cidade como uma lição para outros sequestradores", disse o vice-governador de Herat, Sher Ahmad Ammar, acrescentando que as duas vítimas do sequestro foram libertadas ilesas.

 

Cliente da periferia acusa empresas de segregação - A ausência do Estado em comunidades mais pobres nos grandes centros urbanos alimenta um antigo debate no Brasil e não faltam estudos sobre esse tema. Com o avanço da digitalização, a prestação de serviços entre áreas mais centrais e periféricas se torna ainda mais desigual, agora também pela distorção no atendimento de empresas privadas. A dificuldade de acesso a bens de consumo e serviços oferecidos por aplicativos e sistemas de entregas digitais por delivery é uma queixa crescente, especialmente entre os mais jovens. Não basta ter trabalho, formação acadêmica e dinheiro para pagar. O endereço gera o que os próprios moradores dessas áreas chamam de segregação urbana e preconceito de CEP.

 

Estatais de Exército e Marinha são excluídas de auditoria - Estatais vinculadas ao Ministério da Defesa, por intermédio dos comandos do Exército e da Marinha, foram excluídas de uma auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) que apontou pagamentos acima do teto salarial em estatais dependentes da União, com prejuízos de R$ 44 milhões aos cofres públicos em cinco anos. A Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil), ligada ao Exército, "conta com uma legislação específica sobre o controle dos seus gastos", segundo a justificativa da CGU para a exclusão da estatal da auditoria. A própria Imbel, porém, afirmou em nota à Folha que a empresa é objeto de auditoria da CGU, do TCU (Tribunal de Contas da União) e de órgãos de controle internos. Outra estatal excluída da auditoria foi a Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa), vinculada à Marinha. Segundo o relatório da CGU, a competência para auditar a Amazul é da Secretaria de Controle Interno do Ministério da Defesa. A legislação, no entanto, definiu a CGU como órgão central do sistema de controle interno do governo federal, responsável por orientação, normas e supervisão técnica. Nas duas estatais, os presidentes são militares de altas patentes e acumulam remunerações das Forças a que pertencem e das empresas que presidem. O general de Exército da reserva Aderico Visconte Pardi, presidente da Imbel, recebe ao todo R$ 49,9 mil brutos. O vice-almirante da reserva Antônio Carlos Guerreiro, presidente da Amazul, ganha R$ 62,9 mil brutos.

 

Sojicultores, manokis lutam contra o marco temporal - Por meio de um áudio de WhatsApp, o professor Claudionor Tamuxi Iranxe orienta a reportagem sobre como chegar à terra indígena do povo manoki: após atravessar 100 km de campos infindáveis de agricultura mecanizada ao longo da BR-364, haverá "uma grande quantidade de matas de cerrado". "Esse é o nosso território", ele avisa. Habitantes da transição entre cerrado e floresta amazônica, no município de Brasnorte (586 km a noroeste de Cuiabá), os manokis quase deixaram de existir após o contato com o branco. Mas vêm recuperando a população nas últimas décadas e, enquanto lutam para reaver o território original, se tornaram um dos povos indígenas que lançaram mão do plantio mecanizado de soja para obter renda. A incursão dos manokis na produção da principal commodity agrícola brasileira começou em 2004, após decisão em conjunto com os parecis, povo vizinho. Naquele ano, eles desmataram mil hectares de cerrado, o equivalente a 2,2% do território. Dezessete anos depois, o tamanho da lavoura é o mesmo. Em proporção, é o oposto da ocupação dos solos das fazendas vizinhas, onde a vegetação nativa praticamente desapareceu. Por anos, o plantio de soja dos manokis, dos parecis e dos nambiquaras funcionou à margem da lei. Além da falta de licenciamento ambiental, a terra era arrendada a fazendeiros e havia o plantio de transgênicos, ambas práticas proibidas em terras indígenas. Até que, em dezembro de 2019, a cooperativa Coopihanama, que reúne os três povos, e a Coopermatsene, apenas dos parecis, assinaram um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), intermediado pelo MPF (Ministério Público Federal), para regulamentar a agricultura mecanizada em seus territórios. As cooperativas se comprometeram, entre outros pontos, a não arrendar a terra nem a plantar transgênicos e a buscar financiamento em instituições regulares. Funai e Ibama subscreveram o acordo.

 

Sem carro novo, usado se valoriza e aquece mercado - As negociações de carros usados tiveram um boom neste ano, ocupando espaço dos modelos novos que sumiram das lojas em razão da falta de chip para a produção. Com demanda em alta, há uma escalada de preços que não se via desde o Plano Cruzado (nos anos 1980). Há modelos com valorização de mais de 20% em um ano. Num mercado normal, o automóvel perde entre 15% a 20% do seu valor após um ano de uso. Embora o segmento também já registre falta de produtos, as vendas até agosto são recordes, com 7,59 milhões de automóveis e comerciais leves. O número é 48,8% superior ao de 2020, um dos anos mais fracos para o setor por causa da pandemia, mas também 6,6% acima dos 7,12 milhões de usados vendidos em igual período de 2019, até então o melhor resultado da história, segundo a Fenabrave, que representa as concessionárias.

 

Alemanha vai às urnas hoje no fim da era Merkel - Enquanto Angela Merkel planeja o futuro longe do cargo que ocupou por 16 anos, os alemães vão às urnas hoje para eleger um novo chanceler. As pesquisas indicam uma eleição disputada voto a voto entre Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), e Armin Laschet, da União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel. Durante a campanha, Scholz se esforçou tanto para demonstrar que pode ocupar o cargo que ganhou o apelido de “Der Merkel” (O Merkel). Para a cientista política Julia Reuschenbach, da Universidade de Bonn, o SPD tentou vendê-lo como um sujeito de estilo merkeliano: calmo, frio, objetivo e experiente. “Esta encenação conquista eleitores e, ao mesmo tempo, mantém Scholz autêntico”, disse. Para Ursula Münch, diretora da Academia de Educação Política de Tutzing, há várias razões para o sucesso de Scholz. “Ele cometeu poucos erros e foi capaz de demonstrar que não esteve envolvido em nenhum caso de corrupção”, afirmou. “Scholz conseguiu se apresentar como um vice-chanceler com a experiência de governo que é desejada na crise atual.”

 

Instituto particular pretende ser o ‘MIT brasileiro’ - Com o objetivo de ser o “MIT brasileiro”, o Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), uma nova universidade focada em inovações e empreendedorismo na área da computação, abre as portas para sua primeira turma em fevereiro de 2022. Fundada após uma doação de R$ 120 milhões do BTG Pactual, a iniciativa é parte do programa IPT Open, anunciado pela gestão João Doria (PSDB) para promover parcerias do setor privado com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, que já abriga 12 empresas e investimento médio de R$ 380 milhões. Membros da comunidade acadêmica criticam o formato em que há uso do espaço público por uma instituição privada e cobram mais transparência sobre a implementação e o futuro do modelo. O Inteli começa seu primeiro ano letivo oferecendo quatro cursos de bacharelado: Engenharia da Computação, Engenharia de Software, Ciência da Computação e Sistemas de Informação. Todos têm duração de quatro anos e são divididos em 16 módulos focados no desenvolvimento e solução de problemas reais. “Desde o primeiro dia de aula, o aluno trabalha no desenvolvimento de um projeto real, baseado em um problema real do mercado ou de qualquer lugar, que possa ser resolvido através de uma solução computacional”, explica Maíra Habimorad, CEO do Inteli.

 

Governo sem norte na agenda das reformas - A tramitação da reforma administrativa, em meio a recuos e acusações de privilégio que fizeram o texto ser chamado de “antirreforma”, é só a mais recente de uma sequência de complicações envolvendo matérias importantes da agenda econômica. Para analistas do setor, tem ficado claro o desnorteamento do governo federal com a desfiguração de projetos no Congresso por falta de diálogo e de capacidade de articulação. “Sem alguém para dar o norte, a chance de aparecerem cavalos com chifre é brutal”, afirma o economista Celso Toledo. A desidratação da PEC Emergencial, os “jabutis” das mudanças no IR e na MP da privatização da Eletrobras, além do Orçamento capturado por emendas são mais exemplos. “Reformar é melhorar estruturalmente as contas públicas e a capacidade de crescimento do País. Não é o caso. São medidas localizadas”, diz a economista Zeina Latif. “Não que privatizar a Eletrobras não tenha benefício, por exemplo, mas, do modo como foi feita, para atender a interesses paroquiais do Congresso, é questionável, assim como a PEC Emergencial sem esforço fiscal de ajuste por parte do governo”, diz Zeina. Para Toledo, se o governo tem um norte definido, as negociações e concessões ao Parlamento tendem a seguir um caminho na direção esperada, uma vez que o Executivo estabeleceria limites dentro da meta que persegue (validada eleitoralmente).

 

Calma aí - Não é unânime a leitura de que Lula conseguiu selar a paz em Pernambuco. Integrantes da Executiva Nacional do PSB, por exemplo, pregam mais cautela na relação com o PT. Ainda há quem defenda condicionar o apoio a Lula somente se houver novo recuo de Marília Arraes (PT) no Estado, em prol de uma candidatura do PSB a governador (o nome mais cotado é o do ex-prefeito de Recife Geraldo Júlio). A cautela se dá diante da constatação de que a conta pode não fechar, já que Arraes lidera com folga as pesquisas. O grupo que pede calma na relação com o PT defende que o PSB jogue com as brancas rumo a 2022, ao invés de ficar esperando os movimentos do PT, como ocorreu quatro anos atrás. Num xeque aos petistas, alguns falam em ter mais conversas com Ciro Gomes (PDT).

 

Brasil será como Portugal, com churrasco de carne de porco no lugar da picanha - A disparada da inflação e do preço de insumos desafia varejistas do setor de alimentos como o Supermercados Mundial em sua estratégia para manter o perfil competitivo em meio à crise. Mudam também os hábitos do brasileiro, que pode ter de trocar o churrasco de picanha pelo de frango, conta Sérgio Leite, diretor comercial do grupo. Pressionada pela alta de custos, a indústria já não negocia como em 2020, diz ele. Na tradicional promoção de aniversário da rede, com previsão de ampliar vendas em 15% sobre igual período de 2020, Leite reconhece a dificuldade para manter preços: “O cenário que estamos passando é muito ruim”, lamenta.“Não tem como fazer muito mais do que já estamos fazendo”, afirma, garantindo abrir mão de margem para manter a fidelidade da clientela no pós-pandemia. “O consumo de carne caiu em torno de 30%. Um fornecedor diz que já viu isso (ocorrer) lá fora e enxerga como o cenário nos próximos anos, que o brasileiro vai ter de mudar seus hábitos de consumo. Em Portugal, não se faz churrasco de picanha, mas de carne de porco, porque picanha é muito caro”, afirma Leite.

 

Com apoio da ala do governo, Lira pressiona Petrobras - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), elegeu a Petrobras como alvo preferencial de sua crítica pública caso isso não dê sinais de que mudará o posicionamento. Nas últimas semanas, ele aumentou a pressão para que o Estado esclarecesse a política de preços dos combustíveis. Ao seu lado, o deputado conta com o apoio de membros da própria equipe econômica do governo, que veem a necessidade de mudança. O tema já havia sido vocalizado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, citando o impacto do aumento do dólar no preço da gasolina, disse que a empresa transfere os custos para os consumidores com mais frequência do que muitos países. Para alguns dos colaboradores do ministro Paulo Guedes (Economia), haveria mais previsibilidade se essa transferência fosse feita por períodos mais longos. Há também reclamações no Congresso sobre a falta de "previsibilidade" da empresa. - Não está claro que a Petrobras apolítico neste momento de crise energética — criticou Lira, em conversa com gestores de investimentos.

 

A "velha política" ensaia um passo atrás para voltar às urnas - Varridos pela onda de renovação das eleições de 2018, os líderes políticos de diferentes estados e partidos estão repetindo um retorno no próximo ano. Muitos veteranos estão estudando para dar um passo atrás das posições recentes e estão se preparando para concorrer ao cargo de deputado. Entre os nomes estão ex-governadores como Roseana Sarney (MDB-MA), Fernando Pimentel (PT-MG) e Beto Richa (PSDB-PR), o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDBCE) e o ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Senador entre 2011 e 2018 e presidente da Câmara durante os últimos dois anos de seu mandato, Eunício atribui sua derrota a uma ação dos irmãos Ciro e Cid Gomes, adversários dele. Os representantes eleitos foram o cid, ex-governador, e Eduardo Girão, que defendeu a luta contra o aborto e a ideologia de gênero.

 

Carlos Zéfiro, nascido há cem anos, marcou gerações com revistinhas de sacanagem - Carlos Zéfiro, que completaria cem anos neste domingo (26), marcou o despertar sexual de gerações de garotos dos anos 1940 a 1980 com seus livretos eróticos, conhecidos como catecismos. Embora lido em todo o país, desenhista, que foi parceiro de Nelson Cavaquinho, teve vida humilde como funcionário público e permaneceu anônimo, por medo de perseguição, até sete meses antes de morrer. Desenhadas de forma tosca, não raro com sensíveis erros de proporção, as historinhas de Carlos Zéfiro foram a principal porta de entrada aos mistérios do sexo para os adolescentes brasileiros entre o final dos anos 1940 e o início dos anos 1980. Eram chamadas, no Rio, de “revistinhas”, e, em São Paulo, de “catecismos”, devido à semelhança de proporções com os livretos que traziam as palavras de Deus para a garotada em vias de fazer a primeira comunhão. Zéfiro, quem diria, era um humilde funcionário público, então aposentado, chamado Alcides Aguiar Caminha, morador do subúrbio do Rio de Janeiro, com cinco filhos e casado com “uma santa que a tudo perdoa”. Nascido em 26 de setembro de 1921 (apesar de uma irmã insistir que foi dia 25), Caminha completaria cem anos neste domingo. Estava com 70 anos quando foi revelado para o mundo, e havia recém sofrido uma trombose que lhe paralisara o lado esquerdo do corpo. Após sair do armário, Caminha viveria apenas mais sete meses, mas seriam o suficiente para que obtivesse o reconhecimento do qual fugiu por toda a vida. Foi apresentado em público em uma entrevista coletiva na primeira Bienal Internacional de Quadrinhos do Rio de Janeiro, dividindo os holofotes com gente do calibre de Will Eisner e Moebius. Deu entrevista ao programa de Jô Soares no SBT e a inúmeros jornalistas, que cravaram manchetes como “Carlos Zéfiro existe!”, “Cronista dos desejos ocultos”, “O mestre da sacanagem” e “A volta do vovô pornô”. Quatro anos após sua morte, Zéfiro alcançou definitivamente a aura de cult quando Marisa Monte escolheu seus desenhos —e pagou direitos autorais à viúva— para estampar a capa e os encartes de seu álbum duplo “Barulhinho Bom”, de 1996. Essa ligação com a música não caiu do céu. Cantor em festas familiares e frequentador da roda boêmia sambista da praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, Alcides Caminha é coautor de três sambas, um deles o clássico “A Flor e o Espinho”, ao lado de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Escrita em 1956, a música começa com os impressionantes versos “Tire seu sorriso do caminho/ Que eu quero passar com a minha dor.” Pelas suas contas, Zéfiro produziu e assinou 860 revistinhas de sexo, totalizando 28 mil páginas ilustradas —seu biógrafo, Gonçalo Junior, acredita ser um exagero e calcula que a metade disso estaria mais próxima da realidade.