História se repete? Tentativas de assassinato na política brasileira


História se repete? Tentativas de assassinato na política brasileira
Esmael Morais 22 de novembro de 2024 - 11:25 Carlos Lacerdajangojk
As sombras do passado parecem insistir em pairar sobre o presente do Brasil. Em meio às recentes suspeitas de tentativa de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes, o Centro da Memória Trabalhista, ligado ao PDT, trouxe à tona memórias de um período sombrio da nossa história: a ditadura militar.
Entre 1964 e 1985, vivemos 21 anos sob um regime que silenciou vozes, torturou e eliminou opositores. Naquele contexto, três grandes líderes políticos — João Goulart (Jango), Juscelino Kubitschek (JK) e Carlos Lacerda — buscavam unir forças em uma Frente Ampla para restaurar a democracia. Suas mortes, ocorridas em sequência num intervalo de menos de um ano, levantaram suspeitas que perduram até hoje.
Juscelino faleceu em 22 de agosto de 1976, oficialmente vítima de um acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, em Resende (RJ). Quatro meses depois, em 6 de dezembro de 1976, Jango morreu na cidade de Mercedes, na Argentina. Menos de seis meses mais tarde, em 21 de maio de 1977, Lacerda faleceu supostamente devido a um ataque cardíaco. Embora nada tenha sido comprovado, a dúvida sobre possíveis assassinatos dessas lideranças ainda ecoa.
Há quem também coloque a morte de Tancredo Neves, em 1985, na conta de conspirações militares. Ele foi eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral do Congresso Nacional, porém não foi empossado devido a problemas de saúde.
O resgate dessas histórias pelo PDT não é por acaso. As investigações recentes da Polícia Federal, que indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontam para um plano que visava supostamente eliminar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes no dia 15 de dezembro do ano passado. O objetivo seria impedir a entrega da faixa presidencial a Lula, que havia derrotado Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022.
A chamada “Plano Punhal Verde Amarelo” revela questionamentos profundos sobre a saúde da nossa democracia. A PF ainda investiga os motivos que levaram à desistência do plano, mas o simples fato de sua existência é alarmante.
É inquietante perceber que, décadas após o fim da ditadura, ainda enfrentamos ameaças semelhantes. A democracia, conquistada com tanto sacrifício, não pode ser tomada como garantida. Precisamos estar vigilantes e fortalecer nossas instituições para que episódios sombrios não se repitam.
Relembrar o passado não é apenas um exercício de memória, mas um alerta. As lições da história nos mostram que a liberdade exige constante defesa. Cabe a nós, como sociedade, garantir que a luz da democracia prevaleça sobre qualquer tentativa de retorno às trevas.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.