Eleições 2024 | Tabata Amaral: 5 momentos em que apoiou a extrema-direita

Eleições 2024 | Tabata Amaral: 5 momentos em que apoiou a extrema-direita

Eleições 2024 | Tabata Amaral: 5 momentos em que apoiou a extrema-direita

Tabata Amaral publicou um vídeo em que se porta como uma detetive com o objetivo de colocar-se como a principal “antagonista” de Pablo Marçal. No X, sua peça publicitária viralizou, agradando desde setores da grande mídia como uma figura para o futuro, que se destacaria neste regime político em alternativa à extrema-direita e ao PT, mas também a muitos daqueles que se preocupam com a ascensão do ex-coach e pela ausência de qualquer reação de Boulos, mais preocupado em deixar claro, em qualquer oportunidade, como aos entrevistadores no Roda Viva, toda sua capacidade de gestor “técnico” e profissional.

Tabata Amaral: 5 momentos em que apoiou a extrema-direita

Mateus CastorCientista Social (USP), professor e estudante de História

 

Sendo assim, realizamos aqui o exercício de investigar Tabata Amaral para mostrar que há diversas evidências que provam que seu suposto “perfil enfrentado” com Marçal, não passa disso, um perfil eleitoral. O combate à extrema-direita não é uma série com protagonistas do poder Judiciário ou da Polícia, em uma sala escura apartada da luta de classes, e nós os espectadores. Contrapomos alguns dados a toda esta fantasia, que indicam que a investigadora Tabata defende uma concepção absolutamente incapaz de combater a extrema-direita, pelo contrário, a alimenta e compartilha certos fundamentos.

1) Em 2019, primeiro ano do governo de Bolsonaro e militares, Tabata blocou com a extrema-direita neoliberal pela aprovação da Reforma da Previdência, isso para garantir que o orçamento público continue a ser fonte de valorização de capital para os detentores da dívida pública ilegal e fraudulenta, um mecanismo de espoliação que converte trilhões provindos de impostos que pesam muito mais no bolso da população trabalhadora e pobre em lucro para capitalistas que vem nos juros da dívida uma oportunidade de fazer negócio às custas de, no caso da reforma da previdência, menos dinheiro para garantir uma aposentadoria à classe trabalhadora, obrigando-a a trabalhar ainda mais. Aqui, não parece necessário usar laços de tecido para conectar uma relação óbvia entre Tábata Amaral e seus financiadores: grandes banqueiros e empresários. Deste primeiro ponto, podemos entender uma outra posição de Tabata em defesa do lucro dos capitalistas.

2) Tabata Amaral votou pela urgência da votação da autonomia do Banco Central, uma das principais bandeiras de Bolsonaro e Paulo Guedes. Junto da candidata à prefeitura, votaram outros cinco deputados do PDT, seu antigo partido, e outros 10 do PSB, partido de Alckmin e seu na atualidade. A autonomia do BC é um mecanismo que, junto ao pagamento da dívida pública que esmaga o orçamento da União e ao Arcabouço Fiscal de Haddad - aperfeiçoando o Teto de Gastos de Temer - garante a subordinação aos lucros dos capitalistas e joga nas costas da classe trabalhadora o desemprego, sucateamento dos serviços e precarização do trabalho. Contudo, a Frente Ampla de Lula-Alckmin, da mesma forma que aperfeiçoou o Teto de Gastos e a gestão das reformas contra a vida e o trabalho do povo, também está em paz com a autonomia do BC e já têm um nome neoliberal dos grandes bancos para indicar à presidência do BC. E dos grandes bancos Tabata entende muito bem.

3) “Bancada Lemann”: este é o nome pelo qual ficou conhecido o grupo de parlamentares que fizeram carreira com o financiamento de Jorge Paulo Lemann, em 2019 considerado o segundo homem mais rico do Brasil, atualmente com um império de 16,1 bilhões de dólares. Tabata está neste grupo e teve sua bolsa financiada pela Fundação Lemann para universidades de elite dos EUA e Reino Unido. As relações de Tabata com grandes capitalistas não param por aí: para sua reeleição como deputada federal, recebeu 1,5 milhão de reais para a campanha: Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central (o qual ela desvinculou do executivo, praticamente uma bonificação pelo serviço prestado), contribuiu com 100 mil reais; Cândido Bracher, baqueiro ex-presidente do Banco Itaú, financiou Tabata com mais 66 mil reais; Guilherme Leal, presidente da Natura, que lucra com o trabalho precário de mulheres, deu 50 mil reais; Luiza Trajano do Magazine Luíza, mais 100 mil reais e Florián Bartunek, um dos maiores gestores de fundos do país, outros 100 mil, entre outros. Entendemos assim, as posições de Tabata Amaral à serviço dos capitalistas, em especial do mercado financeiro: o voto à favor da reforma da previdência e pela autonomia do BC.

4) Difícil lembrar de mais um PL e seu número, no caso o PL 4188/21, entre tantos PLs. Entretanto, este PL pode ser chamado de PL do Despejo, pois permite a bancos expropriar e vender imóveis de famílias endividadas para a quitação de crédito. Tal projeto foi aprovado na Câmara e contou com o voto de Tabata, que permite às famílias já endividadas colocarem sua moradia como garantia para o recebimento de créditos. Mais uma boa fonte de lucros para os bancos, mais um laço ligado com os grandes bancos?

5) Tabata Amaral construiu um perfil muito ligado à educação. Diante da pandemia, os capitalistas buscaram descarregar o peso da crise econômica nas costas da classe trabalhadora, sendo um de seus mecanismos a PEC emergencial em março de 2021, que congelaria os salários dos professores até 2036. No primeiro ano do governo Bolsonaro, Tabata Amaral buscou por fim à dedicação exclusiva de professores nas universidades federais, abrindo caminho assim para que docentes fossem contratados por empresas para o desenvolvimento de projetos para o mercado.

Se Marçal literalmente deu golpe em aposentadorias para enriquecer, defender o aumento da idade de aposentadoria para tirar direitos do trabalhador para pagar grandes bancos não se posta como antagonismo algum. Em momentos chave de ataque às condições de vida e trabalho da classe trabalhadora, Tabata Amaral votou por aqueles que a financiaram: o mercado financeiro, e blocou com a extrema-direita para isso. Uma defensora do capitalismo e de uma ideologia empreendedora com um retoque social não pode ser alternativa à defensor do capitalismo e de um empreendedorismo sem disfarce.