Covid longa: pesquisa aponta fibrose no fígado como novo sintoma

Covid longa: pesquisa aponta fibrose no fígado como novo sintoma

Covid longa: pesquisa aponta
fibrose no fígado como novo sintoma

Estudo realizado nos EUA mostra que pacientes infectados com o coronavírus apresentam maior rigidez no fígado que os não infectados

Eline Sandes

 

Pessoa segurando a representação de um figado com tumor- MetrópolesPeter Dazeley/ Getty Images

Pesquisadores dos Estados Unidos identificaram que pacientes infectados pela Covid-19 têm maior chance de ter o fígado enrijecido do que pessoas não infectadas. O trabalho foi apresentado no congresso anual da Radiological Society of North America, que está sendo realizado nesta semana no país norte-americano.

O estudo aponta o enrijecimento do fígado como um novo sinal de Covid longa. Principal autora do trabalho, a pesquisadora Firouzeh Heidari, do Hospital Geral de Massachusetts, afirma que a descoberta comprova que os danos causados ​​pela Covid persistem por muito tempo. O enrijecimento do fígado pode levar a lesões hepáticas depois da fase aguda da infecção viral.

 

A rigidez do fígado identificada sugere que a infecção pode lesionar o tecido do órgão, seja por inflamação ou fibrose (acúmulo de tecido durante cicatrização). Em casos graves de fibrose, o quadro do paciente pode evoluir para câncer ou insuficiência hepática.

“No momento, estamos investigando se a gravidade dos sintomas agudos relacionados à Covid-19 prevê agravamento da lesão no fígado a longo prazo. Esperamos enriquecer nosso banco de dados existente com informações adicionais de pacientes. Além disso, teremos mais variáveis para entender os efeitos pós-agudos do Covid-19 no fígado”, afirma a pesquisadora.

Análise dos pacientes

Durante o trabalho, os estudiosos compararam pacientes que tiveram Covid-19 com dois grupos de controle – ou seja, que nunca tiveram o coronavírus. Cada um dos 131 indivíduos passou por um exame de ultrassom conhecido como elastografia da onda de cisalhamento, a análise avaliar o grau de fibrose hepática dos pacientes.

O primeiro grupo de controle havia realizado elastografia antes da pandemia; o segundo, depois da fase crítica. Já os participantes do grupo da Covid-19 haviam testado positivo para o vírus pelo menos 44 semanas antes de passarem pelo exame.

 

O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonarGetty Images

Fotografia colorida de mulher doente com máscara

Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada Freepik

 

Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo Pixabay

 

 

Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais iStock

 

Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar.

A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírusFreepik

 

Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabeloMetrópoles

Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma "segunda onda" dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo Getty Images

 

Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia

Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecçãoGetty Images

 

Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram o vírus para chegar às complicações mais comuns Getty Images

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O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52%

Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedadeGetty Images


O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar

 

Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo

coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada Freepi

Pacientes que tiveram Covid-19 apresentaram uma rigidez média do fígado de 7.68 kPa. Enquanto isso, a média das pessoas nos grupos de controle foi de 5.99 kPa, que é considerada normal.

Apesar dos resultados identificados, os pesquisadores ainda não sabem se a rigidez encontrada irá provocar efeitos adversos a longo prazo nos pacientes com Covid-19.