Bolsonaro convoca embaixadores para atacar e denegrir a democracia brasileira

Jair Bolsonaro decidiu fazer propaganda contra democracia brasileira e marcou para a tarde da próxima segunda-feira (18) um encontro com embaixadores estrangeiros para atacar e tentar desacreditar a segurança do processo eleitoral usado com sucesso no Brasil desde 1996.

Bolsonaro convoca embaixadores para atacar e denegrir a democracia brasileira

Bolsonaro convoca embaixadores para atacar e denegrir a democracia brasileira

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Jair Bolsonaro (reprodução)

Reunião foi convocada pelo Planalto sem a participação do Itamaraty. Plano do governo é levantar suspeitas falsas e desgastar o Tribunal Superior Eleitoral

Jair Bolsonaro decidiu fazer propaganda contra democracia brasileira e marcou para a tarde da próxima segunda-feira (18) um encontro com embaixadores estrangeiros para atacar e tentar desacreditar a segurança do processo eleitoral usado com sucesso no Brasil desde 1996. Seu objetivo é também tentar desgastar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o órgão constitucionalmente responsável pela condução das eleições.

A iniciativa do Planalto não contou com a participação do Itamaraty e o convite de Bolsonaro, assinado pelo cerimonial da Presidência da República, não informa o assunto da reunião. “Fui incumbido de convidar vossa excelência para encontro do senhor presidente da República com chefes de missão diplomática, a ser realizado às 16h de 18 de julho de 2022, no Palácio da Alvorada”, diz a convocação.

Na semana passada, Bolsonaro já havia anunciado que convocaria os representantes diplomáticos para tentar convencê-los de suas invencionices sem provas contra as urnas eletrônicas. Nas últimas semanas ele vem intensificando seus ataques ao processo eleitoral brasileiro. A reunião de Bolsonaro com os embaixadores visa se contrapor à decisão do ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de ampliar a presença de missões estrangeiras como observadoras das eleições gerais do país.

Tentar confrontar e desgastar o Tribunal Superior Eleitoral que, pela Constituição Brasileira, é a autoridade eleitoral do país, é uma atitude irresponsável e antidemocrática. A Constituição determina que o TSE é responsável pela realização, condução, controle e fiscalização das eleições. Os ataques de Bolsonaro, que disputa a reeleição, estão acendendo o alerta de vários países de ameaça de golpe no Brasil.

 

A preocupação neste sentido já começou a ser reportada por missões diplomáticas ao seus países de origem no ano passado. A insistência do presidente em desacreditar as urnas deixou diplomatas em alerta.

Ao mesmo tempo que tenta desgastar a Justiça Eleitoral, Bolsonaro mobiliza seus ministros, inclusive o da Defesa, para também atacarem o processo eleitoral brasileiro. Processo este que é elogiado internacionalmente como um sistema moderno, transparente e um dos mais seguros do mundo. Desde que foi implantado este sistema em 1996, nunca houve nenhuma denúncia de fraude eleitoral no país. Bolsonaro, que está atrás nas pesquisas eleitorais, é o único que fala em fraude, mas nunca apresentou nenhuma prova concreta sobre as suas alegações.

No ano passado, inclusive, o Congresso Nacional já havia derrotado uma iniciativa o chefe do Executivo de retornar ao voto impresso e à apuração manual, este sim com histórico rico em fraudes. A atual campanha contra as urnas eletrônicas não se baseia em nenhum fato concreto que tenha ocorrido. Ela é uma imitação do que fez o guru político de Bolsonaro, Donald Trump, ao perder a eleição dos EUA.

Baseado em suas falsas acusações de fraude, ele açulou seus seguidores a invadirem o Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Hoje, Trump é investigado numa Comissão de Inquérito da Câmara dos Deputados e é acusado pela tentativa de golpe que resultou na morte de cinco pessoas.

O tribunal eleitoral brasileiro vem se antecipando às ameaças de golpe e já deixou claro que não aceitará nenhuma ingerência na condução do processo eleitoral. E, ao mesmo tempo, ampliou os convites para que representações participem como observadores nas eleições brasileiras. Embaixadores admitem o estranhamento com o plano do presidente de acusar supostas fraudes em eleições passadas, nunca comprovadas, e criticar o uso de um sistema de votação pelo qual se elegeu e que tem mecanismos de segurança reconhecidos internacionalmente.