Resumo de domingo - 11 de dezembro de 2022

Resumo de domingo - 11 de dezembro de 2022

Resumo de domingo - 11 de dezembro de 2022 

 

Edição de Chico Bruno  

 

Manchetes 

 

Valor Econômico – Não circula hoje

 

O GLOBO –  Governo Lula deve rever regras de clubes de tiro, diz futuro ministro

 

CORREIO BRAZILIENSE – Polícia Civil investiga causa da tragédia

 

FOLHA DE S.PAULO – Equipe de transição propõe que Lula crie 'bolsa internet'

 

O ESTADO DE S.PAULO – Executivos deixam startups e voltam às empresas tradicionais

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

 

Fim do liberou geral - Indicado por Lula para chefiar o Ministério da Justiça, Flávio Dino defendeu uma nova regulamentação para clubes de tiro no Brasil. Ele apresentará a minuta do decreto ao presidente eleito, que terá a palavra final sobre a mudança, ainda este mês. Segundo Dino, essas empresas precisam ter  regulamentação "firme e clara" com horários fixos e proibição de funcionar 24 horas. O decreto vai prever também novas regras para armas, sobretudo as de uso restrito. E, sob encomenda de Lula, o ministro vai priorizar a aproximação com policiais, aliada à investigação de agentes armados politizados. 

 

Descaso gera mortes no DF - Sophia Emanuelly Batista Madureira, 5 anos; Kelvin Michel Madureira de An drade, 14; e Karina Madureira da Silva, 17, foram eletrocutados, na noite de sex ta-feira, por um cabo de alta tensão que caiu na QNP 24, em Ceilândia. Um homem que tentou socorrer foi atingido e levado ao hospital. Segundo os moradores da quadra, a Neoenergia, responsável pela distribuição de energia elétrica no DF, havia sido acionada diversas vezes para efetuar a troca do fio, que estava rompido e soltava faíscas. Somente ontem pela manhã funcionários da empresa estiveram no local. Revoltados, vizinhos questionaram a demora na solução do problema, apesar das solicitações. A família das vítimas não teve condições emocionais para falar sobre as perdas. O velório será realizado hoje, no Campo da Esperança, em Planaltina.

 

Internet popular - O governo de transição vai propor ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a criação de uma 'bolsa internet', que reduzirá o preço da conexão por banda larga para brasileiros de baixa renda. A proposta partiu de uma solicitação de Lula, que teria pedido ao grupo de trabalho de Comunicação um programa nos moldes do "Luz para Todos" para universalizar o acesso à internet.  "Chegamos à conclusão de que a prioridade é baratear o acesso por banda larga, já que muitas pessoas não estão conectadas por causa do preço", disse Paulo Bernardo, coordenador do grupo de trabalho de Comunicação e ex-ministro das Comunicações e do Planejamento. Segundo ele, o 'bolsa internet' iria prever uma espécie de tarifa social de conexão de banda larga para as famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único. Para baratear os pacotes de banda larga, uma das ideias é a desoneração dos serviços, já que os impostos chegam a 40% do preço total cobrado, ou oferecer bônus junto com o pagamento do Bolsa Família. Segundo pesquisa da Cetic.br de 2021, 82% dos domicílios no Brasil têm acesso à internet. No entanto, só 61% desses usam cabo ou fibra ótica como o principal tipo de conexão à rede. 

 

A volta as origens - Executivos de alto escalão e média gerência, egressos de empresas tradicionais e contratados no período de bonança das startups, começam a fazer o caminho de volta. O retorno está ligado à crise nas empresas da "nova economia" que enfrentam falta de fontes de financiamento e tem demitido funcionários. A volta ocorre principalmente no setor financeiro e em empresas de tecnologia e ligadas à educação. Os executivos contratados trazem experiência em ambiente inovador e com alta exigência de adaptação, virtudes valorizadas pelo mercado.

 

Comandante da FAB parabeniza militares escolhidos por Lula - O comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, parabenizou neste sábado (10/12) os militares apontados pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para o comando das Forças Armadas. O comandante também elogiou seu substituto na FAB, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, a quem classificou como "um líder nato". Os próximos comandantes das Forças foram confirmados pelo futuro ministro da Defesa, José Múcio, a jornalistas ontem (9/12). No Exército, assumirá o general Júlio César de Arruda. Na Marinha, o comandante será o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen. Já o Estado-Maior das Forças Armadas será capitaneado pelo almirante de esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire.

 

Lira acelera PEC da Transição - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), determinou na noite desta sexta-feira, 9, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição seja apensada a outra proposta que já está em tramitação avançada na Casa. A manobra legislativa, combinada por Lira com o PT, permite que o texto seja analisado diretamente no plenário, sem passar por comissões. A expectativa é de que a votação ocorra na próxima quarta-feira, 14. A PEC da Transição, aprovada no Senado na última quarta-feira, 7, com 64 votos favoráveis e 16 contrários, amplia o teto de gastos – regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação – em R$ 145 bilhões para pagar o Bolsa Família. Também retira do teto R$ 23 bilhões em receitas extraordinárias para financiar investimentos públicos, liberando valores do orçamento secreto ainda neste ano. Lira ainda não definiu o relator da proposta na Câmara, mas o posto é disputado pelos deputados Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Celso Sabino (União Brasil-AP). Ambos são aliados do presidente da Casa, mas parlamentares que participam das discussões acreditam que o indicado será Elmar, porque Sabino já é o presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Com base no acerto feito por Lira com o PT, a PEC da Transição foi apensada à PEC 24/2019, de autoria da deputada Luísa Canziani (PSD-PR), que retira do teto recursos próprios das universidades. Duas propostas legislativas só podem tramitar juntas se tratarem de assuntos similares. Por isso, o Senado inclui o conteúdo da PEC de Canziani no texto da proposta do governo eleito.

 

A pauta que une - Aliados do futuro governo consideram que a pauta capaz de dar uma sensação de base ampla ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será a tributária, com o novo marco fiscal. O setor produtivo e a classe trabalhadora desejam esta reforma. E, assim como ocorreu com a previdenciária, depois de mais de duas décadas de idas e vindas, o texto em tramitação na Câmara pode dar algum alento. A ordem, agora, é tentar convencer Arthur Lira (PP-AL) a recolocar o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator. Aguinaldo foi relator da reforma tributária da Câmara, a PEC 45/2020, mas a proposta terminou inviabilizada com a troca de comando na Casa, em 2021. Agora, o novo governo espera apaziguar e colocar esse projeto de novo em andamento. Aguinaldo tem dito a amigos que basta uma atualização do texto para colocar em votação. É por aí, pela reforma tributária, que o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentará se aproximar mais dos agentes econômicos.

 

Argumentos do PSB - Lideranças do PSB interpretaram a escolha dos petistas Fernando Haddad (SP) e Rui Costa (BA) para a Fazenda e a Casa Civil, respectivamente, como sinalização de que o núcleo duro do futuro governo será do PT, com as siglas da chamada frente ampla na órbita, em pastas não tão influentes. Os pessebistas argumentam, no entanto, que o PT deveria levar em conta critérios para além do tamanho das bancadas na distribuição do restante dos ministérios. Eles afirmam que entregar uma pasta grande para o PSB, que terá 14 deputados, poderia ajudar o partido e a esquerda a ganharem força no médio prazo. Dar os espaços para legendas mais potentes, mas que não são de esquerda, como PSD e União Brasil, pode se voltar contra o próprio PT em uma situação crítica em que possam precisar de apoio, afirmam. O partido quer que o Ministério das Cidades fique com Márcio França. Para além da aposta no fortalecimento da esquerda, o PSB argumenta que França deve receber reconhecimento por seu gesto de abrir mão da candidatura ao Governo de São Paulo para apoiar Fernando Haddad contra Tarcísio de Freitas (Republicanos).

 

Candidato a AGU tem proposta de buscar recursos para a União - Postulante ao cargo de advogado-geral da União, Anderson Pomini deve se encontrar na próxima semana com Lula (PT). Ele conta com a ajuda de Geraldo Alckmin (PSB), de quem é próximo. O advogado eleitoral pretende expor a proposta de fazer com que a AGU venda no mercado privado as dívidas de grandes devedores com a União. Instituições financeiras que as comprassem poderiam cobrar de modo mais ágil que o governo federal, segundo essa ideia, que precisaria da aprovação de um projeto de lei para ser implementada.

 

Lula quer alardear 'cenário caótico' - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende alardear à população o que aliados consideram um cenário caótico no país como forma de evitar ser cobrado por eventuais erros da gestão de Jair Bolsonaro (PL) e dar a dimensão do que pode ser feito no início do governo. Os dados a serem apresentados pelo petista constarão em relatório produzido pela equipe de transição. O documento vai mostrar, por meio de dados e informações, a situação econômica herdada de Bolsonaro em diversas áreas e seus impactos para a próxima gestão. Integrantes da equipe de Lula dizem que as análises feitas por grupos temáticos apontam para uma situação de desmonte de políticas públicas e risco de descontinuidade de programas. Segundo um aliado, o presidente eleito pediu que o relatório seja um consolidado didático, para ser amplamente divulgado à sociedade. A equipe da transição irá redigir um documento específico a ser entregue a cada ministro nomeado e uma síntese ao petista. Um resumo inicial será apresentado no domingo (11) ao presidente eleito, mas deve ser focado na estrutura da Esplanada.

 

Brasil perdeu a soberania da Amazônia nestes quatro anos - "Arrabalde", livro que o documentarista João Moreira Salles lança nesta segunda-feira (12) pela Companhia das Letras, nasceu de duas constatações do autor. Uma, de que estava de costas para a Amazônia, como a maior parte do país. A outra, do estado de abandono, desprezo e criminalidade a que a região foi relegada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) –e pelos militares de seu entorno. "Os militares sempre tiveram a obsessão da soberania. A grande ironia é que nesses quatro anos o Estado brasileiro perdeu a soberania da Amazônia", disse Salles em entrevista à Folha, por vídeo, na manhã de sexta (9). Para ele, "a gente ia virar uma autocracia dinástica" em caso de reeleição de Bolsonaro, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 30 de outubro. O livro é resultado de um período de seis meses em que o documentarista morou no Pará. Salles constatou que as cidades amazônicas também estão de costas para a floresta, e que soluções de renda para os moradores da região devem passar por essas cidades. O diretor de "Entreatos", "Santiago" e "No Intenso Agora" pertence a uma das famílias mais ricas do Brasil. É fundador da revista piauí, onde publicou os artigos que deram origem ao livro. Ele e o irmão Walter Salles, também cineasta –diretor de "Central do Brasil"–, deixaram o quadro de acionistas do Itaú Unibanco em fevereiro deste ano. A participação foi transferida a outros irmãos acionistas. "Quis ter mais liberdade de poder atuar politicamente", afirmou.

 

‘Lula tem de mostrar que é um governo de união nacional’ - O início da gestão Bolsonaro foi marcado pelo racha com alguns de seus então aliados. Um dos que deixaram o governo na época foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Desde então, passou a ser um crítico do atual governo, reclama da tentativa de politização das Forças Armadas e agora diz que Lula precisa mirar a "união nacional''.

 

Laranjas’ podem derrubar 12 deputados eleitos - O uso de supostas candidaturas laranjas de mulheres para driblar a cota mínima de gênero nas eleições deste ano motivou processos que correm nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) do país. Caso as acusações sejam julgadas procedentes, pelo menos 12 deputados podem ter seus votos anulados e, em consequência, os futuros mandatos cassados. Segundo a legislação, 30% das candidaturas devem ser reservadas para mulheres. A inscrição de campanhas fictícias invalida a chapa. Dos quatro processos que investigam as supostas irregularidades, três envolvem o PL, legenda do presidente Jair Bolsonaro. Em Goiás, as nominatas estadual e federal motivaram as investigações. Uma ação conjunta do MDB e União Brasil acusa o PL de ter lançado falsas candidaturas femininas. Os partidos alegam que, com o indeferimento de duas candidatas, o PL não teria cumprido o percentual mínimo. Como argumento para comprovar a suposta fraude, citam o caso de uma candidata que renunciou à corrida para a Assembleia Legislativa e candidatou-se à Câmara dos Deputados, seis dias antes da data da eleição. Caso a ação seja julgada procedente, teriam os votos anulados os deputados estaduais eleitos Paulo Cezar Martins, Major Araújo e Delegado Eduardo Prado. Em nota, o PL alega que, após o indeferimento das duas candidatas à Assembleia Legislativa, a legenda teria retirado cinco homens da chapa, mas que foram mantidos na nominata por decisão da Justiça Eleitoral. Por isso, o pedido de anulação, segundo a legenda, seria “aventureiro, irresponsável e desprovido de fundamento técnico jurídico”. 

 

Entre governos aliados e setor privado, a vida pós Bolsonaro - Com a proximidade do fim do governo de Jair Bolsonaro, ministros já começaram a planejar o futuro. Os destinos traçados incluem a continuidade na política, seja em governos estaduais ou no Congresso, e a ida para a iniciativa privada. O ministro da Justiça, Anderson Torres, deve puxar a fila e deixar seu posto ainda em dezembro para retornar à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, cargo que ocupava até assumir a pasta, em abril de 2021. O governador do DF, Ibaneis Rocha, afirmou ao GLOBO que a volta de Torres já está acertada e que pode ocorrer ainda neste ano. Outros membros do governo podem ir trabalhar com seu ex-colega de Ministério Tarcísio de Freitas, eleito governador de São Paulo. Os titulares da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, e da Advocacia-Geral da União (AGU), Bruno Bianco, foram convidados para integrar a gestão paulista. Os dois, no entanto, ainda avaliam o convite, porque também receberam propostas da iniciativa privada. Tarcísio também chegou a convidar o ministro da Economia, Paulo Guedes, para a Secretaria Estadual da Fazenda, mas ele declinou. Por outro lado, o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, aceitou convite para comandar a pasta de Gestão e Governo Digital. Já o ministro das Comunicações, Fábio Faria, decidiu não concorrer a nenhum cargo depois de ser eleito deputado federal quatro vezes. Ele vai iniciar carreira na iniciativa privada. Uma das hipóteses é que ele passe a trabalhar com o bilionário Elon Musk, dono de várias empresas, entre elas a Starlink, de satélites.

 

Musk tem o projeto de instalar internet de alta velocidade por satélites em escolas da Amazônia. Faria, no cargo de ministro, estreitou relação com o empresário, com quem teve reuniões no Brasil e nos Estados Unidos. Alguns membros do governo devem retornar às suas antigas atividades. Único ministro com mandato parlamentar, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), vai voltar ao Senado logo em janeiro e promete fazer oposição ao governo Lula. Já no início do ano, Nogueira deve ter um papel importante na eleição da Mesa Diretora do Senado, que ocorre em fevereiro. O PL espera contar com o apoio do PP, do qual Ciro é presidente licenciado, para a candidatura do senador eleito Rogério Marinho (RN) contra o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Célio Faria (Secretaria de Governo), por sua vez, ainda não tem destino definido, mas tende a voltar ao seu cargo de economista da Marinha. Joaquim Leite (Meio Ambiente), ex-conselheiro da Sociedade Rural Brasileira por 23 anos, consultor e ex-diretor de uma empresa farmacêutica, deve ir novamente para o setor privado. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que é cardiologista, também deve retomar suas atividades, mas, antes, irá tirar um período de férias.

 

Anti-lavajatistas devem dominar cargos jurídicos - Advogados que ganharam protagonismo no debate jurídico nos últimos anos com críticas ao que consideraram excessos da Operação Lava-Jato estão cotados para assumir os principais postos da área no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, como os comandos da Advocacia-Geral da União (AGU), da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ). Advogados e juristas com esse perfil também estão entre os favoritos para as vagas do Supremo Tribunal Federal (STF) que abrirão em maio e outubro de 2023, com a aposentadoria dos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Lula precisará montar um quebra-cabeça para não desagradar a ninguém, pois a lista de profissionais do Direito que ganharam a sua confiança e a de seus auxiliares mais próximos aumentou nos últimos anos diante da enxurrada de ações envolvendo integrantes do partido, especialmente relacionadas à Lava-Jato. Alguns dos candidatos a essas vagas, inclusive, têm como trunfo uma espécie de dívida de gratidão após conseguirem que seus clientes escapassem de processos, como no caso do próprio presidente eleito, que atribui ao trabalho do advogado Cristiano Zanin a anulação de suas condenações na operação.

Vc

Aliados pressionam Bolsonaro a entregar atos - Jair Bolsonaro (PL) tem sobre a mesa propostas a serem editadas até o fim do mandato, mas não tem demonstrado disposição em despachá-las, o que está preocupando seus auxiliares. Uma delas é a medida provisória que concede benefício tributário aos setores de semicondutores e de placas de energia solar, pronta desde setembro. Aliados querem convencer Bolsonaro a despachar o documento, acordado com os setores industriais, antes de 31 de dezembro. Nomeações para agências reguladoras, como a de Mineração, também aguardam a assinatura do presidente. Os ministros da Secretaria de Governo, Célio Faria, e da Casa Civil, Ciro Nogueira, vêm levantando as pendências. Outra pendência na lista de Bolsonaro é a regulação do mercado de apostas esportivas. O presidente tem até amanhã para apresentar as regras deste mercado, no qual atuam gigantes estrangeiras sediadas no exterior. Sem a regulamentação, concorrentes locais não podem operar. O prazo foi estipulado em projeto de lei sancionado em 2018, por Michel Temer, dando quatro anos para a fixação de regras. Nos últimos meses, empresas estrangeiras tiveram 17 reuniões no Ministério da Economia. Já as brasileiras, só quatro. As empresas locais se dizem prejudicadas. O segmento é explorado por multinacionais, como Sportingbet e Betano.

 

Mudança de casa - Hamilton Mourão (PL-RS) já tem data para se despedir do Palácio do Jaburu, residência oficial dos vice-presidentes. Ele deve deixar a residência no dia 26 de dezembro.

 

Apesar do apoio ao novo governo, estudantes, sindicatos, MST e MTST preparam ações para 2023 - Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha eleitoral, os movimentos sociais de esquerda já projetam ações a partir de 2023 para pressionar o novo governo com uma agenda de reivindicações que não tiveram espaço durante os quatro anos da gestão Jair Bolsonaro, quando estes movimentos estavam na oposição. Sindicalistas, estudantes, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) dizem que, apesar do apoio ao petista, não adotarão uma linha “chapa branca”. A ideia é retomar bandeiras que não tiveram espaço no atual governo. As pautas desses movimentos, que podem se tornar um problema para o PT na largada do novo mandato de Lula, têm sido discutidas na transição.

 

Atividade dos canais de Bolsonaro no Telegram despenca - Após a derrota do presidente Jair Bolsonaro em sua campanha de reeleição, o volume de conteúdo bolsonarista compartilhado no Telegram desabou. Além de uma queda acentuada na circulação de artigos, houve um blecaute em massa de publicações. Os dados foram coletados pelos pesquisadores Letícia Cesarino, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Leonardo Nascimento e Paulo Fonseca, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Eles estudam ambientes de desinformação com foco no Telegram e monitoram mais de 500 grupos e canais de extrema direita no app. Os portais citados ocupam a liderança em número de compartilhamentos nesses chats monitorados. Campeão em popularidade, o Terra Brasil Notícias viu o volume de compartilhamento diário de seu conteúdo cair de um pico de 4 mil no período eleitoral para 796 no início de dezembro. O total de ações, que era de 17,8 mil em julho, subiu para 14,9 mil em agosto, 15,3 mil em setembro e atingiu o pico de 18,2 mil em outubro. Em novembro, tinha 8,8 mil (queda de 51,6%). O movimento foi geralmente seguido por outros sites de Bolsonaro. A Aliados Brasil Oficial viu as suas ações caírem de 6,9 ​​mil em outubro para 2,9 mil (redução de 57,8%) em novembro, no pós-eleitoral. Outro que pegou foi o Pleno News: os compartilhamentos do site passaram de 5 mil em outubro para 3,1 mil (queda de 38%) no mês seguinte.O jornal Cidade Online teve uma queda de 63,4% (de 17,5 mil para 6,4 mil). O Terra Brasil Notícias assumiu a liderança da popularidade na extrema-direita depois que o jornal online Cidade foi desmonetizado pelo YouTube e outras plataformas a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Congresso terá bancada do Cocar - A primeira bancada do cocar chega ao Congresso Nacional pequena e com divergência interna, mas, ao menos em sua maioria, determinada a impedir o avanço de uma agenda anti-indígena e antiambiental no país. Na largada da próxima legislatura, a prioridade da maior parte desse grupo será retomar a demarcação de terras indígenas pelo Executivo e lutar pela desarticulação de projetos que flexibilizam a legislação ambiental e liberam a mineração em terras indígenas. Apesar de reunir, na Câmara, apenas cinco parlamentares — um número reduzido quando se olha para as gigantes bancadas da Bala, Boi e Bíblia, a bancada do cocar representa um avanço para o movimento indígena: nunca antes se teve uma Casa com tantos parlamentares autodeclarados indígenas. O Senado terá dois representantes: o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e o ex-governador Wellington Dias (PT-PI). Até hoje, só dois deputados que se autodeclararam indígenas nas eleições chegaram à Câmara pelo voto: Joenia Wapichana (Rede-RR), cujo mandato termina este ano, e Mário Juruna, primeiro deputado federal indígena do país, eleito em 1982 pelo PDT. Há, porém, casos de parlamentares que mudaram suas autodeclarações após o mandato. O crescimento da bancada do cocar, 40 anos após a eleição de Juruna, foi uma resposta aos ataques do atual governo federal aos indígenas, avalia Kenzo Jucá, assessor legislativo do Instituto Socioambiental (Isa). — A garantia dos direitos dos povos indígenas sempre foi respeitada no Brasil, independente do governo. Sob Bolsonaro, foi a primeira vez que tivemos uma política governamental que autorizou a invasão de territórios e não combateu o garimpo e outras atividades ilegais. Isso culminou numa maior organização dos movimentos — disse. Entidades como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) atuaram durante a campanha para tornar as candidaturas de indígenas mais competitivas. Por meio do projeto "Aldear Política”, a Apib ofereceu mentoria e capacitação para 12 postulantes à Câmara, das quais duas foram eleitas: Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Sônia Guajajara (PSOL-SP), cotada para o Ministério dos Povos Originários no próximo governo. — Precisamos tirar de pauta PLs como o 191, que permite a mineração em terras indígenas; o 2633, que incentiva o desmatamento e a grilagem. Além dos projetos que flexibilizam a legislação ambiental e os licenciamentos. E será preciso retomar a demarcação das terras indígenas pelo Executivo — afirma Sônia Guajajara, que defende a formação de uma bancada da terra, reunindo segmentos como ambientalistas e defensores de direitos humanos, para se contrapor à bancada ruralista. Juliana Cardoso (PT), deputada federal eleita por São Paulo e indígena não aldeada, admite que a tarefa da bancada do cocar não será fácil na próxima legislatura.