PDT: o partido fundado por Brizola no centro do escândalo do INSS

PDT: o partido fundado por Brizola no centro do escândalo do INSS
Mariana Vick e Suzana Souza

Bancada do partido na Câmara deixa base do governo Lula após queda de Carlos Lupi no Ministério da Previdência. O ‘Nexo’ resgata o histórico da legenda e os vaivéns na relação entre petistas e pedetistas
Temas
A bancada do PDT na Câmara decidiu na terça-feira (6) deixar a base do governo Lula depois de as investigações sobre o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) terem levado à saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência. No Senado, a bancada do PDT divergiu dos parlamentares na Câmara, dizendo que vai seguir com o governo. Mas os deputados já dizem que vão discutir candidaturas alternativas ao PT para a eleição presidencial de 2026. O Durma com Esta desta quarta-feira (7) discute como as suspeitas de fraude afetam a legenda fundada por Leonel Brizola e mudam as relações do PDT com o PT, partidos que ora são aliados, ora viram adversários dentro da esquerda.
O programa tem também João Paulo Charleaux comentando o aperto do cerco de Israel na Faixa de Gaza e Lucas Zacari falando sobre as tarifas de Donald Trump que podem impactar as produções de Hollywood.
Produção de arte Lucas Neopmann
Transcrição do episódio
Mariana: Um partido que está na história do trabalhismo do Brasil. Um partido fundado por Leonel Brizola, político que foi símbolo da luta contra a ditadura militar. Um partido com uma relação complicada com o PT, que parece ser, ao mesmo tempo, seu aliado e seu adversário. E um partido que agora está no centro de um escândalo no governo Lula. Eu sou a Mariana Vick e este aqui é o Durma com Essa, o podcast semanal de notícias do Nexo.
Suzana: Olá, eu sou a Suzana Souza e eu tô aqui com a Mariana pra apresentar o programa desta semana, que tem também João Paulo Charleaux comentando o aperto do cerco de Israel na Faixa de Gaza e Lucas Zacari falando sobre as tarifas de Donald Trump que podem impactar as produções de Hollywood.
[trilha]
Mariana: A fraude no INSS tem tido uma série de desdobramentos desde que veio a público no fim de abril. A bancada do PDT na Câmara, que tem 17 deputados, decidiu na terça-feira deixar a base do governo Lula depois de as investigações sobre o Instituto Nacional de Seguro Social terem levado à saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência. No Senado, a bancada do PDT divergiu dos parlamentares na Câmara, dizendo que vai seguir com o governo. Mas os deputados já dizem que vão discutir candidaturas alternativas ao PT para a eleição presidencial de 2026.
Suzana: Lupi, que é presidente do PDT, pediu demissão do cargo de ministro na sexta-feira por estar sob pressão no governo desde que uma operação da Polícia Federal revelou uma fraude bilionária no INSS, órgão que fica sob a alçada da Previdência. Para o lugar dele, Lula nomeou Wolney Queiroz, também pedetista e número 2 de Lupi na pasta. Mas o PDT trata a troca como uma escolha pessoal do presidente, já que o partido não foi consultado sobre a substituição.
Mariana: A suspeita de fraude veio à tona por meio da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, que conduziram a Operação Sem Desconto no fim de abril. A ação mostrou a existência de um esquema de desvios em aposentadorias e pensões concedidas pelo INSS. O valor estimado dos desvios, que ocorreram entre 2019 e 2024, é de R$ 6,3 bilhões. Esses desvios ocorreram por meio dos chamados descontos associativos, que são contribuições que aposentados filiados a sindicatos ou a associações previdenciárias fazem para essas entidades, em troca de benefícios.
Suzana: O que a operação descobriu foi que várias dessas entidades cobravam mensalidades indevidas sob alegação de serviços que não eram prestados. Elas diziam, por exemplo, que davam assistência jurídica a seus filiados, mas, na verdade, mal tinham estrutura para isso. Mesmo assim, essas associações recebiam dinheiro descontado de aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS. Ou seja, esses descontos eram ilegais. Eles sequer tinham sido autorizados pelos aposentados.
Eu não tinha assinado. Não tinha dado autorização nenhuma. São um pessoal vigarista.
Mariana: Você ouviu aí o depoimento da aposentada Maria das Graças, do Ceará, em entrevista para o programa Fantástico, da TV Globo. Segundo a reportagem, ela recebe R$ 700 por mês do INSS. E, sem saber, ela estava recebendo um desconto de R$ 40 nesse valor em nome de uma associação.
Suzana: Essas entidades foram alvo de busca e apreensão da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União. Carros de luxo avaliados em R$ 15 milhões e US$ 200 mil em espécie foram só algumas das apreensões feitas pelas autoridades. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e outras cinco pessoas da cúpula do órgão foram afastados imediatamente do cargo, a pedido da Polícia Federal. E Lula mandou demitir Stefanutto logo em seguida.
Mariana: Essas revelações deram início à crise que o governo Lula vive até agora. Novas notícias sobre as investigações da Polícia Federal saem quase todos os dias. O governo prepara um plano para ressarcir os aposentados e pensionistas que foram vítimas dos descontos indevidos. E, no meio disso tudo, estava o ministro Carlos Lupi. Ele não foi citado nas investigações, mas ficou numa situação difícil por não ter agido contra as fraudes na sua gestão no ministério, mesmo tendo sido alertado sobre elas.
A indicação do doutor Stefanutto é da minha inteira responsabilidade. Doutor Stefanutto é procurador da República. Um servidor que, até o presente momento, me tem dado todas as demonstrações de ser exemplar. Fez parte do grupo de transição do governo anterior para este. Vamos agora, no processo, que corre em segredo de Justiça, esperar as investigações. Estão em curso. Há esse afastamento dado pela Justiça, e nós temos que cumprir a decisão da Justiça. Decisão judicial não se discute, se cumpre. Quando não se concorda, se recorre. Então, vamos aguardar o desfecho desse processo, com os cuidados devidos, como diz a Constituição, de a gente garantir o amplo e total direito de defesa para cada cidadão e cidadã.
Suzana: Você ouviu aí o Carlos Lupi numa entrevista a jornalistas antes da demissão de Stefanutto, defendendo seu indicado para o INSS. O ex-ministro discordou abertamente de Lula ao argumentar que Stefanutto não deveria deixar o órgão — mesmo que ele tenha sido alvo da operação da Polícia Federal. Stefanutto, aliás, nega as acusações.
Mariana: A troca de Lupi por Wolney Queiroz não afastou o escândalo do Planalto. Ex-deputado federal que exerceu seis mandatos pelo PDT, Queiroz era o secretário-executivo do Ministério da Previdência até assumir a chefia. Ou seja, ele era o número dois de Lupi.
Suzana: Antes da nomeação, assessores de Lula aconselharam o presidente a indicar um nome técnico e sem ligações com o PDT, segundo informações de bastidor do blog do Valdo Cruz, do portal G1. Mas Lula preferiu escolher Queiroz para tentar evitar tensões com a base aliada do partido no Congresso. Não deu certo.
Mariana: Queiroz assume o cargo com uma enxurrada de problemas e algumas contestações ao seu nome no comando do Ministério da Previdência. A oposição pressiona por uma CPI do INSS e até tentou anular sua nomeação na Justiça. Pesa ainda sobre Queiroz o fato de ele ter estado presente, em junho de 2023, numa reunião do Conselho Nacional do INSS na qual uma conselheira já tinha alertado Carlos Lupi sobre os descontos indevidos aos aposentados e pensionistas.
[mudança de trilha]
Suzana: O PDT é um partido de médio porte. Ele surgiu em 1979, com a redemocratização do país, sob a liderança de Leonel Brizola. O objetivo inicial da legenda era reconstruir o PTB — o Partido Trabalhista Brasileiro de Getúlio Vargas —, que tinha sido extinto na ditadura militar. Mas a sigla original foi concedida a Ivete Vargas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Brizola então fundou o PDT — o Partido Democrático Trabalhista — com o discurso de que eles seriam os “trabalhistas autênticos”.
Mariana: O partido é membro da Internacional Socialista e se compromete a seguir o manifesto publicado em seu lançamento, que fala em “igualdade e oportunidade para todos”. Diz se opor ao neoliberalismo e apoia causas trabalhistas. Forma alianças com partidos que se declaram próximos ideologicamente, embora já tenha se aproximado de outros partidos mais ao centro e à centro-direita. A sigla também se dividiu em votações importantes no Congresso nos últimos anos, como a gente vai falar daqui a pouco.
Só um povo preparado pode desenvolver-se. Não há capital estrangeiro, não há investimento estrangeiro algum que desenvolva um país em que seu povo se encontre atrasado, como nós nos encontramos, sem um sistema educacional como realmente necessita o Brasil.
Suzana: Você ouviu aí o Leonel Brizola, que foi o principal nome do partido. Líder trabalhista pré-golpe de 1964, exilado no Uruguai na ditadura, ele voltou ao Brasil com a redemocratização e alcançou cargos como o de governador do Rio de Janeiro.
Mariana: O antropólogo Darcy Ribeiro também esteve entre os quadros do PDT, pelo qual foi vice-governador do Rio. Brizola morreu em 2004. E hoje, o partido é formado por líderes regionais, sem ter uma referência nacional com ligações históricas com a sigla. O nome mais conhecido do PDT é Ciro Gomes, que se filiou à legenda em 2015. Carlos Lupi, o ministro da Previdência que pediu demissão na última semana, é o presidente da sigla desde 2005.
Suzana: A história do PDT é marcada por uma relação complicada com o PT, que volta a se tensionar agora. Os partidos disputaram várias vezes o protagonismo na esquerda e foram adversários em eleições presidenciais. Os embates vêm desde o fim da ditadura militar, quando, em 1989, Lula foi ao segundo turno contra Fernando Collor na disputa pela Presidência. O resultado deixou Brizola em terceiro lugar por uma margem estreita. Collor venceu no fim das contas — e o resto é história. Você ouve aí o Lula falando um pouquinho dela.
O momento mais difícil da minha vida foi 1989, quando eu fui ao apartamento do engenheiro Leonel de Moura Brizola pedir para ele me apoiar no segundo turno de 89. Foi uma reunião muito difícil, muito tensa. Eu tinha recebido uma senha, e um amigo do PDT falou o seguinte: “ó, Lula, a reunião vai ser tensa. Mas, se, em algum momento, o Brizola pegar na tua mão e te levar na janela, é porque você ganhou o jogo”.
Mariana: O PT e o PDT tiveram idas e vindas desde então. Lula e Brizola formaram uma chapa juntos na eleição presidencial de 1998, quando foram derrotados por Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Os partidos seguiram caminhos opostos nas eleições de 2002 e 2006, que deram vitória a Lula. E voltaram a se aproximar nos pleitos de 2010 e 2014, que elegeram Dilma Rousseff.
Suzana: Mesmo quando ficaram de lados opostos nas eleições presidenciais, o PT e o PDT se uniram na hora de formar governo. O PDT virou um “satélite” do PT, participando de coalizões e emplacando ministros — como Lupi, que chefiou a pasta do Trabalho de 2007 a 2011, nos governos Lula e Dilma Rousseff. Também naquela época, ele deixou o governo depois de várias denúncias terem posto em xeque sua relação com ONGs vinculadas ao ministério.
[mudança de trilha]
Mariana: O PDT tentou aumentar sua presença no cenário nacional em 2018. Rompendo com a prática adotada nas duas eleições anteriores de se aliar ao PT, o partido lançou naquele ano a candidatura de Ciro Gomes à Presidência. Ex-governador do Ceará, ele já tinha disputado as eleições presidenciais em 1998 e 2002 por outras siglas. Seu discurso era de que o PDT era uma alternativa para os eleitores de esquerda naquele ano em que o PT vivia sua pior fase, com o impeachment de Dilma Rousseff, as repercussões da Operação Lava Jato e a prisão de Lula. Ele dizia que poderia unir o Brasil, como você ouve num dos programas eleitorais feitos na época.
Tem gente que vota Bolsonaro para evitar o PT, e outros que votam no PT para barrar o Bolsonaro. Eu entendo. Mas, desse jeito, o Brasil vai continuar dividido, e a crise só vai aumentar. Tá na hora de unir o Brasil. Eu sou ficha limpa, tenho a melhor proposta, experiência e converso com todos os lados. Não sou PT, nem anti-PT.
Suzana: Ciro conseguiu 12% dos votos no primeiro turno. Não passou para o segundo turno, que foi disputado por Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, candidato do PT na ausência de Lula. Começou nesse momento uma briga entre o PT, que cobrava apoio dos trabalhistas contra Bolsonaro, e o PDT, ressentido porque os petistas tinham lançado um candidato considerado fraco em vez de abrir mão do protagonismo e embarcar com Ciro desde o primeiro turno. Ciro não apoiou Haddad publicamente e viajou à Europa durante a campanha do segundo turno. E Bolsonaro venceu as eleições contra o PT, derrotado pela primeira vez desde 2002.
Lula o quê? O Lula tá preso, babaca! O Lula tá preso! O Lula tá preso! E vai fazer o quê? Babaca! Babaca! Isso é, isso é o PT. E o PT, desse jeito, merece perder.
Mariana: Você ouviu aí o Cid Gomes, irmão de Ciro e, na época, um dos principais nomes do PDT num bate-boca durante um ato pró-Fernando Haddad no Ceará nas eleições de 2018. Na ocasião, ele tinha criticado o PT dizendo que o partido deveria fazer “mea culpa”. Com isso, ele foi vaiado pela plateia.
Suzana: Mesmo na oposição a Bolsonaro, o PDT manteve distância do PT entre 2019 e 2022, como lembra uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo. O partido estreitou alianças com o PSB nas eleições municipais de 2020 para criar um novo bloco na esquerda. Na mesma época, a legenda se aproximou de candidatos de partidos de direita contra o PT em capitais como Salvador. Foi aí que alguns começaram a dizer que parecia que o PDT vinha perdendo sua coesão programática, historicamente ligada às esquerdas.
Mariana: Outros eventos abalaram a identidade do PDT naquele período. Em 2019, a reforma da Previdência de Bolsonaro opôs deputados da legenda contrários e favoráveis à proposta, embora a direção do partido tivesse orientado que todos votassem contra a medida. Na época, a legenda aplicou punições temporárias para os parlamentares que contrariaram a orientação, como Tabata Amaral, que hoje está no PSB.
O PDT suspendeu as atividades partidárias de deputados que apoiaram a reforma da Previdência. O partido abriu processo para decidir que tipo de punição vai aplicar aos oito deputados, inclusive a Tabata Amaral, que deu muita repercussão. Enquanto isso, os parlamentares não vão poder falar pela sigla no Congresso, nem representar o PDT.
Suzana: Teve outro racha no partido em 2021, depois que deputados do PDT votaram a favor da PEC dos Precatórios — que foi uma medida de Bolsonaro para driblar o teto de gastos e financiar programas assistenciais em 2022, ano eleitoral. Em protesto, Ciro Gomes suspendeu a pré-candidatura à Presidência na época. Mas, mais tarde, ele oficializou a decisão de concorrer pelo partido — mais uma vez, contra o PT, e, agora, contra Lula.
Mariana: A campanha do PDT foi com tudo contra o PT. Com vários memes voltados ao eleitor jovem, Ciro distribuiu ataques de forma equivalente entre Lula e Bolsonaro, dizendo ser o “único nome” a ter um projeto consolidado para o país. Pode ser que isso seja do jogo, afinal, Ciro queria ganhar a eleição. Mas o posicionamento irritou eleitores de esquerda — já que, naquela altura, Bolsonaro já tinha mostrado que não era muito afeito à democracia, atacando constantemente as urnas eletrônicas e ameaçando não reconhecer o resultado das eleições. Por conta disso, houve um movimento de voto útil em Lula ainda no primeiro turno.
— E não prestar contas gerou a tragédia do Bolsonaro. Porque, se fosse verdade essa montanha de coisas boas, por que o Bolsonaro, essa tragédia que aconteceu com o Brasil, foi eleito depois do PT?
— Ciro, eu estou achando você nervoso. Tô achando você nervoso. Eu vou te dizer uma coisa que você poderia dizer, a bem da verdade, para as pessoas que estão nos ouvindo. A verdade nua e crua é que você saiu do governo para ser candidato a deputado federal, contra a minha vontade, que queria que você fosse para o BNDES. A segunda verdade é que você viveu, no meu período de governo, os oito anos em que eu fui presidente, o momento de maior conquista social deste país.
Suzana: Você ouviu aí um trecho do debate dos candidatos à Presidência na TV Globo em 2022, mostrando um pouco como estava o clima entre Ciro e Lula.
Mariana: Ciro teve seu pior resultado em eleições presidenciais, com 3% dos votos. Ele se recusou a pedir voto nominalmente em Lula no segundo turno, dizendo apenas que acompanhava a decisão do PDT, que era de apoio ao petista. Com 17 deputados eleitos, o PDT entrou na base de Lula a partir de 2023 e esteve entre as legendas mais fiéis nas votações de pautas de interesse do governo nesta legislatura. Lupi, que já era um nome de confiança de Lula, ganhou o Ministério da Previdência. O ex-governador do Amapá Waldez Góes levou o Ministério da Integração Regional, mas a sua indicação partiu do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que é do União Brasil.
Suzana: Por outro lado, a crise de identidade não acabou. Em 2023, os irmãos Ciro e Cid Gomes, que hoje é senador, protagonizaram uma briga pública dentro do PDT. A confusão foi motivada pelo comando do diretório estadual do partido no Ceará, berço político dos Gomes, pela disputa à prefeitura de Fortaleza em 2024 e pela posição do partido em relação ao governador do estado, Elmano de Freitas, do PT. Para Cid, o PDT deveria fazer uma aliança com o PT no estado. Para Ciro, o partido deveria fazer oposição ao governo.
Mariana: Em 2024, o PDT declarou neutralidade no segundo turno das eleições em Fortaleza. O partido rachou, com parte dos integrantes declarando apoio a Evandro Leitão, do PT, e outros — lideranças estaduais ligadas a Ciro Gomes — preferindo André Fernandes, do PL. Na época, a Juventude do PDT divulgou nas redes sociais uma nota de repúdio ao endosso de pedetistas ao candidato bolsonarista, dizendo que “o PDT sempre esteve na linha de frente na luta por justiça social, democracia e pluralidade do povo brasileiro”. Mas Ciro respondeu que não seria “puxadinho do PT”.
Suzana: A troca no comando do Ministério da Previdência depois das investigações sobre o INSS trouxe a rixa de volta à tona. Mesmo com um pedetista como ministro, Ciro escreveu nas redes sociais que está “muito envergonhado” e que a demissão de Lupi foi “uma indignidade inexplicável”. Ele também disse que a “responsabilidade política” pelo escândalo é de Lula.
Mariana: O Durma com Essa volta já.
[trilha da redação]
Suzana: O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, decidiu na segunda-feira intensificar a escalada militar contra a Faixa de Gaza. Dezenas de milhares de reservistas israelenses já começaram a receber convocatórias para participar das operações, que devem ter início no fim da próxima semana. O João Paulo Charleaux fala sobre o tema no bloco “Além da Fronteira” desta semana.
Olá, ouvintes. Olá, amigos do Durma com Essa.
A guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza deve entrar a partir da semana que vem em um novo patamar – ainda mais violento, brutal e ilegal.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovou um plano para convocar dezenas de milhares de reservistas que vão ser alocados no sul da Faixa de Gaza. Na prática, essa manobra implica a remoção forçada da população civil palestina que vive no local e a anexação dessa parte do território por Israel.
É óbvio que ambas as manobras são ilegais, como vêm sendo ilegais uma porção de atitudes tomadas por Netanyahu nos últimos 18 meses de conflito.
Além da anexação territorial e da remoção forçada de civis palestinos, Israel pretende assumir o controle sobre toda a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, o que significa colocar um garrote na distribuição de comida aos civis, usando os alimentos como instrumento de barganha político-militar.
Olha, Israel tem o direito de se defender das ações do Hamas, que, em 7 de outubro, cometeu um massacre sem precedentes contra civis israelenses. Israel tem também o direito de fazer o possível para reaver seus civis sequestrados ilegalmente.
O problema é que suas ações vêm extrapolando enormemente os limites legais, numa exacerbação impossível de ser tolerada.
Se esse tema te preocupa, se ele te interessa, então talvez você queira dar uma olhada na coluna que eu publico esta semana no Nexo Jornal.
[mudança de trilha]
Mariana: O presidente Donald Trump autorizou o Departamento de Comércio e o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos a instituírem 100% de tarifa sobre filmes produzidos fora do território americano. O anúncio foi feito nas redes sociais no domingo. A medida não deve impactar só filmes estrangeiros, mas vários sucessos de Hollywood gravados em outros países. O Lucas Zacari escreveu sobre o tema e fala sobre ele no bloco “Tudo é cultura” desta semana. Lucas, como Hollywood usa locações fora dos Estados Unidos para suas produções?
Os principais estúdios cinematográficos têm sede em Hollywood, como a Warner Bros e a Disney. Mas boa parte das filmagens está se deslocando da região. Segundo a organização não governamental Film LA, houve uma queda de 22,4% de produções feitas em Los Angeles no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período em 2024.
Os executivos dos principais estúdios têm preferido escolher locações para gravações fora dos Estados Unidos. As cidades canadenses de Toronto e Vancouver, o Reino Unido e a Austrália são alguns dos destinos preferidos para as filmagens.
Os incentivos fiscais favoráveis às filmagens são o principal fator de atração dos cineastas para o exterior. Além disso, a qualidade da equipe técnica e de atores, além de custos baixos de produção, ajudam na escolha por esses locais.
Entre as maiores bilheterias mundiais de 2024, títulos como “Deadpool e Wolverine” e “Wicked” foram filmados no Canadá e na Inglaterra. Já “Duna: Parte 2” teve locações na Jordânia, nos Emirados Árabes Unidos e na Hungria.
Mariana: E Lucas, qual foi a reação da indústria do cinema americano ao anúncio de Trump?
Após a publicação de Donald Trump, as ações de estúdios como Netflix, Disney e Warner Bros. sofreram queda. Ainda há poucas informações sobre a forma como a taxação vai ser feita, o que deve ser de responsabilidade do Departamento de Comércio e do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos.
Uma estratégia apoiada por Hollywood para a retomada das filmagens em território americano é o estabelecimento de incentivos fiscais nos Estados Unidos, assim como acontece no exterior. Em 2024, a Califórnia aumentou o valor do Programa de Crédito para Cinema e Televisão local, indo de US$ 330 milhões para US$ 750 milhões.
Representantes dos governos da Austrália e da Nova Zelândia se pronunciaram após a publicação de Trump, afirmando que vão manter os incentivos para a produção cinematográfica local. As sagas “Matrix” e “O senhor dos anéis” foram filmadas na região e se tornaram grandes pontos turísticos.
A preocupação com possíveis taxações americanas à indústria cinematográfica já acontece desde o início da guerra comercial entre Estados Unidos e Canadá, em fevereiro. Na época, especialistas entendiam que seria difícil taxar as filmagens, por elas serem gravadas digitalmente. Para eles, as tarifas poderiam impactar a importação de elementos de produção, como equipamentos e figurinos.
Mariana: Se você quiser se aprofundar nos temas que a gente tratou no programa desta semana, entre em nexojornal.com.br.
[vinheta]
Suzana: Dos impactos do escândalo do INSS para o PDT, passando pelo garrote de Israel na Faixa de Gaza e terminando com as tarifas de Donald Trump para os filmes de Hollywood, Durma com Essa.
Mariana: Com roteiro e produção de Mariana Vick, apresentação de Mariana Vick e Suzana Souza, edição de texto de Antonio Mammi, participações de João Paulo Charleaux e Lucas Zacari, produção de arte de Lucas Neopmann e edição de áudio de Brunno Bimbati, termina aqui mais um Durma com Essa. Até a próxima semana!