Manchetes dos jornais de domingo 01-10-2023

Manchetes dos jornais de domingo 01-10-2023

Edição de Chico Bruno

 

Manchetes dos jornais de domingo 01-10-2023

 

Valor Econômico – Não circula hoje

 

FOLHA DE S.PAULO – Emendas distorcem envio de verbas para acesso a água

 

O GLOBO – Violência na Bahia cresce com disputa entre 10 facções

 

CORREIO BRAZILIENSE – "Luta pelo FCDF foi uma construção histórica"

 

O ESTADO DE S.PAULO – Startups do agro desconhecem crise e recebem investimentos

 

Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia

 

Matar a sede - A Folha percorreu cinco estados do Nordeste e flagrou distorções, com moradores ignorados pelas emendas e pelas estatais tendo de fazer longas caminhadas diárias até um açude ou rio ou a situação de ter de escolher entre a compra de comida e um garrafão de água. As serras que cortam o município de Mata Grande (AL), onde mora a agricultora Ana Maria Domingos da Silva, 56, são um exemplo disso. Na região em que está a sua pequena propriedade, quem aguenta anda até duas horas por dia até a fonte para trazer água em um jegue. Quem não consegue, como ela, acaba pagando a outros moradores para transportarem de carroça. Enquanto isso, no interior da Bahia, centenas de reservatórios estão estocados em um galpão da Prefeitura de Campo Formoso, onde há casos de poços perfurados em terrenos privados e até de caixa-d’água com logotipo do governo vendida em anúncios online. Um padrinho político faz a diferença. O contraste entre as áreas ignoradas e as abastadas em equipamentos de convivência com a seca é um efeito direto do avanço das emendas parlamentares, que empoderam o Congresso com envio de recursos para áreas indicadas por deputados e senadores, e não necessariamente em regiões de maior necessidade. A Codevasf afirmou que suas doações são realizadas após avaliação técnica, legal e de conveniência socioeconômica. O Dnocs afirmou que a entrega de cisternas e reservatórios "é realizada por meio de emendas parlamentares, que são destinadas ao estado e município solicitado pelo parlamentar responsável pela emenda, sem interferência do governo federal".

 

Crime em disputa - A fragmentação do crime organizado transformou a Bahia em um emaranhado de rixas entre 10 facções, oito locais e duas vinda de fora, atraídas pela localização estratégica para rotas do tráfico, e levou o estado ao topo do ranking demortes violentas no Brasil: 6.659 em 2022. A escalada da guerra entre policiais e criminosos em Salvador, no entorno da capital e em cidades mais afastadas aumentou o número de homicídios em confrontos e também fez a polícia baiana, a mais letal do país. 

 

FCDF - Uma das principais articuladoras da vitória do Distrito Federal na manutenção das verbas do Fundo Constitucional, ameaçadas pelo arcabouço fiscal, a vice-governadora Celina Leão (PP) consolidou a posição dela de candidata natural do grupo de Ibaneis Rocha (MDB) à sucessão do Palácio do Buriti. Em entrevista ao Correio, Celina Leão relembrou as negociações pelo FCDF, que uniram diferentes correntes políticas da cidade. Mesmo após se destacar nesse episódio e também no comando do GDF após o 8 de janeiro, com o afastamento provisório de Ibaneis, a ex-deputada distrital e federal acha cedo para falar nas próximas eleições, mas vê o atual governo fazendo uma boa gestão, o que o cacifa a permanecer no poder. “Um processo eleitoral antecipado pode criar um pouco de mal-estar, um sentimento de arrogância. É claro que temos um projeto político de continuidade, mas isso vai ser construído em 2026”, avisa. A violência contra a mulher, uma das grandes preocupações de Celina, também foi tema da conversa.

 

Sem crise - As agrechs - como são chamadas as startups voltadas ao agronegócio - não conhecem crise, juros altos ou dinheiro escasso. Os investimentos nessas empresas dispararam nos íltimos três anos e chegaram US$ 273 milhões (R$ 1,3 bilhão) em 2022, segundo a consultoria em inovação Distrito. O Brasil tem 598 agrechs ativas e os negócios mostram a força do setor. No mês passado, a Biotrop, de Vinhedo (SP) focada em desenvolvimento de insumos biológicos para o plantio foi comprada pelo grupo belga Biobest, num negócio de cerca de R$ 2,8 bilhões.

 

Imagens no QG revelam conivência dos militares - Logo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno de 2022, bolsonaristas extremistas se dirigiram para frente de unidades militares de todo o país pregando a intervenção das Forças Armadas e com a promessa de impedir a posse do petista em 1º de janeiro. O ponto central desse encontro foi o Quartel-General do Exército, em Brasília, para onde se deslocaram milhares de seguidores de Jair Bolsonaro, em carros e caravanas de ônibus e dezenas de caminhões. Em frente ao QG, os defensores do golpe armaram barracas e distribuíram alimentação e água, na Praça dos Cristais. Durante a permanência desses grupos, o Exército nada fez para retirá-los. Ao contrário, acompanhou a mobilização dos inconformados com o resultados das urnas. Como revela imagens desta reportagem, logo no início de novembro, o Exército permitiu que dezenas desses caminhões, com faixas defendendo o golpe e com inscrições como “socorro, Forças Armadas”, ficassem estacionados numa área exclusivamente militar. Uma das fotos, de 12 de novembro, exibe ainda uma caminhonete com o símbolo do Exército protegendo a cancela, fechada, em frente à área onde estavam os veículos. Além da guarida aos caminhões, outras imagens demonstram a tolerância dos militares com os extremistas. Militares da Polícia do Exército circulavam entre os manifestantes sem tomar qualquer atitude e apenas observavam. No local onde ficaram os caminhões há um placa grande informando se tratar ali de uma “área militar”, diferente da Praça dos Cristais. Ou seja, obtiveram autorização para estarem naquele espaço. Se invadiram, não foram importunados. A “estadia” dos caminhoneiros bolsonaristas no local durou dois meses. Nos últimos dias, depoimentos nas investigações e nas Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs) — até de oficiais e de bolsonaristas — confirmam que os militares nada fizeram para desmontar o acampamento do QG, que redundou em atos como a tentativa de invasão na Polícia Federal e o plano de explodir uma bomba no Aeroporto Internacional de Brasília, ambos em dezembro. A derradeira e mais ousada ação se deu com a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso Nacional e do Planalto no atos do 8 de janeiro. Procurado pelo Correio, na última sexta-feira, o Comando do Exército não comentou a presença dos caminhões na área militar. Questionado também sobre a razão de os militares não terem desmontado o acampamento em frente ao QG, o Exército, hoje sob o governo Lula, deu a mesma resposta dos oficiais da gestão de Bolsonaro. O Centro de Comunicação do Exército respondeu que “não havia nenhuma determinação judicial classificando o acampamento na frente do QG do Exército como ilegal, tampouco houve ordem judicial de que o mesmo fosse des mobilizado”, informou Exército.

 

Entenda como funcionava o acampamento na frente do Exército -  Estrutura de alimentação — barracas serviam almoço aos manifestantes, que se organizavam em filas para receber as marmitas, com churrasco no cardápio.  Locais para reuniões — os discursos dos golpistas se davam bem em frente ao QG, mas na parte mais distante da Praça dos Cristais, com espaços reservados para reuniões fechadas para definir “estratégias”. Espaços para massagem — outro serviço disponbilizado pelos organizadores dos acampamentos. Tenda de oração — espaço para orar no acampamento, com imagens de santos se misturando a faixas de protesto e pregação a favor da intervenção militar. Banheiros químicos — dezenas de unidades estavam espalhadas pela praça e eram constantemente higienizadas por empresas contratadas. Barracas de tamanhos diversos — os manifestantes dormiam sozinhos ou em grupos.

 

Michelle ironiza Janja em evento do PL - A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou, ontem, em Fortaleza, durante encontro estadual do PL Mulher do Ceará, que não quis ser uma “viajante, turista” durante os quatro anos de governo do marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ironia de Michelle tinha endereço: a atual primeira-dama, Janja Lula da Silva, que comandou uma comitiva de autoridades em visita a regiões atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul na última quinta-feira, e tem acompanhado Lula nas diversas viagens internacionais do presidente. “Eu cheguei como primeira-dama, eu já sabia, porque estava no meu coração, que eu não queria ser uma boneca de enfeite, ou uma viajante, turista. Não era isso que eu queria”, disse Michelle Bolsonaro a dezenas de convidadas do encontro, que, em seguida, aplaudiram a mulher do ex-presidente.

 

O que preocupa Arthur Lira - Em conversa com líderes, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem reclamado da falta de relatórios das Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs). Duas terminaram seus prazos sem votar relatórios, a CPI do MST e das apostas esportivas. A avaliação é a de que a imagem da Casa fica desgastada com esses episódios. A CPI do MST foi comparada a um ringue entre governo e oposição. A das apostas esportivas terminou com a notícia publicada pela revista Veja, de uma suposta cobrança de propina por parte do relator, deputado Felipe Carreras (PSB-PE). Carreras nega e seus aliados consideram que essas denúncias tiveram o intuito de desgastar o grupo ligado ao presidente da Câmara. Pode anotar: diante do fiasco dessas duas CPIs inconclusas, os líderes vão pensar duas vezes antes dar sinal verde a novas CPIs na Casa. E assim, está cada vez mais distante o tempo em que as comissões descobriam os problemas, leia-se a dos anões do Orçamento e a das contas fantasmas do esquema PC Farias, que investigou desvios na campanha e no governo de Fernando Color de Mello.

 

Internado, Lula tem dia “estável” - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou bem o primeiro dia de recuperação da cirurgia para corrigir uma artrose no lado direito do quadril, segundo a Presidência da República. Na parte da manhã, ontem, o petista caminhou no quarto do hospital e realizou sessões de fisioterapia, depois de uma noite sem problemas. Outro boletim, no início da noite, informou que o petista apresenta quadro “estável”. A cirurgia, feita pelo ortopedista Giancarlo Polesello, ocorreu sem intercorrência. Os médicos aproveitaram para operar as pálpebras de Lula, e não foi preciso encaminhá-lo à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo o especialista, a cicatrização do quadril deve ocorrer de quatro a seis semanas. “A tendência é que, a partir da 10ª semana, o presidente não tenha mais dores. Mas isso dependerá da cicatrização”, ressaltou.

 

Outra petista operada - A deputada federal Gleisi Hof fmann (PR), presidente do Partido dos Trabalhadores, por sua vez, passou ontem por uma cirurgia cardíaca de revascularização do miocárdio. Segundo o boletim médico da parlamentar, “o procedimento transcorreu com sucesso, sem quaisquer intercorrências ou complicações”. Ela foi internada na quinta-feira, no Hospital DF Star, também em Brasília, para fazer exames de rotina. Porém, os resultados dos exames apontaram que havia uma obstrução coronária — placa de gordura que se forma nas artérias que levam sangue ao músculo cardíaco. De acordo com o boletim, foram feitos “dois enxertos de artéria mamária para restaurar a circulação sanguínea adequada ao coração”.

 

Alíquota exagerada quebra bets - Do jeito que foi aprovado na Câmara, o projeto que prevê que empresas paguem alíquota de 18% sobre a receita obtida com jogos quebra as bets que faturam até R$ 100 milhões por ano, afirma o advogado Ticiano Gadêlha, sócio da Tôrres Gadêlha Advocacia. Do jeito que foi aprovado na Câmara, o projeto que prevê que empresas paguem alíquota de 18% sobre a receita obtida com jogos quebra as bets que faturam até R$ 100 milhões por ano, afirma o advogado Ticiano Gadêlha, sócio da Tôrres Gadêlha Advocacia. O escritório representa o NSX Group, que administra 64 casas de apostas esportivas. "Na forma como está, a esmagadora maioria das operações de Bets não consegue sobreviver", afirma. Segundo ele, o Senado está debruçado sobre a questão. "É meio que um consenso de que esse percentual deve baixar." Ele afirma ainda que os senadores estão rediscutindo uma calibragem na distribuição dos recursos, por considerarem que a educação foi pouco privilegiada —a segurança pública deve ceder parte para o setor. "Eles [deputados] acabaram cedendo muito para tentar contemplar todo mundo nesse percentual. Está bem distribuído, mas o percentual da educação não faz muito sentido estar lá embaixo." Na Câmara, o projeto foi aprovado com um dispositivo que pode permitir cassinos online e apostas em competições de games virtuais, os eSports. No Senado, no entanto, há resistência ao item, que deve acabar caindo.

 

Dino é o campeão de requerimentos de deputados - Campeão de pedidos de convocação e requerimentos de informação da Câmara dos Deputados, o ministro Flávio Dino (Justiça) recebeu no último dia 20 de setembro uma demanda inusitada: dar explicações sobre o paradeiro de 29 araras-azuis que sumiram no Suriname. O requerimento, de autoria do deputado Felipe Becari (União-SP), relata que as aves foram traficadas ao país vizinho e estavam prestes a serem repatriadas por autoridades brasileiras quando desapareceram de uma garagem onde estavam sendo guardadas. "Mídias daquele país sugerem que o crime teria ocorrido por meio de um conluio entre máfias chinesas e membros do governo surinamês. Assim, faz-se imprescindível a manifestação do Ministério da Justiça para esclarecer ao povo brasileiro esta questão", diz o parlamentar. Desde o início do governo Lula (PT), Dino já foi objeto de 70 requerimentos de convocação, 18 pedidos de informação, 6 moções de repúdio e 1 pedido de impeachment. Praticamente todos são de autoria de parlamentares de oposição. A maior parte refere-se a temas como os ataques de 8 de Janeiro, medidas para conter o MST e declarações polêmicas do próprio Dino. Segundo deputados, o estilo debochado do ministro estimula os pedidos por parte da oposição. 

 

Brasil Sorridente terá R$ 3,8 bilhões em 2024 - O Ministério da Saúde destinou R$ 3,8 bilhões para o programa Brasil Sorridente, de saúde bucal, em 2024, o que permitirá incluir 22,8 milhões de beneficiados no atendimento odontológico pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A previsão é que, em 2024, sejam oferecidos 8.069 novos serviços e equipes de saúde bucal, além de compra de novos equipamentos, como cadeiras odontológicas e ultrassom dental, por exemplo. Com isso, o programa, recriado em maio pelo presidente Lula (PT), conseguirá cobrir 127 milhões de pessoas. O ministério também prevê reajuste de até 188% dos valores destinados a estados e municípios para o custeio dos serviços —estagnados desde 2016. A expectativa é que, com o aumento, mais gestores façam adesão ao programa. A pasta quer ainda habilitar 300 novas Unidades Odontológicas Móveis, o que elevaria o número para 404. A intenção é ampliar o atendimento em regiões de difícil acesso. Outra meta é criar 800 novos Serviços de Especialidades em Saúde Bucal, que são implantados em municípios com até 20 mil habitantes.