Lula não gostou da demissão de Hélio Doyle

Lula não gostou da demissão de Hélio Doyle

Lula não gostou da demissão de Hélio Doyle

A assessores, presidente avaliou que governo usou critérios diferentes para situações semelhantes

Orlando Pontes

Orlando Pontes 

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A demissão do jornalista Hélio Doyle da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), na quinta-feira (19), repercutiu mal no Palácio do Planalto. Amigo de Doyle, a quem indicou para o cargo em sua cota pessoal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou a despachar em seu gabinete na segunda (23), considerou “exagerada” a punição adotada pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, ao qual a EBC é subordinada.

 

O afastamento do ex-comandante da EBC foi anunciado horas depois de Hélio Doyle compartilhar em seu X (antigo Twitter) uma postagem do cartunista Carlos Latuff com a frase “não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”. Pimenta não gostou da publicação de Doyle. Entendeu que ela afetava a política de neutralidade do Brasil. Chamou o subordinado ao seu gabinete e comunicou seu afastamento.

Mas, segundo assessores próximos a Lula, o presidente avalia que o governo usou critérios diferentes para situações semelhantes. A tesoureira do PT e conselheira de Itaipu Gleide Andrade escreveu numa rede: “Israel não merece ser um Estado”. 

Já o diretor da Apex Brasil, Floriano Pesaro, postou: “apoiar o direito de Israel “se defender” é o mesmo argumento usado pelos EUA para vetar no Conselho de Segurança da ONU a proposta brasileira de cessar-fogo da guerra Israel-Hamas”. E ainda compartilhou postagem do apresentador Luciano Huck com críticas ao Itamaraty: “Esse blá-blá-blá diplomático não basta”.

Gleide e Pesaro não sofreram qualquer retaliação administrativa e seguem em seus cargos. 

Rixa – Fontes palacianas avaliam que a postagem de Doyle no X foi apenas a oportunidade que Pimenta esperava para afastá-lo do cargo. Desde a indicação do jornalista para a presidência da EBC, a preferência do ministro era por seu amigo pessoal André Basbaum, da Band. Porém, mesmo com o apoio do secretário de imprensa José Chrispiniano, o executivo da Band declinou do convite. Então, Lula emplacou Doyle, com quem convive desde os primórdios do PT.

Durante sua gestão de sete meses, Hélio Doyle obteve conquistas importantes. Conseguiu um acordo com os funcionários da empresa, que estavam em dissídio coletivo há dois anos, concedendo-lhes um reajuste salarial de 11,09%. 

Dois dias antes de seu afastamento, havia celebrado a expansão da rede da EBC para 118 emissoras de TV e 91 rádios de universidades federais. A parceria, até então, era com 40 rádios e 69 emissoras de televisão ligadas à Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP).

Procurado pelo Brasília CapitalHélio Doyle preferiu não polemizar. Mas lamentou a interrupção de projetos importantes, como um acordo para criação de um canal internacional da EBC.

Corrente – Na segunda-feira (23), Paulo Pimenta empossou, interinamente, o ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Estatística (IPE-DF), antiga Codeplan, Jean Lima, na vaga aberta com a demissão de Doyle. Jean é da mesma corrente interna petista do ministro-chefe da Secom-PR, que em Brasília é liderada pelo vice-presidente da Câmara Legislativa Ricardo Valle (PT).