79 anos da bomba dos EUA em Hiroshima: o maior crime de guerra de todos os tempos
79 anos da bomba dos EUA em Hiroshima: o maior crime de guerra de todos os tempos
Por Hora do Povo
EUA bombardeou Hiroshima em 6 de agosto de 1945 (reprodução)
Entre 70 e 100 mil pessoas morreram de imediato. Estranhamente, as atuais autoridades do Japão lembram os 79 anos do bombardeio assassino sem dizer que foram os EUA que a atiraram a bomba atômica sobre Hiroshima. Pior, ainda, alertam para um suposto “perigo nuclear russo”
A cidade de Hiroshima foi a primeira no mundo a vivenciar o horror do uso de armas nucleares. Os EUA soltaram a bomba com uma potência equivalente a 13 quilotoneladas de TNT sobre a cidade matando instantaneamente entre 70 e 100 mil pessoas. No entanto, nesta terça-feira (6), durante a cerimônia pelos 79 anos deste crime hediondo, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, não mencionou os EUA como o país que lançou a bomba Little Boy.
“O total de mortes em cinco anos pode ter atingido ou mesmo ultrapassado 200.000, à medida que o câncer e outros efeitos de longo prazo se instalaram”, de acordo com a história do Projeto Manhattan do Departamento de Energia dos Estados Unidos.
“A cidade foi reduzida a cinzas, e as pessoas foram roubadas de seus sonhos e de um futuro brilhante”, disse Kishida. “E aqueles que sobreviveram sofreram dificuldades indizíveis. Como primeiro-ministro, lamento as vítimas e ofereço minhas condolências àqueles que ainda sofrem com as consequências. Os horrores e o sofrimento que Hiroshima e Nagasaki que perduram há 79 anos nunca devem se repetir”, acrescentou o político, sem mencionar que as bombas foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki por decisão do governo dos Estados Unidos.
Mais estranhamente ainda, na presença de representantes do país agressor, que matou covarde e friamente centenas de milhares de seus concidadãos, Kishida referiu-se a uma suposta “ameaça nuclear” da Rússia.
Tanto a Rússia como a Bielorrúsia, que foram fundamentais na derrota do fascismo e na conquista da paz, foram excluídas da solenidade pelo atual governo japonês, inteiramente submisso aos ditames de Washington.
O presidente russo Vladimir Putin respondeu aos ataques de Kishida sobre a suposta “ameaça nuclear russa”, dizendo que “não pode haver vencedores em uma guerra nuclear”. Putin destacou que a guerra nuclear “nunca deveria ser desencadeada”.
O chefe do Kremlin observou que a Rússia segue consistentemente a letra e o espírito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP, na sigla em inglês). A doutrina nuclear russa, assinada por Putin em 2020, chama as armas nucleares de “um meio de dissuasão”, enfatizando que seu uso é uma “medida extrema e compulsória”.
A doutrina militar da Rússia declara que o país “toma todos os esforços necessários para reduzir a ameaça nuclear e evitar o agravamento das relações interestatais que podem desencadear conflitos militares, incluindo os nucleares”. Essa doutrina difere das intenções do Ocidente que, como o Reino Unido, já declararam que podem iniciar a qualquer momento um conflito nuclear.
No dia 6, os EUA atingiram Hiroshima e três dias depois o alvo foi a cidade de Nagasaki. Dentro dos primeiros 2 a 4 meses após os ataques criminosos, os efeitos agudos das explosões mataram entre 90 mil e 166 mil pessoas em Hiroshima e 60 mil e 80 mil seres humanos em Nagasaki; cerca de metade das mortes em cada cidade ocorreu no primeiro dia.
Durante os meses seguintes, vários morreram por causa do efeito de queimaduras, envenenamento radioativo e outras lesões, que foram agravadas pelos efeitos da radiação. Em ambas as cidades, a maioria dos mortos eram civis.
O sucessor de Roosevelt na presidência dos Estados Unidos, Harry S. Truman, autorizou o ataque a Hiroshima quando a guerra já se encaminhava para o seu final. A Alemanha nazista já havia se rendido às tropas soviéticas. A rendição do Japão era uma questão de dias. Não havia a necessidade de um bombardeio tão cruel sobre a população civil japonesa. No entanto, Truman autorizou que o avião bombardeiro B-29 dos EUA, o Enola Gay, lançasse as bombas nucleares sobre as cidades japonesas.
O jornalista australiano radicado no Reino Unido, John Pilger, falecido recentemente, chamou o episódio macabro de 6 de agosto de 1945 de “assassinato em massa”. Pilger diz que o crime foi premeditado pelo governo norte-americano. Ele lembra que os crimes contra as populações indefesas das Ilhas Marshal continuaram a ser cometidos mesmo depois de encerrada a guerra, com os testes nucleares levados a cabo pelas autoridades da Casa Branca. Pouco ante de morrer, o jornalista alertou para a nova “empreitada guerreira”, agora contra a potência asiática representada pela China Socialista.
Pilger descreveu uma viagem a Hiroshima em 1967. “A sombra sobre os degraus ainda estava ali. Era uma impressão quase perfeita de um ser humano em descanso: pernas estendidas, cabeça inclinada, uma mão ao seu lado enquanto aguardava a abertura de um banco. Às oito e quinze na manhã de 6 de Agosto de 1945, ela e a sua silhueta foram queimadas no granito. Olhei para a sombra durante uma hora ou mais, depois desci até ao rio onde os sobreviventes ainda viviam em barracas”, contou.
Depois de jogar a bomba sobre Hiroshima e Nagazaki, os EUA não pararam mais de bombardear países e espalhar a morte por todos os continentes. Seguindo atualmente os passos dos EUA em sua sanha assassina e covarde, a ditadura israelense despeja bombas nos dias de hoje sobre a população civil da Faixa de Gaza, matando cerca de 40 mil pessoas, em sua maioria mulheres e crianças.
Não por coincidência, o autor deste genocídio sobre a população palestina, Benjamim Netanyahu, foi recentemente recebido pelo congresso dos Estados Unidos e aplaudido de pé pelos integrantes dos partidos Democrata e Republicano. A fúnebre homenagem confirma que nada mudou na ideologia dos que despejaram a bomba sobre Hiroshima e Nagazaki