Zé Dirceu volta ao Congresso após 19 anos em memória de João Goulart e pela democracia

Zé Dirceu volta ao Congresso após 19 anos em memória de João Goulart e pela democracia

Zé Dirceu volta ao Congresso após 19 anos em memória de João Goulart e pela democracia

O ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu retornou ao Congresso Nacional nesta terça-feira 2, pela primeira vez em 19 anos. Ele foi um dos convidados para participar de uma sessão especial no Senado Federal em celebração à democracia e em memória dos 60 anos do golpe militar de 1964. Em seu discurso, o ex-ministro tratou dos antecedentes do golpe, a importância de uma "revolução social" no Brasil, e o papel das Forças Armadas nos movimentos golpistas do passado e nos dias de hoje. "O Supremo Tribunal Federal já adotou uma decisão que não há poder moderador. O artigo 142, já por interpretação do próprio Supremo, não dá as Forças Armadas nenhum papel político", afirmou. "Mas não basta a despolitização e a volta aos quartéis. (...) O comprometimento das Forças Armadas com o governo Bolsonaro e com o 8 de Janeiro está aí. Tanto é que, agora, passam a ser investigados 60 e tantos militares de altas patentes".

POLÍTICA

VOLTAS E VOLTAS

 

Ex-ministro discursou por 15 minutos sobre a defesa da democracia em sessão solene sobre os 60 anos do golpe. E cobrou reformas para melhorar a vida dos trabalhadores

Por Redação RBA

 

Geraldo Magela/Agência

Geraldo Magela/Agência

Zé Dirceu volta à tribuna do Congresso após 19 anos

 

São Paulo – Quadro histórico do PT, o ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado federal José Dirceu subiu nesta terça-feira (2) na tribuna do Congresso após 19 anos. Ele participou de sessão solene em memória de 60 anos do golpe civil-militar de 1964. Zé Dirceu disse que pensou em não aceitar o convite. Contudo, assim o fez por respeito à democracia e à memória dos perseguidos, como ele, pelo regime militar.

A participação de Zé Dirceu na Casa veio após convite do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que regressará às fileiras do PT em breve por seu estado, após quase 20 anos na Rede. Assim, Dirceu disse que outras presenças ilustres foram decisivas para sua presença. São elas a viúva do ex-presidente João Goulart, Maria Thereza, e o presidente-executivo do instituto que leva o nome do presidente deposto em 1964, seu filho João Vicente Goulart.

“Quase não aceitei o convite, porque desde o dia da madrugada de 1º de dezembro de 2005, quando a Câmara dos Deputados cassou meu mandato, que o povo de São Paulo tinha me dado pela terceira vez, eu nunca mais voltei ao Congresso Nacional. Mas acredito que João Goulart merecia e merece a minha presença hoje aqui”, declarou.

Dirceu foi um dos principais alvos de uma intensa perseguição jurídica, midiática e parlamentar que começa no caso conhecido como Mensalão, em 2005, e acaba até mesmo na Operação Lava Jato. Hoje, coleciona vitórias na Justiça. Nesse sentido, há quem defenda, nos bastidores, seu regresso ao parlamento em 2026.

No parlamento

Ao anunciar Zé Dirceu, Randolfe destacou sua relevância como ministro no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, o Brasil viveu um de seus melhores momentos econômicos e de desenvolvimento social. “Com enorme honra eu destaco e agradeço a presença, nesta mesa, deste companheiro, que agradeço a Deus a possibilidade de, na minha formação política, ter sido um dos formadores dos melhores momentos do Partido dos Trabalhadores”, disse o senador. “Meu querido José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-deputado federal, militante político da resistência à ditadura entre os anos de 1960 e 1970. Zé, é uma honra, para nós, ter você conosco aqui nesta mesa”, completou Randolfe.

Zé Dirceu, então, agradeceu o convite e discursou por pouco mais de 15 minutos. Entre os assuntos abordados, destacou que a luta em defesa da democracia segue tão atual como em 1964. “A democracia está em risco porque não se fizeram as reformas estruturais, porque não há uma democracia social. Quando a democracia social deixa de existir, a democracia institucional política corre o risco. Então, nosso papel, para consolidar a democracia brasileira, é fazer uma revolução social no Brasil.”

Por fim, aproveitou para cobrar mudanças políticas, reformas para beneficiar os trabalhadores. “Um trabalhador paga 30%, 40% de juros para comprar qualquer bem. Então, a estrutura tributária, em vez de desconcentrar renda, concentra renda; e o país fica no subconsumo, fica, como se diz, no voo de galinha. Para desenvolver esse país e para ele encontrar o seu destino, é preciso fazer uma revolução social, que significa uma reforma tributária, uma mudança na estrutura financeira do país, e priorizar a ciência, a tecnologia e a educação. O Brasil precisa de uma revolução educacional. Em 10 anos, nós temos que fazer 100 anos.”