Bolsonaro insinua que China pode ter criado coronavírus como parte de 'guerra química'
Presidente afirmou que 'não interessa' para a CPI da Covid saber sobre seus deslocamentos por Brasília e defendeu 'tratamento precoce'
Bolsonaro insinua que China pode ter criado coronavírus como parte de 'guerra química'
Presidente afirmou que 'não interessa' para a CPI da Covid saber sobre seus deslocamentos por Brasília e defendeu 'tratamento precoce'
Daniel Gullino
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro insinuou nesta quarta-feira que a China pode ter criado o novo coronavírus em laboratório como parte de uma "guerra química". A afirmação contraria a Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirmou que o vírus provavelmente teve origem animal. Bolsonaro também disse que "não interessa" para a CPI da Covid saber quais deslocamentos ele fez pelo Distrito Federal durante a pandemia e que a comissão deveria convidar especialistas que defendem o "tratamento precoce" contra a Covid-19.
— É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês — disse Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto sobre o 5G.
Apesar do presidente não ter citado nomes, a China foi o único país a crescer durante 2020, com um aumento de 2,3% em seu Produto Interno Bruto (PIB). O coronavírus foi detectado inicialmente no país asiático, mas ainda há dúvidas sobre a sua origem.
Após realizar uma missão na China, a OMS divulgou em março um relatório que afirma que o novo coronavírus muito provavelmente foi transmitido de morcegos para os humanos por meio de um outro animal. A única exceção é a hipótese de que o patógeno teria escapado do Instituto de Virologia de Wuhan. De acordo com a missão de especialistas é "extremamente improvável" que isso tenha acontecido.
Durante o discurso, Bolsonaro reclamou de um requerimento aprovado pela CPI da Covid que pede os registros de todos os seus deslocamentos pelo comércio de Brasil e do entorno do Distrito Federal desde março de 2020. O presidente frequentemente causa aglomerações nesses deslocamentos, desrespeitando recomendações do Ministério da Saúde. Bolsonaro disse respeitar a CPI, mas afirmou que tem que dar "exemplo" ao estar com a população.
— Recebo agora documentos da CPI para dizer onde eu estava nos meus últimos fins de semana. Não interessa onde eu estava. Respeito a CPI. Estive no meio do povo. Tenho que dar exemplo. É fácil para mim ficar dentro do Palácio da Alvorada. Tem tudo lá.
O presidente também disse que a CPI deveria convidar "autoridades" qu falem sobre o "tratamento precoce", termo utilizado pelo governo para se referir ao uso de medicamentos que não tem eficácia comprovada contra a Covid-19.
Na terça-feira, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta criticou, na CPI, o uso de cloroquina contra a doença e disse que essa foi uma das suas divergências com Bolsonaro.
— Junto aqueles que são isentos e apoiam a verdade, senadores, estamos sugerindo que seja convocado ou convidado autoridades que venham falar do tratamento precoce. Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa.