João Vicente Goulart: Itamaraty, a republiqueta do Beato Salú

“Em diplomacia, não adianta truculências nem telefonemas, pois as palavras no mundo de relações internacionais são entendidas como sinais políticos, não como discursos eleitoreiros, nem dirigidos a grupos ou falanges”, diz João Vicente Goulart

João Vicente Goulart: Itamaraty, a republiqueta do Beato Salú

João Vicente Goulart: Itamaraty, a republiqueta do Beato Salú

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João Vicente Goulart (foto: Unicamp)

“Em diplomacia, não adianta truculências nem telefonemas, pois as palavras no mundo de relações internacionais são entendidas como sinais políticos, não como discursos eleitoreiros, nem dirigidos a grupos ou falanges”, diz João Vicente Goulart

Provocações bolsonaristas à Embaixada da China

O editorial de encerramento do jornal da TV Bandeirantes no sábado (21) foi um chamado, um alerta à política externa brasileira, conduzida por um verdadeiro idiota, subserviente do entreguismo gratuito e criminoso, que o Brasil vem operando internacionalmente. E sempre a serviço dos Estados Unidos da América, pelo presidente Bolsonaro e sua “famiglia” de imberbes, através do ministro Ernesto Araújo, O Beato Salú do Itamaraty.

Exigir retratação do sr. Embaixador pela irresponsabilidade do deputado fritador de hambúrgueres, que acusou o governo Chinês de esconder a incidência de “coronavírus” do resto do mundo, beira internacionalmente como uma heresia diplomática, que está ridicularizando nossa Nação diante de todos países que sofrem com o vírus, e do mundo, que hoje luta por uma fraternidade coletiva para retirar a humanidade dessa tragédia que atinge todos nós.

Não é demais repetir que a República Popular da China é, hoje, a maior parceira comercial do Brasil. Também não é demais repetir que a crise política que gerou a legalidade pela posse de Jango, em 1961, por ser o primeiro líder latino-americano a estar lá, abrindo fronteiras comerciais para desenvolver as exportações brasileiras, foi o início de nossas relações com aquele povo asiático.

Em diplomacia, não adianta truculências nem telefonemas, pois as palavras no mundo de relações internacionais são entendidas como sinais políticos, não como discursos eleitoreiros, nem dirigidos a grupos ou falanges.

Temos já o conhecimento pela mídia que esse telefonema, tão alardeado pelo presidente, foi feito e não atendido pelo líder chinês, presidente Xi.

A frente da embaixada chinesa em Brasília foi surpreendida com faixas de baixo calão dirigidas ao presidente Xi Jinping, e ao embaixador Yang Wanming, uma violência praticada pelos partidários de Bolsonaro.

Talvez os senhores partidários de Bolsonaro, como alguns governadores que embarcaram na sua política de violência, militarização de escolas, desmonte da cultura, do desprezo e censura a jornalistas, enterrem seus fantasmas fascistas e voltem, diante da tragédia que assombra a humanidade, a ressuscitar apenas os votos de fraternidade e coerência social que nosso Brasil hoje necessita.

Estamos fazendo o papel de uma republiqueta de bananas comandada pelo Beato Salú, e com isso afastando povos solidários, como o povo chinês, que agora assiste à Itália.

E aqui no Brasil, ministro, ainda é necessário – como servilmente quer adular seu deputado – que o embaixador Yang peça desculpas?

Ou não seria melhor vossa excelência se desculpar em nome do Brasil, da data 4 de abril de 1964, quando uma delegação inteira da China foi presa e torturada por uma ditadura, que até hoje o seu presidente e seus milicianos defendem o retorno da mesma?

João Vicente Goulart é presidente do Instituto João Goulart