Tasso Jereissati: corrupção torna a situação de Bolsonaro caso para impeachment
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ex-governador do seu Estado, e, atualmente, membro da CPI da Pandemia, afirmou que o impeachment de Bolsonaro, diante do escândalo de corrupção, no caso da Covaxin, deixou de ser uma reivindicação sem base na realidade para ser uma possibilidade bem concreta – e, a rigor, uma necessidade.
Tasso Jereissati: corrupção torna a situação de Bolsonaro caso para impeachment
Por Hora do Povo Publicado em 26 de junho de 2021
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), membro da CPI da Pandemia (foto: Pedro França/Agência Senado)
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ex-governador do seu Estado, e, atualmente, membro da CPI da Pandemia, afirmou que o impeachment de Bolsonaro, diante do escândalo de corrupção, no caso da Covaxin, deixou de ser uma reivindicação sem base na realidade para ser uma possibilidade bem concreta – e, a rigor, uma necessidade.
“A situação, que já estava muito grave, passou para gravíssima”, declarou Tasso, em entrevista à revista Crusoé. “Se fosse apenas uma negligência ou pensamento diferente, no caso da imunidade de rebanho, entre outros, já seria muito grave pelas consequências que geraram, como a morte de mais de 500 mil pessoas no país.
“Se essas condições todas ficarem provadas e chegarmos à conclusão que houve interesse escuso por trás da compra das vacinas indianas, e os indícios já são fortes, pode chegar a um desfecho traumático.
“A gente sabe hoje por informações, documentos e vídeos que o presidente tinha alguma interferência nos erros e omissões durante a condução da pandemia.
“Agora, o que vemos com certeza é um procedimento ilegal. E com o conhecimento do presidente, o que torna o episódio mais grave ainda.
“Todo governante costuma dizer ‘eu não sabia’, ‘aconteceu à minha revelia’, mas esse caso andou com tanta rapidez que a desconfiança de corrupção chegou direto à pessoa do presidente da República. Sem dúvida, se isso tudo ficar comprovado, é o caso de medidas extremas”.
NOVAS CONDIÇÕES
“Eu sempre disse em conversas com outros políticos e mesmo em entrevistas que eu não achava que haveria condições para o impeachment agora.
“Mas a última defesa do presidente diante da sociedade era a questão da corrupção. Dizia: ‘Ah, foi feito isso, foi feito aquilo, mas não tem corrupção’. Essa era a alegação. Até mesmo na CPI, quando a gente chega a determinadas conclusões, seus defensores vão lá e dizem: ‘Mas não rouba’.
“Esse fato novo derruba o último pilar. A casa desmorona. O clima na sociedade vai mudar inteiramente. Até a questão moral dos defensores do presidente vai ficar enormemente enfraquecida”.
À pergunta: “A tese de ‘deixar o presidente sangrar’ até o fim do governo para chegar cambaleante nas eleições ainda é defendida por setores da oposição, inclusive pelo PT. Ela perde força agora?”, respondeu o senador cearense:
“Não vejo isso como uma questão eleitoral. É uma questão fundamental para o país. Para o futuro próximo e de longo prazo. Estamos falando de mortes, 500 mil mortes.
“Existe um sentimento anticorrupção tão grande na sociedade, devido à longa tradição de corrupção de governos anteriores, que essa questão passou a ser muito forte na população.
“A decepção desses segmentos, até entre os que votaram em Bolsonaro, e não estou falando dos fanáticos, vai ser tão grande que esse pilar desaba e não há como levantá-lo novamente. Vai ser uma decepção com o candidato em quem esse eleitor acreditou.
“Até hoje no meio político, e falo da Câmara, Senado, governadores, partidos políticos, ninguém havia levado a sério a possibilidade do impeachment. Nunca se discutiu isso a sério porque Bolsonaro ainda é sustentado na opinião pública, em parte por esse discurso de que ele não rouba. Aparentemente é sustentado pelas Forças Armadas, e ele faz questão de exibir esse apoio, falando em “meu Exército”, e nas polícias militares, um setor da sociedade onde ele tem mais penetração, e por ter uma militância própria violenta. Essas condições não levariam a um ambiente positivo para o impeachment.
“Agora, do ponto de vista da opinião pública, tem essa questão moral. O que se imaginava até então era que ele é desajeitado, grosseiro, mas não cometia malfeitos.