Política do ódio: eliminar adversários
Vivaldo Barbosa
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Coordenador do Movimento O TRABALHISMO, foi Deputado Federal, Constituinte, Secretario de Justica de Brizola.
Política do ódio: eliminar adversários
Assim como os irmãos Graco e Júlio César foram amados e reverenciados pelo povo de Roma, Getúlio Vargas continuou amado pelo povo brasileiro, Mandela continuou amado pelos sul africanos mesmo na cadeia, o sentimento do povo brasileiro por Lula continua e será capaz de superar o ódio criado.
A política do ódio apresenta duas características ao longo da história: manter intocados os bens, privilégios e poder de ricos, aristocráticos, elites, e impedir e criar resistência aos clamores da imensa maioria dos que quase nada possuem e desejam o mínimo para a subsistência da vida, assentados em ideais de justiça. O ódio é criado e sustentado por diversos métodos que levaram, na maioria das vezes, à eliminação dos contrários.
Desde a Antiguidade são célebres os casos de eliminação de grandes reformistas, como dos irmãos Tibério e Cassio Graco e diversos outros, em Roma, até culminar no assassinato de Júlio César. Todos queriam implantar distribuição de terras, distribuição de alimentos, eliminação de dívidas, juros, alugueis. Nos lembremos até de Sócrates, condenado à morte em Atenas, que buscava a verdade, justiça e se opunha à escravidão.
O colonialismo europeu sempre se implantou na África, América e Ásia através de eliminação dos resistentes, com muito sangue derramado. Nos lembremos as duras lutas de independência no Século XIX na América e Século XX na África. O assassinato de Lumumba em Gana e a prisão por décadas de Mandela são casos elucidativos, igualmente terríveis.
Os impérios se mantém na história pelo uso da violência e eliminação dos adversários e resistentes. Vejam, agora, a revelação de que Nixon determinou a eliminação de Allende no Chile por qualquer método, inclusive criando-se o caos. Quantas tentativas de assassinato fizeram contra Fidel! Implantaram ditaduras militares onde necessário para eliminação de adversários e garantir a espoliação econômica. Nos países produtores de petróleo garantem aristocracias autoritárias e oligarquias despóticas e eliminam quem resistir, como no Iraque e na Líbia, para garantir o abastecimento do Império.
Sempre a violência, sempre o ódio.
Com o avanço do direito ao voto no Século XIX, consagrado no Século XX, as elites apontavam que as maiorias poderiam decidir por leis que tomariam os seus bens. Era preciso criar meios que eliminassem esse perigo: o velho uso do ódio e eliminação de adversários. Além disso, era preciso dominar a cultura e os meios de comunicação.
O ódio é sempre criado. O comunismo e suas ameaças foi a forçação de barra no tempo da Guerra Fria, alegando defesa das propriedades ameaçadas, famílias seriam destruídas, religiões seriam proscritas. Passa-se o tempo, nada confirmado. Serviu apenas ao ódio. O comunismo ainda é usado em mentes mais fracas, menos informadas.
A corrupção é outra forma de alimentar ódio, velha conhecida. Contra Getúlio Vargas diziam que seu governo era um mar de lama. Passou o tempo, nada. Deram o golpe em 1964 para evitar o comunismo e acabar com a corrupção. Não apuraram nada. Nesses tempos, no Brasil, procuradores e juízes entenderam que sua missão era combater e eliminar a corrupção, como um “destino manifesto”. As leis e o direito não seriam um fim em si, mas meros instrumentos, meios para cumprir a missão. Prisões, arrancar confissões tudo se justificava, o ódio à corrupção daria respaldo. Era preciso eliminar os corruptos. Quem eram os corruptos? Eles decidiam, estavam iluminados para isso, dispunham dos critérios políticos e religiosos.
A defesa da família. É preciso odiar quem quer destruir a família. E família como algo abstrato, não a família brasileira com seu rosário de necessidades e sofrimentos. A defesa do salário mínimo para sustentar a família, a moradia para abrigar o lar, escola para as crianças, o atendimento gratuito à saúde da família, não contam como proteção à família.
Outra forma de criar ódio e justificar eliminação é apontar alguém como ditador. Lá atrás, diziam que César era ou queria ser ditador. De Getúlio, diziam que tinha sido e queria voltar a ser ditador. De João Goulart, diziam que queria dar gole e implantar ditadura. De Fidel, diziam tudo, especialmente que era ditador. Agora, chamam Maduro, na Venezuela, de ditador. Para aumentar o ódio, dizem que é narcotraficante. É preciso eliminá-lo, proclamam.
Nos meios de comunicação e redes sociais fizeram campanha violenta contra Lula para criar ambiente de ódio contra ele. O judiciário encarregou-se de eliminá-lo das eleições, assim como tem feito em outros países latino americanos.
Assim como os irmãos Graco e Júlio César foram amados e reverenciados pelo povo de Roma, Getúlio Vargas continuou amado pelo povo brasileiro, Mandela continuou amado pelos sul africanos mesmo na cadeia, o sentimento do povo brasileiro por Lula continua e será capaz de superar o ódio criado.