Pedro Castillo é eleito presidente do Peru com 50,125% dos votos

Keiko Fujimori fica em 2º, com 49,875%, numa disputa entre a direita e a esquerda

Pedro Castillo é eleito presidente do Peru com 50,125% dos votos

Pedro Castillo é eleito presidente do Peru com 50,125% dos votos

Keiko Fujimori fica em 2º, com 49,875%, numa disputa entre a direita e a esquerda

Pedro Castillo (à dir.), eleito presciente, é do partido socialista Peru Livre. Defende papel mais ativo do Estado na economia e é contra legalização do abortoreprodução/Twitter


15.jun.2021 (terça-feira) - 18h50
atualizado: 15.jun.2021 (terça-feira) - 20h57

Pedro Castillo, do partido socialista Peru Livre, é o novo presidente do Peru. Ele obteve 50,125% dos votos na eleição disputada em 6.jun.2021 e derrotou Keiko Fujimori, do partido de extrema-direita Força Popular. As informações são da Oficina Nacional de Processos Eleitorais do Peru.

A apuração só terminou nesta 3ª feira (15.jun.2021). A demora para o resultado ocorreu porque o país usa um sistema de votos em papel. Castillo recebeu 8.835.579 votos, enquanto Fujimori obteve 8.791.521 -diferença de 44.058.

A disputa dividiu o Peru. Até as 10h18 da última 5ª feira (10.jun), com 99% das urnas contabilizadas, Castillo tinha 50,204% dos votos válidos, segundo o ONPE (sigla em espanhol para Escritório Nacional de Processos Eleitorais). Keiko tinha 49,796%. A diferença entre eles era de 71.455 votos.

A apuração começou com Keiko na frente, mas depois Castillo a ultrapassou. Na noite de 2ª feira (7.jun), a candidata disse ter detectado irregularidades no processo eleitoral. Mas observadores internacionais afirmaram que não houve qualquer tipo de problema no pleito.

Na 4ª feira (9.jun), depois que a vitória de Castillo ficou ainda mais próxima, Keiko voltou a falar em fraude. Ela pediu à justiça eleitoral peruana que analisasse cerca de 500 mil votos por supostas irregularidades, segundo o jornal El País. O tribunal eleitoral peruano condenou e chamou de “irresponsáveis” as acusações de fraude sem provas.

De acordo com o ONPE, 18,2 milhões de peruanos foram às urnas no domingo (6.jun). A disputa colocou em choque duas visões muito diferentes para o futuro do país.

 

 

Castillo é líder do partido Peru Livre, do socialismo peruano. Ele é professor e líder sindicalista. Keiko é filha do ex-ditador Alberto Fujimori e integra o partido de extrema-direita Força Popular.

Com uma margem tão apertada, o resultado demorou ainda mais para ser decretado. O novo presidente foi a grande surpresa da eleição. As pesquisas do 1º turno não colocavam Castillo como um dos favoritos, mas ele foi o mais votado e chegou ao 2º turno com a promessa de políticas marxistas e leninistas.

Ele é a favor de que o Estado tenha um papel mais ativo na economia. Entre suas propostas está dedicar 10% do PIB (Produto Interno Bruto) ao agronegócios e devolver ao governo terras vendidas ilegalmente. Prometeu ainda melhorar o sistema de aposentadorias e falou em criar um sistema único de saúde.

Mas ele é conservador em pautas de direitos sexuais e reprodutivos e de liberdade individual. Castillo é contra a legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da eutanásia.

Castillo teve como força o eleitorado das áreas rurais do Peru. Keiko, teve maior apoio da capital, Lima. Agora, o novo presidente enfrenta um país dividido e a desconfiança do mercado financeiro peruano. A bolsa peruana chegou a cair mais de 7% quando Castillo assumiu a liderança na 2ª feira (7.jun).

Sua adversária tinha um plano econômico oposto. O programa de governo de Keiko defendia a manutenção do livre-mercado e medidas que aumentem o investimento externo no país. Para ela, a recuperação econômica no pós-pandemia viria por meio da manutenção de empregos. Sua campanha prometeu pagar auxílios às famílias das vítimas da covid-19 e conceder empréstimos a pequenas empresas.

Conhecida por ser a filha do ex-ditador e pelos escândalos de corrupção, Keiko teve a sua prisão preventiva requisitada pela promotoria na reta final da eleição. A Lava Jato peruana a acusou de violar os termos da sua liberdade condicional. Ela foi presa em janeiro de 2020 sob acusação de ter recebido US$ 1,2 milhão de forma irregular da Odebrecht no Peru. Essa foi a 3ª vez que Keiko concorreu à Presidência do Peru.