Manchetes de domingo 

Notícias comentadas dos maiores jornais de circulação nacional.

Manchetes de domingo 

 

Edição – Chico Bruno

Manchetes de domingo 



FOLHA DE S.PAULO – Bolsonaro faz motociata e ataca isolamento em SP

CORREIO BRAZILIENSE – Empresária sequestrada está morta. Assassino, em fuga, fere mais três

ESTADO DE S.PAULO – Governo prepara medida que prevê racionamento de energia

O GLOBO – Empresas assumem formação de profissionais de inovação -

Resumo de manchetes

A manchete da Folha é sobre o ato político comandado pelo presidente Jair Bolsonaro que reuniu milhares de motociclistas em São Paulo ontem (12). A motociata durou cerca de quatro horas, reuniu cerca de 12 mil motos, segundo o governo paulista, travou o trânsito em diferentes pontos da capital e levou ao fechamento completo dos dois sentidos da rodovia dos Bandeirantes até região de Jundiaí. Com o presidente à frente, sem máscara, a manifestação intitulada “Acelera para Cristo” começou às 10h, na região de Santana, zona norte da capital, e terminou no obelisco do Ibirapuera, às 13h30. O percurso, que incluiu um bate-volta a Jundiaí, foi de cerca de 130 km. Ao longo do trajeto, gritos de “aqui é Bolsonaro”, “viva, Bolsonaro” e “isso está gigante” se misturaram com barulho de buzinas e ronco dos motores das motocicletas. Houve também gritos contra a imprensa e o governador João Doria (PSDB), adversário político do presidente. O governo João Doria, adversário político de Bolsonaro, autuou o presidente por não usar máscara de proteção facial contra a Covid na manifestação. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também foram autuados. O valor da autuação é de R$ 552,71. Mais tarde, também o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi autuado por não ter utilizado máscara. Neste sábado, o reforço no policiamento em razão da motociata custou R$ 1,2 milhão aos cofres públicos, segundo o governo paulista. A ação teve a participação de 1.433 policiais, com a atuação de batalhões territoriais e especializados, como Baep, Choque e Canil, além de equipes do Corpo de Bombeiros e do Resgate. Em discurso no Ibirapuera em São Paulo diante de milhares de apoiadores, após participar de uma motociata neste sábado (12), o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar as políticas de isolamento e disse comandar um governo que acredita em Deus, é leal à população e que respeita os militares. Bolsonaro também rasgou elogios aos policiais militares paulistas que trabalharam na segurança do evento e disse que que tinha certeza que a PM estaria junto a ele no "cumprimento da lei e da ordem", expressão que geralmente utiliza ao ameaçar que tomará medidas contra o isolamento social. O ato, incentivado por Bolsonaro nos últimos dias em suas redes sociais, ocorre duas semanas após protestos contra o presidente, convocados pela esquerda, terem reunido milhares de pessoas em diferentes cidades do país.
A manchete do Correio destaca que o homem suspeito de matar três pessoas, quarta-feira, em uma chácara no Incra 9, em Ceilândia Norte, e de tomar uma mulher como refém, voltou a atacar na noite de ontem. Por volta das 19h, Lázaro Barbosa Sousa, 33 anos, invadiu uma chácara em Cocalzinho de Goiás, a 105km de Brasília, e chegou atirando. Os dois proprietários e um amigo foram baleados; duas das vítimas estão internadas, em Anápolis, em estado grave. Horas antes, Lázaro passou à tarde em outra propriedade rural, onde obrigou os moradores a prepararem refeições para ele, destruiu um carro e danificou um cabo de wi-fi. Até o fechamento desta edição, ele seguia foragido. As polícias do Distrito Federal e de Goiás criaram uma força-tarefa e montaram bloqueios na região de Cocalzinho de Goiás. Buscas são feitas em chácaras e em matagais. O corpo de Cleonice Marques, 43, a empresária sequestrada na madrugada da última quarta-feira, foi localizado em um córrego no Sol Nascente, a cerca de 8km da chácara onde ela vivia com o marido, Cláudio Vidal, 48, e os filhos, Gustavo, 21, e Eduardo, 15, mortos a tiros e facadas. A chacina da família, proprietária de uma floricultura, chocou o DF.
A manchete do Estadão revela que em meio à mais grave crise hidrológica em 91 anos no País, medida provisória elaborada pelo governo cria condições para adoção de um racionamento de energia elétrica. Documentos revelam a intenção de criação de comitê de crise que terá o poder de adotar medidas como redução obrigatória do consumo, contratação emergencial de termoelétricas e mudança de vazão de hidrelétricas sem aval de Estados e municípios. Essas medidas seriam as mesmas adotadas em 2001, quando a população e as empresas foram obrigadas a diminuir a carga em 20% para evitar o apagão. Os custos das medidas serão pagos pelo consumidor, por meio de taxas na conta de luz. “Diante do contexto crítico e excepcional que o País vivencia, para garantir a efetividade das deliberações desse colegiado com a tempestividade necessária, torna-se premente que essas (medidas) se tornem excepcional e temporariamente determinativas”, afirma o texto do governo.
A manchete do Globo revela que as empresas brasileiras começaram a investir na capacitação interna de colaboradores de diversos setores para acelerar os processos de inovação e digitalização e superar o crescente déficit de profissionais de tecnologia da informação (TI). Hoje, no Brasil, são abertas 70 mil novas vagas por ano para a região, mas apenas 45 mil novos trabalhadores se formam. Diante da imagem, a solução em grandes empresas tem sido investir em qualificação para temas como computação em nuvem, análise de dados, robótica e inteligência artificial.

Notícia do dia: O governo Jair Bolsonaro desviou R$ 52 milhões previstos para campanhas com peças informativas sobre o combate ao coronavírus para fazer propaganda institucional de ações do Executivo. Os recursos foram alocados pela medida provisória 942, de abril de 2020. A MP abriu créditos extraordinários para enfrentamento da pandemia dentro do chamado Orçamento de guerra, uma modalidade criada para atender despesas urgentes e imprevisíveis. O mecanismo é permitido em três situações: guerra, comoção interna ou calamidade, como é o caso da crise sanitária causada pela Covid. Pela justificativa da MP, o dinheiro reservado à Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) tinha "o objetivo de informar à população e minimizar os impactos decorrentes da proliferação da doença", mas peças publicitárias entregues à CPI mostram que o dinheiro bancou a divulgação de feitos que rendem dividendos políticos ao presidente, sem referências a medidas preventivas contra a Covid. O desvio é constado com base em cruzamento de dados enviados pela Secom à Folha, por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), e à CPI da Covid no Senado, além de requerimentos de informação entregues à Câmara. Vídeos de 15 a 30 segundos, áudios e informativos foram veiculados em TV aberta e fechada, rádio, internet e mídia exterior para enaltecer a liberação de recursos para pagamento de salários em micro e pequenas empresas e repasses a estados e municípios.

Primeiras páginas dos jornais

Venezuela tem 13 casos de Covid antes da estreia da Copa América - A seleção brasileira faz sua estreia hoje na Copa América, às 18h, no Mané Garrincha, em Brasília, contra uma venezuelana enfraquecida. Treze membros da delegação venezuelana foram diagnosticados com Covid-19. Após a confirmação dos casos, a Conmebol mudou às pressas as regras do torneio e passou a permitir substituições ilimitadas na lista, mesmo durante toda a competição. A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, onde está concentrada a seleção, assim como pela Conmebol. No final da noite, no entanto, a seleção venezuelana divergiu das informações oficiais, alegando que o número de infectados era de 11 pessoas, incluindo oito jogadores. Outros 15 atletas foram convocados. O presidente da Comissão Médica da entidade, Osvaldo Pangrazio, disse em documento oficial enviado às delegações dos outros países que jogarão a Copa América, que os jogadores venezuelanos com a doença serão mantidos em isolamento e que os outros membros da delegação passam por exames diários. O capitão da equipe Tomás Rincón pode ter sido o vetor do surto de Covid na Venezuela. Ele teve um quadro viral antes de embarcar para o Brasil e não viajou. Devido ao problema, até o fechamento da edição, não havia informações sobre qual time o técnico José Peseiro poderia colocar em campo para enfrentar os pentacampeões.

A Secom atuou por liberação de verba para "mídia aliada" - Mensagens de WhatsApp coletadas pela Polícia Federal ao longo da investigação sobre os atos antidemocráticos revelam que Fabio Wajngarten, então chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo Bolsonaro, defendeu a liberação de dinheiro publicitário da Caixa Econômica Federal para a mídia classificada por ele como "mídia aliada". Segundo o relatório da PF, em abril de 2019, Wajngarten assumiu o comando da Secom e se aproximou do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, dono do site Terça Livre e amigo dos filhos do presidente. Na ocasião, Wajngarten se apresentou a Allan dos Santos alegando ser um empresário de mídia "muito" próximo de executivos dos canais de televisão. Ele também disse que poderia aproximar o blogueiro desses veículos e que, nessa semana, já havia promovido reuniões de parlamentares com a cúpula do SBT, da Band e iria se encontrar com os "Bispos da Record". No diálogo, Wagjngarten expressou preocupação com o atraso no pagamento de verbas de publicidade a quem classifica como "aliados". Ele diz que foi informado de que a "Caixa", em provável referência à Caixa Econômica Federal, estaria “devendo  dinheiro" à Band e RTV  (possível citação à Rede TV!), como evidenciado pelo seguinte diálogo:
Fabio Wajngarten: "dinheiro em espécie para BAND, RTV"
Allan dos Santos: "E o que foi?"
Fabio Wanjgarten: "aliados estão furiosos"
Fabio Wajngarten: "O general sentou-se em cima e não paga nenhuma nota passada causando tumores iminentes
"Allan dos Santos:" inútil"
Fabio Wajngarten: "totalmente inútil"
O relatório da PF não identifica o "general" citado por Wajngarten, mas, na época das mensagens, a Secom era vinculada à Secretaria de Governo, liderada pelo general Carlos Alberto Santos Cruz. O general foi alvo de ataques bolsonaristas e acabou sendo demitido pelo presidente. Wajngarten relatou que tentou aproximar Bolsonaro da cúpula da Band — e chegou a fazer uma ligação por videoconferência entre o presidente e Johnny Saad, dono do grupo Bandeirantes, e Paulo Saad, vice-presidente da emissora. Em seguida, Allan dos Santos avalia a Wajngarten que era preciso aproximar "esses caras" do governo, o que o chefe da Secom na época concordou.

Gabinete paralelo une ambição política e negócios - O chamado "gabinete paralelo" ganha notoriedade à medida que a CPI da Covid avança. Sob holofotes de senadores e apadrinhados por Jair Bolsonaro, integrantes do grupo de suposto assessoramento ao presidente colecionam ambições políticas e oferecem consultas particulares para o tratamento precoce. No Senado, a comissão busca apurar ações e omissões do governo no enfrentamento da pandemia do coronavírus. Nas investigações, o foco se deslocou para 14 interlocutores do presidente nesse gabinete. Ao largo do Ministério da Saúde, são médicos, atuais e ex-assessores palacianos, um empresário bilionário e até um congressista que desprezaram a importância da vacina e enalteceram, em sintonia com Bolsonaro, a defesa de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid. Como a Folha mostrou, o gabinete paralelo participou de ao menos 24 reuniões no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada. Nelas estavam, por exemplo, a oncologista Nise Yamaguchi —em 5 encontros— e o deputado Osmar Terra (MDB-RS) —que foi a 11. Há elementos ainda da participação de mais seis médicos. Além dos profissionais de saúde, são citados o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente; o assessor especial da Presidência Tercio Arnaud; o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten; o assessor internacional da Presidência Filipe Martins; o ex-assessor Arthur Weintraub, além do empresário Carlos Wizard.

Brasil aproveita mal abundância de energia alternativa - Ao mesmo tempo em que a falta de chuvas coloca reservatórios de hidrelétricas em alerta e acende um sinal amarelo sobre possíveis restrições no fornecimento de energia no Brasil este ano, fontes alternativas continuam subaproveitadas. A bioeletricidade é uma energia renovável, feita a partir da biomassa: resíduos da cana-de-açúcar (bagaço e palha), restos de madeira, carvão vegetal, casca de arroz, capim-elefante e outras. No Brasil, 80% da bioeletricidade vem dos resíduos da cana-de-açúcar, segundo o setor. Só que apenas 15% do potencial de geração de bioeletricidade, por exemplo, produzida a partir da cana-de-açúcar é aproveitado pela rede hoje, estima a Unica (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar). Em 2020, a geração para o SIN (Sistema Interligado Nacional) pelo setor foi equivalente a cerca de 5% do gasto nacional de energia, o equivalente ao consumo de 12 milhões de residências por um ano. Isso, em um momento em que o setor elétrico causa preocupação. No começo do mês, uma nota técnica feita pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) apontou que os reservatórios de ao menos oito usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste podem estar praticamente vazios até novembro.

Erro passado eleva conta de luz em R$ 50 bi a consumidor - O modelo de cálculo criado para indenizar concessionárias do setor életrico em razão do controle tarifário do governo Dilma Rousseff (PT) levou a um passivo de R$ 50 bilhões resultante de juros que será repassado ao consumidor até 2028. Empresas afirmam se tratar de uma distorção. O valor foi atualizado recentemente, quando associações recorreram à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) contra a fatura. Elas pedem reconhecimento de erro e correção do montante. A agência nega falhas nas contas. Onze distribuidoras que tiveram revisão tarifária aprovada nos últimos meses incorporaram parte dos valores. Já foram atingidos consumidores de: CPFL, em São Paulo; Energisa, em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Sergipe; Coelba, na Bahia; Cosern, no Rio Grande do Norte; Celpe, em Pernambuco; Enel, no Ceará; Equatorial, em Alagoas; Sulgipe, em Sergipe; e Cemig, em Minas Gerais. No próximo mês, será a vez dos grandes consumidores, basicamente a indústria, serem afetados. Isso elevará ainda mais a pressão sobre os custos de produção de mercadorias em meio a alta da inflação e escassez de energia. Sob orientação do MME (Ministério de Minas e Energia), esse passivo bilionário foi calculado pela Aneel e apontado como uma saída para indenizar concessionárias do setor, incluindo as transmissoras, pela prorrogação de contratos. O problema começou em 2012. Naquele ano, uma medida provisória de Dilma alterou regras do setor elétrico para baixar artificialmente o preço da conta de luz.

Virologista da USP choca colegas com tese bolsonarista - Em 12 de março de 2020, quando a Covid-19 ainda era vista por muitos como menos do que uma gripezinha, o virologista Paolo Zanotto publicou um artigo na Folha defendendo que autoridades decretassem com urgência medidas duras de distanciamento social e alertando para o caráter devastador da doença. Menos de seis meses depois, em 8 de setembro daquele ano, ele estava no Palácio do Planalto junto do presidente Jair Bolsonaro, sem máscara ou distanciamento, defendendo o chamado "tratamento precoce" e sugerindo a criação de um “gabinete das sombras” para tratar de vacinas contra a Covid-19. A conversão de Zanotto às teses preferidas do bolsonarismo com relação à Covid-19 surpreendeu mesmo colegas acostumados ao estilo imprevisível do biólogo, descrito como brilhante e ególatra. Professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, Zanotto, 65, é uma referência no estudo da evolução dos vírus, com 8.500 citações na plataforma Google Acadêmico. Em sua longa carreira, estudou os patógenos responsáveis por algumas das principais doenças das últimas décadas, como Aids, Sars, dengue e gripe suína. Em 2016, foi um dos coordenadores de pesquisas sobre o vírus da zika, que causava microcefalia em bebês. Roqueiro e amante do surfe, com cabelos compridos até o ombro, passou a chamar a atenção nos últimos anos não apenas pelo visual pouco convencional. “Ele é um dos mais competentes virologistas do país, trabalhou com as maiores autoridades do mundo em áreas como a bioinformática [processo que usa a tecnologia como ferramenta da biologia]. Porém, de uns dois ou três anos para cá, tomou decisões políticas radicais, e não sei como isso comprometeu suas ideias”, diz Mauricio Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. A aproximação com Bolsonaro culminou na célebre reunião com médicos pró-cloroquina no Palácio do Planalto de setembro, cujas imagens foram divulgadas pelo site Metrópoles. Zanotto foi saudado pelo presidente com um gesto de continência e chamado a sentar-se à mesa pelo deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), que o recebeu com um tapinha nas costas. Terra é apontado como chefe do chamado “gabinete paralelo” contra a Covid-19. “Presidente, o sr. tem uma tropa aqui de leões. Os leões precisam ser guiados por um leão também”, pediu o virologista no evento, organizado pelo Médicos Pela Vida, grupo que defende o tratamento precoce e do qual Zanotto é uma espécie de consultor informal.

Incursões de militares na política geram crises desde os anos 1950 - Muito antes da participação do general Eduardo Pazuello em uma manifestação de rua, incursões de militares no campo da política e o consequente dilema sobre como puni-las já foram o pano de fundo de crises de governo no país e do acirramento de tensões com civis. O regulamento do Exército veda que o militar da ativa se manifeste publicamente, sem autorização, a respeito de assuntos de natureza político-partidária. Talvez o precedente mais célebre sobre as dimensões que declarações políticas de oficiais pode tomar ocorreu em 1955 e foi decisivo para garantir a posse do então presidente eleito Juscelino Kubitschek. Em novembro daquele ano, com JK já vitorioso nas urnas, o coronel do Exército Jurandir Bizarria Mamede fez um discurso no enterro de um general em que deslegitimava o pleito eleitoral. Como agravante, havia temores sobre possível articulação de um golpe para impedir a chegada ao poder do eleito. Ao defender a punição ao coronel, o então ministro da Guerra, general Henrique Lott, foi desautorizado por Carlos Luz, presidente da Câmara que ocupava interinamente a Presidência da República. Lott, então, liderou o que acabou batizado de "contragolpe". Mobilizou tropas no Rio de Janeiro e comandos militares e acabou provocando a queda de Luz, afastado pelo Congresso. O então presidente licenciado, Café Filho, também teve o retorno barrado, e o presidente do Senado, Nereu Ramos, foi empossado para um período-tampão até a posse de JK, em janeiro de 1956. Para o professor aposentado de ciência política da Universidade Federal Fluminense Manuel Domingos Neto, que pesquisa o meio militar, a comparação com o episódio de 1955 é limitada pelo contexto da época, em que, diferentemente de hoje, cooexistiam dentro das Forças Armadas diferentes correntes, como a apelidada de "entreguista", a nacionalista conservadora e a favorável a mudanças sociais.

Morre aos 80 anos Marco Maciel, vice-presidente da República nos dois mandatos de FHC - Morreu na madrugada nesse sábado (12), aos 80 anos, em Brasília, Marco Maciel, vice-presidente da República durante os oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002, e ex-senador. A informação foi confirmada à Folha por familiares. Ele estava internado em um hospital da capital federal. "Se me pedirem uma palavra para caracterizá-lo diria: lealdade. Viajei muito, sem preocupações: Marco exercia com competência e discrição as funções que lhe correspondiam. Deixa saudades", escreveu FHC em uma rede social. Políticos, como ACM Neto, o vice-presidente, Hamilton Mourão, o governador João Doria (PSDB), e os ex-ministros Ciro Gomes (PDT-CE) e Mendonça Filho (DEM-PE), lamentaram a morte do político. O presidente Jair Bolsonaro decretou luto oficial de três dias em todo o país. Desde 2014, Maciel sofria de Alzheimer. Segundo familiares, ele recuperou-se da Covid-19 após período de internação em março, mas retornou ao hospital em decorrência de uma infecção. Morreu de falência de múltiplos órgãos. Maciel deixa mulher e três filhos. O enterro está previsto para a tarde deste sábado, em Brasília. Governista desde o golpe de 1964, o político filiado ao DEM só passaria à oposição em 2003, com a posse do presidente Lula. Nascido em 1940, no Recife, Maciel defendeu desde a juventude um ideário liberal que o colocava na contramão da política estudantil.

Jogador tem mal súbito na Euro - O jogador dinamarquês Christian Eriksen, 29, precisou ser reanimado por uma equipe médica com massagem cardíaca após sofrer um mal súbito e cair desacordado no gramado durante a partida de estreia de sua seleção na Eurocopa, neste sábado (12). Depois de mais de dez minutos de atendimento no gramado, o atleta foi retirado de maca usando um balão de oxigênio. Sabrina Jensen, sua companheira, estava no local e recebeu apoio dos colegas de seleção. "Foi bem claro que ele estava inconsciente. Quando cheguei, ele estava virado de lado, respirando e conseguia sentir seu pulso, mas do nada isso mudou. Começamos a fazer massagem cardíaca. Com a ajuda rápida da equipe médica e do resto da equipe, nós fizemos o que tínhamos de fazer, conseguimos trazer Eriksen de volta. Ele falou comigo antes de ser levado ao hospital para fazer mais exames", afirmou Morten Boesen, médico da delegação.

Destaques

STF nega pedidos de liminar e mantém quebras de sigilo de Pazuello, Ernesto e Mayra - Os ministros Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), negaram neste sábado (12) os pedidos do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, do ex-chanceler Ernesto Araújo, e da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, para suspender decisão da CPI da Covid de quebrar os sigilos telefônico e telemático dos três. Lewandowski foi relator das ações impetradas por Pazuello e Mayra. Na decisão, ele argumenta que as medidas determinadas pela comissão são pertinentes com as investigações e não se mostram, “a princípio, abusivas ou ilegais”. O ministro Alexandre de Moraes foi sorteado relator do caso do ex-chanceler. Ao indeferir o pedido de Araújo, ele destacou que as comissões parlamentares de inquérito têm, em regra, os mesmos poderes instrutórios que a Justiça e que a CPI da Covid decretou a quebra dos sigilos telefônico e telemático do ex-chancler de "maneira fundamentada".

Sob sigilo, inquérito das fake news produz 'filhotes' - Enquanto Alexandre de Moraes avalia o pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para arquivar o inquérito dos atos antidemocráticos, outra investigação sob o comando do ministro que mira aliados do presidente Jair Bolsonaro segue sem emitir sinais de desfecho no STF (Supremo Tribunal Federal). Aberto há mais de dois anos, o inquérito das fake news continua, sob sigilo, produzindo filhotes —termo usado no meio jurídico para retratar os desdobramentos de uma apuração—, muitos deles enviados à primeira instância por não envolver pessoas com foro no Supremo. Em e-mail encaminhado ao gabinete de Moraes, a Folha pediu informações sobre o inquérito, mas não houve resposta. No âmbito deste inquérito, já foram cumpridos mandados de busca e apreensão que miravam congressistas, empresários e blogueiros bolsonaristas. Ministros de tribunais superiores e integrantes do Congresso creditam à apuração, assim como a dos atos antidemocráticos, a contenção de movimentos bolsonaristas em favor do fechamento do Congresso e do Supremo e pela volta da ditadura militar. Criticada inicialmente pela forma como foi instaurada, uma iniciativa própria do STF e sem pedido da Procuradoria, a apuração venceu resistências dentro e fora do Supremo e, com o passar do tempo, é vista como um instrumento essencial para a proteção das instituições. A avaliação na corte é que, com o possível encerramento das investigações sobre os atos antidemocráticos, o inquérito das fake news ganha em importância, o que deve postergar seu término. Integrantes da PGR já trabalham com a possibilidade de a apuração se estender até o ano que vem. Isso porque em 2022 serão realizadas eleições presidenciais e o tom nas críticas de apoiadores de Bolsonaro a ministros da corte pode voltar a subir. Moraes será o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no próximo pleito e a aposta é que ele não deverá arquivar o inquérito das fake news antes disso para manter em suas mãos uma ferramenta com poderes para barrar eventual ofensiva contra a democracia.

Invasão de Angola - Poucas semanas antes de se curvar diante da Igreja Universal e tentar fazer de Marcelo Crivella o embaixador do Brasil na África do Sul, um Jair Bolsonaro irritado respondeu a um senador que lhe pediu ajuda para resolver os problemas da Igreja de Edir Macedo em Angola - 50 religiosos foram expulsos do país em abril. "O que você quer que eu faça? Que eu mande invadir Angola?". Em seguida, Bolsonaro pensou em 2022 e arregaçou as mangas. Não para enviar "meu exército" para Angola, mas para conseguir uma boquinha para o sobrinho de Edir Macedo.

PSD e MDB içam velas na segunda onda do centro político - A pouco mais de um ano da campanha eleitoral, uma nova onda começa a se formar nos mares do centro: diante das dificuldades do PSDB, da indecisão de Luciano Huck e do naufrágio de João Amoêdo, PSD e MDB içam velas, esquadrinham mapas e consultam suas bússolas rumo a uma aventura presidencial. Se uma dessas caravelas aportará em terra firme, só 2022 dirá. Por ora, ao adotarem a opção pela candidatura própria ao Planalto, os dois partidos buscam navegar em águas menos mexidas no meio da polarização entre Lula e Bolsonaro. MDB e PSD sabidamente mantêm laços com Jair Bolsonaro e com Lula. Neste momento, ambos sofrem assédio dos dois lados da polarização e tentam evitar uma fragmentação de suas tripulações. Candidaturas próprias ajudam a evitar motins e sempre deixam escotilhas abertas para o diálogo com os petistas e com o governo federal. Ao fim e ao cabo, há sempre a esperança de uma candidatura de centro pegar uma corrente e, com vento a favor, se viabilizar eleitoralmente. No PSD do ex-ministro Gilberto Kassab, a empreitada presidencial atende pelo nome de Rodrigo Pacheco (MG), o presidente do Senado que pode deixar o Titanic do DEM. O MDB, comandado por Baleia Rossi, pensa em lançar uma mulher como candidata ao Planalto. A senadora Simone Tebet (MS) desponta bem. Na cartografia eleitoral, PSD e MDB ainda permanecem livres, enquanto PP, PL e Republicanos já são dados como certos na nau bolsonarista. PSB, PSOL e PCdoB devem mesmo se aboletar com Lula.

Superpoderes de Arthur Lira incomodam ministros do governo - Quanto mais perto do ano eleitoral, maior a tensão na base e na equipe do presidente Jair Bolsonaro no Orçamento. Desde que Flávia Arruda assumiu a Secretaria de Governo, as liberações de recursos das emendas de deputados passam invariavelmente pelo crivo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e é a ele que muitos ficam agradecidos pela ajuda e não aos ministros. Para os não familiarizados com o jogo da política pode parecer pouco, mas isso vale muito, uma vez que esses laços de gratidão contam na hora de escolher caminhos eleitorais e candidatos a qualquer cargo. Muita gente no governo está incomodada com essa transferência de poder ao presidente da Câmara, que praticamente esvaziou o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, e outros ministros. Ramos ainda conta com uma pequena base fora da órbita gravitacional de Arthur Lira. Nesse sentido, ou o presidente Jair Bolsonaro dá um freio de arrumação na equipe, dando um jeito de atender a todos, ou pode enfrentar problemas.

Moto usada por Bolsonaro em 'motociata' em SP tem placa coberta - A moto pilotada pelo presidente Jair Bolsonaro durante motociata de 3h30 em São Paulo neste sábado estava com a placa coberta.  Em vídeos do ato postados nas redes sociais, também é possível ver outros veículos com cobertura na placa. O Código Brasileiro de Trânsito considera qualquer tipo de cobertura à placa como uma infração gravíssima, que prevê a apreensão do veículo. Segundo o governo federal, no entanto, como estava conduzindo a moto em uma via fechada ao tráfego e com escolta de policiais militares, o presidente não cometeu nenhuma infração. Além de ter a placa coberta, Bolsonaro usou um capacete do tipo "coquinho", sem viseira e proteção para o maxilar, o que é proibido para motociclistas e pode render multa grave. Imagens da placa encoberta podem ser vistas nas redes sociais, feitas por apoiadores do presidente que o acompanharam no trajeto da motociata. O artigo 230 do CTB diz que é falta gravíssima conduzir veículo com "qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e visibilidade". O código prevê multa de R$ 293,47, além da apreensão do veículo. O Ministério da Infraestrutura informou que "nos termos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mais precisamente em seu artigo 1°, as regras previstas são válidas apenas para vias abertas a circulação".

Canais na internet ganharam dinheiro com fake news sobre Covid, informa Google à CPI - Dados sigilosos enviados pelo Google à CPI da Covid mostram que canais no YouTube, entre eles de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, ganharam dinheiro disseminando notícias falsas sobre a pandemia antes que seus vídeos fossem apagados da rede social. A pedido da comissão, a empresa de tecnologia forneceu uma lista de 385 vídeos removidos pelo Youtube ou deletados pelos próprios usuários após serem identificados como disseminadores de desinformação sobre formas de tratamento para a Covid-19 ou a pandemia. A listagem foi acompanhada de quanto cada publicação rendeu aos donos dos canais até saírem do ar. O jornalista Alexandre Garcia encabeça a relação, tendo tido 126 tirados do ar por ele próprio ou pela plataforma que haviam rendido quase R$ 70 mil em remuneração pela audiência e publicidade. Gustavo Gayer (R$ 40 mil), Notícias Política BR (R$ 20,7 mil), Brasil Notícias (R$ 17,7 mil), completam as primeiras colocações. Ao todo, os usuários ganharam US$ 45 mil, o equivalente a R$ 230 mil. Desde o início da pandemia, responsáveis por canais que tiveram conteúdo removido pela plataforma refutam ter publicado desinformação de forma deliberada. Em alguns casos, afirmam ser vítima de censura pelas empresas de tecnologia. O Google forneceu dados sobre 385 vídeos de 34 canais identificados como disseminadores de notícias falsas no Brasil. Destes, 90 publicações não geraram renda aos administradores. A empresa frisou, em sua resposta à CPI, que os vídeos em questão se encontram fora do ar, alguns deles por desrespeitarem os termos de uso da plataforma. Grande parte é de vídeos com propagandas de drogas comprovadamente ineficazes contra o coronavírus, como a ivermectina e a cloroquina, denunciando um suposto complô contra o uso desses medicamentos da parte de opositores de Jair Bolsonaro.