Impeachment em tempos de cloroquina
“O capitão presidente já não governa e, no palco de paladino, não faz mais do que vociferar contra tudo e contra todos”, diz João Vicente Goulart, em novo artigo
Impeachment em tempos de cloroquina
“O capitão presidente já não governa e, no palco de paladino, não faz mais do que vociferar contra tudo e contra todos”, diz João Vicente Goulart, em novo artigo
Em tempos de cloroquina presidencial e um Congresso eleito como o mais reacionário e adesista desde a Constituição de 1988, acumulam-se nas mãos do presidente Rodrigo Maia dezenas de pedidos de impeachment.
Os motivos, vários, derivam do comportamento presidencial para com a falta de respeito à população brasileira, seguidamente humilhada pela postura do Jair da cloroquina, que, como chefe de Estado e de Governo, zomba da Organização Mundial da Saúde, dá risadas sobre as mortes de brasileiros e incentiva o fim do isolamento social, sabendo da incapacidade de nosso sistema de saúde pública em atender as vítimas da pandemia.
As seguidas manifestações de parte dos seguidores do capitão Bolsonaro continuam a refletir nos seus comportamentos de violência, de barbáries, socos e pontapés, contra a sociedade brasileira e contra a Constituição. Isso se traduz através da pregação do fechamento do STF e Congresso Nacional. Mas, na verdade, demonstram um profundo sentimento de medo da democracia.
O capitão presidente já não governa e, no palco de paladino, não faz mais do que vociferar contra tudo e contra todos, expulsando ministros da Saúde em plena pandemia, ignorando as mortes da Covid-19, pouco se importando com a vida humana, mas fazendo o que sabe fazer: levantar a polêmica do ódio, contra comunistas, socialistas petistas, LGBTs, índios, negros, quilombolas, lavradores sem-terra, artistas que defendem a cultura, sem-teto, favelados, enfim, os menos favorecidos, as minorias desprotegidas e esquecidas. Com fome, sem emprego e abandonadas pelo Estado brasileiro.
E cometendo crime de responsabilidade.
E daí? E daí que vai morrer gente, vai sim. Mas que importa isso? No seu raciocínio genocida, essas minorias são as que devem ir primeiro.
Temos que dar um basta nisso, sinalizar que não estamos concordando com essas atrocidades e o não respeito à nossa Constituição.
A imobilização trazida pela pandemia nos deixou, de certa forma, de mãos amarradas e as ruas vazias de trabalhadores, desempregados e milhares de pessoas, mulheres e homens, que dia a dia se repugnam com os deboches do presidente e sofrem todos tipos de penúrias nesse governo. Na falta de nossa mobilização, a tropa de milicianos dele cresce e aparece.
A nossa imobilidade e nossas reações do campo democrático, progressista, legalista, estão sendo testadas dia a dia pelas incursões fascistas em praças, passeatas em carros de luxo pedindo abertura do comércio ou, ainda, pressionando o próprio STF, em caminhada provocativa, com empresários invadindo, sem prévia audiência presidencial, aquele poder independente da República.
Mas não pode a sociedade brasileira continuar a olhar estaticamente os acontecimentos pela janela do isolamento, enquanto nossas instituições vão sendo corroídas por um bando de irresponsáveis com nossa soberania, com nossa economia e com os cidadãos cada vez mais abandonados, sem tomarmos uma atitude.
O impeachment, em tempos de cloroquina, pode ainda não ter a correlação de forças suficiente para caminhar imediatamente, mas ficará engatilhado, com a bala no cano {figura da retórica bolsonarista} até que o sr. deputado Rodrigo Maia tenha estofo suficiente para defender o povo brasileiro do fascismo, do genocídio, do governo de milícias, do autoritarismo, mas, principalmente, defender o Brasil da fome, do desemprego e da miséria, e devolver a esperança de vivermos na nossa terra justa e solidária.
A correlação de forças virá, apesar do centrão e de nossos conhecidos políticos que dirigem este bloco. Roberto Jefferson (condenado) Waldemar da Costa Neto (condenado) são os novos parceiros do Jair Cloroquina.
Este grupo já aderiu à cloroquina através do Fundo Nacional da Educação (Fundeb), com 50 bilhões de reais, e do DNOCS, com um bilhão de reais).
Vamos continuar lutando pela Frente Democrática Nacional, em prol do objetivo “Basta, Bolsonaro”. Porém, está na hora de nos posicionarmos pelo impeachment, mesmo sabendo da dificuldade. Já é um passo. Unir as forças progressistas em um primeiro momento para consolidar a união entre esses partidos, abrindo, o quanto antes possível, os novos espaços para compor a frente, com todos os segmentos de esquerda, de centro, de conservadores democratas ou centro direita, que estejam na luta pela preservação democrática.
Primeiro, a defesa do Brasil e de nossa DEMOCRACIA. Depois, acertamos as diferenças menos importantes de nossos relacionamentos táticos de ações política.