Haddad anuncia novo arcabouço fiscal que subsituirá teto de gastos

Haddad anuncia novo arcabouço fiscal que subsituirá teto de gastos

Haddad anuncia novo arcabouço fiscal que subsituirá teto de gastos

por:  Novo marco fiscal prevê que as despesas públicas não poderão crescer mais do que 70% da variação da receita, diz Haddad

Novo marco fiscal prevê que as despesas públicas não poderão crescer mais do que 70% da variação da receita, diz Haddad (Imagem: Reprodução)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), concede entrevista coletiva nesta quinta-feira (30) para anunciar a nova regra fiscal a ser implementada no país, que substituirá o teto de gastos. A proposta de arcabouço fiscal que o governo vai encaminhar ao Congresso Nacional prevê que as despesas públicas não poderão crescer mais do que 70% da variação da receita, e ainda terão um limite máximo de expansão anual, informou à Reuters nesta quarta-feira.

Segundo a fonte, a nova âncora fiscal que substituirá o teto de gastos terá como objetivo chegar ao déficit zero no ano que vem e a um superávit primário de 0,5% em 2025 e de 1% em 2026, mas haverá bandas para essas metas.

De acordo com a fonte, que falou sob condição de anonimato enquanto a proposta é apresentada pelo governo a lideranças no Congresso, o arcabouço é uma regra de gasto combinada com meta de superávit primário, com mecanismos de ajuste em caso de não atendimento. “A despesa cresce sempre menos que a receita”, disse a fonte.

A regra vai ser as despesas crescerem como um percentual das receitas, mas com um piso de crescerem ao menos pelo PIB per capta, que hoje é inferior a 1%, disse uma fonte. De acordo com uma terceira fonte com conhecimento da proposta, o arcabouço também prevê que as despesas correntes do governo serão o parâmetro para o controle dos gastos públicos.

O teto de gastos estabelecia uma regra única para a limitação do crescimento das despesas primárias totais do governo, sem distinção. As despesas correntes incluem gastos como benefícios previdenciários sociais, salários, contas de energia e água e transferências a Estados e municípios, mas não consideram investimentos.

Haddad se reuniu nesta quarta-feira no Palácio da Alvorada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), outros ministros e parlamentares para debater a proposta, que também foi apresentada a líderes da Câmara posteriormente em reunião na residência oficial da presidência da Casa.

Na saída do encontro com os parlamentares, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou que, com o novo arcabouço, até 70% das receitas extraordinárias poderão ser direcionadas a investimentos. Outros deputados afirmaram, no entanto, que este ponto ainda precisará ser avaliado pelo próprio governo.

O ministro também vai se reunir na quinta de manhã com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), antes da apresentação oficial da proposta.

A apresentação da proposta do arcabouço chegou a ser prevista para março, mas acabou adiada para abril. A medida buscará retirar amarras consideradas muito restritivas pelo governo e instituir um sistema orçamentário mais flexível.

Fontes já haviam afirmado à Reuters que, ao elaborar o arcabouço, o Ministério da Fazenda descartou ideias que propunham o uso da dívida pública como âncora fiscal. A visão de membros da pasta é que o indicador de dívida também varia por fatores alheios à capacidade de gestão do governo federal. Entre eles, a taxa básica de juros, que pressiona a dívida pública quando elevada pelo Banco Central.